Cap. 13: Ninguém merece a minha vida

Abri os olhos e vi que já havia amanhecido.

Lembrei-me da conversa que havia tido com a minha mãe na tarde do dia anterior. Eu havia contado tudo o que aconteceu...

Contei sobre a Summer, sobre o que Joshua fez com ela, sobre os “surtos” que ela tinha... e por que me droguei naquele dia e fui parar no hospital.

Contei tudo. E a minha mãe chorou. Chorou por mim, chorou pela Summer.

Ela disse que, uma hora, Summer veria o erro que cometeu e contaria toda a verdade à polícia. Tudo que Joshua a fez.

E eu esperava que minha mãe estivesse certa.

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Minha mãe disse que levaria o meu almoço até o quarto para mim. Mas quem apareceu com a minha comida foi Christofer.

Ele já entrou no meu espaço gritando “Bom diaaaaaa!” e zoando com a minha cara de sono.

Ajeitei a bandeja sobre o meu colo, já que ela era daquelas que tem “pés”, e comecei a comer, enquanto Chris ficava fuçando as minhas coisas.

– Você tem uma coleção de action-figures bem legal.- ele disse, observando os bonecos de personagens que eu tinha.

Tudo muito bem, e normal, até que entre o Wolverine e o Capitão-América estava o Panda.

O Panda era a porcaria de um urso panda gordo, com uma blusinha rosa e um óculos em formato de coração. Nina havia me dado aquilo de presente, dizendo que enlouqueceu quando viu, porque era a minha cara.

E o Christofer, é claro, não iria perder a chance de me zoar por causa daquela coisa gay.

– Nossa, essa coisa sexy é de quem? O bichinho de estimação do Robin?

Revirei os olhos.

– Foi a minha prima que me deu essa coisa.- falei, dando um gole em meu suco em seguida.

– Que prima?- Chris perguntou, pegando o action-figure do Lanterna Verde para observar melhor.

– Nina. Nina Slater.

Eu não sei se foi impressão minha, mas... Christofer ficou muito pálido e com os olhos muito arregalados de repente. Quase deixou o Lanterna Verde cair no chão, mas o segurou a tempo e o colocou de volta na estante.

Ah, se caísse... teria que desembolsar 400 reais ali mesmo para eu comprar outro.

– Nina Slater? Qu-quero dizer... de Nova Iorque?- ele perguntou, me olhando surpreso.

Ele parecia conhece-la...

Não, não. Impossível.

– Sim.- falei, desconfiado.- Ela tem cabelos longos e castanhos. Olhos da mesma cor...

A respiração de Chris ficou acelerada, e ele ficou encarando o chão, pensativo.

Ah, fala sério! É impossível que ele a conheça, mas vamos testar com mais uma mentirinha...

– A Nina e a irmã dela, Emma, virão passar o fim de semana aqui.- falei, observando sua reação.

Christofer arfou, esbugalhou os olhos para mim e gaguejou:

– E-eu... eu não... Eu p-preciso ir embora.

E saiu do quarto. Desceu as escadas. Deu tchau para a minha mãe (sim, eu pude ouvir do segundo andar, ele não é muito quieto) e foi embora.

Ah, e largou um menino muito bonito chamado Mark ali, sem entender nada.

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Para a minha completa (in)felicidade, a “mentirinha” que eu contei à Christofer não era bem uma mentirinha.

Era a mais pura, estressante e triste verdade.

Acho que vou virar vidente, sério. Quero dizer, eu não fazia a mínima ideia de que Nina viria para Santa Monica nos visitar, mas ao mesmo tempo, eu sabia. Eu poderia ganhar um bom dinheiro com esse lance de vidente. Pena que eu apenas pudesse prever tragédia.

Porque Nina não viria apenas para uma visita, como minha mãe fez questão de esclarecer (APENAS) agora para mim.

NÃÃÃÃÃÃO!

Ela tem que se mudar para cá também!

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Ninguém merece a minha vida.