Cheguei ao refeitório ofegante, e então avistei Harry sentado em uma mesa para dois nos fundos, bem longe de todos. Caminhei até a mesa, e me sentei á sua frente, dando um sorriso tímido e falando:

- Me desculpa pelo atraso. Tive que tomar um banho e...

- Sem problemas. – ele abriu um sorriso largo e encantador. Pegamos o nosso café, e voltamos a no sentar á mesa, e então começamos a conversar um pouco....

- Então... como você conseguiu o número do meu telefone? – disse arqueando uma sobrancelha.

- Ah, eu liguei pra secretaria e pedi que procurassem no histórico de alunos.

- Você é algum tipo de idiota? Você deve ter ficado um bom tempo no telefone esperando que me encontrassem, só gastando seus créditos e... você é um bobo! – disse dando uma leve tapa em seu ombro esquerdo. Ele riu comigo, e disse:

- Você ainda não percebeu que nos quartos existem telefones, e que eles possuem uma interligação entre si, onde podemos ligar para qualquer quarto dessa escola, ou qualquer departamento com responsáveis que podem nos ajudar a qualquer momento? Me desculpa, mas a única boba que eu vejo aqui, é você. – ele falou, estirando a língua em seguida. Acho que seríamos ótimos amigos...

     Terminamos de tomar nosso café-da-manhã em silêncio, e então, nos despedimos. Olhei o relógio, que marcava 8:30, e... caramba! Deve ser por isso que o Harry saiu correndo, afinal, a primeira aula havia começado há 10 minutos atrás. O tempo com ele passava rápido, até demais. Era bom conversar com ele e rir de suas idiotices. Espera um pouco, o que eu estou pensando? Eu estou atrasada para a minha primeira aula, e fico aqui, pensando naquele tremendo idiota. Tentei correr um pouco para não ficar mais atrasada do que já estava, e por sorte, a professora não havia chegado. “Ah... ainda bem!” suspirei e falei baixo para que apenas eu escutasse. Sentei-me mais ou menos no meio da sala, e rapidamente olhei para o lado. Reconheci o cabelo cacheado, e na mesma hora, dei um tapa em suas costas quase gritando:

- Harry, seu idiota! Porque não me falou que você fazia aula de canto?

- Parece que você aprendeu a me dar tapa o tempo todo agora, não é? – rimos juntos. – Sei lá porque não te falei, acho que esqueci.

- Aham, ta. – dei as costas.

- Ah não, Isa, você não vai ficar com raiva por conta de uma besteira como essas, não é? – não respondi. – Deixa de ser idiota, e me abraça logo, vai. – Ele me abraçou pelas costas, então me virei para retribuir o abraço, até que nossos rostos ficaram próximos... quase se tocando para falar a verdade. Mas eu queria Harry apenas como um amigo, e acho que ele também, pois ele logo parou de me encarar e me abraçou forte. Retribui.

     A professora entrou na sala correndo, quase voando, pra ser exata. Colocou suas coisas em cima de sua mesa, e deu um grande sorriso para toda a classe:

- Bom dia, e sejam bem-vindos á Arts High School. Bom, eu sei que é o primeiro dia, mas quero conhecer um pouco o talento de cada um. Quem se habilita a vir até aqui e mostrar o que sabe fazer? – aos poucos fui abaixando meu tronco sobre a cadeira, na tentativa de me esconder. Mas infelizmente, acho que a professora percebeu, porque ela olhava para mim com uma expressão de dúvida, e em seguida abriu a boca para falar algo:

- Que tal você? Você parece estar pronta para vir até aqui. – eu realmente estava, mas eu não queria fazer aquilo. Eu era tímida, e ainda não havia superado esse medo. Mas acabei me levantando do mesmo jeito, fui até a frente da classe, e depois de um longo suspiro, fechei os olhos e comecei a cantar a música que havia escolhido:

- The slightest words you’ve said, have all gone to my head, I hear angels sing in your voice. When you pull me close, feelings I’ve ever known, they mean everything and leave me no choice.

- Ligh on my heart, light on my feet, light in you eyes, I can’t even speak, do you even know how you make me we weak? – percebi que Harry havia começado a cantar comigo e ele estava... me ajudando? Acho que sim, mas naquele momento eu deveria continuar. Então, embalamos juntos no refrão:

- I’m a lightweight, better be careful what you say, with every word I’m blown away, you’re in control of my heart. I’m a lightweight, easy to fall, easy to break, with every move my whole world shakes, keep me from fallin’ apart... – finalizamos e sorrimos um para o outro. Quase a classe inteira no aplaudiu de pé, então corei na hora. Mas percebi que a minha parceira de quarto, a Eduarda, estava ali. Ela não me parecia nem um pouco feliz, e permaneceu sentada, sem ao menos nos aplaudir. Ignorei, e apenas fui me sentar. Sussurrei um leve “Obrigada” para que apenas o Harry escutasse, e ele sorriu.

Eduarda’s POV

     Mas o que diabos aquela vadia estava pensando? Primeiro, ela chega na escola se fazendo de burra, e simplesmente se joga no Harry para que ele sentisse culpa e a ajudasse com as malas. Depois toma café-da-manhã com ele, e agora faz com que ele simplesmente se levante e cante com ela na aula, para que a voz horrível dela não seja mostrada e a turma toda os aplauda de pé? Ela que me desculpe, mas eu não vou aplaudi-la. Apenas fiquei sentada, a encarando com vontade de matá-la, porém me contive. Essa garota pensa que é só chegar na escola, roubar meu melhor amigo, e está tudo bem? Não, isso não vai ficar assim. Eu iria fazer com que ela se arrependesse de cada movimento, de cada ato que ela praticasse. Ela iria se arrepender simplesmente pelo fato de estar viva.

Eduarda’s POV off

     A aula terminou, e a próxima era de violão. Harry continuou na sala, pois tinha aula extra de canto, assim como outros que ficaram. Entrei na nova sala, me sentei, e esperei que o professor chegasse. O professor chegou, e ficou nos falando sobre as parte do violão, como a boca o traste, e etc. Vi que um menino moreno - da cor do pecado- estava sentado do meu lado. Ele tinha traços indianos, e era muito bonito por sinal. Percebi que ele virou-se para mim, e em seguida falou:

- Aula chata, não é?

- Aham. - falei com pouco entusiasmo. Posso parecer burra, mas é que ele era bonito e estava chamando muito minha atenção. Eu não iria conseguir manter um bom papo com ele. Mas ele continuou, me deixando impressionada:

- Se saiu bem na aula de canto. – e sorriu de canto.

- Obrigada. – respondi dando o meu melhor sorriso, e então finalmente a aula acabou. Saímos da sala, e eu queria vê-lo de novo. Virei ás costas, e quando vi, ele acenou com timidez para mim. Acenei de volta, e quando me virei, dei um sorriso bobo enquanto voltava para o alojamento.