Acordei. Peguei meu ipod, vi que já eram 16:00, e por não ter nenhuma mala ou algo de diferente no quarto, deduzi que minha “companheira de quarto” ainda não havia chegado. Tinha perdido o almoço, então peguei um biscoito de morango que tinha trazido comigo durante o caminho até aqui, enchi um copo de água, e o comi. Eu tinha essa mania idiota de não gostar de comer algo doce com refrigerantes, sucos ou qualquer outro tipo de bebida industrializada. Sempre comia com um copo de água ao meu lado. Mas isso é só mais um detalhe bobo da minha vida idiota. Resolvi passear um pouco pela escola para conhecê-la melhor, então lavei meu rosto para aliviar a cara inchada de sono, escovei meus dentes, peguei meu ipod que ainda tinha bateria suficiente para pelo menos uma hora, e saí do quarto.

     Caminhava sem rumo com “Paradise – Coldplay” tocando em meu ipod. Era bom respirar um pouco, ter contato com o ar livre e a natureza. Encontrei uma pequena praça ali, e me sentei no gramado próximo a uma árvore. Fiquei observando as pessoas passarem de um lado para o outro, vários meninos bonitos iriam estudar lá, mas nesse momento eu estava focada apenas em seguir minha carreira de musicista. O tempo passou rápido, e não percebi que tinha anoitecido. Logo voltei para o meu quarto, e assim que abri a porta, vi uma menina andando em círculos como se estivesse preocupada. Fechei a porta lentamente, dei um sorriso amigável e falei:

- Oi... você deve ser a minha companheira de quarto. Seja bem-vinda. Sou a Isabella, e você é?

- Eduarda, e por favor, faça o que quiser contanto que fique longe de mim. Não estou nos meus melhores dias. – ela disse com grosseria. Resolvi não falar mais nada e nem me intrometer. Ela deveria ser assim mesmo, grossa o tempo inteiro. Ou talvez estivesse apenas vivendo um dia ruim. Seja lá o que estivesse acontecendo com ela, era melhor não falar nada, palavras idiotas tendem a sair da minha boca quando alguém está irritado.

     Tomei um banho, fiz minhas higienes, peguei o meu diário e me deitei. Olhei para o quarto, ainda não acreditando que eu estava aqui. Pelo menos essa tal de Eduarda era organizada. Acho que ela tinha feito o mesmo que eu, pois suas malas se encontravam vazias ao lado de sua cama, e vi alguns de seus objetos pessoais organizados em cima de seu criado-mudo. Saí de meus pensamentos, abri o meu diário e comecei a escrever:

30 de janeiro de 2012

Antes de meus pais irem embora, eu estava nervosa sem saber o que fazer aqui... mas talvez eu tenha encontrado um “novo amigo” para mim. O nome dele é Harry, o conheci mais cedo quando ele sem querer me derrubou por cima de minhas malas enquanto eu procurava pela secretaria. Pelo menos foi uma boa queda... Enfim, acho que consegui conhecer pelo menos metade da escola, eu acho. Mas é apenas o primeiro dia, ainda tenho um ano inteiro para conhecer cada canto desse lugar. Também conheci minha “companheira de quarto” não muito simpática. Talvez ela fosse assim por natureza, ou estivesse em um dia ruim, onde não queria ter ninguém por perto. Acho que todos um dia já tivemos uma crise dessas. É, meu dia hoje foi meio que parado, mas esse ano aqui na AHS promete... Acho melhor eu ir dormir, amanhã cedo tenho minha primeira aula, que é de canto, e talvez eu deva escolher alguma música para cantar caso a professora ou professor não seja bondoso (a) o bastante e convide de cara uma novata. Boa noite, xoxo.

     Fechei meu diário, desliguei a luminária, e fechei os olhos para pensar em alguma música para cantar amanhã. Mas será que vou ser tão azarenta a ponto de me escolherem para cantar no meu primeiro dia de aula? Acho melhor eu não questionar minha falta de sorte. Fui procurar algo em meio ás músicas do meu ipod, mas ele estava descarregado devido ao longo tempo que o usei. O coloquei para carregar, e voltei para meus pensamentos. Do nada, comecei a lembrar de uma música... não lembrava o nome nem quem cantava, apenas lembrava de algumas de suas frases que ecoavam em minha mente. “Light on my heart, light on my feet, light in your eyes, I can’t even speak, do you even know how you make me weak?” Lighweight, da Demi Lovato, é isso. Lembrei o nome da música. Agora eu estava certa, era essa a música que iria cantar amanhã caso fosse chamada. Olhei pro relógio que marcava 21:15, o que era tarde pra mim, já que gosto de uma boa noite de sono. Então fechei meus olhos, e sem perceber, dormi.

[...]

     Acordei com o alarme apitando forte perto do meu ouvido, e o desliguei. 7:00 horas. Na mesma hora meu telefone começou a apitar novamente, e logo me irritei pensando que não tive sucesso ao desligar o alarme. Era uma mensagem, que dizia:

“Bom dia Isabella, desculpa se eu te acordei... que tal tomarmos café juntos no refeitório? Espero que ele não esteja fora do seu mapa também.”

     Ri da sua brincadeira, e respondi a mensagem ainda sorrindo:

“Você não me acordou, não se preocupe. Claro que quero tomar café com você, te vejo lá as 7:30? E mais uma pergunta: Como você conseguiu meu telefone? Você é estranho, mas de um jeito fofo.”

“Sim, te vejo lá as 7:30. E o telefone... te explico lá.”

     Tomei um banho rápido, coloquei um vestido bege tomara que caia com um cardigã salmon para complementar, e saí correndo para o refeitório, quando percebi que o relógio marcava 7:25.