— Ai! - Exclamou Katherine, de novo.

— Sério, essa é a terceira vez que você se queima, me dê, eu posso cuidar de meu cabelo - Peguei o pequeno baby-liss de sua mão, depois peguei uma mecha de cabelo e coloquei na parte quente, esperei um tempinho depois soltei, sorrindo ao ver o cachinho perfeito cair levemente em meu ombro nu.

— Já está quase na hora, onde será que eles estão? - Suspirou Katherine.

— Lá embaixo esperando por vocês duas - Disse Maria de repente entrando em meu quarto.

— Então vamos - Minha voz estava bem animada.

Katherine assentiu e nós fomos na direção das escadas. Olhei a sala lá embaixo, me sentindo um pouco nervosa de imediato. Parei no alto da escada, enquanto Katherine já estava lá embaixo, nos braços de Kevin. Eu só sustentava o olhar encantado de Edward. Ao chegar na sala eu já sentia meu rosto quente; por que ele não desviava o rosto? Sorri, tímida, quando estava andei o suficiente para estar frente a frente com Edward - Que estava muito bonito, afinal.

Ele sorriu torto, olhando meu cabelo, depois meu vestido azul e por fim olhou meu rosto.

— Só faltou uma coisinha - Eu disse, pegando com a ponta dos dedos a sua gravata preta, e a ajeitei uma vez que estava torta. - Você nunca se deu bem com gravatas - Soltei um riso baixo.

— Nem notei que estava torta - Ele disse sem tirar o olhar de meu rosto.

— Agora sim - Olhei a gravata, evitando seu olhar.

— Você está muito bonita, Isabella - Ele sorriu, e meu coração falhou por um milésimo.

— Obrigada.

Partimos logo em seguida, fomos no carro de Edward em uma viagem silenciosa. E faltando poucos metros para a entrada da Universidade, já era possível ver várias luzes no prédio onde agora tinha a tal nova biblioteca. Estava tudo muito bem decorado, e a música era baixa e suave em nossos ouvidos. Pude ver na festa Ângela e seu namorado, Ben, também vi Stefan, e meu estômago se agitou ao ver Caroline ao seu lado. Stefan era a outra pessoa que Caroline disse que arrumaria.

Estávamos sentado em uma mesa perto de uma parede de vidro, lá fora, uma chuva fraquinha começava a cair. Eu me sentia bem, de vez em quando tomava um gole de meu champanhe, e já havia dançado umas duas músicas com Edward, e eu agradeci à Deus por não ter pisado em seu pé nem uma vez.

—Quer dar uma volta? - Edward perguntou.

— Acho que sim - Respondi, depois pensei melhor - Sim, quero sim.

Andamos até uma área mais afastada de onde a festa estava acontecendo, não estávamos do lado de fora, mas eu sentia o vento frio entrar em contato com minha pele, então de vez em quando eu tremia.

Depois eu senti o casaco de Edward sendo colocado gentilmente em meus ombros.

— Obrigada - Digo, sentido seu cheiro delicioso a cada fungada de realizava.

— Está uma linda noite - Sussurrou ele, olhando o céu estrelado.

— Uma noite perfeita - Eu olhava seu rosto.

Seu olhar procurou pelo meu, depois ele pegou minha mão, como havia feito noites antes na cozinha de minha casa. Eu suspirei, suas mão deixaram as minhas, e se colocaram de forma gentil em meu rosto. Estava uma noite fria, mas eu me sentia quente quando ele se aproximou de mim com calma, como se eu fosse sair correndo a qualquer momento.

Como se eu pudesse; como se eu quisesse.

Os olhos dele foram a última coisa que vi antes de fechar os meus e sentir os lábios de Edward tocarem os meus.

Eu sentia que poderia explodir de felicidade ao sentir seus braços envolverem minha cintura ao mesmo tempo que eu passava os meu em volta de seu pescoço. Com o movimento, o casaco de Edward havia caído no chão, mas não dei a mínima, o que importava era que eu queria mais de Edward, não queria que aquele beijo acabasse, eu temia que acabasse.

Mas ele acabou quando nos faltou ar, e eu lentamente abri os olhos vendo que Edward estava radiante, com um brilho intenso no olhar, como se esperasse aquele momento há muito tempo e que, finalmente acontecera.

Baixei o olhar, envergonhada, mas não o suficiente para tirar os braços de seu pescoço, e ele permaneceu com os braços em volta de minha cintura.

— Finalmente - Ele sussurrou quase que para si mesmo. E então eu vi que o brilho em seu olhar eram lágrimas; não de tristeza, mas de alívio.

Clap. Clap. Clap. Clap.

O falso aplauso veio de trás de Edward, e eu vi por cima de seu ombro a imagem de Caroline. Maldita.

— Muito emocionante o beijo de vocês - Ela disse - Finalmente o casal está junto de novo, digna de livro a história de vocês - Sua voz era debochada - Eu falhei, meus parabéns, Edward, você venceu!

Edward se pôs em minha frente de forma protetora.

— O que você quer, Caroline?

—Não se exalte Edward. – Disse Caroline, depois deu alguns passos na nossa direção – Só estou reconhecendo minha derrota, por assim dizer, você joga muito bem.

Vi Edward estreitar os olhos.

Pensei nas palavras de Caroline, Edward joga bem? Que tipo de jogo era esse que me envolvia?

—Agora que nosso pequeno jogo particular acabou que tal contarmos a verdade, não é Edward?

—Isabella me parece muito confusa.

Eu estava confusa, dava pra ver pela minha expressão. Edward ficou tenso ao meu lado, ele temia que Caroline contasse a verdade? Ele estava escondendo algo de mim? Ele mentira alguma vez?

Lembrei de minutos atrás, quando suas mãos estavam em volta de mim, quando seus lábios tocavam os meus. Toda sua retribuição, poderia ser uma farsa? Seria tudo parte de um jogo, como Caroline dissera?

Enquanto eu pensava, Edward fitava meu rosto pelo canto do olho, examinando minha reação diante das palavras de Caroline.

—Edward, não entendo, o que está acontecendo? - Sussurrei. Franzi o cenho, mesmo sem saber o que estava acontecendo, atrapalhara meu momento feliz com Edward. Já era motivo suficiente para me deixar agoniada.

Quando Edward ia responder minha pergunta, Caroline falou:

—Deixe-me fazer isso, por favor, Edward. - Caroline se virou para mim – Acho que o Edward ainda não lhe contou do dia em que ele e sua amiga Katherine entraram em sua casa, não é? Pois então, foi isso que aconteceu.

Olhei perplexa para Edward, ele assentiu.

—Ora, você não está contando a história direito, Caroline – A voz de Katherine veio de trás de nós. - Verdade, Bella, eu e Edward entramos em sua casa, de noite, enquanto você dormia – Ela baixou o olhar – Sinto muito, mas eu estava lá para ajudar Edward.

—Foi por uma causa justa – Edward continuou por Katherine – Eu não queria que você visse o que estava escrito no papel, aquele que eu havia escrito sobre você na minha primeira aula na Universidade de Londres. Foi mesmo um ato precipitado, eu nem tinha certeza se estava com você, mas Katherine disse ter visto você pegando um papel no chão da sala e... - Ele suspirou – Achei que você não aceitar o fato de eu ainda gostar de você, depois de tudo o que eu a fiz passar, e, de uma certa forma, eu havia posto o que eu sentia naquele papel.

Pensei no que ele estava dizendo. Naquela noite, eu não tive coragem de ler o papel que pegara, eu queria muito, mas não tive coragem, alguma coisa me impediu de ler tudo o que Edward escrevera. No fundo de minha cabeça, uma voz sussurrava uma outra parte das palavras de Edward: Achei que você não aceitar o fato de eu ainda gostar de você, depois de tudo o que eu a fiz passar (…) eu havia posto o que eu sentia naquele papel.

Pisquei, ele gostava de mim? Sei que é só gostar, como todo mundo pode gostar de mim, mas vindo de Edward, e pensando em como ele temeu que eu houvesse lido o papel. E... Ah, meu Deus, o modo como ele havia me beijado antes de Caroline chegar, e quando ele sussurrou o “Finalmente”, como se esperasse aquele beijo! E então eu pensei nos meus pensamentos: Eu não era correspondida. E depois pensei em minhas palavras: Mas eu não posso, Maria! Eu não posso amá-lo, droga! Não posso...!

Eu achara que não era correspondida. Aquilo poderia ser mentira?

Eu poderia ser correspondida?

Edward poderia gostar de mim?

Poderia me amar?

Eu não tinha certeza, minha cabeça girava, e meu coração batia forte no peito. E aquele velho buraco em meu peito ardia, ardia de uma forma boa. A esperança tornava aquela dor em alguma coisa boa de sentir.

Mas isso era só um pensamento. Talvez eu esteja me precipitando.

Olhei para Edward, ele me olhava – todos me olhavam – e então eu vi porque, eu estava meio que chorando, Edward provavelmente achando que havia me magoado.

—E, o que faz com que Edward me odeie é eu ter ameaçado ele de contar para você sobre essa visitinha que ele fez, caso ele não fizesse o que eu pedia durante esse tempo que passei aqui – A voz de Caroline soou novamente. - Ameacei porque foi a forma que encontrei de cumprir minha missão, que eu chamo de Edward-vai-pagar-por-tudo-que-me-fez! - Ela sorriu – Ou melhor, fez a Tânia. Ah sim, essa ficou muito brava por você tê-la deixado, Edward.

—E você, como uma cachorrinha, veio obedecer, não é, Caroline?

Todos viraram o rosto, encontrando Larissa não muito distante de nós, com Kevin ao seu lado.

—Larissa? - Caroline parecia ter sido pega de surpresa com a presença de Larissa. - Você por aqui?

—Em carne e ossos, querida, sentiu minha falta? - Brincou Larissa, fitando Caroline. Ela se virou para mim de repente – Olá Bella, desculpe por todo esse transtorno que Caroline causou.

Vi Caroline revirar os olhos.

—Agora eu sei como tudo acabou mal para o meu lado – Murmurou Caroline – Tendo uma “senhorita redimida com o meu passado” contando tudo o que eu planejava deve ter sido fácil para Edward.

—Não venha com desculpas, Caroline, acabou. Você não pode mais fazer nada, a não ser voltar para Flórida e contar a Tânia que fracassou - Kevin disse.

—Até você está contra mim, bonitão? - Respondeu Caroline. E eu vi Katherine se agitar quando Caroline chamou seu namorado de “bonitão”.

Larissa era a mais próxima de Caroline entre todos nós.

—Não entendo como você pode continuar seguindo Tânia, Caroline – Falou Larissa – Não entendo como suporta tanta crueldade.

—Não fale como se fosse santa, você também já teve sua fase de menina malcriada ao lado de Tânia, Larissa – Replicou Caroline.

As duas pareciam estar em uma briga particular, e acho que ninguém entendia como eles estavam relacionadas, o passado de ambas estava relacionado. Olhei para Edward ao meu lado, ainda estávamos meio abraçados, seu braço estava em minha volta, de uma forma protetora. Não me mexi um centímetro.

—Já que estamos falando do passado – Falou Caroline, encarando Larissa – Como vai o seu namorado, Larissa? O Logan, não é? Tenho que admitir, ele é muito sexy, deve ser uma loucura na cama, não é? - Ela riu.

Foi quando a mão de Larissa voou no rosto de Caroline, fazendo-a tropeçar até cair no chão, tamanha deve ter sido a força do tapa.

—Não ouse falar nada a respeito de Logan, Caroline, você não tem esse direito – Rosnou Larissa.

Eu assistia tudo em silêncio ao lado de Edward, me sentindo mais segura ali do que em qualquer outro lugar.

Caroline se levantou com a mesma rapidez que caiu, a irritação estampada em seu rosto quando ela olhava Larissa nos olhos.

—Sua... - Sibilou ela, avançando um passo na direção de Larissa. E se não fosse Kevin que logo a segurou pelo braço, a briga entre as duas teria ficando um pouco mais “séria”.

—Chega Caroline – Disse Kevin puxando-a para trás.

—Espero que tenha aprendido a lição, Caroline – Disse Larissa, lentamente.

Depois, ela deixou o espaço em que estávamos.

Caroline ficou em nossa frente, a uns três metros de distância. Eu comecei a perceber a realidade em minha volta, aquela leve chuva havia parado, a música da festa começava a preencher o silêncio entre nós, e eu via algumas pessoas da festa olharem curiosas para nós.

—É melhor irmos – Disse Katherine – Parece que a festa acabou.

Edward assentiu ao meu lado.

—Vamos? - Sussurrou para mim.

Parei e pensei. Eu tinha vários motivos para estar com raiva dele depois das revelações que ouvira esta noite.

Mas não estava nem um pouco irritada, nada disso. Talvez porque uma parte minha ainda estivesse pensando nas suas palavras sobre “gostar de mim”.

Peguei seu casaco – que esteve no chão esse tempo todo – e lhe entreguei, depois falo.

—Vamos.

Viramos para o caminho que nos levava de volta para a festa e demos alguns passos, até que Edward parou de andar e se virou para Caroline uma última vez.

—Se você voltar para Flórida, mande meu recado a Tânia: Eu não vou voltar, e não há nada que ela possa fazer sobre isso.

Então voltamos a andar e deixamos Caroline para trás.

Como na vinda, ninguém falou nada no trajeto de volta para casa. Nem um de nós parecia querer falar sobre o que tinha acontecido essa noite, e eu de certa forma preferia assim.

Só soube onde estava quando Edward estacionou o volvo na porta de minha casa. Suspirei e pus a mão na maçaneta da porta do carro, pronta para sair. Kevin já estava lá fora abrindo a porta da frente.

—Eu levo você até a porta – Anunciou Edward já saindo do carro.

Eu não disse nada, apenas me despedi de Katherine e saí na direção de casa. Ele andou ao meu lado em silêncio até a porta. Parei em sua frente.

—Desculpe-me por essa noite, tenho certeza de que não era isso que você esperava – Começou ele – Depois, se quiseres que eu lhe explique algo, eu direi.

Então eu o beijei. Ah, Deus, sim, eu o beijei.

—Não precisa explicar nada – Digo depois de me afastar.

Edward estava paralisado, certamente ele não esperava uma reação dessas vindo de mim. Nem eu esperava fazer isso, mas fiz. Ele abriu um largo sorriso, os olhos brilhando tanto que pareciam parte das estrelas na noite escura.

—Você está bem, digo, com tudo isso? - Ele acariciou meu rosto, procurando o meu olhar.

Eu estava? Aconteceram tantas coisas...Ah, quem eu estava enganado? Claro que eu estava bem.

—Estou ótima – Respondo, com o rosto corado.

Ele abriu mais um largo sorriso.

—Boa noite, Isabella – Ele beijou minha testa.

Não tive tempo de sussurrar um “boa noite”, ele já andava de volta para o carro – onde Katherine esperava.

Pisquei algumas vezes e me virei para entrar em casa. Fechei a porta atrás de mim, fechei os olhos, pensei em como Edward havia me beijado.

E foi assim a noite toda.