A Vida Em Sentido Figurado escrita por judy harrison


Capítulo 2
O meio


Notas iniciais do capítulo

PENSE



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Eu contemplei um pouco as duas ruas, e quando olhei ao meu lado o rapaz já não estava mais.
Pensando que tivesse sido uma alucinação, eu quase ri, mas estava ainda diante das duas ruas, e pensei:
— Se tenho que levar algo aos meus filhos será da festa por onde eu vou passar.
Então escolhi a rua da esquerda.
Ao entrar, logo no começo, me deparei com uma mulher muito bonita que disse.
— Para onde está indo, senhor?
— Vou para minha casa.
— E não vai aproveitar a festa? Quero lhe dar esse pedaço de bolo.
— Obrigado, mas minha esposa me espera.
— Ora essa, ela não vai se importar se você demorar um pouquinho!
Ela era tão bonita que eu não resisti, e parei para comer aquele bolo.
Quando sai, estava com minha mão suja do recheio.
Dando mais alguns passos eu encontrei um homem que me ofereceu um quadro com um valor exuberante.
— É uma única peça. Aproveite, pois ninguém tem igual a esse. O senhor será o único a possuir esse quadro.
— É um valor alto, não é?
— Pense nas vantagens! O poder de ser o único a exibir esse quadro na porta de sua casa.
Eu pensei em quanto seria admirado. E comprei o quadro pelo preço pedido. E sai tranquilo, para continuar meu caminho. Mas meu espanto foi grande ao me deparar agora com um grande portão, e nele um animalzinho estava acorrentado. Notei que se abrisse o portão, a cabeça do animal seria arrancada.
— Oh, não! Como vou abrir?
Do outro lado do portão, a festa estava ainda melhor, com bebidas e muita música, e algumas pessoas me chamavam o tempo todo, e me incentivavam a abrir o portão.
— Vamos lhe dar muitas caixas de troféus! _ diziam as pessoas _ Vamos, lá, é só um animal estúpido.
Eu parei diante do portão e pude ver os olhos do animal, tentando se livrar das correntes.
Uma voz assoprou no meu ouvido que devia acabar com o sofrimento do pobre animal, afinal não fui eu quem o colocou ali. Então, com esse argumento abri o portão de uma vez e com os olhos fechados. Minha camisa branca ficou toda cheia de sangue, e eu não conseguia limpar, e então escondi usando outra camisa por cima.
Incomodado com o cheiro do sangue eu usei um perfume que me ofereceram em troca de um valor igual ao do quadro, então eu preferi entregar meu quadro. Porém precisei entregar também parte de minha casa, pois o quadro não tinha tanto valor.
Mas para me compensar por meu cansaço e decepção, eu decidi beber e beber muito e dançar em meio aos beberrões e as dançarinas da rua.
De repente, me lembrei de que tinha que estar em minha casa com minha esposa e meus filhos. Com muito custo por causa de minha embriaguez eu achei a casa, mas quando minha esposa me viu, sentiu asco de mim.
— Querida, _ eu disse _ Eu trouxe pra você um... um...
Então olhei para trás e não havia ninguém, olhei em minhas mãos e tinham marcas de sangue e de tabaco, álcool e chantili.
Meus filhos me encararam com pena de mim, e minha mulher disse:
— Eu deploro ter me casado com você. Fraco! Desonesto! Fanfarrão! E desumano!
A porta da casa se fechou e eu me vi sem estrada para andar.
Então o rapaz com olhos azul celeste apareceu novamente.
— Você!
Eu senti tanta raiva que avancei nele. Mas minhas mãos atravessaram seu corpo, como se ele fosse apenas uma sombra.
— Acalme-se! _ele disse.
— Por sua causa eu perdi minha família.


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