A Vida Em Sentido Figurado escrita por judy harrison


Capítulo 1
O começo


Notas iniciais do capítulo

PARE



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Eu estava na beira do lago, pensando.
Foi mais um dia de trabalho, e de luta. Mas ainda não tinha o suficiente para aquilo que eu queria. Era Natal e eu não tinha nas mãos um pacote todo enfeitado de cetim e brilhantes com um vestido branco que minha esposa merecia, não tinha uma caixa com um rosto sólido de soldado e armamentos de guerrilha que meu filho pediu, e nem a caixa com uma silhueta feminina e cabelos dourados que minha pequena princesa tanto gostava.
Eu queria ser um deles, aqueles peixes no anzol dos outros pescadores. Suas vidas acabavam no momento em que eles alcançavam seu alimento, e eram mais felizes do que eu por que sabiam onde estava escrito seu destino, e morriam para cumprir com sua sina.
Mas eu tinha que continuar, então eu fui para casa, desatinado.
O que eu diria a ela, minha flor do campo, mulher guerreira e corajosa, que sempre esteve ao meu lado em momentos difíceis, aceitou entregar-se e viver comigo sem condições...
Eu cheguei perto de minha rua, quase atravessei a calçada, no pensamento de que eles viveriam sem mim e eu então desapareceria de suas vidas. Me esqueci de que eram os sorrisos que me faziam voltar, e que eles me aceitavam como eu era.
Se alguém podia provar que os homens choram, esse alguém era eu, e naquele momento, entre lágrimas eu elevei meu pensamento a Deus e pedi que Ele me abençoasse para que eu achasse um caminho.
De repente uma luz me cegou. Naquela hora eu pensei estar morto, mas olhei ao meu lado e um rapaz sem cabelos e com olhos azuis da cor do céu me disse:
_ Amigo, por que está aí, no meio da rua? Não sabe se vai para a direita ou para a esquerda?
De momento eu quis dizer que não era da conta dele, mas desatinado como eu estava, e frágil, não fui grosseiro, só verdadeiro.
_ Estou decidindo. Mas não sei.
_ Bem, eu posso lhe ajudar! _ ele disse com um sorriso branco e amigo.
_ Você nem me conhece! Como pode me ajudar?
_ Eu conheço a incerteza, isso basta.
Ele apontou para uma das ruas em que eu deveria ter entrado, era a minha rua, da direita. Eu vi uma trilha de animais peçonhentos e adiante um lago pequeno, porém cheio de crocodilos. Mais à frente era noite de tempestade com trovoadas e ventos fortes, além de granizos de quatro centímetros de diâmetros.
Então eu ri.
_ Acha que eu vou sobreviver a essa chuva? Estarei morto antes de abrir a minha porta!
_ Bem, _ disse ele _ Se você vai ou não é sua decisão. Olhe agora sua outra opção.
A entrada da rua da esquerda estava clara, eu me inclinei para ver melhor e um palhacinho saiu correndo de lá e ria muito.
_ Não consigo ver o que tem lá. _ eu disse.
_ Está curioso? Vou dizer o que tem. A luz que você vê é devido a uma festa que está tendo lá bem no meio. Você só tem que passar pela festa para chegar até sua casa.
Novamente eu ri.
_ Eu só tenho que passar no meio da festa?
_ Sim. Quer chegar até sua casa, não é? Isso é certo?
_ Exatamente.
_ Escolha então o que será. Mas vou lhe dizer uma coisa. Ao passar pela rua escura, você terá em suas mãos a marca da luta de cada fase que passou, e entregará para seus filhos e sua mulher. Na rua iluminada será a mesma coisa.
_ Não é difícil então! Eu sei o que quero oferecer aos meus filhos e minha mulher.

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