Os Lendários Guardiões

-Templo dos deuses-

Livro 2: Sombra ......................................................................... Capítulo 43:

Decisões

                Um mês havia se passado após a saída de Helleonora e Callisto da EPM. Os alunos haviam entrado na semana escolar normalmente, para, daqui algumas semanas, entrarem de férias. Os preparativos eram ainda maiores, pois a cidade Lockhaven iria sediar o Torneio da Liga dos Puros, onde os alunos das escolas de preparação entrariam em uma disputa para decidir quem é o melhor. Existe cerca de 10 Escolas de Preparação por todo o continente de Yan, o de Lockhaven. Cada escola tem sua especialização, que vira sigla: Escola de Preparação é o nome normal, de todas elas, e a especialização é Magia. Nesse ano haverá a participação de academias na disputa. Como a Academia de Florenza, especializada em combates corpo-a-corpo, para mulheres. Nesse torneio haverá duas concorrências: a EPM e a Escola de Preparação e Magia em Defesa nas Artes das Trevas (EPMDAT) estão sendo rivais, pois lidam com as mesmas coisas, porém uma é especializada em artes sombrias.

                Mesmo com todos esses preparativos e cuidados, alguns alunos estão em aula normal, como Edward e os outros...

       –Bem, como a situação se normalizou aqui. -começou Sohka a falar. –Vamos continuar nossa aula. Leram o capítulo que lhes pedi, sobre núcleos de energia?

       –Sim. -alguns responderam.

       –Não. -uma minoria respondeu.

       –Que capítulo? -a maioria respondeu.

                Sohka ficou meio pasmo, mas sorriu, ajeitando seu turbante na cabeça.

       –Bem, quem pode me dizer o que são os núcleos de energia?-perguntou Sohka, olhando para a turma. –Alguém?-ele viu Caio com as mãos levantadas. –Fale, Caio.

       –É a fonte de energia que compõe todo ser que apresenta estrutura mutante. -começou Caio. –Possui aspectos, coloração e localização dependendo das características de cada ser vivo.

       –Muito bem, Caio. -Sohka fechou as mãos e levantou o polegar. –Muito bem mesmo. Agora, alguém pode me... -alguém bate a porta. –Entre...

                Edward entrou na sala, apreensivo, todos olhando para ele, com medo e com um pouco de nojo. Andou calmamente de maneira apressada e sentou-se ao lado de Caio, na primeira cadeira da frente.

       –Desculpe professor. -pediu Edward. –Esqueci meu livro...

       –Já que chegou atrasado... Poderia me dizer quais são os tipos de núcleos existentes?-perguntou Sohka, pedindo que Edward se levantasse, olhando para a turma.

       –Eh... -Edward olhou para os alunos. Natanael, Ícaro, Nilo e Fléreri o olhavam atentamente, fora os outros alunos, rindo e fazendo piadinhas. Edward fechou os olhos, tentando lembrar. –Núcleos vitais, centrais e anormais. -respondeu ele.

       –Ótimo. -disse Sohka, sentando-se na quina da mesa, olhando o manto verde de Edward cobrir o corpo de seu aluno. –Edward, eu posso usar você como um exemplo?

                Edward o olhou de maneira estranha. Acenou que sim.

       –Ótimo!-respondeu Sohka indo à frente dos alunos. –Eu tenho a habilidade de ver os núcleos de energia das pessoas, o que me faz uma das peças fundamentais para seu aprendizado. Esse aluno. -Sohka apontou para Edward. –É bem curioso de se estudar, pois, de maneira estranha, possui três núcleos de energia diferentes, algo incrível, pois um corpo normal suporta um.

       –Mas professor, como isso pode acontecer?-questionou Natanael. –No ano passado, o senhor disse que um corpo humano suporta no máximo dois núcleos: o da vida e o mutante, ou puro. Como ele pode ter três núcleos e diferentes?

                Sohka se surpreendeu, pois havia aprovado Natanael, não havendo motivo para ele estar naquela sala, para principiantes.

       –Há um esclarecimento, primeiramente. -começou ele. –Nós usamos o termo núcleo para generalizar uma fonte de energia, seja ela qual for. No entanto, um corpo humano, segundo a Assembleia do Magistério, não possui o núcleo da vida, pois não é denso e nem é igual ao núcleo mutante.

       –Como assim?-questionou uma aluna.

       –Os humanos não possuem núcleos de energia. Sua energia vem dos alimentos, que lhes dão energia para determinada função. -respondeu Sohka. –Um puro possui no máximo um núcleo de energia que lhes dá poderes além dos humanos. Edward é diferente, pois possui três núcleos de energia e seu corpo aguenta mantê-los, mesmo que isso desafie as Leis de Charoux.

                Natanael levantou a mão.

       –Charoux é meu clã, minha Família. -gabou-se ele, mesmo sem querer.

       –Isso mesmo. -disse Sohka. –Octávio Charoux foi a primeira pessoa que estudou os núcleos de energia. Foi ela quem catalogou todos e seus registros são mantidos como relíquias até hoje.

                Edward levantou o dedo. Um dos seus quatro dedos.

       –Sim.

       –O senhor disse que tenho três núcleos e li na apostila que devido à densidade, força e instabilidade, um corpo não pode aguentar mais de um núcleo. Como eu aguento?

       –Isso é um mistério. -respondeu Sohka. –Infelizmente não posso ajudar, pois só visualizo os núcleos, nada mais. -ele virou-se para a turma. –Mais perguntas?

                O sinal toca e todos saem da sala.

       –Demorou porque Edward?-perguntou Caio, vestindo uma camisa preta com linhas vermelhas que lembravam um crepúsculo. –Chegou bem atrasado.

       –Sei lá, cara. -respondeu Edward. –To confuso pra caramba. Nesse um mês eu pensei muito e tomei uma decisão.

       –Que decisão?-perguntou Caio.

       –Eu to pensando em ir pra... -alguma coisa pula nas costas de Edward, fazendo-o cair no chão.

       –Sophie?!-perguntou Caio. –Você não estava na Ilha?!

       –Ai, minha cabeça... -Edward viu Sophie. –To tão confuso que to vendo até Sophie!

       –Seu bobo!-Sophie bateu em Edward, com um tapa. –Ai... Sua pele é dura!

       –Você não devia estar na aldeia, menina?-Edward se abaixou, ficando da altura de Sophie. –Ah! Liga pra mim não... Mudei.

       –Tá bem... -Sophie riu. –Eu to aqui desde quando vocês chegaram. A Helleonora falou com o diretor, o tio Stwart, e ele me deixou ficar. Tava no quarto da Helleonora... -Sophie se entristeceu. Desculpa por vocês dois...

       –E olha só quem está aqui!-Natanael foi até Edward. –O garoto de três núcleos!

                Quando Natanael e uns três guerreiros iam levantar Edward, não conseguiram.

       –Edward, o que você come?!-perguntou Natanael. –Sopa de pedra?!

       –Não, por quê?

       –Cara, você pesa muito!-Eox Lucsilver, um dos guerreiros mais honrados do colégio. –Eu tenho uma grande força, mas não consegui levantar você nem um metro do chão!

       –Nossa!-surpreendeu-se Caio. –Com licença... Você tem aula de Artes de Guerra, com o tal Adolph... -lembrou Caio.

       –Ah é mesmo. Sophie, se cuida, depois a gente conversa... -Edward se dirigiu até as escadas, despedindo-se do pessoal. –Mas não to indo pra treinar... Vo falar com o Stwart, que falou que queria falar comigo...

                Caio foi para a aula de Artes de Guerra, deixando Edward sozinho.

       –Edward!-chamou Nora, ao ver o garoto dobrar um corredor.

       –Senhora. -Edward foi até ela.

       –Stwart tá aqui, com alguns professores. Quer falar com você.

       –Olá Edward. -Stwart  o cumprimentou, levantando-se de uma enorme mesa redonda, indicando um lugar para o garoto. –Sente-se, por favor.

                Edward se sentou, acomodando-se numa cadeira estreita, dura, de metal.

       –Estamos aqui para tratar de um assunto um tanto quanto pessoal seu... -Éric começou, tomando água. –Após o que aconteceu com Anne, aquela aluna que teve seus núcleos retirados, estamos tendo um cuidado especial com os núcleos de energia dos alunos.

       –É. -falou Sohka. –Notamos que de 10 pessoas que somem, 9 possuem núcleos de energia, sendo que dessas 9, só 2 retornam vivas.

       –E porque retornam vivas?-perguntou Edward. –São mais fortes que as outras?

                Todos ficaram um tanto quanto calados, esperando que Sohka começasse a explicação.

       –Perdão... É que dessas 10 pessoas sequestradas, 1 é humana e das duas que retornam, têm núcleos moventes, que podem ser retirados, com cuidado, e o portador deles continua vivendo, mas sem poder.

                Edward não estava entendendo nada.

       –E pra que me chamaram aqui?-perguntou Edward.

       –Pelo fato de você, ao contrário dos outros, possuir três núcleos de energia. -respondeu Éric, imediatamente. –Achamos que você pode ter alguma coisa rara, algum tipo de antecedente com as mesmas características.

       –... Até porque o que aconteceu com Edward não é nada comum!-completou Stwart. –Ele se transformou em um... Um...

       –Monstro?-perguntou Edward, de maneira irônica. –Só porque tenho quatro dedos ao invés de cinco, três dedos nos pés ao invés de cinco, meu corpo mais alto, forte, mas pesado e minha aparência está muito mudada, mas continuo sendo a mesma pessoa, agora sou um monstro?!

     –Não é isso que ele está falando, Edward. -Minerva tentou acalmá-lo. –Ele só está querendo dizer que você não é uma pessoa normal... Seus poderes são além do comum.

                Edward se levantou, indo até a saída.

       –Edward!-chamou Éric. Edward parou e olhou para ele e outros 17 professores a mesa. –Pode ao menos ouvir nossa proposta?

       –E qual seria a proposta?

       –Como já sabe seus poderes e você não são comuns. -começou Stwart interrompendo Éric, que iria explicar. –Você gostaria que fizéssemos testes com seu corpo, estudando-o, para saber como seu corpo pode aguentar suportar 3 núcleos de energia praticamente ativos?-ele apontou com uma pena para o corpo de Edward. –Além de tentar destransformá-lo.

       –Você está querendo que eu sirva de experiência... -Edward se irritou. –Estou bem assim e a menos que alguma coisa de errado aconteça comigo, estarei bem!-Edward se lembrou do que aconteceu com ele. –De experiência estou cheio. -e ele saiu da sala, deixando todos lá dentro.

       –Bem... -concluiu Éric. –E o conselho se encerra aqui.

                Edward subiu as escadas, chegando ao quarto e encontrando sua libélula presa nele, querendo sair. Quando se dirigiu até o banheiro, Caio saiu dele.

       –Não estava na aula de AG?-perguntou Edward vendo Caio ir até o armário.

       –Estava... -ele mostrou seu antebraço vermelho. –Até que notei que meus poderes são bons à distância... E cheguei à conclusão de que não sou bom em combate corpo a corpo.

                Edward riu.

       –E ai, tá doendo muito?

       –Pra caramba!-Caio respondeu. –Não doendo em si, mas tá muito pesado... -ele tentou manter os braços levantados, mas abaixou-os devagar. –Preciso descansar...

                Edward foi até seu armário, até que alguém bate a porta e um bilhete passa por baixo.

       –Ué, o que é isso?

                Caio deu de ombros. Edward abaixou-se e pegou o bilhete.

       –“Só quero lembrar que não aceitamos monstros em nossa escola. É a ultima vez que avisamos, aberração.” -Edward acabou de ler o papel, Caio ficou surpreso.

       –Quem escreveu isso?!-Caio foi até a porta, não vendo nenhuma vivalma no corredor.

       –Não sei...-Edward rasgou o papel e foi até o armário. –E não é a primeira vez que recebo isso...

                Edward mostra uma pilha de bilhetes.

       –Por que não mostrou isso pra direção?

       –Não... Eu quero resolver isso sozinho, mas não to com cabeça pra isso. -Edward rasgou os papéis. –Já decidi, cara. -Edward olhou para Caio. –Vou tomar banho e depois falo com você.

                Passados alguns minutos, Caio estava melhor e Edward sai do chuveiro. Seu verde estava mais vivo.

       –E ai, o que tá pretendendo fazer?-Caio levantou-se da cama e olhou para Edward.

        –To querendo sair dessa escola...-Edward deitou na cama, olhando para o teto. –Quero conhecer gente nova... Viver novas aventuras.

       –E você vai sair mesmo?

       –Sim. -respondeu Edward.

       –Cara, isso até que é legal, mas eu não sairia daqui se fosse você... Tá muito ruim lá fora, com tanta gente sumindo...

       –Mas mesmo assim... Eu já tomei a minha decisão... Vou fazer isso agora!-Edward se levantou e saiu.

                Caio ficou em sua cama, pensando sobre a vida, meio triste, pois estava prestes a perder um grande amigo.

Continua