A New People

– Não deveria mexer em coisas que não são suas.
– Ah não... Eu... - Ela balbuciou. - E-er... Me... Me desculpe!
– Desculpas, é isso que tem a oferecer? – Damon se moveu rapidamente às costas da garota apertando seu pescoço.

– Quem te deixou entrar aqui, garota?
Natalie sentiu seus reflexos se aguçarem rapidamente com os seus nervos se contraindo nas mãos de Damon. Um gosto amargo lhe veio na boca, mas antes que ela visse o fim de sua vida, Stefan empurrou o irmão para o lado segurando à jovem nos braços à salvo.
– Você está bem?
– Estou.
Stefan olhou para seu irmão com imenso espanto, como a moça podia mal ter ficado dez minutos na casa e já estar sendo ameaçada de morte por ele? Damon se levantou do chão e os encarou como se nada tivesse acontecido.
– E então, o que ela faz aqui, é alguma parenta que veio nos visitar? – Sorriu sarcasticamente como sempre, mascarando tudo o que realmente sentia.
– Não, é só uma mulher que ficará em nossa casa.

Stefan parecia irritado.
– Por quanto tempo?
Damon perguntou fitando-a, Natalie de repente se sentiu deslocada e sem reação. Já ia se preparar para dar adeus ao único abrigo que havia achado quando Stefan se pronunciou primeiro.
– Quanto tempo ela quiser... Damon. – O nome do irmão foi cuspido como se fosse um insulto.
Os olhos azuis se voltaram para a garota, os lábios se curvaram em um sorriso de deboche.
– Seja Bem-Vinda! - O cinismo lotava sua voz. - O quarto é meu, então se me derem licença... - Falou estendendo a mão em direção a porta.
Stefan suspirou segurando a garota pelo pulso e levando-a para fora. Quando a porta se fechou atrás deles ela o encarou assustada. O pomo de Adão vacilou quando ele engoliu a seco.
– Eu sinto muito. - Soltou com o cenho franzido.
Ela deu de ombros.
– Vocês são estranhos - Mesmo assim sorriu amarelado. - É sério que eu posso ficar?
– O tempo que quiser. - A voz saiu branda, confortante, a primeira demonstração de serenidade que Natalie teve naquela noite dos infernos.
Stefan pegou a bandeja que tinha ficado no corredor e ofereceu a ela. Um grande sanduiche com tudo o que tinha direito e um copo de suco ali estavam.
– Espero que esteja bom. - A garota o agradeceu com um sorriso.
– Mas antes preciso trocar minhas roupas! Ou vou pegar um resfriado, lembra ?
– Claro!
Nesse momento ouviram-se passos e uma bela jovem apareceu, Elena Gilbert, Natalie ficou chocada por um momento, ela era idêntica a mulher da foto no quarto do outro irmão, mesmo assim decidiu não dizer nada. Apesar de não saber o porquê, sabia que aquilo era mais complicado e sombrio do que pareceria a olhos humanos. Pessoas iguais existiam, a maioria eram gêmeos univitelinos, claro, mas sempre há uma exceção.
– Então, era por isso que estava muito ocupado para atender minhas ligações? – A outra jovem parecia perturbada com algo.
– O quê? Não, Elena... Eu só estava ajudando a Natalie... - Stefan parecia confuso, sua namorada não costumava ser assim, na verdade era sempre a primeira a ajudar os outros.
– Bom, Stefan, enquanto ajudava sua amiga, Bonnie foi atacada por um vam... – Dirigiu seu olhar para a garota na sala. –... Um animal e está no hospital correndo sérios riscos de vida.
Stefan parecia chocado, como isso havia acontecido com Bonnie, uma bruxa tão poderosa. Sempre pensou que ela pudesse cuidar de si mesmo. Natalie se sentiu horrível, saiu quietinha em direção ao último quarto do corredor.
Ao ouvirem uma porta se fechando, Stefan e Elena tomaram um susto.
– É só a Natalie.
Elena revirou os olhos, mal conhecia a garota e já não simpatizava com ela.
– Certo, pode vir ao hospital comigo? Não quero que Bonnie fique sozinha.
Stefan parecia incerto, deixar a nova garota com Damon era um erro, mas deixar Elena era outro maior ainda. Não queria perde-la, mas mesmo se isso custasse à vida de outra pessoa? No entanto Bonnie também poderia estar em risco.
– Certo, me dê um segundo, vou falar com meu irmão. - Elena sorriu e se aproximou pra dar-lhe um beijo, o qual foi muito bem aceito sendo retribuído com outro sorriso.
Entrou no quarto do irmão e o viu lendo um livro.
– Damon!
– Hum? - O homem se remexeu na cama, mas não tirou seus olhos do livro.
– Vou sair com Elena, ver Bonnie no hospital! - De repente Damon fechou o livro e olhou o irmão com mais um de seus sorrisos sarcásticos no rosto
– E o que aconteceu com nossa pequena promissora bruxinha?
– Ela foi atacada... Por um vampiro. - Stefan disse o olhando desconfiado
– Oh, meus pêsames! - O irmão fez a melhor expressão de preocupação e depois sorriu de canto.
– A Natalie ficará com você, não a machuque Damon, aliás, nem toque nela. - O outro irmão o olhou com o cenho franzido.
– Eu nem estava pensando nisso... Aquilo... Quando chegou, foi um grande mal entendido. - Damon retrucou gesticulando com as mãos. - Ela não devia estar no meu quarto, mas a perdoo, já superei isso.
O irmão mais novo suspirou, estava tão cansado da maneira de agir de Damon, quando perdesse a cabeça não saberia o que fazer, ou melhor, o que não fazer.
– Damon apenas não faça nenhuma besteira até eu chegar!
– Certo irmãozinho! - Damon sorriu e estendeu os braços para o outro que deu as costas ao falso convite, batendo a porta ao sair.

- Não, tudo bem, sem ressentimentos. - Gritou Damon, apenas alto o suficiente para o irmão ouvir, mesmo que não quisesse.
Natalie se trancou no quarto, ainda estava molhada, por isso estava mais fria do que quando ainda se lembrava de sentir frio, se sentia mal por chegar, ser tão bem recebida pelo dono da casa apesar de mentir e em seguida estragar tudo por causa de um maldito quarto, maldito irmão e uma maldita foto... Foto essa que estava lhe tirando a paz.
– Katherine! – Proferiu baixinho em um sussurro.
Lembrava-se desse nome, mas não se lembrava de onde ou por que.
– São tão parecidas! – Eram iguais na verdade, outra coisa que fazia sua cabeça girar, além do frio e do medo, aquelas dúvidas a consumiam e devoravam sua paz.
Havia chegado com tantas expectativas de uma nova vida de tranquilidade e se via envolvida nesse mistério que nem seu era.
Balançou a cabeça em negativa e lentamente tirou suas roupas, ficando apenas com as peças intimas se dirigindo ao banheiro.
– Esses segredos não me pertencem e nem quero que me pertençam.
Ligou o chuveiro, queria se sentir viva, sentir que os problemas se acabariam, sentiu a água batendo em sua cabeça, nos seus cabelos e escorrendo para os pés. Elena havia começado uma palavra que não terminara e isso não passara despercebido por ela, se ensaboou, enxaguou, lavou o cabelo e pegou a toalha.
– Vampiro! Era isso que ela ia dizer vampiro!