The Empress Of Wonderland escrita por Biah_Morgan


Capítulo 4
Coelho


Notas iniciais do capítulo

O título do capítulo já é spoiler, mas tudo bem u.u



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Era tarde. A chuva ainda caía em torrentes, mas a jovem não parecia se importar. Ela caminhava entre as ruas desertas como se fosse um fantasma de capa de chuva azul.

Em suas mãos, estava uma sacola plástica cheia de comida para gatos. Nas suas costas, pendia uma mochila escolar praticamente vazia. E, nos seus olhos brilhava uma centelha do fantástico.

Pois ela caminhava entre as ruas procurando um ser que não deveria existir. Mas ela não o achava. Afinal, nem sequer tinha certeza de que ele existia. Vira-o apenas por um momento, através de uma janela extremamente embaçada. Ele poderia, muito bem, não existir.

Mas ela já estava pronta, havia muito tempo, para acreditar no que não deveria existir. Aceitara existências assim faziam poucos dias. Crer que existem dois meninos gato vindos de uma dimensão paralela não é fácil, mas ela o havia conseguido.

Portanto, com uma centelha do fantástico brilhando nos seus olhos, ela continuava caminhado entre as ruas desertas, procurando um ser que não deveria existir.

E lá estava ele. Parado, no fim de uma das ruas mais compridas da cidade. Com os olhos azul elétrico brilhando mesmo com a distância e a tempestade.

O ser que, em tese, não deveria existir.

− Ei, espere!!

E Sharon estava correndo o mais rápido que podia, descendo a rua, virando na segunda á direita e indo reto até chegar no parque, pulando a cerca, largando a comida para gatos e se embrenhando no meio das árvores, que pareciam tentar barrar o seu avanço com gavinhas e raízes, estendo suas sombras e seus galhos afiados. Mas ela não parou.

E logo havia chegado na árvore centenária.
Onde, encarapitado nos galhos mais altos, se encontrava um par de olhos azuis.
Sharon subiu nas raízes gigantes e retorcidas, tentando enxergá-lo melhor. Ele desceu alguns galhos, encarando-a com avidez.
O que aquele ser era? A jovem não sabia dizer, mas sabia que algo nele a atraía, a fazia escalar a árvore pouco a pouco tentando chegar perto dele. E, curiosamente, cada tanto que ela subia, ele descia, aproximando-os cada vez mais.

Pouco a pouco, ela divisava sua aparência, a cada relâmpago que brilhava no céu. Ela viu um longo casaco vinho, um espadim, luvas brancas, um relógio dourado.

E também viu orelhas de coelho. Orelhas compridas e brancas como a neve, que iam até a sua cintura. Mas ela ainda não conseguia ver seu rosto.
Até que entre eles não restou pouco mais de um metro.

− Quem é você? – Perguntou Sharon, hesitante.
Mas o Coelho não lhe respondeu. Ele apenas lhe estendeu a mão, sendo que suas garras eram visíveis mesmo com a luva branca.

− Me diga, garota, qual é o seu nome?

Com os dedos trêmulos, ela segurou a mão dele.

− Meu nome é Sharon. Sharon Alice.

O Coelho Branco sorriu, exibindo os dentes afiados.

E, antes que ela percebesse, ele estava puxando-a para baixo, para uma toca perfeitamente escondida entre as raízes da árvore, para debaixo da terra, para as profundezas que, curiosamente, possuíam estrelas assim como um céu estrelado...
~*~

A mão dele prendia a minha com tanta força que eu já não sentia mais as pontas dos dedos. Suas longas orelhas voavam para todos os lados, assim como o seu casaco; Ele estava, quase literalmente, voando em direção ao chão...

Eu tentei gritar, mas a minha voz parecia ter ficado lá na árvore. Conforme o túnel descia e descia, ficava cada vez mais irregular e curvado; Mas, inexplicavelmente, o Coelho conseguia se guiar em pleno ar, evitando as paredes ásperas.

E, entre essas curvas cada vez mais envergadas, eu pude ver o seu rosto: Ao que parecia, ele tinha o rosto humano, mesmo com as orelhas de coelho. Aquele sorriso afiadíssimo continuava lá, acompanhado por olhos maníacos.

Eu nunca pensei que fosse ter medo de um coelho, mas, naquele momento, eu tive.

− EI!! – Tentei, mas ele parecia não me ouvir. Ou estava me ignorando, afinal com orelhas daquele tamanho ele tinha que ouvir muito bem.
Cedo ou tarde, aquela queda iria terminar, e eu queria muito sair de perto daquele coelho macabro. Mas, antes, eu tinha que entender o que estava acontecendo.

− EEEEIIIIII!!!!!!

Ele voltou o rosto na minha direção.

E eu perdi completamente o fôlego.

Sim. Se eu nunca tive medo de coelhos, a partir daquele momento eu teria. Mas eu iria até o fim, nessa loucura toda.

− PRA ONDE VOCÊ TÁ ME LEVANDO?!?! – Tive de berrar: Nossa velocidade aumentava cada vez mais, e o ruído do vento era insuportável.

− Ora essa, Alice! – Ele não precisou gritar para que eu o ouvisse. – Para o País das Maravilhas, é claro!! – E voltou a olhar pra baixo.

Meu coração bateu na boca. COMO ASSIM?! Será que eu tinha batido a cabeça?! Isso não podia ser real. Cheshire já era maluquice o sufic...
PERAÊ. O amigo super gato do Cheshire tinha falado alguma coisa sobre eles estarem vindo pra cá. Será que o Coelho era um desses? E isso o faria inimigo de Cheshire?

E O QUE QUE EU TINHA A VER COM ISSO TUDO?!

− Ô SEU COELHO!! QUEM DISSE QUE EU QUERO IR PRO PAÍS DAS MARAVILHAS, HEIN??

E o Coelho gargalhou, sem olhar pra mim. Mesmo assim, eu sabia que seu sorriso havia se alargado.

− Você não tem escolha, Alice, e você sabe disso!

Eu não sabia se gritava por socorro ou se tentava espancar esse Coelho. Toda aquela magia e aquela atração de antes havia sumido.


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Notas finais do capítulo

muito obrigada pelos reviews, tantos os meus amados 4 até agora quando os que eu quero receber no futuro ^^
Ps: O caminho até o parque eu roubei do Peter Pan, naquela de "segunda estrela à direita e siga em frente até o amanhecer" U.u