Uma semana se passou, e meu relacionamento com a Sunshine está cada vez melhor. Ela é fantástica, e as dicas da Carly me ajudaram bastante. E por falar nela, nesta última semana eu não a vi nenhuma vez. Tentei ligar para ela, mas só caía na caixa de mensagens.

Eu estava sentado em um banco num parque com a Sunshine. Ela falava um monte de coisas, mas eu não estava prestando atenção.

– No que está pensando? - Sunshine me perguntou me olhando nos olhos, me tirando da minha onda de pensamentos em relação a Carly.

– Nada - disse.

– Não pode ser nada - ela disse manhosa tocando levemente a ponta dos meu queixo me virando para encará-la.

– Você viu a Carly esses dias? - perguntei e ela se afastou um pouco.

– Está preocupado com ela? - ela voltou a me encarar e eu assenti - Bom, eu não falo muito com ela, e na academia de dança eu só a vejo de longe.

– Pensei que fosse amiga dela - disse confuso.

– Não, a Carly não tem amigos - fiquei surpreso com o que ela disse.

– Como assim?

– Sei lá, ela é muito reservada, ninguém sabe muito sobre ela - eu não estava acreditando no que estava ouvindo. A Carly é irritante, chata, mandona, mas reservada? - Eu tenho que ir agora - ela disse encarando seu relógio de pulso - não posso chegar atrasada no trabalho.

- Vamos, eu te levo. 

Saímos do parque e entramos no meu carro. Deixei a Sunshine no restaurante dos pais dela, e desviei o caminho em direção a casa da Carly, eu precisava falar com ela.

Parei em frente a porta e toquei a campainha. Depois de um tempo esperando, uma senhora bem velhinha apareceu.

– Boa tarde, a Carly está? - perguntei apressado.

– Carly? - ela paraou um tempo para pensar, aquilo já estava me estressando - não, ela não está - ela disse calma.

– Você sabe onde ela está?

– Não, ela saiu bem cedo como todos os dias. Acho que ela só volta mais tarde, depois que passar no hospital - eu sabia que era ela quem eu tinha visto naquele dia em frente a petshop.

– Obrigado pela informação - disse apressado e voltei correndo para o meu carro.

Dirigia com velocidade em direção aquele hospital, até que parei em um sinal. Quando olhei para o lado, vi Carly dentro da starbucks sentada e sozinha. Agora ela vai ter que me dizer a verdade.

Estacionei o carro e assim que eu entrei, fui em direção a Carly que tinha seu olhar preso ao chão.

– Oi Carly - disse e ela tomou um pequeno susto, e sua expressão mudou de pensativa para alegre.

– Oi sumido - ela se levantou para me abraçar.

– Eu não te vejo a dias, você não me dá notícias e nem sequer atende o celular, e eu que sou o sumido?

– Alguém sentiu minha falta - ela sorriu divertida.

– Bom, eu vim aqui te perguntar uma coisa - disse e nos sentamos.

– Pode perguntar.

– Por que você vai naquele hospital? - fui direto ao ponto - E nem adianta negar que uma senhora lá na sua casa confirmou a sua ida até lá.

– A minha avó? - ela perguntou espantada - Espera um pouco, você foi pra minha casa?

– Sim, eu fui te procurar, mas não mude de assunto, você não respondeu minha pergunta.

– Meus pais são médicos, então como eu não vejo muito eles em casa, eu vou visitá-los no hospital.

– E por que estava chorando outro dia quando estava indo para o hospital?

– Porque eu recebi a notícia que minha avó está doente, então eu teria que cuidar dela, por isso eu sumi por um tempo, para cuidar dela. E antes que me pergunte, meu celular quebrou, mas eu já comprei outro - ela me encarou com aqueles olhos azuis por um tempo - mais alguma pergunta?

– Não.

– Foi ótimo te ver, mas eu tenho que ir agora - ela disse se levantando - quando a saudade bater, me liga - ela me deu uma piscadela e saiu.

Foi aí que meu cérebro começou a funcionar. Se os pais dela são médicos, por que eles não ajudam a Carly a cuidar da avó dela? E se eles são médicos, por que moram naquela casa simples? Os médicos ganham bem. E por que ela não me contou logo tudo quando eu lhe perguntei se era ela quem eu tinha visto entrando no hospital chorando?. Ela não me contou tudo, eu tenho certeza. Mas o que ela está me escondendo?