Rosalie já estava chorando.

            - Me desculpe, mas é o único jeito de o manter vivo, me perdoe Emmett... Me perdoe, você terá tempo suficiente para isso! – e então, sem hesitar mordiscou-o no ombro, e ficou ali sugando o seu sangue e deixando seu veneno invadir suas veias. Em frações de segundos após a mordida, Carlisle estava ao lado de Rose.

            - Rose já chega, ele vai sobreviver. – ele a alertava. – Já chega Rose seu veneno já está no corpo dele. ROSALIE! – e a tirou dele, jogando-a para o outro lado do cômodo.

Carlisle deu uma examinada rápida, e então pegou uma garrafa de água que havia levado consigo e jogou para quem sabe melhorar o ardor da mordida. Eles não eram recém criados, estavam longe disso, mas era difícil resistir ao sangue humano em pessoas normais, quem dirá em pessoas com fraturas externas. Por sorte o doutor tinha anos e anos de prática, ou melhor, séculos e séculos!

            - Venha rose – disse uma voz que lembravam sinos. Alice, claro! – Venha comigo.

As duas se foram, e Carlisle ficou ali no cômodo com Emmett sobre seus cuidados, mesmo sendo quase impossível de controlá-lo ali. O rapaz estava gritando, gritando muito alto, um grito abafado e de muita dor, como se pegassem um metal em brasa e o queimassem por todo o seu corpo, como se uma boiada passasse por cima dele... Uma dor visivelmente horrível  e que estava estampada em sua cara:

            - Mate-me, por favor, eu imploro!

Carlisle aplicou-lhe muitas doses de morfina para que a dor se amenizasse, pois, a dor dos primeiros minutos são as menos suportáveis, é uma dor nova e agoniante, mas a morfina  podia funcionar ou não mudar em nada; isso só saberiam após Emmett despertar.

            - Vou te levar daqui, vamos voltar para casa e essa dor horrível vai passar, acredite! – Carlisle sussurrava sabendo que era inútil, pois ele não o ouviria. Com aquele grandalhão rapaz em seu braço foi para sua casa novamente correndo pelas margens da cidade para que ninguém os visse. Chegando lá. Tudo já estava organizado para que Emmett pudesse agonizar, ou melhor, esperar o veneno parar de agir em seu corpo. Carlisle o colocou na cama, trocou-o e dava morfina a cada 4 horas. Sua temperatura já começara a passar de normal para fria. Com o passar dos dias seu corpo ia ficando moldado, sua agonia ia melhorando. Então, mais uns dias se passaram até que o esperado aconteceu.

Emmett retomou sua consciência, mas não abriu os olhos ou fez qualquer movimento. Era engraçado, de repente a sua sobrevivência não dependia de sua respiração! Ele estava completamente imóvel. Ouvia muitos murmúrios, conseguia ouvir tão claramente coisas muito loucas como passos. Ouvia passos, respirações... E sentir ?? Impossível era explicar o que sentia: Ódio, raiva, felicidade, ternura, vontade de correr, vontade de  ficar ali para sempre, abrir os olhos, dúvida... Estava uma explosão em sua cabeça. Decidiu abrir os olhos; abriu lentamente e inclinou muito de leve a sua cabeça para que pudesse ver a onde estava. Parecia com um quarto de hospital, achou que era um, mas olhou á sua frente, além da porta, tudo o que via era o quarto creme na qual havia se hospedado uns dias atrás. Concluiu estar na casa do medico, ouvia um som de vassoura varrendo algo muito macio, sem fazer o menor barulho, sentou-se na maca, neste momento uma enorme onda o invadiu. Emmett não sabia o que poderia ser isso mas se concentrou em saber o que estava acontecendo!

Andou até a janela, estava frio, as pessoas a fora andavam agasalhadas e cobertas com mantas, o que era estranho, ele vestia uma regata e não sentia frio, não estava sequer gelado! Andou novamente, desta vez até o quarto creme, o som da vassoura ficava mais intenso, espiou ali quieto e fizera uma descoberta: Não era vassoura, eram escova e cabelo, um cabelo louro e grande, um cabelo muito bonito que pertencia a uma dama maravilhosa!

Rosalie penteava seus fios, mecha por mecha, cantarolava uma musica suave e bem baixinho, não chegava a ser um sussurro, mas Emmett ouvia perfeitamente. Ela parou de pentear, estava com um corpete cor creme e uma saia rodada, estava vestida, porém não adequadamente para sair na rua. Parou de pentear e ficou imersa em pensamentos.

A loura estava tão concentrada mas não pode deixar de olhar através do reflexo do espelho Emmett ali parado, imóvel a observando com uma certa ternura no olhar. Encararam-se por cerca de 5 segundos, foi quando Rose olhou para trás para o ver diretamente.

            - Emmett!!! Você acordou... – Rose em menos de um segundo estava ao seu lado, o que fez Emmett assustar – voc... você.. – Rose tateava seu braço, estava o examinando e Emmett não fazia nada para impedir – Como está se sentindo?? CARLISLE.... venha cá rápido!

            - Eu estou bem... estranho na verdade!

            - Emmett, você está com dor? – disse Carlisle

            - Não! Estou bem. Só uma coisa, eu tenho perguntas.

Carlisle e Rose se entreolharam.

            - Vem cá Emmett.

            - Pra onde vamos Rosalie?

            - Vamos ao quarto das memórias, vou te explicar o que aconteceu...

            - Quarto das memórias?? Meu Deus, quantos quartos existem aqui? Que criatividade - disse ironicamente.

Andaram até o cômodo e então Rose fechou a porta e começou.

            - Emmett, você não é mais humano... você é agora de uma outra espécie, um outro estilo de vida. Você não sente mais frio nem fome, você tem que caçar para sobreviver, você não pode sair a luz do sol, tem algumas habilidades sobrenaturais... E pode ter alguma outra especial.

Rose estava constrangida ao contar tudo... soltou a bomba de uma vez só, Emmett estava ouvindo a tudo e digerindo com muita dificuldade   

            - Então, não sou humano mais... O que eu sou então Rosalie? Eu sou assim, e você também? Você é que nem eu? Eu sou um monstro, um lobisomem ou um bruxo eu sou um telep...

            - Você é vampiro agora Emmett – interrompeu Rosalie quase chorando – Eu sou vampira, Carlisle é vampiro! O conto de fadas existe! Pronto. Eu me sinto culpada, olha... – Rosalie se ajoelhou junto á Emmett, desta vez ela chorava – Eu fui egoísta, você é igual a uma pessoa muito querida, eu tirei a sua vida, mas entre morrer e viver assim, eu escolhi por você, me perdoe... Eu... Eu não fiz por mal.

Neste momento, Emmett não se concentrou em mais nada, jogou Rosalie na parede, porém, não tinha noção de sua força, a parede afundou e então outros ‘vampiros’ estavam no cômodo.

            - Emmett se afaste – Dizia Carlisle com uma tolerância – Você é novo, um recém criado, sua força é superior á todos nós, mas passa. Afaste-se, se acalme, eu o ajudo...

            - Rose, Rose! Você está bem?? Alice, traga um pano e água! Rose?? – dizia uma doce moça com um jeito de mãe.

            - Estou bem Esme, obrigada... – Rosalie olhou para Emmett... Neste momento, ele se olhou no espelho e saiu pela janela – NÃO!! Carlisle, vá atrás dele, ele fugiu, vai Carlisle, corre!!!!!

            - Rose, você é minha prioridade, Alice, tenta alcançá-lo, ele é forte e veloz, mas tente, por favor.

Alice se pôs janela a fora, vasculhou cada canto da cidade, foi até a cidade vizinha... Não achou nem sinal do cara musculoso! Voltou para casa decepcionada:

            - Não o achei, mas vou ver se consigo.

A baixinha se concentrou, fechou os olhos...

            - Ele está em um lugar que não conheço... hmm, talvez outra cidade...

            - Alice, por favor, você faz melhor que isso.. vamos, onde Emmett está?

            - Eu.. eu vejo... Ele está na cidade ao lado! Oak Ridge...

            - Perfeito! Vou até lá... – Rosalie já se preparava para ir quando Carlisle a segurou..

            - Rosalie, você está muito nervosa e Emmett está confuso, vamos dar um tempo para ele, vamos ficar ligados, Alice nos ajuda nisso não é mesmo?

            - Claro!! Ele está bem Rose, confia em mim... -  a baixinha a olhou com aquele olhar meigo e confiante.

            - Ok, grr... 3 dias é o máximo que eu espero!

Todos assentiram silenciosamente, e por horas acompanharam Emmett através as visões de Alice... Foi quando na segunda noite Alice teve uma visão:

            - Alice... o que você está vendo ?? –Rosalie já estava apavorada.

            - Emmett... Ele está com sede, e está em uma casa.. um cabaré, pelo o que me parece... Está com 3 mulheres... – Alice mordeu os lábios – Ele se alimentou de uma delas, está se alimentando da segunda, e vai se alimentar da terceira...

E realmente tudo estava acontecendo naquele momento, ele se divertia e ao mesmo tempo estava tenso:

            - Carmille... que dama mais agradável, eu posso ouvir seu sangue pulsar – ele a trouxe para perto de você – aqui, neste quarto branco, e vocês... digo, você aqui, com todo esse corpinho com sangue, chega a queimar a minha garganta!

            - Nã... não, por fav..favooor... – a garota chorava e implorava pela vida.

            - shh shh shhii.... calminha linda... vamos fazer assim.. –Emmett a olhava cm um olhar feroz, brincava com o seu cabelo e seu rosto estava perto do dela – Eu vou te beijar assim... agora aqui neste queixo perfeitinho, um pouquinho mais em baixo... Mais um beijo neste pescoçinho...

E então a mordeu, sugou todo o seu sangue; agora se sentia satisfeito e com um sorriso enorme no rosto, pegou a roupa de cama, limpou um pouco o seu rosto, uma faca, afundou-a no coração de cada uma das moças para que ficasse livre da enroscada. Foi quando ele viu seu reflexo no espelho...  Viu a coisa mais tenebrosa de toda a sua vida.