Wishing Star escrita por Camila Lacerda


Capítulo 3
A novata




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Quando começamos a andar pelos corredores para encontrarmos os nossos armários e assim seguirmos para nossas aulas. Vi que todos os humanos daquele local pararam e nos observavam. Tentei não prestar atenção em seus olhares - uma ação muito inútil - e fui procurar meu armário.

Tive de passar quase atropelando duas garotas que estavam secando meu pai como duas bobonas. E enfim cheguei ao meu armário que – felizmente - abriu com facilidade, deixei tudo lá, só peguei algumas coisinhas e sai a procura da sala de Espanhol. Mas eu só encontrava um mar de cabeças ambulantes.

Continuei caminhando até que o sinal tocou e eu ainda não havia achado a sala de espanhol. Porcaria. Eu não tinha sorte mesmo.

Então avistei a placa com as três palavras mágicas, era a última sala do corredor quase na virada para outro corredor. Corri para não me atrasar mais do que eu já estava e quando fui abri a porta, um indivíduo me atingiu e nós caímos no chão.


– Você é cego, garoto? – eu quase gritei enquanto o garoto estava caído em cima de mim no meio do corredor.

– Hã? O que? Como é que é? Você não sabia que não se pode levar a palavra corredor tão a sério? É só pra passar não pra correr – ele saiu de cima de mim e respondeu todo grosseiro pegando seus livros que caíram no chão.

– Ah, fica quieto! Eu tava aqui quase entrando na sala e você que bateu em mim – eu peguei meu caderno e me levantei.

– Olha aqui o sua... – o idiota parou de falar quando olhou nos meus olhos.

– Hã? Sua o que? Diz. – tentei enfrentá-lo. E ele ficou me encarando que nem a secretária. Ah, não. Era o que me faltava.

– É... Que... – ele começou a gaguejar. Eu comecei a encará-lo confusa. O que o garoto moreno dos olhos castanhos cor de chocolate queria dizer?

– Deixa eu ir pra minha aula... – o fitei com um pouco de receio.


Entrei na sala quando a professora estava anotando algo em sua agenda.

Por favor, que eu não leve uma bronca, por favor, por favor.. Foi um pedido em vão, pois a professora parecia querer me matar com o olhar quando me disse:


– Começando com o pé esquerdo, mocinha. – a velhinha de óculos e cabelos brancos e um vestido verde água disse.

– Eu sei, peço perdão. Isso nunca mais vai se repetir. Pode acreditar. – tentei ganhar a confiança dela novamente.

– Eu realmente espero... – ela pegou minha caderneta e assinou - Senhorita Cullen.


Tentei sorri para disfarçar o nervosismo. Talvez ela não me odiasse tanto assim.


– Como você está dois minutos atrasada você não vai poder se apresentar para classe, agora vá ao fundo da classe pegue seu livro e se sente. – ela ordenou.


Eu obedeci sem pensar duas vezes. E eu achando que ia me dar bem em espanhol... Insanidade minha, mesmo. Mas agradeci por não ter que passar o vexame de ir lá na frente e me apresentar pra toda a turma.

Na sala, todos os lugares estavam sendo ocupados, somente no fundo da classe onde uma menina ruiva com óculos quadrado e olhos negros, roupa toda xadreza e um suéter terrivelmente feio estava sentada. Peguei meu livro no fundo da classe e voltei até ela.

Eu sorri para ela e perguntei baixinho, mas tentando ser simpática - qual é, acabei de ser atropelada por um garoto idiota no corredor - eu estava tentando manter a paciência.


– Tem alguém sentado aqui? – a garota não me olhou nos olhos, só respondeu:

– Não. – ela parecia tímida. Eu e tentei puxar conversa.

– É... Prazer. O meu nome é Renesmee Cullen. – sorri calorosamente e estendi a minha mão cumprimentando-a, enquanto eu me sentava ao lado dela. Tentei me dar bem com ela, mas ela só me respondeu...

 - Prazer, meu nome é Christine Dutcher. – ela me deixou cumprimentando o vazio, então guardei minha mão no bolso e ao longo da aula eu descobri que ela não falava muito.


Porém todos da sala começaram a falar sobre mim. E eu não estava me sentindo muito bem com todos aqueles sussurros. Entre tanto consegui os ignorar o tempo da aula toda. Meu auto-controle era muito forte.

Quando o sinal bateu, eu guardei meu material e corri para armário. Não queria chegar atrasada na segunda aula também. Só que quando fechei a porta do armário um garoto moreno, dos olhos dor de mel – que era meu vizinho de armário – veio até mim e me disse:


– Olá, meu nome Nathan Metthew – ele sorriu e se apoiou no armário.

– Olá, Nathan. Meu nome é Renesmee, Renesmee Cullen. – sorri.

– Nossa que nome legal... Renesmee. Nunca havia escutado.

– Pois é. – sorri sem graça. Eu estava indo seguir para minha próxima aula... Só que aquele garoto não era como a minha colega da aula de espanhol. Ele era mais falante.

– Hum... Você está no primeiro ano, certo? – pude ver meu pai no fim do corredor nos observando. “Pai, por favor. É só um garoto querendo ser amigável comigo...” respondi mentalmente. E mamãe o tirou do corredor. Como meu pai era super protetor. Revirei os olhos.

– Sim, estou. E você também, certo? – segurei meu caderno contra o meu peito e dei um sorrisinho tímido. Eu queria fazer novas amizades...

– Você acertou. – ele pareceu ser simpático.

– Qual vai ser sua próxima aula? – perguntei enfim.

– Química. – ele pareceu feliz com a minha pergunta.

– Ah... Que pena. A minha é Filosofia. – murmurei.

– Mas e depois? – ele perguntou aborrecido.

– Educação Física. - respondi.

– Eu também. – ele pareceu bem alegre e continuou - Então te encontro na porta da sala que Filosofia para irmos juntos.

– Tudo bem. – sorri. Ele se virou e saiu quase cantarolando.


Fui caminhando até a sala de Filosofia, porém pensando no que realmente esse tal de Nathan queria. Será que eu me daria bem com ele? Será que ele não ia perceber nada de diferente em mim? Será que ele poderia ser meu amigo de verdade? Será que além dele eu faria novos amigos? Eu estava me bombardeando de perguntas.

O.k. Eu tava passando um pouco dos limites. Entrei na sala um pouco antes do sinal bater, sentei-me em uma das mesas que estavam vazias enquanto umas garotas loiras oxigenadas e ridiculamente metidas começaram a falar de mim.


– Cala a boca Lisa, ela é ridícula!

– Desculpa Polly. Só estava te dizendo o que eu ouvi.


Elas eram tão indiscretas, estavam falando de mim e olhando. Era só o que me faltava, no primeiro dia de aula já tendo inimigos. Só eu mesmo.

Assim que o professor entrou na sala o sinal bateu, e ele entrou. O garoto que trombou comigo no corredor. Entre tanto eu não tinha reparado nele direito. Talvez não fosse ele...


– Quase chegou atrasado de novo, Brian.

– É eu sei Professor Stolf, me desculpe. – A voz dele era realmente parecida com a do garoto que eu havia trombado.


"Brian", veio na minha direção. Ele estava pensando em se sentar ao meu lado? Não, não mesmo. Eu estava com raiva dele – se ele realmente fosse o garoto que havia trombado comigo.

Só que ele passou por mim e cumprimentou um garoto que estava sentado atrás de mim. Eu simplesmente olhei para trás e o vi cumprimentando “Polly” com um selinho. Eles eram namorados, até dava pra imaginar...

Brian parecia o típico jogar de futebol e Polly devia ser uma líder de torcida. Um casal perfeito daqueles filmes de Hollywood.

Felizmente ou infelizmente ele não se sentou ao meu lado e sim atrás de mim. Ao meu lado se sentou uma garota loira dos olhos verde-esmeralda, chamada Lucy Claines.

Aquela aula passou muito mais rápido do que eu imaginava, pois eu e Lucy conversamos muito, muito mesmo. Ela me deu as características de cada um dos alunos do 1º ano da escola, mas eu não disse quase nada sobre mim.


–... Hum. Mas então, o seu tio Carlisle é quem cuida de todos vocês? – ela perguntou confusa. Lucy parecia ser uma ótima amiga.

– Sim, meu tio e minha tia são o máximo. Eu, meus irmãos e meus primos vivemos todos juntos e às vezes as pessoas acham que a gente briga muito, mas eu não acho isso. Eu nunca briguei com meus irmãos... – tentei ser honesta com ela, mas acabei dando informações por demais.

– Nunca? Impossível! – ela me encarou. Eu havia me esquecido que briga entre irmãos era muito mais normal do que conviver em paz.

– É... Bem. Pouquíssimas vezes. O Edward é quem às vezes nos dá trabalho... – eu ri internamente. Aposto que papai estava ouvindo a nossa conversa.

– É irmãos sempre dão mais trabalho. – ela concordou e esperou um pouco ao me perguntar -... Mas por que vocês só entraram no colégio agora?

– Bem... – eu tava perdida, papai não havia me contado uma história sobre “por que nós só estamos na escola agora” - Edward foi convidado a se retirar da escola, pois estava fazendo os professores arrancarem os cabelos, então mudamos para cá porque o hospital chamou meu Tio Carlisle para trabalhar aqui... – uma bela de uma mentira, isso sim que eu havia acabado de contar.


Na verdade eu tinha saído da minha escola de vampiros na Itália e depois fiquei um tempo em casa, mas tente explicar isso para uma adolescente de dezesseis anos sem parecer louco. Eu não estava muito a fim de tentar. Porém tenho certeza que Emmett riria se ele estivesse ouvido o meu motivo pelo qual mudamos para esse colégio só agora. Eu estava inventando cada história sobre meu pai. Coitadinho.

Enquanto isso aquelas garotas estúpidas continuavam a falar de mim. Por que elas não falam na minha cara? Ah, é. Porque elas não tem mais nada para fazer de suas vidas a não ser cuidar da dos outros.

Enfim o sinal tocou, de verdade faltava muito pouco para eu pular no pescoço daquelas duas cobrinhas. Bem que Rose havia me contado sobre essas garotinhas vulgares.

Arrumei meu material muito rapidamente, e fiquei esperando Lucy no lado da bancada – ela era bastante desorganizada – até que Brian cochichou com seu colega do lado ...


– Joe, sabe a novata.

– To ligado... – o garoto respondeu enquanto arrumava sua mochila.

– Acho que foi ela quem eu atropelei no corredor... – Eu sabia!

– Nossa. Começo muito mal com ela, hein Brian. – o garoto avisou.

– O que você ta cochichando com o meu namorado, Joe? – eu poderia reconhecer aquela voz enjoada a dezenas de centenas de quilômetros.

– Nada Polly, nada. – Joe respondeu.


Eu comecei a fitar o chão até que Lucy começou a balançar a mão na minha frente. Mas eu não havia reparado, meus pensamentos e minha atenção estavam longe da escola... Estavam a procura de meu Jake agora.


– Hein. Ree... Acorda.

– Hã? O que você disse? – acordei para a realidade.

– Vamos garota. Se não você vai se atrasar. – assim que ela terminou de dizer, ela me arrastou para fora da sala.


E assim vi Nathan parado na frente do nosso corredor.


– Hey Nathan. – Lucy acenou para ele e riu baixinho.

– Oi Lucy. – ele respondeu - Ah! Ai esta você Renesmee.

– Oi. – respondi timidamente.

– Bem, a minha próxima aula é Literatura. – Lucy disse.

– A nossa é Educação Física. – Nathan respondeu passando o braço sob meu ombro.

– Ata. Então até o almoço... – Lucy saiu correndo.


Eu sorri para Nathan e ele para mim. Parecíamos velhos amigos, já.


– Vamos guardar logo o seu livro... Porque o Treinador Willians odeia atrasos.

– Sim, vamos logo então. – respondi e saímos em direção ao armário.


Assim que chegamos ao ginásio, todos os alunos já estavam na quadra e trocados. Que legal, meu segundo vexame só no primeiro dia.Sim, eu estava realmente adorando esse dia. O sarcasmo esta transbordando em minhas veias hoje. Se a minha sorte contribuísse um pouco, talvez o meu humor melhorasse, mas eu estava realmente duvidando que isso acontecesse...

O professor moreno, alto e musculoso que apresentava ter pelo menos uns quarenta anos no observou bravo e gritou:


– Sr. Metthew espere na porta do ginásio. – como a voz daquele cara era grossa e firme, eu quase caí dura e pálida no chão de tanto medo.

– Nos ferramos – Nathan sussurrou muito baixinho, mas mesmo assim eu ouvi.

– Estamos bem ferrados não é? – perguntei nervosa.

– Eu tenho certeza. – ele ficou parecendo uma estátua.


O professor ia dar uma aula de vôlei, todos os alunos começaram a jogar e depois ele veio até nós. As batidas do coração de Nathan estavam a mais de mil por hora. Nós dois íamos morrer ali mesmo.


– Posso saber por que os dois se atrasaram? – o professor colocou as mãos na cintura e esperou uma resposta. Eu olhei para o lado e vi Nathan em estado de choque então respondi.

– A culpa é minha, professor. Pedi para ele me esperar porque sou nova na escola... E sem querer nos atrasamos. Se quiser penalizar alguém, penalize a mim. Ele só quis me ajudar. – o treinador parecia ter aceitado aquele minha desculpa.

– Bem, que isso não se repita Senhorita... – ele não sabia meu sobrenome.

– Cullen. – eu respondi.

– Senhorita Cullen... – ele repetiu - Tome aqui o uniforme dos dois e vai logo se trocar, a aula já começou. – ele jogou as roupas nos nossos ombros, deu meia volta e saiu correndo para apitar o jogo.

– Nathan, você está bem? – perguntei preocupada enquanto olhava a cara pálida dele e o sacudia pelos ombros.


O professor não deveria traumatizar os alunos dessa maneira.


– Sim. Estou bem. – ele enfim disse algo.

– Então vamos nos trocar. – sai puxando ele.


Fomos correndo para os vestiários e depois voltamos. O professor parecia ter nos perdoado, até que no final da aula, depois de uma cansativa aula de vôlei. O professor liberou a turma para tomar banho e quando nos viramos para ir também ele disse:


– Metthew e Cullen. Quinze polichinelos agora.

– Por que professor? – eu o questionei.

– Chegaram atrasados na aula, tem explicação melhor? – ele me encarou.

– Mas pensei que o senhor tivesse nos perdoado. – Nathan sussurrou.

– Vão pagar os polichinelos ou não? – então começamos.


Depois dos cansativos polichinelos o professor nos avisou:


– Dá próxima vez serão 25 abdominais.

– Pode deixar... – Nathan respondeu entre suspiros.


Todas as garotas do vestiário olharam para mim enquanto eu entrava. Elas pareciam estar admiradas e outras pareciam estar com inveja de mim. Eu realmente não estava gostando nada daquilo, me sentia tão desconfortável com todos aqueles olhares.

Quando sai do ginásio acompanhada de Nathan, o sinal do almoço tocou.


– Eu nunca mais vou chegar atrasada. – avisei.

– Somos dois. Nunca mais. – ele passou o braço no meu pescoço, mas não como se fosse uma coisa romântica e sim como se nós fossemos velhos amigos morrendo de cansaço.

– Você vai almoçar com a gente, né? – ele me fitou.

– Com a gente? – perguntei confusa.

– É. Comigo, Lucy, Chris e Alex. – ele sorriu calorosamente - Você não conhece o resto do pessoal, mas vai gostar deles..

– Bem, eu não sei. Acho que hoje vou almoçar com a minha família. Daí amanhã eu digo que vocês me convidaram para almoçar com vocês e vejo se eles deixam...

– Tudo bem. – ele pareceu meio decepcionado.


Enquanto ríamos de uma piada que o próprio Nathan havia contado, chegamos ao refeitório e vi minha família toda sentada numa mesa a minha espera.


– Até depois do almoço, Nathan. – cantarolei quando entramos no refeitório.

– Até mais, Ree. – ele me respondeu e se sentou em uma outra mesa com seus amigos. Então fui caminhando até o balcão para pegar alguma coisa.


Havia uma variedade de coisas que eu não gostava, mas para os humanos pareciam deliciosas. Argh. Eu escolhi uma caixinha de suco de amora. Por fim enquanto estava indo me sentar com os meus familiares, todos os humanos estavam comentando sobre eles.


“- Eu a achei bonita”

“- Eles são muitos estranhos"

“- São lindos demais. Não sei quem é o mais bonito”

“- Fiquei sabendo que o sobre nomes dos morenos são Cullen”

“- Eu tive aula com aquela morena ali. Bella”.

“- Eles não parecem estar todos solteiros”

“- São primos e namorados?”

“- Será que a mais nova tem algo pra fazer hoje à noite?”


Porém eu tentei ignorar os comentários deles. Sabia que não estavam falando de mim, só da minha família linda.


– Pensei que você iria almoçar com seus “coleguinhas”, Ree – Rose disse com uma voz enjoada enquanto comia uma maçã. Eu apenas suspirei e respondi enquanto me sentava ao lado da mamãe. Ops, quer dizer da minha prima.

– Rose você sabe que eu nunca trocaria vocês por nada desse mundo.

– Aposto que nos trocaria por Jacob... – pude ouvir Emmett murmurar em velocidade de um vampiro, porém eu tentei ignorar assim como todos os outros.

– Mas nós não iríamos ficar decepcionados se você fosse ficar com eles... – mamãe comentou.

– Tudo bem. Vamos mudar de assunto. – minha fadinha começou - Como está sendo seu primeiro dia de aula, Nessie? – Parei de tomar meu suco e disse:

– Você sabe muito bem como foi. Aposto que todos vocês aqui sabem. – observei cada um deles.

– Edward foi convidado a se retirar da escola? – Jasper perguntou me caçoando.

– Eu teria rido muito se você estivesse dito isso em casa, mas eu estava na aula no meio da aula, não podia dar uma gargalhada ali. - Emmett disse.

– Foi a primeira coisa que veio na minha cabeça – respondi quase cavando um buraco para esconder o meu rosto.

– Você se saiu bem. – Rose tentou me animar.

– Eu gostei do Nathan. – mamãe admitiu

– Eu também, ele parece ser bem legal. – sorri enquanto volta a tomar meu suco.

– Tente não chegar atrasada da próxima vez. – papai disse seriamente.

– Pai. – eu reclamei baixíssimo para que não nos ouvissem.

– Edward. – Rose, Alice, mamãe e Emmett também o censuraram.

– Eu só estou comentando. – ele se justificou e sorriu pra mim.

– Claro, claro. – respondi, porém senti que havia algo no ar.

– Está tudo bem, Jasper. – mamãe disse calorosamente.


Então a indiferença no meu humor desapareceu.


– Olha, eu sei que vocês pelo menos em algum momento bisbilhotaram o meu dia... – os encarei e eles tentaram fingir que não era com eles que eu estava falando - Então agora me contem sobre o dia de vocês...

– Foi bom. – mamãe começou.

– Nada de interessante. – Emmett respondeu.

– Entediante. – Rose disse por fim e eu ri.

– Rose foi a mais sincera de todos. – comentei.

– Todos nós já passamos por isso. Hoje é a sua primeira vez, queremos ver como você se sai. – Emmett sorriu ao terminar.

– E você conseguiu se misturar bem com seus colegas... – Alice me incentivou.

– É eu sei. Tentei ser eu cem por cento do tempo, mas parece que eu já arrumei inimigos.

– Estão apenas com inveja de você. – Rose respondeu.


Inveja, até parece. Inveja por eu entrar no final do ano e nem ter amigos? Inveja por eu ter as pessoas mais lindas do mundo ao meu lado e eu não ter puxado nem um milésimo de beleza deles? Inveja por eu amar um cara que não me ama?


– Por você ser quem você é... – papai murmurou.


Eu ia responder pela milionésima vez que eu não era tão bonita como eles, só que o sinal tocou. Eu ainda tinha mais três aulas que se passaram muito demoradamente, pois eu estava contando os segundos até ver meu Jake.

Quando o sinal tocou, indicando o termino do dia. Eu saí correndo pelos corredores da escola, passei pelo meu armário, peguei minhas coisas e praticamente voei até o estacionamento.

E lá estava ele, o meu sol. Brilhante como sempre. Naquele momento eu perdi o fôlego, como ele conseguia ser assim, tão... Tudo pra mim? Como ele conseguia me ter em suas mãos de uma maneira tão fácil? Como ele podia ser tão contagioso? Eu tinha muita sorte por tê-lo por perto.

Fui até ele e o abracei, tentando me aquecer com seu carinho.


– Eu senti muito a sua falta, meu amor... Ér, minha Nessie. – ele tentou se engasgar. Eu fiquei melhor com aquele errinho na frase, parecia que ele também gostava de mim como eu o amava. Naquele momento eu me esqueci do meu pesadelo, parecia que aquilo tinha sido mesmo só um engano.

– Eu senti muito, mais muito mais sua falta, meu Jake. – respondi agarrada a ele.


Foi então que resolvi voltar para o planeta Terra e reparei que estávamos no meio do estacionamento com todos os alunos da escola a nossa volta e eu agarrada a Jake. Bem que eu queria dizer a todos que eu amava, mas tinha medo de alguma “Polly da vida” viesse e tentasse roubar ele de mim.

Se eu pudesse, guardaria Jake em uma caixinha para tê-lo só pra mim, sei que isso não seria justo com Billy, nem com a alcatéia, muito menos com mamãe e Alice... Mas eu o amava muito e tinha muito medo de perdê-lo. Então ele seria o meu segredo mais secreto, assim ele poderia ser só meu.

Eu o soltei assim que senti a rigidez do meu pai a mais ou menos 18 metros de mim, na porta da escola. Será que eu voltaria viva pra casa? Acho que não.


– Bem, eu estava pensando em passar numa lanchonete antes de te levar para casa... – ele disse sorrindo meio de lado.

– Parece uma ótima idéia. – sorri.


Enfim meus familiares chegaram aos carros e eu olhei para papai que me respondeu:

– Tudo bem, pode ir... – ele sorriu para mim, mas um sorriso que parecia com alguém que estava com dor de barriga. E então pensei.

    ”Você consegue melhorar esse sorriso, pai.”

Foi o que ele fez e eu agradeci mentalmente. Após a saída da minha família, me sentei na moto do meu namorado – Ops. Amigo – e nós partimos.

Pra mim era tão diferente estar com Jake, com ele eu não tinha mais noção do tempo pois naquele momento a minha vida rodava apenas entorno dele.


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