Wishing Star escrita por Camila Lacerda


Capítulo 4
Sonhos




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Paramos em uma lanchonete a dois quarteirões da escola. Por incrível que pareça naquele horário não havia quase ninguém no local, então estávamos à vontade.

– Como foi seu primeiro dia? – Jake perguntou entre as mordidas de seu X - Tudo. Ele conseguiu se sujar todo de maionese, parecia uma criançinha.

– Foi bem melhor do que eu imaginava. – respondi enquanto tomava meu milkshake e pegava o guardanapo para limpá-lo.

– Que bom. Já fez amigos? – ele perguntou curioso, mas senti uma segunda intenção naquela pergunta.

– Bem... Alguns. Conheci duas garotas. Christine e Lucy. Também um garoto chamado Nathan. Eles foram muito legais comigo... – mas parei de falar assim que vi a careta que Jake fez quando eu falei sobre Nathan.

– Não gostei muito desse Nathan. – ele falou.

– Você nem o conhece. – eu defendi meu amigo.

– Por isso mesmo, não sei se ele é confiável. – ele explicou.

– Hum. Então qualquer dia desses eu te apresento pra ele – sugeri.

– Não sei se é uma boa idéia. – ele respondeu enquanto bebia seu refrigerante.

– Por quê? – agora eu tinha ficado curiosa.

– Nada, deixa. – ele mudou de tom - Acho que será bom você me apresentar para ele. – Jake tentou ficar calmo. E eu já sabia uma maneira de acalmá-lo.

– Tudo bem. Agora me conte o que você fez enquanto eu estava na escola...

– Dormi. – ele respondeu sem vontade.

– Dormiu esse tempo todo?

– É. – ele respondeu indiferente enquanto acabava com seu X–Tudo.

– Seu folgado. Você só fez isso? – peguei o refrigerante dele e tomei um gole. Ele pareceu nem notar, então eu cuspi um pouco de refri nele.

Ele me censurou com o olhar e também bebeu e depois tentou cuspir em mim, mas eu já havia pegado o guardanapo e me protegido do "tiro".

Jacob tentou uma segunda vez, porém não acertou. O guardanapo já estava meio molhado então eu embolei e joguei nele. PLOC. Uma bolinha de papel molhada atingiu o queixo dele e eu não pude não rir.

Ele largou o ultimo pedaço do X–Tudo e segurou os meus braços por cima da mesa. Eu o fitei apavorada. Será que ele iria me beijar ali? Agora? Meu coração disparou, e milhares de fantasias invadiram a minha cabeça... Foi então que eu vi que ele apenas esticou o pescoço e conseguiu tomar um pouco do refrigerante. Eu estava na mira dele. Então ele o olhou bem pra mim e cuspiu.

O refri veio voando para minha testa. Jake me largou e eu peguei o guardanapo para me limpar.

– Seu nojento. – eu o censurei

– Mas foi você quem começou... Tudo bem. Vamos parar. – ele tentou mandar em mim.

– Verdade. – dei outra cuspidinha nele.

– Nessie. – ele reclamou.

– Ta, parei agora. – tentei parecer normal. - Moça. – eu chamei a garçonete. Mas não deveria ter feito isso, pois ela estava secando o MEU JACOB! - Hein, moça. Fui eu quem te chamei. Traga a conta, por favor. – ordenei secamente, se eu tivesse visão de raio leaser... Ela iria morrer torrada aqui e agora.

– O que houve Nessie? – Jake perguntou confuso.

– Você ainda pergunta? – eu perguntei indignada.

– Eu realmente não sei sobre o que você está falando...

– Essa... Garçonete quase te comeu com os olhos. – cuspi as palavras.

– Sério? Eu não percebi. – ele respondeu com a inocência de um bebê.

– Até parece Jake. – eu o censurei. Então a mulher voltou. Eu paguei logo e arranquei Jake de lá. Aquele era o meu futuro namorado, a mulher não tinha percebido?

Quando estávamos quase chegando à moto, Jake se soltou da minha mão e me puxou para si.

– Nessie, pare com isso. Você sabe que eu só me importo com você. – ele beijou a ponta do meu nariz e eu continuei com aquele olhar de desaprovação.

– Pare com esse olhar, ou sofrerá as conseqüências... – ele me avisou só que eu não liguei. Então ele decidiu fazer a coisa que eu mais não aguentava no mundo – me fazer cócegas.

Ele começou a fazer cóceguinhas e eu não pude como não desfazer aquela cara de limão e começar a rir. Às vezes Jake parecia me conhecer mais do que eu mesma...

– Ta bom, ta bom. Jake. – minhas bochechas começaram a doer de tanto rir.

– Pronto, agora sim. – ele respondeu enquanto eu praticamente morria de tanto rir.

Eu me encostei à moto e vi que estava presa entre ele e a moto.

Seu rosto veio cada vez mais perto do meu. Sua respiração era forte assim como a minha. O hálito dele me fazia pirar, mas me contive e fechei os olhos. Eu estava sonhando com essa cena há meses. Eu sempre quis ser muito mais do que uma simples amiga, irmã de Jake. Eu o queria assim como mamãe tinha meu pai, assim como Emmett queria Rose. O meu maior sonho era tê-lo do meu lado, para todo o sempre.
    Jake passou sua mão no meu rosto tirando minha franja dos meus olhos e as deixou descer até a minha bochecha a acariciando e veio até atrás da minha orelha.

Com a outra mão ele me pegou pela cintura e me puxou para si. Eu não podia descrever meus sentimentos naquele exato momento, era uma mistura de felicidade com desejo e carinho... Eu simplesmente me deixei levar.

Eu pude ouvir o barulho do som de um carro passando por aquela rua que não era tão movimentada assim... E um carro buzinou e o som foi diminuído, até que uma voz masculina gritou o meu nome.

– Renesmee!!!


Tudo o que eu não queria que acontecesse, aconteceu. Jake me soltou e eu dei um longo suspiro e olhei sobre seu ombro e os vi. Nathan no volante, um garoto loiro ao seu lado e Lucy no banco de trás.

“eu vou matar, eu vou matar, eu vou matar, eu vou matar o maldito que me chamou!” – gritei mentalmente.

Eles viram que eu estava olhando e acenaram.

Eu fiz o mesmo e tentei ocultar o ódio que eu estava de Nathan por me chamar. Qual era o problema dele? Que ódio! Tudo bem que eu não era uma odiadora de pessoas, mas naquele momento ele estava quase acima de Lisa e Polly na minha lista negra.

Os meus novos amigos seguiram seu caminho assim que o semáforo abriu e eu me virei para Jake e vi que ele estava indo se sentar na moto e eu me sentei atrás.

No caminho de volta eu me odiei mortalmente por não ter ido até o carro dos meus novos amigos e brigar com eles, acho que faria isso amanhã na aula. Porém eu amei sentir o vento daquela maneira no meu
rosto, a moto correndo - mesmo Jacob não me deixando andar de moto sem o capacete.

A viagem até em casa parecia ter sido mais rápida do que a da escola. Eu estava preferindo andar a pé. Gastaria mais tempo com meu
Jake.

– Prontinho. – ele desligou a moto e desceu.

– Obrigada. – sorri como uma bobona.

Eu fui caminhando em direção a minha casa quando vi que Jacob não estava ao meu lado. Virei-me e o vi encarando o vazio.

– O que houve Jake? – fui até ele e toquei seu braço.

– Nada. Eu estava só pensando... – ele fingiu sorrir.

– Sei... Agora venha. – o puxei para dentro de casa

Rose e Emmett haviam saído, Alice e Jasper também estavam de saída. Mamãe estava na sala com papai e Esme estava na cozinha com Carlisle.

– Chegamos. – anunciei nossa presença, apesar de ser desnecessária tal ação.

– Estamos de saída. – Alice passou do meu lado como o vento e se foi.

Puxei Jake comigo, levando-o para cozinha.


– Você não estava aqui para eu que lhe desse bom dia, então dou agora. Boa tarde. – sorri e abracei Carlisle. Tomando cuidado para não deixar que o capacete que estava em minhas mãos batesse nele.

– Me perdoe por não lhe desejar boa sorte antes de ir, mas torci muito por isso.


“Acho que mesmo assim meu dia não teria sido tão bom assim...”
respondi mentalmente, mas não deixei meu pai ler minha mente, eu ainda estava pensando no que havia acontecido no estacionamento.

– Tudo bem, até que o dia foi bom. – sorri.

– Boa Tarde, Jacob.

– Boa Tarde, Doutor Carlisle.

– Olá de novo Jake. – Esme sorriu.

– Oi de novo Esme. – ele sorriu.


Eu os fitei preocupada. Que sorriso cúmplice era aquele? O que estava se passando aqui?

– Você dormiu aqui, não foi? – perguntei curiosa.

– Esme foi bastante hospitaleira comigo. – Jake se explicou.

– Esme é ótima, mesmo. – sorri pra ela.

– E como foi a escola hoje, Nessie? Esta conseguindo acompanhar? – Carlisle me perguntou curioso

– Foi legal. E sim, eu estou conseguindo acompanhar as matérias e
tudo mais. Mas agora você – cutuquei Jake – bem que podia ma ajudar com o dever de casa, né?

– Você já tem dever? – Esme perguntou quase incrédula.

– Estamos no fim do ano, já. Mas é muito fácil. A escola é fácil. –
admiti.

– Bem, então vão logo, pois o fim do ano já está ai e você não
quer repetir, certo Nessie? – Carlisle perguntou calorosamente.

– O Senhor está certíssimo. – sorri e levei Jake agora pro meu quarto.

Assim que entramos Jake disse:


– O seu quarto é muito bonito.

– Esme é minha decoradora oficial. – sorri.

Fui até a escrivaninha e lá joguei minha mochila e tirei o meu material. Coloquei o meu capacete no puff e me sentei na cadeira da escrivaninha. Na verdade eu não tinha tanto dever de casa assim... Peguei meu livro de espanhol e acabei a lição em dois minutos, enquanto
Jake se aproveitava da minha cama.

Quando acabei o dever me virei e o vi deitado na minha cama de bruços como um bebê dorminhoco. O cheiro dele estava começando a se espalhar por todo o meu quarto. Talvez eu devesse agradecer por isso, acho melhor não.

Minha mãe me dizia que o cheiro dos lobos não era uma fragrância boa para os vampiros e vice-versa, mas para mim aquele cheiro amadeirado com uma mistura de mata e peças mecânicas, era muito bom.

– Hei dorminhoco. – fui até a beira da cama e sussurrei em seu ouvido, mas ele mal se mexeu. - Jake, acorde. – comecei a sacudi-lo. E nada - Jake! – quase gritei.


Nada ainda.

Tentei não me desesperar. Ele não estava morto pois ainda estava respirando.

– Tudo bem, Jake. Foi você quem pediu. – eu me afastei da cama e depois voltei correndo, tentando controlar a minha força, tomei impulso e pulei em cima dele.

Só que na hora que eu pulei, ele se virou de barriga para cima e me abraçou.

– Agora você é minha prisioneira. – ele riu maleficamente.

Então ele começou uma segunda sessão cóceguinhas diária e eu quase chorei de tanto rir.

– Tudo bem, Jake. Para – eu pedi entre gargalhadas, mas ele não parava.

Eu me concentrei muito e fiquei séria para dizer:

– Agora chega Jake. – eu parei de rir e o encarei.

– Ta, parei. – ele cedeu.

– Obrigada. – sorri. E então ele começou tudo de novo.

A única coisa que eu podia fazer agora era escapar, mas ele havia me prendido entre seus braços. Quer dizer seus - realmente - super braços.

– Não Jake. Agora chega. – eu tentei escapar por debaixo dele, mas nossas pernas se atrapalharam e eu acabei ficando presa bem embaixo dele. Que visão.

Eu e ele estávamos com a respiração bastante acelerada. E do nada meu coração começou a bater muito rápido, eu até podia ouvi-lo muitíssimo alto. Estávamos abofados demais... Seus olhos castanhos brilhavam e eu podia ver meu reflexo neles, conseguia sentir em minhas veias sua respiração.

Não sei por que, mas por um instante eu pensei que Jake iria me beijar. Por um instante eu pensei que ele sentisse o mesmo que eu. Mas foi só por um instante.


– Nessie, nós vamos sair... – Esme gritou do andar de baixo, mas parou na metade da frase. Ela fez isso só pra estragar as coisas por aqui né?

Jacob saiu de cima de mim e se deitou ao meu lado. Tentando respirar.


–... Eles estavam quase... – ela sussurrou baixíssimo e pareceu tristonha.


Essas coisas só acontecem comigo mesmo, não é possível! Duas vezes, já. As pessoas realmente me odiavam. Tentei não pensar no que eu estava pensando, tentando apagar a idéia de Jake me beijar ali há segundos atrás. Isso era só uma fantasia.

Então ouvi o barulho do volvo saindo e não ouvi mais nada dentro de casa, só meu coração e de Jake batendo. Nenhum barulho de passos,
ou de qualquer coisa se movimentando. Só eu e ele finalmente. Porém o nosso clima tinha sido cortado por Esme. Ela estava me devendo uma.

Aquele silêncio entre nós, agora, estava me matando.

– Você chegou de La Push e não me trouxe nenhuma novidade? – nossa idéia de gênio, hein Renesmee. Falar sobre La Push.

– Não há nada de muito novo por lá. Só que o seu avô está vivendo mais lá do que na própria casa... – eu me sentei ao lado dele com aquela
famosa posição que as criançinhas usam “perninha de índio” - então o questionei.

– O vovô? Sei, sei... Até parece.

– E alguma vez eu já menti pra você, Nessie? – ele perguntou.

– Não, mas é muito estranho. Meu avô é muito caladão... – respondi

– Eu sei, mas ele está fazendo muita companhia para Billy e Sue.

– É as coisas estão mudando por lá... – deitei-me no braço de Jake e fitei o teto.

Ele então abriu o braço e eu me arrumei ali mesmo. Como Jake era quente. Eu estava tão aquecida, tão protegida... Ele era tão bom. Tão bom pra mim.

Fechei meus olhos e desejei guardar pra sempre cada detalhe dele. Virei a cabeça em direção ao seu ombro e Jake se virou para mim. Ele deu um sorriso tão lindo que eu quase me derreti ali mesmo, e tentei dar um sorriso, mas eu parecia uma bobona.

– Mas me diga uma coisa, como vão as namoradas?


Depois dessa, por favor caia um raio na minha cabeça; por favor alguém me bata pra valer. Pois eu sou uma besta. Estão vendo aqui escrito na minha testa? OTÁRIA. “Renesmee sua grande otária” eu berrava mentalmente. Por que eu havia perguntado aquilo? Eu já sabia que ele devia estar com outra, mas nunca disse nada. E POR QUE AGORA EU DEIXEI ISSO ESCAPAR?

“Idiota, idiota, idiota, idiota, idiota, idiota...” – eu repetia pra mim
mesma.

– Nessie, você sabe muito bem que eu não gosto de nenhuma outra. – ele respondeu parecendo bem sincero.

– Sei? – perguntei, mas ele não pode responder. Por que bem na hora algo bateu a toda velocidade na minha janela.

Eu estava amando aquelas interrupções! Jake estava a um passo
de dizer que gostava de mim e agora acontece isso. Como eu amo a minha sorte!

Levantamos no mesmo momento e fomos até lá tentar entender o que havia acontecido.

Era um pássaro, e ele estava tentando se levantar, pois estava caído no chão. Foi uma queda feia do segundo andar da casa para o chão.

Desci as escadas quase voando e cheguei à soleira da porta enquanto Jake me seguia. Peguei o pássaro que era muito menor do que a palma da minha mão. O acariciei e depois que ele deu sinal de vida, então eu o libertei.


– O que foi isso? – perguntei tentando entender.

– Esse pássaro é muito estranho. – Jacob concluiu.

– Estranho é pouco perto dele. – disse por fim.

Entramos em casa e eu disse:

– Preciso de um banho. - esse é um dos momentos que eu deveria colar a minha boca com superbonder só pra ver se eu falo menos besteira.

Meu futuro namorado – só nos meus sonhos mesmo - sentou-se no sofá e começou a ver televisão enquanto eu fui tomar banho. Foi um banho rápido, coloquei uma roupa velha e desci. Não queria perder nem um momento a mais com Jake.

Ele estava vendo u program de esportes e eu decidi assistir também.

– Eu acho que Nathan é um bom garoto pra você... – Jacob disse do nada.

– Ele é legal. – concordei. - Mas você é mais legal que ele. – sorri.

“Como você é indiscreta, hein Nessie” – eu me julgava mentalmente.

– Mas um garoto normal com certeza é mais divertido que eu... – ele murmurou.

– Você está dizendo que eu devo ficar com Nathan? – perguntei logo.

– Talvez. – ele disse cerrando os dentes e eu ri dele - Do que você está rindo? – ele perguntou confuso.

– Jake... Você acha que qualquer garoto normal aguentaria viver comigo? – perguntei incrédula.

– Claro você é muito divertida e bonita... – ele iria dizer uma lista de coisas que eu não era então o interrompi.

– E meio-humana, meio-vampira. Claro. Qualquer garoto normal ia aceitar isso assim, na boa. – o encarei.

– Se o Nathan gostar de você... – revirei os olhos e respondi.

– Eu conheço o Nathan há sete horas, você acha que ele gosta de mim?

– Vai saber se não é paixão a primeira vista. – ele tentou se justificar.

– Jake! Eu não preciso, nem quero um garoto normal. Uma hora eles cansam. Eu gosto de aventuras! – sorri. Como eu era patética.

Então ele parou de perguntar e eu de responder. Claro porque não havia perguntas para eu responder. Como eu realmente era patética. Assim eu percebi que eu só ficava assim “bobona” na frente dele, eu não deveria agir assim. Mas meu coração ficava acelerado, minhas mãos
suavam e eu perdia o ritmo... Então era por isso que ele só me tratava como uma amiga, como uma irmã. Porque eu agia daquela maneira, se eu conseguisse mudar...

Eu estava começando a ficar cansada. Fui mais perto de Jake; ele
estava todo largado no sofá então me deitei na barriga dele. Comecei a pensar no meu futuro, o que eu faria em relação à Jake, será que quando ele iria perceber que eu o amava? Como seria o meu futuro? Será que algo de ruim poderia acontecer entre nós dois? Então, deitada no colo de Jake, lá adormeci..


   (..) Eu estava em La Push e conseguia ver aquele lugar em seus mínimos detalhes. O barulho das ondas batendo nas rochas, as pessoas conversando... Pra mim aquilo era um quase paraíso, pois Jake não estava lá.

Estava entardecendo e eu quis ver aquele lindo crepúsculo. Foi uma das visões mais bonitas que a terra já havia oferecido aos meus olhos fotógrafos. Eu estava feliz, até que eu vi uma mancha laranja singela do meu lado.

Quando me virei, vi uma fogueira grandiosa, mas não tinha ninguém por perto.

Fui até a fogueira e me sentei observando cada detalhe daquela chama luminosa, até algumas chamas da fogueira começaram a tomar forma.

A primeira imagem que vi foi a da minha família, todos unidos em uma linha horizontal, um ao lado do outro, só que eu não estava lá. A imagem foi se aumentando e pude ver que os lobos, que estavam atrás da minha família com a mesma pose. E enfim me encontrei, ao lado de Jake. Bem na frente de todos.

Não sei, eu parecia mais velha talvez um ano ou dois, ou talvez nem tanto assim... Até que a imagem chegou a um ponto que parecia que a minha família, toda a minha família, todos que eu amava, lobos e vampiros estavam unidos, todos atrás de mim e de Jake. E na nossa frente eu vi oito mantos negros.

Então cheguei com o meu rosto mais perto da fogueira e a labareda se misturou a outras e a imagem havia desaparecido.Aquilo tinha algum significado? Ou isso era só coisa da minha imaginação?

Outra imagem começou a ser formada na fogueira. Dessa vez eu tinha que prestar muito mais atenção para entender.

Era eu novamente, mas eu carregava algo nos braços. Um manto negro, como se estivesse segundo uma boneca. Um bebê! Ele parecia chorar muito, eu levantei o pano que cobria a criança umas duas vezes e pedi por silêncio balançando a criança ou bebê, não sabia ao certo.

O que aquilo significava? Eu realmente não estava entendendo. O que era aquilo nos mantos negros? Aquilo que eu estava carregando nos braços era uma criança? Eu não estava entendendo nada. Por que eu não era mais inteligente? Ou então porque meu pai, ou minha mãe não estavam ali comigo pra me ajudarem?

“Isso com certeza é um sonho”. Resolvi tentar acordar, me levantei, mas outra imagem começou a ser formada na fogueira e minha curiosidade não me deixou partir. Sentei-me novamente.

Era o rosto de um bebê. Eu fiquei totalmente hipnotizada por ele. Ele era tão bonito, assim como de um anjo de verdade, tinha tanta inocência no olhar.

Mas então imagem se abriu e eu me vi entregando o bebê a um rapaz que parecia ser loiro e saiu correndo com ele.

Naquele exato momento eu senti um aperto gigantesco no coração, parecia que eu havia adquirido um laço com aquela criança que agora havia sido levada para longe de mim. Como se eu tivessem levado tudo de mim, naquele momento eu me senti aos pedaços, mas eu não conhecia aquela criança... Como eu poderia sofrer por alguém que eu nem havia conhecido?

Eu senti uma presença atrás de mim e me virei para olhar. Era o Velho Quil. Ele sorriu pra mim e passou a mão nos meus cabelos e disse sussurrando:

– Você terá que tomar decisões difíceis, minha querida. Mas acredite em si mesma, sempre acredite em si mesma.

Minha visão começou a ficar embaçada. E por fim tudo começou a ficar escuro (..)


– Ahh!!! – pude ouvir meu grito ecoando pelo meu ouvido.

Eu estava pingando de suor, foi então que percebi que estava na minha cama. Minha respiração estava rápida demais e eu estava nervosa, agarrei os lençóis fortemente tentando me acalmar e enfim consegui ouvir o que as pessoas a minha volta diziam:

– Nessie! Nessie! Ta tudo bem acabou. – agora eu conseguia perceber que Rose passava suas mãos geladas nos meus braços.

– Filha, acabou. Calma... – mamãe segurava minha mão.

– Nessie, nada de ruim vai acontecer... – Alice tentava me acalmar.

– Nessie, nós sempre vamos estar aqui o tempo todo para te proteger. – Jake disse entre as mulheres desesperadas na beira da minha cama.

– Querida, toma esse copo d’água. – Esme me entregou um copo cheio de água e assim eu percebi que minhas mãos estavam tremulas. Mas isso não seria a solução para os meus problemas, eu queria obter respostas.

Por que eu havia sonhado com isso? Quem era aquele bebê? O que estava acontecendo lá? O que era aquele manto negro? Eu precisava
saber.

– O que houve? – ouvi Jasper sussurrar para papai.

– Isso não foi só um pesadelo. - papai disse sussurrando entre os dentes.


Quando acabei de beber a água, Rose me abraçou e beijou minha testa.


– Eu estou suada, Rose. – respondi automaticamente.

– Não é melhor você tomar um banho, Nessie? – Alice perguntou.

– Eu acho melhor. – respondi enquanto tentava sem levantar.


Eu quase caí, mas Jake me levantou rapidamente. Ele me ajudou a andar até o banheiro. Os outros ficaram na porta do quarto murmurando sobre mim. Eu não queria pensar sobre o meu pesadelo. Tentei ao máximo não fazer isso.

Jake saiu do banheiro e eu simplesmente lavei o rosto, o que estava acontecendo? Sentei-me no chão do banheiro e chorei baixo por um longo tempo.

Ouvi várias vezes mamãe, Rose, Esme, Alice, todas. Querendo ir ao banheiro e me tirar de lá. Porém papai as impedia sussurrando baixo palavras que eu não era capaz de ouvir.

Eu precisava ficar um tempo sozinha pra pensar. A frase do velho Quil não saia da minha cabeça. O que significava aquilo? Era só um pesadelo? Eu estava cansada demais para pensar, eu sentia o mundo girar rápido demais, minha cabeça doía muito, eu percebi que podia desmaiar a qualquer momento.

Saí do banheiro pensando no dia de manhã, até encontrar meu pai que disse:


– É melhor você descansar filha... – ele me avisou.

– Não pai. Eu quero ir pra escola. Vou melhorar prometo. – fingi um sorriso e entrei no meu quarto.

O resto da minha noite foi bem mais tranquila.


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