Rachel não teve tempo de reagir – Annabeth avançou em sua direção e beijou-a, segurando firmemente seu rosto. A ruiva assustou-se no princípio, mas correspondeu rapidamente a abraçando pela cintura. Uma brisa gelada já entrava na caverna, portanto Rachel a puxou para dentro a encostando na porta trancada. Annabeth deslizou a mão pelo seu pescoço – um arrepio atrevido transpassou o corpo da ruiva – e pousou-a em sua nuca, entre seus cachos, arrancando-a um suspiro. A ruiva segurava firmemente em sua cintura, erguendo seu queixo com a outra mão. Depois de alguns minutos assim, Annie a conduziu até a cama bagunçada – sem desgrudar-se nem por um segundo – e deitou Rachel carinhosamente, ainda a beijando.

Rachel empurrou-a e olhou fundo em seus olhos cinzentos.

– Isso é loucura – ela sorria acanhada. – Eu... eu não...

Annabeth a silenciou, colocando o indicador sobre seus lábios e deitando-se sobre a ruiva, sem deixa-la desconfortável. Voltou a beijá-la delicadamente, e Rachel apenas abraçou-a, sem se importar com nada. Rachel se sentia diferente na companhia dela – sentia algo que não sentira com ninguém, nem ao menos com Percy. Sentia-se completa. Ela a desejava, e ficava realizada em saber que mesmo sem poder a loira também a queria. A abraçou mais forte e a envolveu calorosamente outra vez. Ficaram assim até mais tarde, quando finalmente renderam-se e deitaram-se, uma de frente para a outra, e adormeceram na cama de solteiro, a lua as iluminando.

O sol forte batia na veneziana da caverna de Rachel, e a garota acordou espreguiçando-se. Rolou na cama a procura de uma certa loira, e esfregou a mão no rosto ao não encontra-la. Onde diabos aquela tapada se meteu? Ela supunha milhares de coisas – O mais provável seria que a filha de Atena tivesse ido a seu chalé antes de Rachel acordar, mas não era a única opção. Olhou para a maçaneta de relance e viu que a sua chave estava na porta. Suspirou. Levantou-se, tomou um banho frio vestindo-se com uma roupa simples e saiu para tomar um ar.

Uma brisa fresca passou por Rachel enquanto ela se dirigia ao lago de canoagem. No caminho avistou uma cabeleira loira encaracolada andando em direção aos bosques – apertou os olhos e reconheceu-a. Usava um short jeans e uma regata branca, com chinelos. Seguiu-a, adentrando a mata semifechada sem Annabeth notá-la. Ao chegarem a um ponto na floresta onde quase não se passava entre as árvores de tão fechada, ela mudou sua rota e foi para a direita, abrindo caminho entre as plantas. Rachel continuou a seguindo, sorrateira. Ao sair do matagal avistou um dos lugares mais lindos que já vira – ela já tinha visitado vários lugares com seus pais, mas nada era nem ao menos parecido com aquilo.

Era uma lagoa. A água era turquesa-claro, e era tão límpida que se via o fundo. A areia branca e fina estava lisa, demonstrando que pouca gente a tocava. Annabeth tirara sua blusa, e Rachel se assustou ao notar que a loira não usava biquíni, e sim uma roupa de baixo pequena. Um sutiã branco com listras cor de laranja estava combinado com uma calcinha laranja – que fez Rachel apertar a mão em volta do tronco em que se apoiava quando viu. Annabeth pulou na água formando várias ondas, e Rachel ainda estava de boca aberta com o corpo da loira. Era bronzeado e esguio – seios fartos e coxas roliças além de uma barriga sarada davam a certeza de que a loira treinava bastante. Rachel decidiu se revelar, dando dois passos e segurando os braços um no outro, acanhada. Annabeth mergulhou, e ao imergir a superfície novamente ela avistou Rachel, dando um pulinho e arregalando os olhos cinzentos.

– Olá – disse Rachel, tímida. Annabeth tentou se cobrir com as mãos e a ruiva riu baixinho.

– O-Oi – Ela sorriu acanhada, tentando se esconder.

– Ahn... tudo bem? – A ruiva perguntou mexendo as mãos. – Eu vi que você saiu... de lá, da caverna, cedo... aconteceu alguma coisa? Tem algum motivo especial?

– Não, não... Eu só fui ao meu chalé mesmo. – Ela pareceu esquecer por um instante de que estava na água, e se assustou ao mover as pernas. Rachel riu. Disfarçou e olhou Rachel de cima a baixo. – Hum... Quer entrar? – Ela perguntou timidamente.

– Erm, eu não tenho biquíni...

– Eu também não – Annabeth deu de ombros, apontando para seu próprio corpo e sorrindo. – Venha.

– Não olhe. – Rachel murmurou, virando-se de costas para a loira.

Tirou a regata azul e revelou um sutiã simples, também azul. Por baixo do short jeans manchado de tinta de várias cores havia uma calcinha simples, branca com alguns desenhos diferentes. Seu corpo esguio era branco-pálido, como se nunca saísse no sol, e tinha muitas sardas, principalmente no tórax. Rachel já corava enquanto Annabeth permanecia boquiaberta, tentando disfarçar a surpresa. Colocou a ponta do pé na água fria.

– Ai – exclamou, – está gelada.

Annabeth riu.

– Venha – Ela sorriu. – Está gostosa. Quero dizer, a água! – Ela acrescentou, desconcertada.

Rachel reprimiu uma risadinha e entrou na água – uma parte por vez. Primeiro os pés, respirou fundo ao submergir as canelas e coxas e só abaixou os braços quando seu tórax já estava submerso. Ao se adaptar à água doce, bateu a mão na superfície da lagoa jogando água fria em Annabeth.

– Ai! – a loira riu alto e atirou água de volta em Rachel. Se molharam e riram durante algum tempo, até que de alguma forma Rachel pisou em um buraco e caiu nos braços de Annabeth.

Elas se encararam levemente. Rachel pousou o olhar nos lábios de Annabeth e notou que ela estava os mordendo por dentro. Voltou a olhar seus olhos cinzentos. Seus rostos estavam tão próximos... Ela já sentia sua respiração quente...

Rachel laçou seus braços em volta do pescoço de Annabeth e a beijou solenemente. Annie enrolou os seus pela cintura dela e ela se arrepiou com o calor repentino. Se envolviam em um beijo abrasador quando repentinamente Annabeth a soltou assustada e olhou para a margem, com os olhos arregalados.

Uma garota morena e pasma estava parada descalça na areia, cobrindo a boca enquanto as olhava.