Annabeth estava caída, com o busto e a regata branca toda suja de areia molhada.

– Você está bem? - perguntei, oferecendo a mão para ela se levantar, mas ela recusou e se levantou devagar, pegando seu livro em seguida.

– Eu estou, mas acho que minha roupa e meu livro não. - ela disse, balançando o livro sem olhar na minha cara. Ela tirou seu Ray Ban, e pude ver que as maçãs de seu rosto estavam avermelhadas, como se ela estivesse se esquecido de passar o protetor solar. E ela estava linda daquele jeito. Rachel correu até nós, rindo.

– Nos desculpe por isso, acho que Percy tem o braço forte demais - disse Rach, rindo.

– É, eu percebi - disse Annabeth dando um meio sorriso e levantando o livro, que tinha uma grande construção antiga na capa, provavelmente de arquitetura.

– Eu sou Rachel, a propósito. Acho que nos conhecemos na festa de Apolo…

– É, nos conhecemos quase começando uma briga.

– Me desculpe por aquilo também, é que o garanhão do Luke realmente precisava ir pra casa.

– Aquele loiro? Hm, ele é interessante - disse Annabeth. Espera, ela disse que ele era interessante? O que uma garota vai ver de interessante no Luke? Não tem nada no Luke que uma garota como a Annabeth possa achar interessante. Tem? Eu acho que seria mais interessante para a Annabeth do que Luke… Hey! Pare de fazer essa cara agora mesmo! Eu não estou com ciúminho. Não mesmo.

– Olha, Annabeth, sério, me desculpe. Eu te dou um livro novo, se quiser - falei, coçando minha nuca por puro nervosismo.

– Foi uma ótima maneira de me agradecer por ter cuidado de você… - ela murmurou, mas então disse - Não precisa - e sorriu, como se estivesse tudo bem. Ela tirou timidamente a blusa para limpar a areia do corpo. Ela revelou um biquíni tomara-que-caia listrado em tons escuros e curvas bem desenhadas na cintura e uma pele bronzeada. “Caracas! Que corpão!” Não consegui evitar pensar enquanto, acredite em mim, involuntariamente eu descia os olhos por seu tronco seminu. Acho que foi nesse momento de distração que meu queixo caiu.

– Percy, fecha a boca se não entra mosca. - sussurrou Rachel, e eu senti meu rosto queimar violentamente. Annabeth também corou até a raiz dos cabelos.

– Acho que vou indo - ela disse, tentando tampar o corpo - Até mais… Eu acho - e começou a andar. Eu fiquei ali, só observando que nem um idiota até Rachel me dar uma cotovelada. Ela deu de ombros e bateu o pé indo até Nico e Héstia.

Eu tinha que ir atrás de Annabeth! Antes, peguei minha camiseta jogada e meu chinelo.

– Hey, o que aconte… - começou Nico, mas eu o ignorei e saí correndo atrás de Annabeth, que dava passos firmes. Quando a alcancei, estiquei meu braço até tocar seu ombro e ela se virou.

– Ah, você - ela disse, e estava de braços cruzados, como se quisesse esconder algo - Eu esqueci algo?

– Não… Olha, deixa eu pelo menos te acompanhar até em casa.

– Não precisa, é perto - ela disse, voltando a andar e eu segui seu ritmo.

– É o máximo que posso fazer agora. Além do mais, tenho uma camiseta, você pode ir com ela. Se quiser, é claro - falei e estendi a camiseta, ela parou e começou a avaliar eu e minha camiseta.

– Eu realmente quero - ela disse por fim, sorrindo timidamente, pegando minha camiseta

– Você não estava suado, não é? – Ela perguntou.

– Não. Meu desodorante é antitranspirante e bem eficiente. – Eu disse.

Ela riu e então vestiu minha camiseta. Tenho que confessar, minha camiseta azul tinha ficado bem nela. Bom, eu pelo menos achei.

– E então, como está sendo passar as férias em Los Angeles? - perguntei, tentando puxar assunto.

– Bem, eu acho - ela respondeu, dando ombros - E como está sendo pra você?

– Até agora? Uma droga.

– Acho que tenho que concordar com você… Já apanhou da Clarisse, ainda tem muita coisa pela frente?

– Por favor, não me lembre disso… Espera, já conhecia Clarisse? - perguntei, enquanto virávamos uma esquina.

– Não é a primeira vez que eu venho à Los Angeles - ela respondeu - Conheço muita gente por aqui.

– Por que eu nunca te vi antes? - murmurei, e ela sorriu, olhando pra baixo.

– Talvez porque eu e Thalia éramos duas adolescentes idiotas e ficávamos o dia todo afundadas em um boliche comendo porcarias - ela respondeu, mordendo o lábio.

– No boliche do Shopping Central? - perguntei, franzindo a testa.

– É, esse mesmo. - ela disse.

– Cara, faz tempo que eu não vou lá… Eu ia todos os fins de semanas com meu pai… - respondi, e uma série de flashbacks percorreu a minha mente, como na vez em que meu pai me deixou ganhar por 7 strikes (ele deve ter ficado com pena, eu era péssimo) e me deu um saco de balas azuis como recompensa.

Quando ele e minha mãe ainda estavam juntos, minha mãe sempre fazia comidas azuis pra gente, e ficávamos comendo o dia todo. Enfim, conversamos mais um pouco e mal percebemos que a casa de Apolo estava logo à frente.

– Bom, obrigada por vir comigo até aqui… e por me emprestar sua camiseta - disse Annabeth, se virando pra mim.

– Tudo bem - respondi - E me desculpe por te derrubar com uma bolada. E por sujar sua blusa. E por destruir seu livro.

– Não tem problema, eu trouxe outros. Bom, eu tinha comprado aquele recentemente, mas deixa pra lá - ela disse, dando de ombros.

Então ela começou a tirar minha blusa.

– Oh. Não precisa tirar agora, me devolva outro dia. – Eu disse pensando em Apolo, mas então eu tive uma ideia que eu, particularmente, achei que poderia dar certo. – Me devolva amanhã ás 8 da noite.

Annabeth deu um meio aceno com a cabeça, então ela percebeu o que eu estava fazendo.

– Você está… me chamando pra sair? - ela perguntou, abrindo um sorriso.

– Bom, se quiser me acompanhar para uma grande partida de boliche, eu ficarei honrado - falei, sorrindo.

Ela riu, mas então me olhou séria com aqueles olhos cinzentos penetrantes. Então ela deu um passo para frente e passou a mão pelo meu cabelo, mas recuou depois. Aquele simples toque dela fez meu estômago dar uma volta provocando uma sensação engraçada na minha barriga.

– Você tinha uma folha na cabeça. Uma alga… Sabe, eu não sei como ela pode ter ido parar aí, parece que ela simplesmente brotou da sua cabeça… – Então ela riu - Cabeça de Alga – ela terminou ainda rindo.

– O que você quer dizer com “cabeça de alga”? Está me chamando de tapado ou algo do tipo? – Perguntei fingindo estar ofendido enquanto ela ria. – Porque eu posso provar à senhorita que você está totalmente enganada.

– Ah, só um pouquinho tapado. - ela disse, rindo enquanto abria o portão - E ah… você vai perder no boliche. Eu sempre venço.

– Eu sempre perco, mas quem sabe amanhã o destino não me dá uma chance?

– Tchau, Cabeça de Alga - ela disse, fechando a porta.

(…)

Tenho que confessar que não tirei aquela loira da minha cabeça por nenhum segundo depois que ela fechou o portão. Luke tentava falar comigo, mas eu não entendia uma palavra que saía da boca dele. Bom, entender eu entendi, mas eu não tinha um pingo de atenção. Por fim, ele desistiu de tentar falar comigo e disse que até mesmo uma porta responderia à ele e foi tomar banho. Fiquei ali sentado no sofá, com minha mente viajando, até que a campainha toca. Eu realmente gostaria que alguém pudesse abrir a porta, mas Martine tinha ido embora, e como era sexta a noite, meu pai estava no bar de Dionísio.

Levantei-me e fui até a porta. Deparei-me com um homem alto, com barba rala e olhos azuis, assim como os de Thalia. Apesar de algumas linhas à mais no rosto cansado, eu reconheci de uma vez quem era. Ele me encarou um pouco também, mas acho que soube quem eu era.

– Perseu - ele falou, respirando fundo.

– Oi, tio Zeus.