Eu e Rachel estávamos dançando enquanto Percy e Annabeth estavam lá em cima. Se estavam curando os machucados de Percy ou outra coisa, eu não sei, mas eu tive que dar uma ajudinha e deixá-los a sós. A ruiva estava com raiva, mas Percy é meu melhor amigo, e o que eu não faço por aquele idiota?

- Será que Percy vai ficar bem? - ela perguntou.

- Claro, nas mãos daquela loirinha, até eu ficaria - respondi, rindo. Mas Rachel não riu.

E então percebi meu vacilo. Rachel sempre teve certa paixão pelo Percy. Sempre. Desde quando éramos pequenos, ela sempre parava de falar com ele quando o via com outra garota. Já Percy… bom, acho que ele não tem sentimento algum por ela. E isso é ruim, porque Rachel era muito persistente.

- Me desculpe Rach - falei.

- Tudo bem. - ela disse desconfortável, e resolveu mudar de assunto - Então, já achou alguma paixonite de verão?

- Bem - eu disse, lançando um olhar involuntário para Thalia, que dançava com algumas garotas - Não.

- Sei… - disse Rachel, olhando na mesma direção que eu - Olha, Luke, você é um cara legal. Deveria tentar falar com ela.

- O que? Wow espera ai, Cabeça de Fogo. Eu não falei nada!

- Luke, você acha que ninguém percebeu que você olhou para Thalia a noite inteira? Não tente negar, você é um péssimo mentiroso, senhor festival do pão.

- Sem chance. Sério, eu não tenho interesse nenhum naquela doida e… - tentei, mas ela me olhou séria, de braços cruzados. Era impossível mentir para ela. Então eu desviei o olhar dos olhos da Rachel. Rachel não podia ter razão, eu não olhei para a Grace a noite toda. Olhei?

- Já volto - disse Rachel, saindo de perto. 

- Não, Rachel, fica aqui! - eu disse, puxando-a pelo braço. Tive medo que ela pudesse ir atrás do Percy. Se estivesse rolando algo entre o Percy e a loirinha, eu não queria ver a Rachel magoada.

- Calma, só vou pegar um pouco de ponche! Você quer um também?

- Hm, tá, pode ser. - respondi aliviado.

- Ótimo, já volto - disse ela, se afundando na multidão. Eu tentei ficar de olho nela para o caso dela tentar me enrolar, mas ela voltou com dois copos com um líquido rosa pouco tempo depois. Dei um gole no copo, e aquilo era… ótimo. Resolvi tomar mais um pouco. E mais um pouco… Bom, acho que extrapolei os meu limites porque comecei a falar enrolado em pouco tempo.

- Luke, acho melhor você se sentar um pouco - falou Rachel, colocando a mão no meu ombro.

- Que nada, eu to bem - respondi. Mas eu estava mentindo, sem ao menos perceber. O cabelo de Rachel agora era de um vermelho mais forte, assim como tudo que eu enxergava. Tudo tinha um contraste alto demais, e aquilo me deixou tonto. Eu não me consideraria bêbado, apenas quase-bêbado. Tentei tirar a mão de Rachel do meu ombro, mas eu quase caí, ao tentar fazer isso.

- Luke você tá bêbado, vem aqui - ela disse, me puxando pelo braço. Ela me jogou em um sofá vazio e disse: - Vou chamar o Percy pra te levar pra casa, ok?

- Eu não quero ir pra casa! – Protestei, mas ela já havia sumido no meio da multidão.

Eu me levantei do sofá cambaleando para ir atrás de Rachel, mas então Thalia passou do meu lado. Eu tentei manter meu foco nela, mas sua imagem tremia um pouco. Tentando não pensar muito no que eu estava fazendo eu fui atrás dela. E isso era uma estupidez. 

Ela abriu uma porta, que dava para uma varanda e entrou, e a segui. E lá estava ela, encostada na parede, enquanto a brisa do mar atingia seu rosto.

- Grace! - gritei, dando um susto e tanto nela.

- Qual é o seu problema? - ela gritou de volta, enquanto eu ria.

- Você é o meu problema, amorzinho - falei.

- Quem deveria dizer isso sou eu - ela murmurou - Annabeth ainda não voltou?

- Não, ela e Percy devem estar meio ocupados lá em cima, se é que você me entende - Eu disse sorrindo.

- O QUE? Mas é agora que eu vou lá buscar ela mesmo! - Ela gritou.

- Ah, não vai não… Você que os mandou pra cima, agora espera. – Eu disse a encarando.

- Você é incrivelmente estúpido - ela respondeu, dando um gole na sua bebida.

- Como se eu já não tivesse ouvido isso antes - eu disse, revirando os olhos.

- Escuta, eu realmente não quero papo com você, ok? Já não basta ter me atropelado e me ameaçado, não quero continuar olhando pra sua cara feia - ela disse, mas eu a empurrei contra a parede.

- Olha, Grace, você gosta de brincar com as pessoas, não é? Percebi isso desde o primeiro berro que você me dirigiu. Mas comigo, vai ser diferente, ok? - eu disse baixinho, e senti a respiração dela acelerando conforme eu caminhava até ela.

- Você é um idiota - ela disse.

- Foi isso que você me disse quando eu… hm, te atropelei - eu disse, sorrindo.

- Olha, só, querido - ela disse, colocando as mãos no meu peito e me empurrando antes que eu chegasse muito perto - Eu realmente tenho coisas melhores pra fazer. Por favor, vá dar em cima de outra garota, eu não sou como o resto.

- É, você não é mesmo - respondi, levantando uma sobrancelha.

- Como eu disse, tenho coisas melhores para fazer. Até logo - ela disse se virando, mas então voltou - Ou melhor, finja que não existo.

- Fingir que você não existe vai ser difícil uma vez que eu penso em você o tempo todo - Eu respondi. Eu não deveria ter dito aquilo, mas bem, não era mentira. Mas mesmo assim. Thalia me fitou por um longo momento e eu tive a impressão de que seria o próximo a tomar umas porradas de garota essa noite. Mas então ela suspirou, fechou os olhos, balançou a cabeça negativamente e tornou a me olhar.

- Eu realmente não sei o que você tem na cabeça, mas com toda certeza não é um cérebro.

- Como eu disse – Eu falei pouco mais alto que um sussurro - Não é um cérebro, é você. 

Thalia não me olhou dessa vez. 

- E me desculpe por quase ter te matado hoje mais cedo. – Continuei - A gente se vê por aí.

Apesar de estar completamente fora de mim, nada do que eu disse era mentira. Eu estava com aquele pesadelo de garota na minha mente o dia todo. 

- Eu vou atrás da Annabeth – Thalia disse por fim – Vocês são todos doidos.

Depois de dizer isso, ela deu as costas e se foi, me deixando sozinho na varanda com a mente cheia de dúvidas se eu havia feito a coisa certa ao vir falar com ela.