NARRADO POR ALICE

Abri meus olhos com dificuldade, e percebi que estava caída no chão da cozinha. Me levantei com cuidado me apoiando na mesa, e me sentei em um dos bancos. Passei a mão na cabeça e me levantei para pegar um copo d'água, e voltei a me sentar.

– O que aconteceu? - me perguntei.

Olhei para o relógio e vi que já se passavam das quatro da tarde. Ouvi um barulho de carro, e logo depois, a porta de casa se abriu. Era o meu pai, segurando algumas sacolas de supermercado.

– Olá querida - ele disse entrando na cozinha e colocando as sacolas sobre a mesa.

– Oi pai.

– Desculpe ter saído sem avisar - ele começou dizendo ao mesmo tempo em que guardava as compras - é que estava faltando algumas coisas aqui em casa, e como você disse que iria...

– Tudo bem pai - eu o interrompi, me poupando de um discurso maior de desculpa.

– Quer tomar o chá comigo? - ele perguntou - assim você me conta como foi seu primeiro dia de aula.

– Ok.

Apesar de eu morar com a minha mãe, eu mantinha um bom relacionamento com meu pai. As vezes eu vinha passar as férias aqui na Inglaterra, ou ele vinha me visitar em Nova York. Então não me incomodei muito com o fato de ter que morar com meu pai por um tempo, exceto o fato de ter que deixar minhas amigas e tal, não me incomodei. Arrumei a mesa, enquanto meu pai preparava o chá. Eu já estava acustumada a tomar chá, já que ele sempre fez questão de que eu adquirisse alguns costumes britânicos. Nos sentamos e ele serviu o chá, e começamos a conversar.

Contei a ele como foi as aulas, sobre a Juliana e o Lucas. Então resolvi contar a ele sobre a Nicole.

– E como é o nome dessa garota - ele perguntou mordendo uma bolacha.

– Nicole - fiz uma pausa, tentando me lembrar do sobrenome dela - Salazar.

– Salazar? - ele perguntou e eu fiz que sim com a cabeça - não é novidade.

– O que? - perguntei curiosa.

– Essa garota pertence a uma família muito rica daqui.

– Hum - assenti e tomei um pouco de chá - e o que não é novidade?

– As pessoas dessa família são conhecidas pela inteligência e pela extrema arrogância - ele explicou. - É, mas vamos combinar que a maioria dos ingleses são um pouco arrogantes - disse.

– Sim, mas eles - disse se referindo a família Salazar - são muito arrogantes, não se importam com ninguém - eu assenti. Apesar de meu pai ser inglês, ele não se importava com os comentários que eu fazia em relação aos ingleses.

– Ta explicado.

Depois do chá, ajudei meu pai com a louça e fui para o meu quarto. Liguei para a minha mãe e para os meus amigos de Nova York. Após matar a saudade, fui dormir.

NO DIA SEGUINTE

A manhã estava chuvosa, então meu pai me levou de carro para o colégio. Ao entrar na sala, vi Nicole na mesma carteira, os garotos fazendo bagunça no fundão e as patricinhas fofocando.

– Oi Alice - eu me virei e vi a Juliana sorrindo.

– Oi.

– Vamos nos sentar perto do Lucas e do Mark?

– Quem é esse - perguntei me referindo a Mark. - É aquele japinha ali - ela disse apontando para um garoto oriental, conversando com o Lucas.

– Ok - disse, e fomos até lá.

– Oi - dissemos juntas.

– Oi - eles disseram.

– Mark - Juliana disse chamando a dele - essa aqui é a Alice.

– Oi - disse um pouco tímida, e ele apenas sorriu.

– Bom dia alunos - disse um homem baixo, de olhos claros e quase careca.

– Bom dia - todos disseram.

Era aula de matemática, o que por sinal foi um tédio. Não sei o porquê, mas senti que estava sendo observada, e me senti assim o dia inteiro. No intervalo, uns meninos ficavam me encarando, e uma das patricinhas também.

NARRADO POR KIMBERLY

Agora a Alice virou amiga da Juliana, e estão o tempo todo juntas. Estava no intervalo, e eu e a Emily, estávamos sentadas conversando sobre qualquer coisa. Eu nem estava prestando atenção no que ela estava falando. Estava observando a Alice, para ver se eu sentia aquela sensação de novo.

– Ei, Kim - Emily falou estalando os dedos na minha cara.

– Sim - falei, tirando a minha atenção da Alice.

– Eu estava falando que o Jake e o John estão muito gatos esse ano, não que eles não fossem lindos antes, mas sei lá, acho que estão mais maduros - eu desviei minha atenção de novo para a novata - KIM! - ela gritou.

– O que foi? - perguntei, me fazendo de desentendida.

– Você está tão distante hoje - ela disse - o que você tanto olha? - ela perguntou olhando na mesma direção, na qual eu olhava.

– Nada - disse dando de ombros.

– Ok - ela disse voltando a me encarar - sim, voltando a o que eu estava dizendo, você acha que eu devo pegar o Jake ou o John?

– Sei lá - disse - você é quem sabe.

– Valeu pela ajuda - ela disse ironicamente - mas você acha que eu tenho chance com o Jake?

– Isso depende dele - eu sabia que ela não tinha, pois ele já namorava a Nicole.

Depois ela começou a falar um bocado de coisa, e eu fingia que prestava a atenção. De repente senti um arrepio e, quando olhei para a Alice e o arrepio voltou. Olhei para o Jake e ele estava me encarando, e sua expressão indicava que ele também.

De repente ouvi um barulho e umas pessoas começaram a fazer um tipo de roda, como fazem em acidentes de carro. Corri para ver o que era, e me assustei ao ver Nicole caída no chão.

– Se afastem! - ouvi o Jake gritar, e logo todos deram passagem - vou levá-la para a enfermaria - ele a tomou em seus braços, e saiu correndo.

– Qual foi a do Jake ajudar a esquisita? - Emily me perguntou.

– Ele só estava ajudando Emily - eu o defendi.

– Calma, eu só perguntei.

NARRADO POR JAKE

Corri o mais rápido que pude a caminho da enfermaria. Quando cheguei lá, a Sra. Cancol, a enfermeira, logo me atendeu. Eu fiquei numa cadeira ao lado da maca, na qual Nick estava deitada. Depois de um tempo, a Kimberly entrou correndo com uma cara preocupada. Olhei no relógio, e vi que o intervalo já tinha acabado.

– Como ela está? - ela perguntou.

– Na mesma - respondi desanimado, e quando olhei para a Nick, vi que ela estava acordando.

– Nick - Kimberly disse se aproximando.

– Alice - Nick sussurrou - é uma de nós.

– Você teve uma visão? - perguntei preocupado e ela fez que sim com a cabeça.

– Vejo que a mocinha já acordou - a enfermeira disse nos interrompendo - e vocês dois podem voltar para a sala que eu cuido dela - nós assentimos e saímos em silêncio.

– Parece que vamos ter mais uma conosco este ano.

– Kim disse, quando já havíamos saído de lá.

– É - foi tudo o que consegui dizer.

– Acho que já está na hora de nosso grupo se reunir novamente - ela disse e eu assenti.