A Verdade Nua E Crua escrita por Jade Amorim, Cla_Uchiha


Capítulo 2
Capítulo 1




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Capítulo 1

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"Nós, mulheres, amamos os homens porque são como romãs: grande parte é impossível de digerir, mas as sementes são deliciosas."

(Manual de Argumentos para se Amar o Sexo Masculino)

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Uchiha Sasuke era coisa do passado e, ao que tudo indicava, todos os outros homens também. Com o passar do tempo Sakura chegara a conclusão de que o moreno simplesmente não atendia às exigências e requisitos necessários para tornar um homem apto a um futuro matrimônio.

Apesar de corresponder perfeitamente no quesito beleza e charme, sua personalidade agia como se fosse o exato oposto de sociávelagradável e romântico-sem-ser-meloso. Simplesmente não se encaixava, o que a obrigara a – confessemos que com uma terrível dor no coração e no ego – riscar seu nome da listinha secreta que mantinha na ultima página de seu caderno de Coisas, muito bem escondido dentro do forro do colchão.

Após uma pesquisa minuciosa sobre todos os homens solteiros de Konoha, o que incluía uma cópia do arquivo shinobi, secretamente surrupiado do escritório da Hokage, e de seus documentos civis e hospitalares, aquela lista reduziu-se a uma meia-dúzia de nomes.

Primeiramente foram excluídos os com doenças infecto-contagiosas e hereditárias, depois os com algum tipo de deficiência física – pois já lhe bastava ser medica-nin no hospital e nas missões – e logo após os feios – fazendo com que o nome de Rock Lee fosse riscado muito forte até o papel se partir.

Após essa avaliação foram terminantemente excluídos os com passagem na prisão ou algum tipo de divergência comportamental, já que para Sakura só bastava ela estressada quebrando as coisas.

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A segunda etapa, que incluía a pesquisa de campo, não podia ser administrada sozinha e, exatamente por isso, tivera que expor todo seu trabalho à sua melhor amiga, Ino, que rira histericamente por tanto tempo que fez a rosada se perguntar quantas vezes superior era a capacidade de armazenamento de ar de seus pulmões com as de pessoas normais.

- Pare com isso. – Dissera na época. – Se for para tomar um passo tão importante quanto o início de um relacionamento, deve ser feito de maneira correta.

Limpando as lágrimas do canto dos olhos a loira a olhou, cética.

- Testuda, você quer um namorado ou está comprando gado? – Ela apontou para um dos muitos papéis espalhados na cama. – Você pesquisou o histórico médico da árvore genealógica de cada um!

- É para me certificar de que meus filhos não serão deficientes.

- É ridículo! E esses quesitos psicológicos? Onde, pelo amor de Kami-sama, vamos encontrar um homem tão perfeito? Isso não existe.

A rosada revirou os olhos e reafirmou em sua mente que aquilo era sim muito plausível e absolutamente necessário.

- Vai me ajudar, ou não? Porque posso muito bem pedir para outra pessoa ou fazer sozinha.

- Epa! Espera aí, Testuda. Eu disse que era ridículo, mas não que não ia ajudar. Eu realmente quero estar lá para rir da sua cara quando você riscar o ultimo nome da lista. – Ficou pensativa. – Mas tem uma condição.

- Qual?

- Quero que risque terminantemente o nome de Sabaku no Gaara.

- Por quê?Ele é um dos mais potenciais da lista e está solteiro! – A condição quase que dissipara a emoção de que a amiga fosse participar.

- Porque ele é meu, ponto. Se não for assim eu não ajudo.

Suspirou.

- Quer fazer às honras?

A Yamanaka pegou triunfante a caneta, passando-a num único risco firme no nome de Sabaku no Gaara.

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Foi naquele momento da pesquisa, cheio de jutsus de transformação e de camuflagem com Ino que o nome de mais da metade dos homens da lista foram excluídos, e isso incluía o de Uchiha Sasuke.

Pois, desde que voltara para a Aldeia da Folha, o moreno simplesmente não conseguia se manter debaixo da saia de uma garota por mais do que duas noites. E não havia uma fã-girl que ele não havia pego numa noite e chutado a bunda no outro dia de manhã.

Exceto Sakura, e Ino – que de uns tempos pra cá passara a declinar todo e qualquer convite masculino, por melhor que fosse o partido. Que ela estava se pegando com o Kazekage era, literalmente, segredo de estado e algo que acontecia poucas vezes pela distancia imposta pela geografia. Mas passar meses na seca, apenas cuidando de flores e ajudando Sakura com seus planos mirabolantes não parecia coisa de Yamanaka Ino.

Aliás, essa foi uma das justificativas dadas pela loira:

- Minha vida amorosa e sexual andam tão paradas que se eu não passar a viver com você as suas, vou criar teia de aranhas no coração!

O que era biologicamente impossível, só para constar.

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Eram exatamente seis pessoas em toda Konoha que atendiam – apenas convincentemente – aos requisitos. E estes eram:

Aburame Shino: Pois, apesar dos insetos, Sakura corroía-se de curiosidade sobre a cor de seus olhos.

Nara Shikamaru: Bonito, atensioso – pelo menos com Ino – e muito talentoso.

Inuzuka Kiba: Era engraçado e bem charmoso e, de acordo com Ino, adorava sexo selvagem. O que a rosada não conhecia, mas estava muito disposta de começar a conhecer.

Sai: Porque ele era parecido com Sasuke e a Haruno precisava de um consolo para seu ego ferido.

Hyuuga Neji: Era, simplesmente, perfeito. E com um homem como ele Sakura jamais se preocuparia com o fato dele ter um cabelo maior que o seu e, provavelmente, levar mais tempo no banho.

Por último, para total desespero de uma Hinata apaixonada:

Uzumaki Naruto: Por que... bom, ele era seu melhor amigo e merecia uma chance.

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O último passo era simples, muito simples, aproximar-se de cada um "casualmente" iniciar um dialogo que, se tudo corresse bem, terminaria num encontro marcado.

Com o conselho de Ino para começar do mais fácil para o mais difícil, obviamente Naruto fora o escolhido.

E Sakura sequer precisou ir atrás dele, pois na mesma noite o loiro batera em sua porta convidando-a para ir jantar, obviamente no Ichikaru. Naquele breve espaço de duas horas a rosada tirou algumas conclusões:

Primeiro que Naruto cuspia enquanto comia, porque não conseguia parar de falar e isso era muito nojento. Segundo que ele não falava, mas sim gritava, envergonhando-a praticamente o tempo todo. Terceiro e último: Sakura tinha intolerância à alguns sabores de lámen e, exatamente por isso, passara o resto da noite no hospital fazendo lavagem estomacal.

Para piorar Ino cumprira sua promessa de estar ao seu lado para rir de sua desgraça. Além de levar o caderno em mãos com uma caneta, no hospital mesmo, para que riscasse – definitivamente – o nome de Uzumaki Naruto.

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Uma das coisas que Haruno Sakura achava mais agradável num homem era uma característica muito peculiar de que "eles gostam de cães, mas preferem gatos". Inuzuka Kiba tinha sua própria versão: Gostava de mulheres, mas preferia os cães.

O que deveria ser do conhecimento da rósea, já que ele andava para todo lado com Akamaru à tira-colo. Ela só não esperava que ele fosse levar o cão para o restaurante e comer com o bicho olhando-a fixamente não era exatamente agradável, fazendo-a comer pouco e ainda ter de aturar comentários como:

"É por isso que é tão magra, Sakura!"

E também:

"Posso dar o resto para o Akamaru? É que ele adora sashimi."

Ridículo. Tudo bem, quando ele não falava de cães e não voltava sua atenção para o próprio – que representava dez minutos no intervalo de uma hora -, era um rapaz bastante divertido.

E tinha aquela história do sexo selvagem que estava muito disposta a descobrir...

Mas aí, ao leva-la embora, Kiba a beijou. E ela sentiu-se devorada, com direito a dentes, babas e tudo o mais. O que não era nada agradável.

E tinha Akamaru, encarando, sempre encarando. Ao se despedir e entrar em casa correndo fez uma nota mental muito séria:

Perguntar a Ino se ela era adepta a zoofilia ou se Kiba ao menos mantinha o cão fora do quarto num momento intimo.

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Com Sai as coisas duraram pouco mais do que quinze minutos. E nem um encontro havia sido marcado. Era apenas aquele primeiro contato de conversa amistosa no suposto encontro "casual".

O que aconteceu é que tudo que Sai dizia começava com as seguintes palavras:

- Eu li num livro que...

Oh, tudo bem, não era tão insuportável assim. Só deixava absolutamente claro que o rapaz não tinha personalidade própria. Apenas um sorriso muito falso sempre presente.

E tinha aquele negócio dele querer analisar cada gesto e palavra sua por base de suas leituras de quinta categoria. O problema é que algumas vezes ele acertava ou, pelo menos, a deixava profundamente ofendida.

- Eu li num livro que quando uma garota age que nem você, - mexendo no cabelo, sorrindo exageradamente e tagarelando - é porque ela está afim do rapaz em questão. Está afim de mim, Sakura?

Enquanto seu rosto avermelhava-se, a Haruno tentava balbuciar algo coerente para se explicar. Mas ele não deixou-a terminar de falar.

- E neste mesmo livro estava escrito que quando uma garota chega abertamente a um homem, é porque ela está realmente desesperada para conseguir sair com ele.

Bom, vergonha era coisa do passado. Todo o sangue que havia fugido para seu rosto voltou para as veias borbulhando com a promessa de esmagá-lo em alguma parede.

Como se seu instinto tivesse uma linha diretamente ligada a seu punho, o soco veio tão rápido que nem a agressora tivera tempo de processá-lo. Internamente sua inner comemorava e o xingava de tantos nomes que deixariam Kakashi - mesmo depois de ler todos os IchaIcha - constrangido. Por fora apenas o rosto contorcido de ódio e uma agradável sensação de vingança.

- Imbecil...

Dito isso fez um gesto de quem limpa as mãos e saiu a passos firmes atrás de sua lista para rasgar o nome de Sai e, se possível, mastigá-lo.

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Shino era definitivamente um rapaz muito agradável e culto. Não fosse suas vestes estranhas, coisa que poderia fazê-lo mudar assim que tivesse algo mais a sério, seria absolutamente perfeito.

E tinha os óculos.

Os malditos óculos.

Estavam conversando a horas e agradavelmente, apesar de que boa parte do assunto se resumisse ao mundo shinobi. Já haviam se acomodado num restaurante simples, mas de uma comida deliciosa e decoração de muito bom gosto. Apesar da meia-luz, ele não havia tirado os óculos.

A sopa que lhes fora servida obrigara-o a abaixar a gola do casaco, exponto o rosto bonito, ou melhor, parte dele. Sakura não conseguia ver motivo algum para rechaçá-lo e estava satisfeita até se lembrar do único defeito dele.

Era insignificante, certamente um pequeno acidente sem importância. Mas ela era uma médica-nin, e sabia muito bem a gama de doenças que aquilo podia significar.

Nadando despreocupadamente em sua sopa havia um besouro, pequeno e preto, assemelhando-se a alguns pedaços de porco remanescentes.

Outro identico saía da manga do moreno e fazia o caminho pela sua mão, e ele sequer parecia perceber. Reprimindo sua ância e com um muxoxo desgostoso, avisou-o que iria ao toalete. Assim que o fez ligou para Ino e implorou-lhe que ligasse para ela em cinco minutos, avisando-a de uma suposta emergência no hospital.

Dito e feito, a rósea se desculpou e saiu do restaurante com naturalidade, aceitando até que ele acompanhasse por um certo percurso e agradecendo à companhia.

Ela realmente havia gostado de Shino e, certamente, era o nome que mais lamentava riscar até agora.

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Sakura estava com sono. E entediada. Sem contar que mal conseguia conter o bocejo diante do arrastar lento das palavras de Shikamaru, por mais brilhante que fosse o que ele estivesse falando.

Às vezes brilhante até demais, pois ela pouco conseguia entender o real conteúdo ou profundidade.

Era quase como relacionar-se com uma... uma sombra!

E sombras eram entediantes. Apesar de ser uma característica apreciada pela Hokage e um talento muito grande, Sakura queria um pouco mais de ação e animação em sua vida.

Assim, Shikamaru estava fora e só lhe restava um nome em sua lista.

Que Kami a ajudasse.

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Bom, Hyuuga Neji estava longe de ser um caso fácil. Ao contrário, já que se tornara o ultimo da lista. Tudo precisava ser perfeito e levou quase dois meses para que ele a convidasse pra um encontro.

Parecia um sonho!

Além de lindo e influênte, era um perfeito gentleman.

Para que esse encontro fosse perfeito, Sakura investiu alto. Roupas novas, limpeza de pele, hidratou o cabelo e ainda aguentou Ino tagarelando enquanto terminava de ajudá-la a se arrumar.

Só havia duas coisa que Sakura não esperava que fosse acontecer:

Primeiro era que ele chegaria atrasado e, segundo, o motivo que ele lhe dera para explicar o ocorrido.

- Demorei demais no banho porque testar um novo produto de hidratação capilar.

Sakura não sabia se desesperava-se ou começava a rir histericamente. Por meia hora a rósea se divertiu horrores enquanto conversavam sobre cabelos e tratamento de peles, sem contar quando ele palpitou sobre suas unhas e elogiou a cor do esmalte.

Na hora seguinte começou a se incomodar com seu narcisismo enquanto o moreno discorria com sua voz rouca e sexy sobre sua terrível batalha por encontrar cosméticos de qualidade e como, às vezes, aproveitava as missões para comprar importados.

Já durante a sobremesa, Haruno Sakura chegou à desesperadora conclusão:

Aquele jounin era kunoichi, aquele piolho era lêndia e todas as outras comparações infames usadas para dizer que se um homem não era gay, era por falta de coragem.

Oh, céus! Que grande desperdício!

Com lágrimas nos cantos dos olhos Sakura deixou o restaurante com a certeza de que havia ganhado um bom amigo gay e que, o que era muito pior, os nomes de sua lista haviam chego ao fim.

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Enquanto caminhava sozinha e desolada para seu apartamento o pior aconteceu. Com um ínfimo levantar de lábios, que eram piores do que qualquer gargalhada, Uchiha Sasuke estava lindo, delicioso e gostoso na sua frente.

Vendo-a com os olhos inchados e rastro de lágrimas nas bochechas.

Não que ele houvesse se comovido. Longe disso.

Ao contrário, seu sorriso pareceu aumentar.

- Você é patética, Sakura.

Uma palavra de conforto? Vinda de Uchiha Sasuke? Quem ela estava tentando enganar, mesmo?

A rosada encolheu-se sobre seu casaco.

- Mas me rendeu muita diversão ao longo desses meses. Suas peripécias mereciam entrar para a história das mulheres desesperadas.

Mantendo a vergonha bem escondida no canto d'alma, Sakura tentou fazer-se de desentendida.

- Não sei do que está falando.

Ele sorriu. E isso nunca era um bom sinal.

- Devia encontrar esconderijos melhores para coisas tão comprometedoras, e ensinar a sua amiga loira a falar mais baixo.

Gemeu desgostosa. Era humilhante. Ele sabia de tudo.

- Me deixe em paz, Sasuke.

O Uchiha não parecia nem um pouco afim de obedecer ao pedido.

- Você fez tudo errado. Um cara não vai querer saber de sua inteligência num primeiro encontro, mas sim se seu trazeiro é grande e macio. Se você não tivesse agido como uma desesperada, maniaca que não transa à mais de dois anos e tivesse tentado ser ao menos um pouco mais desejável, talvez algum deles tivesse dado certo.

Ela. Estava. Chocada!

Não porque aquele era a frase mais longa que Sasuke a havia presenteado nos ultimos anos, mas sim pelo conteúdo do que lhe fora explicitado.

Cretino!

- Eu não preciso da sua ajuda, Uchiha.

- Na verdade - ele pareceu saborear as palavras nos lábios. - Você precisa sim.

- Eu não quero a sua ajuda, Uchiha.

Ele arqueou uma sobrancelha como se dissesse: É mesmo?

- Se você me espionou tão bem, sabe que todos os da lista se foram.

O moreno deu de ombros.

- Eu não acho que você vá querer ficar eternamente sozinha. - Dito isso, virou as costas e saiu andando pela calçada bem iluminada.

Estupefata, Sakura ficou olhando para suas costas até que ele desaparecesse na curva de uma esquina. Suspirou. Não havia mais ninguém. Estava condenada a ser sozinha e criar gatos pelo resto da vida.

Andou mais alguns quarteirões, deixando os olhos passearem pelos apartamentos. Na janela de um deles, banhado pelo luar que deixava seus cabelos mais prateados que o normal, estava Kakashi. Ao passar por ele, o ex-sensei cumprimentou-a com um aceno de cabeça antes de entrar e fechar a porta da sacada.

Bom, talvez houvesse mais alguém.

E talvez Sasuke fosse útil.

Esquecendo-se totalmente do papelão da noite, a Haruno seguiu para casa com um sorriso satisfeito nos lábios, já maquinando seu próximo passo. Uchiha Sasuke estava nele, Hatake Kakashi também.

Hatake Kakashi, seu ex-sensei e próximo alvo.

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Nós, os homens, amamos as mulheres porque elas não lêem revistas pornográficas.

(Manual de Argumentos para se Amar o Sexo Feminino)

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Continua...


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Notas finais do capítulo

Yoo minna!
Eis o primeiro capítulo, o que acharam? Sim, muitas cenas foram expostas no trailer, mas espero que tenha agradado de qualquer maneira.
Gostaram da frase no início e no final? Todo capítulo terá duas seguindo a estilística, em cima do Manual de Argumentos para se Amar o Sexo Masculino e embaixo o feminino.
Tentei mudar aquele meu jeito de escrever todo longo e sem pausas. Agora são várias cenas num capítulo só, que não só me ajudam a escrever mais rápido como também aumenta o capítulo.
Bom, quem quiser cenas do PRÓXIMO CAPÍTULO mandem review. Enviarei as cenas em até 48horas!
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