Um Herói Ainda Não Perdido escrita por yankeereader


Capítulo 2
Capítulo II, Percy: Tenho Medos Bobos


Notas iniciais do capítulo

Aqui está outro capítulo, espero que gostem.
Caso gostem: REVIEWS
Caso gostem muito: RECOMENDEM
Caso gostem MUITO: façam os dois acima e atraiam mais leitores! (vocês me deixariam suuuuperfeliz)
;) ASS: Reader
BOA LEITURA!



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- PERCY! - a pessoa finalmente se materializou, mas meu nome logo se transformou num grito abafado de dor. Sally Jackson esfregava freneticamente a testa, com alguma expressão entre dor, surpresa e preocupação (sim, acertei a cabeça em minha mãe).

Tentei focar melhor a visão, me sentia tonto e enjoado. Paul Blofis, meu padrasto, olhava espantado com uma escova de dente na boca, camisa amassada e cabelo bagunçado a cena que se desenrolava à sua frente. Deveria ser algo perto das sete da manhã, e ele provavelmente estava atrasado para o trabalho. Pensei em como era estranho ver um professor da mesma escola que eu, Goode High School, de barba mal feita e sujo pasta de dente, mas esse pensamento foi logo cortado por uma dor insuportável no meu ponto imortal. Fechei os olhos, tentando controlar a agonia e o medo que se formavam dentro de mim, relembrando imagens do meu último sonho. Então algo me ocorreu, Annabeth.

Saltei da cama e atravessei correndo o pequeno corredor do nosso apartamento, em busca do primeiro telefone que eu visse, no caso, o de Paul.

Acredite em mim, a pressa é realmente a inimiga da perfeição, mas quando isso se junta com um semideus assustado, com dor e disléxico, o perfeito é impossível. Precisei de, no mínimo, três tentativas para acertar os números e quando enfim o celular começou a chamar, me atrapalhei. Depois de uma série de malabarismos o aparelho caiu no chão.

- Alô...? Alô? - percebi, após alguns segundos de confusão, a voz fraca de Annabeth sair pelo aparelho. Ela provavelmente notou de quem era o número que a ligava, e sua voz sofreu uma drástica transformação de "calma e cansada" para "louca de preocupação". - Paul?!

Lembrei-me que Annabeth marcara o celular de todos da família por precaução, caso eu me metesse em encrenca. Agachei-me rapidamente e peguei o celular.

- Nã.... Ai! - acertei a cabeça na quina da mesa de jantar.

- Percy? Percy, está tudo bem?

- Annabeth, graças aos deuses! Você está bem? - Ótimo, dois galos na cabeça... Perfeito!

- Hã... acho que sim. Tirando o fato de eu ter um namorado louco e quase ter tido um ataque no coração, estou bem sim, obrigada. - o sarcasmo desapareceu, seu tom de voz mudou - Percy, qual é o problema? O quê houve?

Somente nesse momento pareci notar minha mãe e Paul, ainda no meu quarto, paralisados, certamente se fazendo a mesma pergunta. Annabeth me conhecia bem demais, ela sabia que eu não a ligaria (por mais que eu quisesse) à toa, era pior que mandar um sinalizador vermelho aos céus escrito "Monstros, estou AQUI!". Eu não correria esse risco com ela. Era triste dizer, mas se eu a ligasse, iria ser somente para dar más notícias, em situações de grande emergência.

Suspirei aliviado por ouvir sua voz, mas não podendo esconder a minha tensão sobre o assunto.

- Tenho tido alguns sonhos... - disse, entrando na cozinha.

Contei tudo para ela, mas evitando algumas partes. Eu havia voltado do acampamento há seis dias, e nos últimos três eu tinha tido pesadelos. Em nenhum deles tinha falado com Annabeth, nem em sonhos, nem em realidade.

Na primeira das noites estava de volta ao Acampamento Meio-Sangue, mas ele estava diferente. Em outra época. Eu andava por ele como um fantasma, ninguém parecia me notar, ou talvez simplesmente não ligassem. O lugar estava mais cheio do que nunca, jovens de todas as idades treinavam e se divertiam com roupas esquisitas e cortes de cabelos antigos. Quíron estava lá, usava cabelo Black Power e uma blusa manga comprida branca de botões e babados, somente ele notou a minha presença, franzindo a testa e olhando desconfiado por onde eu andava. Seu interesse foi cortado por dois garotos que brigavam, um usando uma espada de bronze celestial e o outro uma lança feita de algum tipo de ouro, não consegui identificar qual. Eles lutavam de modos diferentes, mas antes que aparecesse um vencedor, Quíron os separou.

Até onde eu consegui entender, o menino da lança que tinha começado a luta. Ele era um pouco maior, talvez mais velho, que o outro garoto, mas havia ainda algo mais... Só então pude perceber que havia dezenas de outros garotos iguais a ele. Todos igualmente grandes, com cortes de cabelo estilo militar, feições rigorosas e quase malvadas. Até as meninas de algum modo pareciam diferentes das outras. Eles não se misturavam muito nem conversavam com os jovens do outro "grupo". Não pareciam nem gregos, mesmo se tivessem vindo de Esparta! Eram sérios demais, disciplinados demais, brutos demais.

O menino da lança sorriu vitorioso sobre o outro, um sorriso maldoso, cheio de intenções. Lembro-me de ter olhado nos olhos dele e ter pensado em uma coisa, guerra. Cerrei os punhos, todos eles me lembravam os filhos de Ares, sempre se vangloriando e menosprezando os outros. Enquanto ele dava as costas para  o grego, a imagem mudou, transformando-se em cenas de guerras onde muitos morriam. Acordei com uma voz gritando em minha cabeça, Nascidos da Guerra.

Na noite seguinte sonhei com o Monte Tam, mas não eram lembranças minhas. Foi nessa noite que eu identifiquei a primeira das vozes, a voz de Cronos. Acontecia uma guerra na montanha. A voz de Cronos era fria como uma lâmina, enlouquecia os meus pensamentos, mas apesar de ouvi-la, Cronos não estava lá. Se eu estivesse certo, a guerra deveria se passar ao mesmo tempo da Guerra Titã. A nova Guerra Titã.

Chovia no campo de batalha, os guerreiros gritavam e atacavam os titãs com todas as suas forças. Sangue vermelho e dourado se misturavam com as gotas d'água que caiam. E havia um menino. Ele era alto e forte. Tinha uma expressão dura no rosto, como se não aceitasse a morte de tantos amigos, e quisesse vingança por isso. O garoto foi o primeiro a invadir a Base Titã, seus cabelos louros brilhavam com eletricidade conforme a chuva caía. Alguém o aguardava dentro do templo. Um homem grande e forte, vestia uma armadura dourada e produzia uma aura de poder incrível, mas assustadora. Crios, o titã. O nome saltou em minha cabeça. Embora ferido, o menino o encarou. Ele em nada era parecido comigo, no entanto... Algo nele lembrava a mim. Eu via a dor em seus olhos, o sofrimento de sua alma. Como se tivesse esperado por esse momento a sua vida inteira, mas não se orgulhava disso. Este era o dia prometido para a sua morte, a sua Grande Profecia.

A luta começou. Cada vez que suas espadas se chocavam, voavam faíscas, que refletiam infinitamente no mármore escuro do templo. Não pude deixar de notar a aura de poder em torno do garoto. Ele era muito rápido, muito forte, mas não parecia imortal como eu. Ele surpreendia o titã com golpes que eu nunca vira em nenhum dos meus treinamentos, mas a aura parecia servir somente como uma proteção, a benção e a guarda de um deus.

A batalha seguia-se longa e ferozmente, mas quando acabou mal pude acreditar em meus olhos. O titã caiu, enquanto o menino olhava-o com ódio. Ele vencera com as próprias mãos um dos líderes titãs, e quando o imortal começou a se dissolver em ouro, um trovão cortou o céu com um grande barulho, em sinal de vitória.

O menino pousou os olhos em mim, e quando nossos olhares se encontram, senti dor. Nada fazia sentido! Aquilo era impossível, a guerra era em Nova York. Quem eram todos aqueles guerreiros, e quem era aquele garoto. O menino foi se aproximando com um olhar selvagem. E antes que eu pudesse fazer qualquer movimento, ele me atacou. Acordei com o barulho da montanha ruindo e uma voz, que não era a de Cronos, gritando em minha mente e bagunçando os meus pensamentos. O filho do trovão.

Contei tudo a Annabeth, menos os detalhes dos dois primeiros sonhos. Não queria assustá-la, pelo menos não antes de encontrar algumas respostas às minhas perguntas. Contei das vozes que ouvia e das cenas de guerra, mas não citei o Monte Tam e nem a grande diferença entre os dois grupos de semideuses. Parecia algo importante, mas uma terceira voz falou em minha cabeça, mais doce, mais calma, mas não menos poderosa. A única coisa que eu contei detalhadamente foi o último sonho, ele era o que mais me assustava. Não sei por quê. Ele não continha cenas de guerra e nem semideuses desconhecidos. Mas o simples fato de eu perder Annabeth e ver todas as minhas lembranças se desmancharem em nada me perturbava.

Quando terminei, Annabeth não parecia completamente convencida.

- Não sei, Percy. Isso tudo não faz o menor sentido. Tem certeza que me contou todos os detalhes?

Quis abrir o jogo, tive vontade de gritar e xingar em grego todos os deuses que não me deixavam em paz. Mas me controlei.

- Tenho. - falei, triste - Também não sei o que significam, mas fiquei preocupado com você.

Ela soltou uma fraca risada.

- Eu gosto disso. Sempre me preocupei com você, Cabeça de Alga - não pude deixar de sorrir, mas ela logo retomou ao assunto - Talvez eles não signifiquem nada. A guerra não poderia ser no Monte Tam, Quíron nos confirmou que o templo caiu junto com a destruição de Cronos. Os dois primeiros sonhos poderiam ser memórias de outras pessoas, guerras antigas. Sempre houve desentendimentos no Acampamento Meio-Sangue e a guerra pode ter acontecido em outro lugar da antiguidade. Talvez o menino fosse um deus menor ou algo do tipo. Esse tipo de sonho já aconteceu com você antes.

Nem ela mesma parecia acreditar em suas palavras, ambos sabíamos que deveria ser algo mais. Mesmo que eu tivesse sonhado com a memória de outro herói deveria ter um propósito. Ela continuou.

- Quanto às vozes, Percy, eu realmente não sei. Talvez seja Cronos brincando com a sua mente, ou até mesmo a sua imaginação. O último sonho, - ela hesitou - o qual eu aparecia, talvez seja um simples pesadelo, um medo bobo, não precisa significar nada.

Nisso ela estava certa, esse era o sonho mais sem sentido de todos, não tinha nada em comum com os dois primeiros. Mas por mais que ela tentasse me convencer, eu tinha a sensação de que esse sonho era bem mais que um medo bobo. E ainda tinha aquela voz... Antes que eu falasse qualquer coisa, Annabeth falou, como se lesse meus pensamentos.

- A voz do último sonho também não deve ser nada, você nem ao menos entendia o que ela dizia. Percy, você de alguma forma está mias ligado aos heróis e outros mitos antigos do que outros semideuses, a Névoa pode misturar as coisas na sua cabeça, você sabe disso. Além disso, nenhumas das memórias parecem ter alguma ligação com a última Grande Profecia... - ela hesitou, mas disse por fim - não acho que tenhamos que nos preocupar.

Não, ela não estava segura de suas palavras, mas tinha razão sobre uma coisa: nada parecia estar conectado à Grande Profecia, o que me deixava ainda mais inseguro, pois se algo grande estivesse para acontecer teríamos sido avisados.

- E eu te garanto uma coisa, Cabeça de Alga: eu não vou a lugar nenhum. Espero que você também não.

- Não agora que eu sei o quanto eu tenho a perder. - falei, já me sentindo um pouco melhor, embora eu soubesse que Annabeth merecia ouvir toda a verdade. - Vai ver o último pesadelo era só saudade. Uma desculpa para que eu pudesse te ligar.

- Eu espero que não... Caso o contrário, vou torcer para que você tenha muitos outros.

Rimos um pouco, o que foi bom. Mas sabíamos que já era hora de desligar, e provavelmente não nos falaríamos por alguns dias.

- Sinto a sua falta.

- Eu também - ela respondeu triste.

- Você se lembra da sua promessa, certo? - respondi, sabendo que o nosso encontro poderia demorar algum tempo e talvez fosse até perigoso.

- Claro, Cabeça de Alga! Já lhe disse que eu nunca deixo de cumprir uma promessa, confie em mim. - ela disse, um pouco mais entusiasmada - se cuide, Percy, e me ligue se precisar. Vou adorar saber dos seus pesadelos ou te ajudar com a lição - brincou.

- Você bem que podia me ligar de vez em quando, se precisar de um semideus forte e bonito para te ajudar com as obras ou com o dever de... de... uh...

Ela soltou uma risada gostosa.

- Te amo, Percy. - ela disse, como última despedida.

- Também te amo, sabidinha.

Desligamos tristes. Quando saí da cozinha encontrei minha mãe e Paul, ambos com a expressão não muito melhor que a minha. Prometi explicar tudo com calma mais tarde, me sentia esgotado. Eles me ofereceram mais um dia e casa, sem escola. Mas o fato era o seguinte, as aulas já haviam começado há pouco tempo, mas eles acharam melhor eu descansar. Afinal, eu tinha passado por dias difíceis e por mais que tivesse um ponto imortal, também podia ser ferido, além de que essa aura de poder toda esgotava demais de mim. Eles achavam que eu necessitava de um repouso, um tempo para cair à ficha que eu ainda estava vivo, não havia morrido pelas garras de um titã louco que comia os seus bebês.

Tive que recusar a oferta. Já tinha passado tempo demais em casa, parte dos meus ferimentos já estavam curados, portanto poucos os notariam. Além disso, talvez eu só precisasse de outra coisa com a qual me irritar, e com sorte os pesadelos parariam.

Paul podia me dar uma carona, mas preferi ir andando, mesmo que eu perdesse o primeiro tempo. Precisava pensar um pouco, olhar a cidade, ver gente.

Pedi desculpas à minha mãe pela pancada e me despedi do, agora, Sr. Blofis e saí, torcendo em silêncio para que meu dia melhorasse. Assim que pisei para fora do edifício tive a sensação de estar sendo vigiado, então tive certeza de duas coisas. Primeira: foi um erro não ter voltado a dormir. Segunda: Não, esse dia não iria melhorar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Mas antes, gostaria de fazer um pequeno desabafo:
Estou tentando manter tudo muito próximo da realidade, tentando não alterar as coisas que o tio Rick escreveu e fazendo a história o mais fiel possível. Lamento somente que a fic tenha poucos leitores, portanto se realmente estiverem gostando contem a um amigo, RECOMENDEM a história, deixem REVIEWS com opiniões SINCERAS, para que eu possa agradá-los. Adoro saber que as minhas histórias estão sendo lidas, mostra que vocês se importam com o que eu escrevo e me motiva a escrever mais. Se eu não tiver muitos leitores (comentários, etc.), fico sem motivação, escrevo menos ou simplesmente não escrevo (não por maldade, mas por falta de ideia).
Além disso, eu já li o "The Son of Neptune" (O Filho de Netuno) que ainda não foi lançado em português. Vou fazer o possível para dar-lhes dicas e deixá-los mais curiosos para o segundo livro da série (que na minha opinião é melhor que o primeiro, TODOS ESTAVAMOS COM SAUDADES DO PERCY ;) ).
Minha única vontade é agradá-los e motivá-los a ler mais, mas não adianta fazer isso com poucos.
Mais uma vez, espero que tenham gostado do capítulo, e lembrem-se que eu vou ficar fora por uma semana, ou seja, uma semana sem PERCY kkk'. Dependendo da minha felicidade posso escrever mais ou menos capítulos na próxima....



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