Quando sai da sala, percebi que se tratava na verdade de uma tenda. Uma tenda no meio da floresta. Estava escuro, mas não era noite, as árvores faziam barulhos estranhos conforme o vento batia, não se podia ver o céu de onde eu estava, pois a copa das árvores o tapava. Só então prestei atenção na minha roupa, toda rasgada, e com galhos presos, não queria nem ver meus cabelos. O garoto chamou o cachorro, que atendia por Bob, um nome que não combina nada com ele. Olhei para o menino, ele estava usando uma blusa branca e uma calça jeans bem surrada. Tinha que fazer as perguntas que não me deixavam em paz, então comecei.

-Qual é seu nome?

Ele me olhou com desconfiança e respondeu secamente:

-Meu nome é Lorenzo, aqui na organização de me chamam de Lorry, como fui um dos primeiros a chegar, meu codinome é A3. – Ele respondeu aquilo como se tivesse decora exatamente o que falar no caso desta pergunta.

- Hum... Pensei que você fosse perguntar meu nome também... – Respondi sarcasticamente.

-Sei. – Ele pirragueou e disse sem paciência: - Seu nome é?

-Julieta- respondi sorrindo.

-Agora vamos Julieta, tenho que te levar até a cachoeira. – E saiu caminhando à frente.

-Posso fazer mais algumas perguntas?

-Não.- E foi andando, quase marchando, na minha frente.

Fizemos um percurso de quase 20 minutos em silêncio. Terreno íngreme, cheio de pedras, pequenos rios para pular... E árvores, muitas árvores.

De repente Lorry parou e deu um leve pulo para trás e sussurrou :

-Abaixe bem devagar.

Me abaixei mas não deixei de dar uma espiada, era uma cobra do tamanho de um carro! E do lado dela, um homem. Branco como mármore, nariz fino e cabelos brancos. Mas ele não era velho. Aparentava ter uns 25 anos, por aí.

Lorry começou a engatinhar e me chamou. Fui atrás dele com bastante medo.

Depois de quase uns 10 minutos caminhado me dei conta do cachorro, o Bob. Ele havia visto um esquilo e saiu atrás dele a um bom tempo. Lorry não ligou, então acho que ele conhece bem a floresta. Então ele disse:

-Pronto, chegamos à cachoeira.

Eu não via nada, até que ele tirou umas folhas de um tronco de árvore e sussurrou umas palavras , como uma senha. Depois desenhou alguma coisa com a ponta dos dedos. O tronco simplesmente se abriu e ele entrou me puxando junto, para o lugar mais lindo que eu já havia visto em toda a minha vida.