Olhei enjoada para a minha poção que virava uma gosma verde e melequenta. Talvez, ter optado por não comer nada no café da manhã não havia sido uma boa ideia. O meu estomago vazio e aquela visão linda estavam me deixando enjoada demais.

–Era para estar de que cor? – perguntei para Dafne ao meu lado.

A loira verificou em seu livro e suspirou.

–Rosa claro. – disse olhando com nojo para sua poção também.- A minha ficou rosa, mas está mais parecida com uma pasta, que com liquido como diz aqui... E a sua, Domi? – perguntou olhando de esquela para a minha.

–Olhe por si mesma e me diga a cor. – disse enojada.

Erik riu atrás de nós.

–Vocês querem ganhar a taça das casas como, senhoritas? – perguntou mostrando a poção dele exatamente como deveria estar a nossa.

Eu gemi baixinho.

–Como você vai tão bem em poções? – perguntei emburrada.

Erik deu de ombros e Nate mostrou a língua para nós duas.

–Estudando, Dominique, assim como todo ser humano faz. – disse me lançando o seu típico olhar paciente e doce.

Dafne olhou para mim e suspirou.

–Bom, vamos perder pontos... – cantarolou sem muito humor.

–Talvez não. – Rose disse se aproximando de nós duas e colocando algumas coisas estranhas, que eu deveria conhecer pelo menos, dentro dos nossos caldeirões.

Eu me mexi desconfortavelmente no meu assento e suspirei.

–Rose, eu sei que você quer ajudar, mas isso não é justo e...

–Polpe-me, Dominique. – ela me disse revirando os olhos azuis. Deu mais umas mexidas na nossa poção, colocou mais algumas esquisitices e sorriu triunfante. – Não precisa contar para ninguém, eu só quero aquela sua base francesa para mim. – disse dando uma piscadela e voltando para seu assento.

Dafne e eu olhamos para nosso caldeirão, arfando.

–Ela é extraordinariamente genial. – Dafne disse surpresa.

Eu assenti e no mesmo momento o professor Slughorn passou por nós duas, pronto para anotar o desastre eminente que sempre fomos.

–Vamos ver... – disse e eu imaginei o mesmo já desenhando um T em meu anuário. – Pelas cuecas de Merlin, isso é um milagre! – exclamou sorrindo. – Quem diria que a senhorita Weasley e Médici teriam êxito em uma poção tão formidável quanto essa. Nada menos que ótimo e... 50 pontos para a Lufa-lufa! – disse indo ver outro caldeirão.

Dafne tentou sorrir, mas assim como comigo, o sorriso não foi real.

–Isso foi trapaça. – ela me disse desconfortável. – E eu não estou me sentindo nada bem com isso. – completou se levantando e guardando seu material na mala.

Eu assenti. Muito menos eu.

*_*

O nosso ano, pelo menos os lufanos, tinham dois períodos vagos depois do almoço.

Depois de eu ter passado pelo banheiro, então, me direcionei aos jardins do colégio, já imaginando que meus amigos estariam lá.

–Que maravilhoso dia, Dominique. – Alvo disse, passando por mim sorridente e correndo para sua aula com a Corvinal nas estufas.

Revirei os olhos e corri para a turma que vestia vestes com detalhes amarelos em minha frente.

–Então, o que faremos? – perguntei sorridente, me sentando entre Dafne e Erik.

–Vamos te ensinar a ser uma apanhadora, Dominique. – ele disse calmo.

Senti meu mundo parar durante alguns segundos.

–Você vai fazer o que? – perguntei, minha voz saindo fina e esganiçada.

Erik sorriu.

–Vamos, só duas horas de treino. – disse me entregando uma roupa de ginastica e me levantando com a outra mão.

Nate deu uma piscadela para Dafne e me empurrando pelas costas, me escoltou até o vestiário feminino junto com o palhaço do Erik.

–Cinco minutos. – ele me disse, me empurrando pela porta.

Entrei irritada e olhei para a calça legging preta e a blusa amarela polo e de má vontade, vesti as duas peças, me olhando no espelho com certo receio.

Como eu já imaginava, eu estava enorme naqueles trajes. Eu podia ver as gorduras desnecessárias escondidas debaixo do tecido e aquilo me irritava demais.

Quantas dietas eu deveria fazer para me sentir satisfeita comigo mesma?

Lágrimas brotaram em meus olhos, mas eu as expulsei antes que borrasse a minha maquiagem. Não tinha problemas em chorar em público, mas se eu aparecesse com uma lágrima fora do lugar, todos os lufanos iriam se mobilizar para saber o que acontecia. E eu não poderia contar, aquilo era meu segredo.

–Dominique, já se vestiu? – Erik perguntou na porta do banheiro.

Eu amarrei meus fios em um rabo alto e sai do banheiro, tentando esconder minha banha dos meninos.

–Wow, Dominique, se eu soubesse que você ficaria tão bonita assim nessas vestes, eu iria te dar uma destas de presente antes. – Erik comentou rindo.

Revirei os olhos.

–Me sinto uma baleia para a informação de vocês dois. – disse emburrada. – E estou me sentindo um ovo vestindo essa polo amarelo geme. Amarelo nunca foi minha cor. – acrescentei.

Os dois reviraram os olhos e Nate me entregou uma vassoura.

–É a Nimbus plus X (N/A: Inventei pessoal). A melhor da série, então tome muito cuidado com ela. – disse.

Assenti.

–Pode deixar, Nate. – respondi olhando para ela com receio. – E o que vamos fazer? – perguntei.

Erik suspirou.

–Apenas vamos ver se você consegue pegar o pomo. – disse com simplicidade, tirando de um pano um pomo e o mostrando a mim.

Arqueei a sobrancelha.

–E onde você pegou esse pomo, senhor Erik? – perguntei desconfiada.

–Madame Hooch me emprestou. – disse calmo. – Agora monte na vassoura que eu vou soltar o pomo. – disse apontando para a vassoura.

Obediente, montei na vassoura e esperei ele me dar o sinal para que eu pudesse subir. Com um impulso para frente, comecei a levantar voo lentamente, tentando me acostumar com o espaço que eu estava.

Subi mais um pouco e parei no mesmo nível dos arcos, vasculhando com meus olhos cada canto do campo.

Já havia se passado alguns minutos, em que eu questionava a minha sanidade por ter aceitado aquela loucura, quando captei um movimento sutil de algo dourado.

Rezando para que fosse o pomo, voei naquela direção o mais rápido possível, conseguindo, a cada metro que chegava mais próximo, ver a coisinha. Estiquei minha mão quando estava á centímetros do pomo, quando ele desviou e desceu rapidamente para a direção contrária.

Bufei e jurando para mim mesma que eu iria pegar ele, mudei de direção, perseguindo-o mais rápido ainda, tentando acompanhar os ziguezagues que ele fazia.

Era incrível, mas eu não sabia que conseguia ter um olhar tão bom assim. Eu simplesmente consegui acompanhar cada movimento dele com facilidade e aparentemente meu corpo também.

Minhas mãos se aproximaram dele e antes que ele fugisse, fechei-as ao seu redor. Senti suas asinhas tentando brigar contra meus dedos, mas cravei de leve minhas unhas na mão, formando uma cela para que o pomo não escapasse.

Eufórica, desci e mostrei o pomo para Erik.

–Dez minutos. – ele exclamou feliz. – Você é perfeita, Dominique. Não vamos dizer a ninguém que é a nova apanhadora, quem sabe a surpresa não nós ajude? – disse pegando o pomo da minha mão e murmurando algum feitiço para o pomo.

Olhei confusa para ele.

–Oras, temos mais 90 minutos, então pode voltar a treinar. – disse soltando o pomo no ar.

Eu gemi e voltei a tarefa. Não adiantaria chorar para não fazer parte do time, eles iriam me obrigar mesmo.

Proximo capítulo: Teaser.

–Se algum dia quiser falar o motivo de seu choro, eu estou disposto a escutar, ruiva. – disse.

Eu sorri e tentei me soltar de seu aperto, mas ele não me soltou.

–E Dominique, você não é uma perdedora. – acrescentou, passando por mim rapidamente e sumindo pelo corredor