-Pessoal, eu sei que acabamos de voltar das festas do final do ano, mas temos que treinar mais do que nunca... – Erik começou a falar e engolindo minha vontade de chutar sua cabeça e fazer ele sangrar até a morte, continuei sentada no gramado do campo de Quadribol, junto com os outros jogadores.

Nate suspirou.

-Erik tem razão, nós precisamos nos focar, temos um plano de ganhar a taça das casas e o quadribol. Vamos dar nosso sangue esse mês, temos um jogo semana que vem contra a Corvinal e pelo amor de Merlin, precisamos ganha-lo. Já perdemos a da Sonserina, se perdemos esse, a chance de ganhar acaba...

Algumas pessoas assentiram desanimadas e eu, vendo aquilo, decidi que era hora de anunciar nossa salvação.

Com confiança, me levantei da grama e olhei para todos meus amigos e amigas.

-Eu acho que eu encontrei uma coisa que pode nos ajudar. – disse, tirando do bolso algumas das pílulas que ganhara na academia, antes do ano novo. Eu andara testando a eficiência dela comigo mesmo, e apesar dela praticamente corroer meu estomago e me fazer vomitar mais sangue que o comum, a eficiência dos meus movimentos, a rapidez e até minha força tinham aumentado.

Nate olhou para as capsulas sem entender minha afirmação.

-Para que serve isso, Dominique? – ele perguntou curioso.

Sorri.

-São umas capsulas trouxas que eu consegui na academia da minha irmã. Elas aumentam nosso desempenho físico, a agilidade, a força, a concentração... Eu mesma testei e melhorei tanto meus movimentos na vassoura que posso pegar o pomo até da Lily agora.

Erik olhou desconfiado para aquilo e depois para mim. Desviei o olhar e voltei a encarar o time.

Nate sorriu.

-Se você está dizendo que vai nos ajudar, eu tomo quantos quiser, Dominique.

-Tem certeza que isso funciona, Domi? – Erik me perguntou.

Suspirei e assenti, recebendo o olhar de “relaxa” do Nate.

-Tenho, Erik. Eu não costumo esconder fatos ou mentir para meus amigos... – comentei.

Os olhos de Erik pareceram ficar mais tristes, mas eu ignorei, me virando para Nate e entregando as pílulas.

-Distribua para o pessoal. Vamos treinar com elas e jogar também. Tenho o suficiente para o resto no ano letivo.

Nate assentiu o começou a distribuir.

Nós iriamos ganhar esse torneio agora, ou ninguém mais ganharia.

*_*

-... então o idiota do Nott me deixou sozinho na sala de poções. Eu juro que eu vou matar aquele bastardo que... Dominique, você está me escutando? – Scorpius perguntou um pouco irritado.

Balancei a cabeça e fitei novamente seus olhos acinzentados. Eu estava me sentindo ligeiramente zonza, enquanto meus estomago queimava e a vontade de vomitar ameaçava voltar. Eu já tinha perdido tanto sangue no dia, que eu suspeitava estar anêmica.

-Desculpa, Scorp. Eu estou me sentindo um pouco estranha hoje, acho que foi o treino de quadribol. – expliquei, encostando-me melhor em seu ombro.

Ele suspirou.

-Não quero que você acabe doente por causa do quadribol, Dominique. – ele disse em um tom ligeiramente preocupado. – Você não acha que esta se cobrando demais?

Neguei com a cabeça.

-Estou perfeitamente bem e normal, apenas um pouco cansada. – afirmei, sorrindo.

Scorpius me analisou seriamente, procurando traços de mentira em minhas feições. A sorte era que eu era uma ótima atriz.

-Vou acreditar em você, mas...

-Discussão de casais em publico não é recomendável para o começo de namoro, Malfoy. – Dafne disse com uma voz brincalhona.

Scorpius revirou os olhos e tirou as pernas do banco do jardim, para que Dafne pudesse se sentar junto com Nate.

-Encontro de casais também não, cara Medici. – ele respondeu divertido.

Nate riu e abraçou Dafne pela cintura. Sem poder conter, acabei sorrindo, imaginando o quão bonito deveria estar, dois casais sentados nos bancos gelados do jardim, enquanto o por do sol brilhava atrás de nós, iluminando a neve.

-Vocês poderiam fingir se dar bem perto de mim, sabia? – sugeri com sarcasmo.

Nate e Dafne riram e se levantaram. Dafne parou ao meu lado e com um empurrão, me jogou na neve, se ajoelhando ao meu lado e me fazendo cócegas. Nate fez o mesmo e quando eu vi, até Scorpius estava me massacrando e jogando bolinhas de neve em nós. Com um salto, eu me livrei deles e peguei um pouco de neve do chão, mirando no ombro de Dafne. Quando percebemos, estávamos em uma guerra de bolinhas de neve, onde eu e o Scorpius estávamos tentando ganhar dos dois.

Já estava começando a me sentir ofegando e novamente tonta, quando senti outra bolinha me acertar, desta vez do lado oposto ao de Nate e Dafne. Com desconfiança, olhei para trás e recebi mais das bolinhas na cabeça.

-Beleza, se eu puder acabar com a cara desse Malfoy, eu vou ficar feliz demais... – escutei James gritar, antes que ele e Lily entrassem no meu campo de visão.

Scorpius bufou e tentou acertar eles, sem muito sucesso.

-Vou matar seus primos, Dominique. – ele disse com a voz de quem estava se divertindo.

Dei de ombros, tentando me defender da bolinha de Lily, que vinha na minha direção.

-Ei, de apanhadora para apanhadora não vale. – gritei para ela e no mesmo momento outra bolinha me atingiu, desta vez do Scorpius.

Olhei para ele incrédula.

-Seu traidor, como ousa me atingir? – perguntei e tentei acertar ele com outra bolinha, mas não conseguindo, soltei um gritinho de raiva.

Scorpius riu da minha situação e se aproximou, amassando mais neve no meu cabelo e depois depositando um beijo no meu pescoço.

-Digamos que foi porque eu não recebi sua devida atenção antes... – disse brincalhão.

Ri baixinho e senti Scorpius me segurar pela cintura.

-Acho que James já esta me aceitando, sabia? – ele sussurrou em meu ouvido.

Ri baixinho.

-Quem tem que te aceitar sou eu... E meus pais, mas minha mãe adora a sua mãe, então ela te salva se meu pai tentar te matar. – respondi rindo.

Scorpius riu junto e com simplicidade, me ergueu pela cintura, começando a me girar gostosamente no ar.

-Ei, e a guerra de bolinhas de neve? – James questionou fingindo confusão.

Scorpius parou de me girar e encarou James.

-Vai arranjar uma namorada, Potter. – ele comentou rindo.

James revirou os olhos e correu em nossa direção, se jogando em cima de mim e chamando os outros para fazer o mesmo. Gargalhando, senti Nate e Dafne se jogarem logo depois, enquanto Lily analisava a situação de fora.

Pelo canto do olho, enquanto eu gemia para eles saírem de perto, vi Rose observar aquela cena há alguns metros de distancia com o olhar triste, como se quisesse estar no meio daquela bagunça.

Na verdade, ela queria estar, mas seus erros a afastaram das pessoas.

Olhei novamente para ela, mas antes que pudesse chegar a uma conclusão, Lily decidiu pular em cima também, e eu finalmente perdi todo o fluxo de pensamentos, não conseguindo parar de rir.

Parecia que esse ano tinha começado bem.