Saco de Pancadas escrita por slytherina


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Pube e Root não têm sorte no amor.



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_Mãe, como a senhora tá?

_Bem meu filho, e você querido, como tem ido na escola?

_O mesmo de sempre. Não se preocupe, o diretor não virá aqui em casa pra falar do meu péssimo comportamento.

_Certo. Querido, eu vou ter que sair agora. Irei à igreja. Avise a seu pai quando ele chegar, que a comida está no forno.

_Certo mãe. Reze por mim também mãe.

          A mãe de Root havia melhorado da overdose de remédios que tomara. Estava se consultando com um psiquiatra e agora dera para freqüentar um templo evangélico. O pai de Root continuava o mesmo. Toda noite ao chegar em casa, enchia a cara e ia para o quintal atirar no céu. No dia seguinte ia trabalhar na delegacia de polícia local. Freqüentemente quando Root menos esperava, seu pai estava com a mão no seu pescoço e cobrindo-o de pancada, por motivo nenhum.

          Root já estava acostumado. Sabia que se seu pai não o espancasse todo santo dia, era porque não era seu pai, mas um maldito clone assumindo o lugar dele. Aceitara o fato de que tinha um pai doido, que sempre o trataria violenta e impunemente. Root só tinha que sobreviver.

          Seu melhor amigo Pube passou uns dias sem lhe dirigir a palavra, após tê-lo flagrado com sua irmã. Mas como esta era uns dez anos mais velha que Root, ele achou que ela sabia se cuidar, e não se meteu mais na vida dela. Sorte de Root que já estava com saudades do amigo. Quanto a Catherine, bem... Pode se dizer que Root estava mandando ver.

          Na escola o novo diretor tentava pegar no seu pé, mas ele não dava motivo. McMurttie e sua gang viviam procurando cercá-lo, e salvo algumas exceções, Root conseguia se safar dessas encrencas. A gang de mexicanos é que estava pegando pesado. Root começava a correr toda a vez que os via. Eles gostavam de feri-lo com estilete.

          A deusa brasileira infelizmente não estudava na mesma sala de Root, senão ele teria se aventurado a tirar uma palhinha com ela. Pra falar a verdade Root estava se achando o tal, desde que iniciara o relacionamento com Catherine. Ela por assim dizer lhe tirara o atraso.

 

 

 

          _Ah cara, tou mal.

          _Que foi Pube?

          _Tem ... Ah ... Uma pessoa com quem eu tou ... Você sabe, tendo um caso. Bem, essa pessoa me disse que quer dar um tempo. Acha que o que houve entre a gente foi mal interpretado ... Mal interpretado o cacete. Oh, merda.

          _Pube?

          _Hã?

          _Tem alguma coisa que você queira me contar?

          _Uh, cara. Eu tou sofrendo pra caralho.

          E nisso Pube apoiou o rosto no ombro de Root e desatou a chorar. Root deduziu que Pube havia rompido com seu namorado, mas como Pube ainda não havia saído do armário, não havia nada que Root pudesse comentar.

          Nas vezes em que Root não estava com Catherine, ele fazia companhia a Pube. Seu amigo ainda estava muito deprimido e só relaxava quando fumava erva. Root lhe fazia companhia.

          Uma vez ao chegar em casa, seu pai ainda não estava suficientemente bêbado no quintal e pediu-lhe uma embalagem de seis latinhas de cerveja. Ao entregá-la ao pai seu tormento começou.

          _O que é isso?

          _Isso o que, pai?

          _A sua blusa seu desgraçado.

          _Que tem a minha blusa pai?

          Seu pai já havia levantado e já se aproximava ameaçadoramente. Root já estava dando alguns passos para trás, mas seu pai foi mais rápido e o agarrou pelo pescoço.

          _Esses furinhos na sua blusa, seu filho de uma égua. Eu já prendi muito maconheiro sem vergonha nessa cidade, para saber quando eles furam as próprias blusas, de tão trêmulos que ficam.

          Nisso seu pai lhe deu um soco que o atirou no chão. Root já sabia o que vinha a seguir. Ficou de joelhos com o corpo curvado para frente protegendo o rosto.

          _Toma seu desgraçado. Você deveria se lembrar do nome que usa. Seu nome é Root. Não é para você emporcalhá-lo fumando maconha, seu filho de uma vaca, toma.

          _Não tem como eu esquecer qual é meu nome. Eu apanho todo dia na escola por causa dele. Eu preferia ter outro nome.

          _O que disse seu ingrato? Toma, pra aprender a me respeitar, seu mal educado, toma.

          Root resolveu ficar quieto, enquanto seu pai o surrava com o cinto.

          No dia seguinte, com o corpo coberto com hematomas, Root foi pra escola, esperando encontrar Pube. Só que o amigo não foi pra aula. Ele o procurou em sua casa. Encontrou-o trêmulo e alucinado. Não conseguiram conversar direito por causa do estado alterado do amigo. Root ainda pensou em acompanhá-lo na "viagem", mas a surra que o pai lhe dera ainda estava na sua memória. Após algum tempo, ele voltou pra casa. Fez questão de voltar tarde da noite, quando sabia que seu pai já estava apagado pela bebedeira.

 

 

 

          _Catherine, por que não podemos ficar juntos hoje?

          _Root você tá mesmo mal acostumado, hein?

          _Eu fiz alguma coisa errada?

          _Não neném, você não fez nada errado. Eu é que me confundi toda.

          _O que você quer dizer com isso?

          _Bem, antes de eu voltar para casa de minha tia, aqui com Pube, eu morava em Washington com meu namorado. A gente tava feliz, fazíamos planos de comprar uma propriedade juntos. Aí por causa de um mal entendido besta, nós brigamos. Ele foi pro canto dele e eu voltei pra cá.

          _Peraí, por que cê tá me contando isso? O que esse cara tem haver com a gente?

          _Ele me procurou Root, se arrependeu de ter brigado comigo. Ele pensou melhor e descobriu que ainda me ama.

          _Ele que vá catar coquinhos. Você não tá mais a fim dele, pois você está comigo agora.

          _Aí é que tá o problema Root. Eu ainda amo o Ben. Eu pensei que tinha me esquecido dele, mas... Certas coisas não se acabam do dia pra noite.

          _O que cê tá me dizendo, Catherine? Cê tá dizendo que nós dois acabamos?

          _Infelizmente é assim gatinho. Eu fiz questão de ser honesta com você e não esconder nada. Não há mais futuro pra nós Root.

          _Como não tem futuro? A gente tava na boa, você gosta de mim, eu gosto de você, esse cara não tem nada haver...

          _Root, Root entenda. Ele tem a minha idade, tem a mesma cabeça que eu, a gente tem mais coisas em comum. Você ainda vai encontrar uma menina de quem você goste, da sua idade, que tenha os mesmos gostos que você. De todas as pessoas que eu conheço, você é o que mais merece ser feliz. Só que não é comigo.

          Root colocou as mãos na cabeça e deu dois passos para trás. Ele estava odiando Catherine pelo que ela estava fazendo. Queria dizer umas coisas feias pra ela, mas suspeitava que isso não iria feri-la nem a metade do que ela estava fazendo com ele. Ele abriu a boca pra reclamar mas não saiu som nenhum. Então Root saiu apressadamente da casa de Catherine, sem olhar direito pra onde ia. Quanto mais longe ele pudesse ficar dela, melhor.

          Se ele tivesse prestado atenção, teria visto McMurttie e sua gang do outro lado da rua. Teria começado a correr nessa hora e com sorte, seu pai lhe daria uma trégua aquela noite. Infelizmente as coisas não são como a gente quer ou merece.

         

 

 

Fim do capítulo

 

 


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Notas finais do capítulo

A seqüência dos furinhos na blusa é uma referência a uma cena igual na HQ.



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