Saco de Pancadas escrita por slytherina


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Encerro a fic com esse capítulo. Se eu a continuasse ia ficar por demais "out of character". Gostei muito de tê-la escrito.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/19047/chapter/5

Root estava andando imerso em seus pensamentos, e não percebeu quando a gang de McMurttie se aproximou, a não ser quando já era tarde demais. _Olá Root! Saudades nossas? Um dos asseclas de McMurttie deu-lhe um chute no traseiro, fazendo-o cair no chão. Root reconheceu a voz, mesmo assim levantou os olhos para encará-los. _Mau dia pra você, perdedor. O outro capanga de McMurttie cuspiu-lhe na cara. _Você pensou que nós tínhamos nos esquecido de você, almofadinha? Este era o próprio McMurttie que havia se agachado para aproximar bem o rosto da cara de Root. Ele então agarrou os cabelos de Root por trás e bateu a cara dele na calçada. Uma, duas, três vezes. O rosto de Root já estava sangrando da primeira vez. Haviam quebrado-lhe o nariz e sua sobrancelha sangravam. _Isto é pelo seu pai, que nos prendeu porque puxamos um fuminho. Um dos capangas deu um pisão nas costelas de Root. _Isto é pela sua mãe, que meu pai e os amigos dele comeram e disseram que não passava de uma vaca. O outro sabujo de McMurttie deu um pisão em uma das pernas de Root. _E isto é pelo seu amigo viadinho, que nós enrabamos outro dia. O próprio McMurttie deu um pisão na cabeça de Root que bateu com a fronte na calçada, fazendo com que desmaiasse e um grande corte aparecesse, esguichando sangue longe. Ao verem os olhos parados de Root, que não se mexia mais, os agressores ficaram irritados e apreensivos. _Ih cara, agora o bicho pegou. _Esse maricão tinha que apagar logo agora. _Vocês acham que ele...? _Acho melhor a gente se mandar velho. _É mesmo. Rapa. Os rapazes então se afastaram rapidamente, com as mãos nos bolsos e as cabeças baixas. Uma mulher de meia idade que assistira a tudo de dentro de uma loja pegou o telefone e chamou o xerife e o SOS. Mais tarde ao prestar depoimento para o assistente do xerife, disse que nunca tinha visto os agressores, o que era uma mentira. O pai de Root até que entendia porque seu filho havia sido espancado, mas achava que a índole frágil do filho é que era culpada. Achava que se seu filho fosse um legítimo redneck, ele teria imposto respeito na escola há muito tempo. Na verdade ele preferiria que McMurttie fosse seu filho. _Oi velho! Cê tá bem? Pube olhava pra Root com aqueles grandes olhos de ovelha. Parecia aliviado e por pouco Root achou que ele fosse chorar. Mas Pube era duro na queda. Rápido vestiu sua máscara de grunge hardcore. Olhou cinicamente para Root. _Que foi isso meu irmão? Te pegaram pulando a cerca? _McMurttie, velho. _Aquele filho da puta! Um dia eu ainda quebro a cara dele. _Não vale a pena. O melhor que a gente faz é crescer e ir trabalhar num centro civilizado. _E se nesse centro civilizado houver outro McMurttie? Pra onde a gente vai fugir? Pra lua? _Ou isso ou a gente aprende krav magá, velho. _Luta? Eu prefiro uma escopeta. _Cê ia acabar preso. E sabe quem você ia encontrar na cadeia? 3.000 McMurtties com suas próprias gangs, todos enjaulados e com sede no seu sangue. _Aí ia ser rabo. _Isso mesmo. Rabo. _Vamos mudar de assunto. _Certo. _Cara, lembra daquela pessoa que eu te contei? Root lembrou-se do namorado que Pube não assumia porque também não assumia que era gay. _Sei, aquela pessoa que tu ama. _Pois é nós reatamos e... Bem, tamo numa boa. _Que bom Pube, que bom pra você. _É. Eu fiquei um pouco balançado quando... Essa pessoa resolveu dar um tempo. Mas agora nós voltamos com tudo e recuperamos o tempo perdido. Ao dizer isso Pube ficou vermelho. Root deu um meio sorriso compreensivo. Foi quando ele se lembrou de Catherine. Não pôde evitar fazer uma cara feia. _Pube, eu e Catherine... Nós... _Eu sei. Ela já me contou. Eu sinto muito velho. Eu não sabia que tinha uma irmã babaca filha da puta. _Não xingue ela assim velho. _Tudo bem. Mas eu não concordo com o que ela fez contigo. _Eu também não, mas já chega. Não quero mais ficar remoendo isso. _Falou. Root recebeu alta do Pronto Socorro e voltou para casa. Estava com a cara toda costurada e tinha uma prótese sobre o nariz. Além do inchaço e roxidão que cobriam toda sua face. Ao chegar lá encontrou sua mãe um tanto diferente, para melhor, mas de um jeito que o deixava desconcertado. Ela estava usando um body que apertava suas carnes, deixando-a mais magra e de cintura. Estava com os cabelos brilhantes e bem penteados. Usava uma maquiagem bem feita, que a deixava mais moça. O vestido que usava era bonito e a deixava muito elegante. Root tinha certeza que nunca a vira antes com ele. Ela estava radiante, não obstante a expressão consternada quando o viu. _Oh, meu filho! O que fizeram com você? _Nada que já não tenham feito antes mãe. Só que dessa vez eu fui parar no Pronto Socorro. Mas está tudo bem mãe. O médico disse que nada de grave aconteceu. Mãe a senhora tá linda. Vai sair? _Vou querido. Tem uma cerimônia ecumênica hoje na igreja. Eu gostaria muito de ficar em casa com você, mas sou eu que estou organizando tudo e não posso deixar o pastor na mão. Você entende não filho? _Claro mãe, se é pra ver a senhora bonita e feliz desse jeito, eu faço o maior empenho que a senhora vá. Eu não gosto de vê-la sofrendo mãe. Sua mãe não lhe respondeu. Apenas lhe abraçou com cuidado e deu-lhe um beijo estalado na bochecha. A seguir saiu sorrindo e dando tchauzinho. Root ficou parado no meio da cozinha, com os braços pendendo do lado do corpo. Ele ficou olhando para a porta de saída por um longo tempo. Então resolveu procurar alguma coisa para comer. Seu pai chegou mais tarde. Olhou para Root com desgosto, como se ele tivesse com as calças borradas, então serviu-se da sua cerveja em silêncio. Pegou sua escopeta e saiu para o quintal. Root quis lhe falar da mãe, do quanto ela estava bonita e feliz, mas esperou que o pai perguntasse por ela. Isso não aconteceu. Root resolveu não puxar assunto com seu pai, mas achou estranho seu pai parecer deprimido quando sua mãe parecia tão feliz. Quando deu por si estava diante de seu pai no quintal, com a boca ardendo de vontade de lhe falar. _Pai, você parece triste. Aconteceu alguma coisa? Seu pai estava esvaziando uma latinha. Olhou para Root e esmigalhou a latinha com uma das mãos, enquanto segurava o olhar do filho. _O que quer que tenha acontecido, não é da sua conta, ainda. _Você e a mãe tão bem? O pai de Root parecia soltar fogo pelos olhos. Por um instante, Root achou que seu pai fosse disparar sua escopeta contra ele. Em vez disso baixou os olhos e pegou outra latinha. Pela primeira vez na vida, Root teve pena de seu pai. Lembrou-se de ter comparado seu pai a um clone caso ele deixasse de espancá-lo sem motivo. Nesse momento percebia que seu pai não era um clone, mas um homem sofrendo. Teve vontade de colocar a mão no ombro do pai, como ele faria com Pube, mas temia a reação de seu pai. Então resolveu fazer a coisa mais idiota do mundo. Na verdade já estava arrependido, antes mesmo de abrir a boca. _Haja o que houver pai, eu vou ficar do seu lado. Seu pai deu-lhe um olhar de desprezo, seguido de um olhar melancólico. Então pegou uma das latinhas e entregou-a a ele. Root abriu a latinha e tomou-a ao lado do pai. Fim

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nas respostas que eu dou aos reviews, eu conto o destino de Root e de Pube. Não vou repetir isso aqui. Digo apenas que num universo alternativo, Pube seria uma estrela grunge do rock e Root seria um homem de bem, talvez sucedendo ao pai no cargo de xerife da cidade, só que mais justo e menos violento.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Saco de Pancadas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.