Saco de Pancadas escrita por slytherina


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Pediram-me que continuasse a história de Root, antes de ele tornar-se arseface. Eis o que eu consegui.



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          _Eu já disse que não vou. Ninguém diz ao xerife Hugo Root o que ele deve ou não fazer.

          _Mas é o seu futuro profissional. Você poderá pedir um aumento ou quem sabe conseguir uma promoção.

          _Cala boca mulher. Quem decide o que eu faço da minha vida sou eu. Você não apita nada aqui, nada.

          _Tá, eu sei que eu não apito nada aqui. Eu tou com dor de cabeça... Vou me deitar.

          Ultimamente os pais de Root brigavam todo santo dia. A discussão sempre acabava com a mãe de Root apelando para remédios e se retirando para o quarto. Root não intervinha nisso. Aprendera a ficar calado e sair da linha de frente. Como dizem por aí: essa era uma briga de cachorro grande. Se a briga fosse com Root ele já estaria no chão sendo espancado de cinto pelo pai. Certas coisas nunca mudam.

          Um dia Root chegou a casa mais cedo e resolveu ir tomar água. Ao chegar à cozinha, encontrou sua mãe sentada na cadeira defronte à mesa, tendo a sua frente um monte de frascos de remédio que ela estava esvaziando em uma tigela.

          _Mãe que é isso? _Hein filho? Eu... Han... Tou com dor de cabeça.

          _Só precisa de um comprimido desses mãe. Dessa forma a senhora vai bater as botas. Tem remédio demais aí.

          _Ah, é. Tem razão. Onde eu tava com a cabeça? Vou tomar só um, viu? O resto eu vou botar de volta no frasco, viu?

          _Tá bom mãe. Vê se presta mais atenção, tá?

          _Certo, eu... Vou me deitar um pouco.

          Root ficou preocupado com a mãe. Achou que ela estivesse ficando gagá. O pai de Root, esse ele tinha certeza, era completamente pinel. À noite, quando todos estavam dormindo, o velho dele ia para o quintal com um pacote de latinhas de cerveja, sua espingarda e sua paranóia. Enchia a cara e ficava discutindo com o céu. Via homenzinhos nas nuvens.

          _Desçam aqui, seus marcianos de uma figa.

          Ele então dava tiros para o céu, até capotar totalmente bêbado e louco.

          Na escola as coisas continuavam as mesmas para Root. As meninas ainda o esnobavam, porque ele não era atleta, nem cdf, nem maneiro. Além disso, ele era o bobão do filho do xerife. O saco de pancadas local. Não admira ninguém o respeitar. A não ser Pube, seu melhor amigo, que vivia chamando-o de bichinha.

          _E aí véio? Teu pai te deu uma dura?

          _Foi. Ele nem sabe mais porque me bate. Já virou hábito.

          _Aí, tu devia se impor. Chegar com ele e dizer: Não sou seu saco de pancadas, entendeu véio?

          _É. Falar é fácil, porque não é teu pai. Tu nem tem pai, Pube.

          _Aí tu pegou pesado véio. Não tenho pai, mas não arrego pra ninguém tá?

          _Tá, tá, tá certo. Eu não quero discutir.

          _Esse é teu mal. Tu amarela direto. Não tem culhões. Cê devia se mirar no Kurt Cobain, cara. Ele não amarela nem pros home da lei.

          _Sei. Você e seu caso de amor com Kurt Cobain.

          _O que tu falou aí bichinha? Repete se tu tiver culhão.

          _Nada não Pube. Desculpa aí véio, foi mal.

          _Tu é uma bichinha muito fudida, seu corno. E ainda acha que é meu amigo. Não quero mais papo contigo. Fui.

          _Peraí Pube, desculpa cara... Pube!

          Pube virou-se apenas para mostrar-lhe um gesto obsceno com o dedo médio.

          É, Root não tinha sorte. Até seus amigos ficavam injuriados com ele. Root então resolveu ir até seu armário escolar pegar um livro. No meio do caminho ele viu a coisa mais maravilhosa do mundo. Ela era loira, alta, magra e tinha a cara da Pam Anderson antes de "SOS Malibu". Era uma deusa.

          Root ficou lá estático, babando. Aí a deusa virou-se pra ele e deu tchauzinho com aquela mãozinha delicada. Quando Root deu tchauzinho de volta, um atleta apareceu do nada e agarrou a deusa pela cintura, dando-lhe um beijo cinematográfico. Root já estava acostumado com esses baldes de água fria na cabeça. Deu meia-volta e foi na outra direção.

          _É, ela era muita areia pro meu caminhãozinho. - matutou.

          Ao fazer a curva no final do corredor, Root foi pego de surpresa, com a segunda visão mais maravilhosa daquele dia. Logo adiante, dois atletas estavam dando uma dura em McMurttie. O filho da puta que vivia espancando Root a troco de nada. Os dois puxa sacos de McMurttie estavam lá quietinhos, encostados na parede, assistindo o líder deles levar porrada.

          Como seguro morreu de velho, Root deu meia-volta rapidinho e refez seu caminho em direção à deusa. Ela estava lá, solitária. O atleta garanhão deveria ter ido atrás do fornecedor de anabolizantes dele. Era um crime deixar aquela deusa dando sopa. Root aproximou-se já com seu sorriso bobão nº 43.

          _Oi!

          _Oi, gatinho. Tudo bem?

          _Agora tá tudo bem. Você é nova aqui, não?

          _Sou aluna de intercâmbio. Venho do Brasil.

          _Brasil? Já ouvi falar. Você é tudo o que já ouvi falar do Brasil.

          _É? O que você ouviu falar?

          _Ouvi dizer que as brasileiras tem uma bunda grande e que elas são muito fogosas e fáceis.

          O tapa veio antes que ele terminasse a frase. A deusa afastou-se rebolando o popozão, deixando Root confuso e apaixonado.

          _Eu acho que ela me ama.

          Quando Root mais tarde chegou a casa, encontrou-a vazia. O telefone tocou.

          _Alô!

          _Aqui quem fala é seu pai, seu imbecil. A idiota da sua mãe fez a merda de tomar uma quantidade absurda de remédio pra dor de cabeça. Agora os imbecis dos médicos tiveram que fazer a merda de uma lavagem no estômago, pra retirar os remédios de lá. Agora eu vou ter que perder meu tempo fazendo companhia pra idiota da sua mãe. Vê se não apronta na minha ausência, seu merdinha.

          _Sim pai. A mãe tá bem?

          Seu pai já havia desligado o telefone.

 

          

          Fim do capítulo

 


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Notas finais do capítulo

Manerei na violência física. O pai de Root é racista. Não quis colocar o discurso racista dele na minha fic.



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