Quatro anos depois

– Vamos minha querida. – a voz baixa do homem com cabelos cor de bronze que balançava o pequeno corpo da garotinha ecoava pela sala. – Papai tem que ir trabalhar. – sussurrou novamente. – Ou você quer que eu chegue atrasado novamente? – perguntou.

– Mas já papai? – perguntou a pequena Alih.

– Sim meu amor. – ele soltou um pesado suspiro. Odiava o fato de não ter conseguido um trabalho descente. Era praticamente insuportável ter que ir diariamente para aquele tenebroso ferro velho onde trabalhava como “mecânico”. O rapaz tinha uma aparecia nova, não devia passar dos vinte e cinco anos. Ele pegou a menina no colo e caminhou lentamente até o banheiro. – Vamos pequena, deixe a preguiça de lado. – ela riu baixinho ao ouvir as palavras do pai.

Edward tirou a roupa das meninas com agilidade e a mergulhou na banheira. Daqui a três horas teria que estar no trabalho e duas horas dessas seriam gastas em uma agência de modelos mirim. Ele respirou fundo. Havia chegado ao fim do posso definitivamente. Usar a filha para ganhar dinheiro não era lá uma boa ideia.

– Aonde vamos hoje? – perguntou a pequenina.

Alih já sabia de tudo isso, estava acostumada a ir diariamente em agencias diferentes até por fim encontrar essa.

– Lembra-se da tia Ângela? – Edward perguntou e Alih assentiu. – Hoje a gente vai ver a amiga dela, Isabella. – ele deu um meio sorriso enquanto passava o sabonete no corpo de Alih.

– Ela vai gostar de mim papai? – perguntou com os pequenos olhos verdes tomados pela curiosidade.

– Você lembra-se de alguém que não tenha gostado de você?

Alih não respondeu nada, apenas negou a cabeça pensativa.

[...]

– Isabella Marie Swan! – A voz da mulher morena com pele pálida pareceu despertar a mulher de olhos achocolatados de seus pensamentos.

Na verdade, de uns dias para cá era assim que a vida dela se resumia. Às vezes ela ficava várias e várias horas apenas pensando em como seu filho estaria hoje, em como sua família estaria agora se não tivesse sido interrompida por suas burrices constantes. Ela sentia falta de sua irmã, Alice. Possuía vontade de saber como ela estava, se tinha família. Pedir desculpas por ter feito de sua vida um inferno.

– O que quer? – perguntou ignorantemente e logo em seguida se arrependeu.

Ângela respirou fundo e se aproximou da amiga, ela já estava acostumada, afinal, eram praticamente irmãs, se conheciam desde da faculdade de moda. Ela era uma das únicas que sabiam de tudo da vida da pobre Isabella.

– Bella, você é a minha melhor amiga. – Ângela sentou-se ao meu lado. – Você não pode continuar assim, lembra-se do que o Aro disse? Viva.

– Ângela, você sabe que eu não consigo, eu juro que já tentei, mas simplesmente não posso. Não posso viver como se ele não houvesse existido. Ele era uma parte de mim.

Ângela encarou a morena a sua frente.

– Bella, você não tem culpa pelo que aconteceu com o Emmett. Você era nova, agiu sem pensar, mas idai?

– Posso não ter culpa pelo o que aconteceu com o Emmett, mas tenho culpa pelo o que aconteceu com meus pais. – ela falou rapidamente se levantando da cadeira e se dirigindo até à porta. – Vou dar uma saída, preciso de ar. – respirou fundo. – Cuida de tudo para mim?

– Você tem uma reunião às nove horas. – Ângela olhou para os lados. – Não se atrase.

– Não se atrás, não se atrase. – resmungou. – Essa é sua ladainha de sempre, precisa urgentemente mudar o disco, sabia? – Bella deu um riso baixo enquanto saía do escritório.

A garota saiu do edifício e olhou para o céu, pelo menos hoje era um dia de sol. Ela caminhava rumo ao Central Park, era algo que fazia todos os dias. Não era a rotina mais perfeita do mundo, mas pelo menos fazia com que ela se esquecesse de uma parte dos seus problemas, o que já era um ganho.

Apesar de rica, Bella preferia ser pobre e estar em casa com dois ou três filhos. Casada, quem sabe. Nos domingos ela iria para a casa dos pais e depois de um almoço ajudaria a mãe e a irmã com louça.

Bella apoiou os braços na ponte respirando fundo. Olhou para baixo e fechou os olhos. Ela sentia falta de sua vida antiga, queria ter novamente a chance de viver com seus pais.

– Desculpe incomoda-la Senhorita, mas a senhora esqueceu isso. – A garota virou-se em direção a voz e parou por alguns instantes.

Ela passou a encarar os olhos dourados que estavam a sua frente estática. O rapaz também a encarava do mesmo modo. E então, ela desviou os olhos do rapaz, sentiu sua bochecha queimar, voltou seu olhar para o chão. Quando finalmente voltou a olhar para ele deu-se conta de que ele segurava sua carteira, ela pegou rapidamente a mesma e sorriu de lado.

– Obrigada. – murmurou saindo dali.

Ela estava definitivamente atrasada para reunião, Ângela iria mata-la.