Hunters escrita por lissaff


Capítulo 3
Capítulo 3




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O resto do dia de aula foi monótono – eu e a Jú, planejamos mil maneiras de ele perceber que o grande amor dele esta bem ali, na frente dele. – cheguei em casa, o carro de meu pai estava na garagem. Os papéis em minha mão foram guardados, ou melhor jogados, de qualquer  jeito na bolsa. Entrei em casa com a apreensão de quando desci as escadas.
- Bem-vinda ao seu lar. – Ele estava na sala de TV, com tudo desligado
- Oi pai. – Falei em um sorriso tímido, tentando parecer normal;
- Me desculpe por não tomar café com você hoje, as coisas ficaram loucas na empresa – Ele se levantou e foi me abraçar, o seu abraço não era mais o mesmo. Ele não tocava no assunto.
- Tudo bem, vou guardar minhas coisas. – Quase tive que fugir do abraço dele e subi desengonçada a escada tentando correr disfarçadamente, larguei minha bolsa na cama e sentei ao seu lado bufando. Por que ele estava assim?
Um pai de verdade iria contar o acontecido e iria pedir desculpas, mas ele nunca foi um pai de verdade. Resolvi descer para acertar as coisas.
Desci as escadas devagar, ele ainda olhava a televisão com alegria no rosto, mas para normalidade agora ela estava ligada.
- Pai, preciso saber uma coisa. – Disse me aproximando.
- Sim. – Ele falou feliz,respirei fundo pensando nas palavras certas.
- Pai o que foi aquilo ontem? Os seus olhos ficaram totalmente pretos, parecia que você não tinha olho! Pai, eu pensei nisso o dia todo e quero explicações e a verdade. – Tentei ser firme em cada palavra que eu dizia, a voz saiu firme, mas por dentro eu não estava. Ele abaixou a cabeça e começou a rugir, senti uma força me empurrando tão forte que acabei batendo minha cabeça na parede, tentei sair, mas ela me puxava a ponto de me machucar. Meu pai se levantou.
- Você não devia ter falado no assunto. – Ele falou rugindo.
- O que você fez com o meu pai? – Cuspi nele.
- Eu sou seu pai, não entende?  Escondi isso de você à vida toda.- Ele quase chorava para mim, seus olhos verdes voltavam e poucos minutos os pretos vinham para dominar.
- Como? – Não acreditei, eu podia estar louca desde ontem. Ele respirou fundo ainda de cabeça baixa.
- Você e muito ingênua. – Eu estava indignada presa na parede. Ele balançava a cabeça.
- Como? – Disse mais confusa do que antes.
- Ana, você nem parecer ser filha de um demônio. Mas também, eu não queria que você fosse do mesmo jeito que eu. – Meu peito doía e a as perguntas começavam a aumentar.
- Pai, Jonh, sei la! Eu quero saber da história toda. – Eu disse quase chorando, as lágrimas não vinham ainda, mas eu pude sentir que elas estavam á caminho. Ele respirou fundo outra vez.
- Já esta na hora de você saber. – Tentava sair da parede toda vez, mas acabei desistindo, a força sempre me puxava de volta para lá.
- Sim, e eu quero saber de tudo. – Falei firme.
- Bom, tudo começou quando eu sai do inferno. Eu sempre fui um demônio diferente, queria uma vida diferente. Não ser mal e cruel igual aos outros, andei semanas por cidades procurando alguma coisa interessante, quando conheci sua mãe. Possuí o copo desse cara que ela amava e me declarei, nos casamos e tivemos você. Foi ai que todos os outros demônios tiveram inveja de mim, queriam que eu morresse, então mataram sua mãe e eu continuei aqui te criando, tentando ser o pai mais perfeito do mundo. Mas eu tive um ataque ontem e você acabou descobrindo. – Ele falava como um homem normal, acabou dando de ombros no final da história, as lágrimas já estavam saindo sobre meus olhos. Queria falar como eu queria que acabasse aquilo e que voltasse ao normal, mas hesitei, umas parte de mim dizia que não iria falar ao normal.
Somente fiquei de cabeça baixa e chorando, pensando no que dizer, percebi que seus olhos ficaram negros de novo.
- Fala alguma coisa! – Ele gritou levando a mão ao meu rosto.
O seu anel com uma grande pedra, acabou cortando meu rosto, na hora ficou vermelho, ele ficou paralisado me olhando e meus olhos encheram d’água “ Aonde estava o meu pai?”
- Me desculpe, me desculpe. Ana me desculpa. – A raiva subiu minha espinha, neste momento não importava o que ele queria.
- Me liberte. – Falei firme, ele não fez nada.
- Me liberte! – Gritei, ele mexeu a mão e a força acabou. Acabei caindo com tudo no chão, do meu mal jeito desengonçado, acabei caindo debaixo da perna. Senti o estalo, gritei de dor automaticamente.
- Me deixe te ajudar. – Ele tentava pegar minha cintura com poucas lágrimas nos olhos.
- Me solta! Eu ligo pra Júlia. – Me arrastei até o telefone, ele ficou imóvel na sala de TV, parecia uma estátua. Disquei o número de Júlia o mais rápido que pude, errei umas três vezes.
- Alô? – Uma voz baixa e sonolenta atendeu.
- Oi, Lucas? – O irmão menor de Júlia.
- Oi Ana, vou chamar a Júlia. – Ele logo adivinhou quem era, as lágrimas aumentaram e a dor dominava meu corpo. Encostei-me atrás do sofá, tentando abafar a dor.
- Alô? – Uma voz confusa atendeu.
- Jú? – Tentei arrumar minha voz.
- Oi amiga. – Ela falou aliviada.
- Olha, você pode sair com o carro? – Perguntei olhando para o homem que fingia ser meu pai.
- Sim, minha mãe ta em casa então ta tudo bem. – Eu sorri para o céu aliviada.
- Ótimo, olha meu pai teve que sair e eu cai da escada e acho que quebrei a perna. Pode me levar no hospital? – Ultimamente eu estava mentindo bem.
- To saindo. – Ela falou depressa e desligou, me levantei devagar me segurando em tudo e manquei sem jeito até a saída.
- Quando voltar, ainda vai ser minha filha? – Ele moveu a boca sussurrando.
- Não sei. – Fechei a porta tentando não me atingir.
Graças a Deus a Júlia chegou rápido com o carro, ela saiu e me arrastou até o carro.
- Agora me diz, como você caiu da escada? – Ele dirigia rápido e imprudente
- Júlia, presta atenção como dirigi. – Alertei.
- Eu sei dirigir, ok? Não fuja da minha pergunta. – Ela estava brava
- Eu só virei o pé, ta bom? Por que ta brava? – Perguntei no mesmo tom que ela.
- Odeio quando mente pra mim. – Ele falou baixo e olhou pra estrada.
- Por que acha isso? – Perguntei olhando diretamente pra ela.
- Porque eu escutei gritos ta bom?! Do seu pai e seu, Ana eu não fico com raiva se me contar a verdade. – Ela baixo mais firme, eu bufei.
- Vai me chamar de louca. – Falei com raiva.
- Ta bom, mas não fico com raiva se não fizer isso de novo.
- Tudo bem Jú  - Falei bufando , estávamos perto do hospital.
No hospital foi rápido, meu rosto estava manchado de sangue, mas eu não ligava. Levaram-me em uma cadeira de rodas para colocar o gesso em minha perna, o doutor disse que eu não quebrei totalmente, mas torci o tornozelo – ainda bem – O rosto levou um pequeno curativo, só para manter o corte fechado. Na volta para o hospital foi um silêncio que me matava a cada segundo.
- Jú, ta com raiva? – Perguntei devagar.
- Não sei, olha to com cabeça quente. Mas você me disse a verdade, isso é ótimo. – Ela falou grosso, eu sorri torto, falei uma verdade que não era verdade. Pensei em contar para ela o que tinha acontecido, mas aquilo poderia mudar tudo, então inventei qualquer coisa que caia bem com os gritos e eu não lembrava mais.
- Tudo bem. Mas eu te amo viu? – Disse com um sorriso esperançoso no rosto. Ela riu.
- Também te amo amiga. - Ela disse aos pequenos risos.
Chegamos em casa estava tudo apagado, eu suspirei quando a vi , Júlia desceu do carro para me ajudar a descer sem se machucar, me deixou até a porta, meu pai não estava em casa – subi até o quarto devagar, me troquei e arrumei algumas almofadas para meu pé e dormi.
O despertador tocou, agradeci por não ter tido sonhos ultimamente. Mas hoje eu levantei direto, não enrolei. Com dificuldade vesti uma calça corsário preta e um mini-vestido estampado com uma sapatilha no pé não engessado, arrumei minha bolsa para mais um dia na escola.
Desci as escadas devagar, não estava com medo ou apreensão. Isso me assustou um pouco, eu estava reagindo bem – como esperado, ele não estava em casa – meu café estava na mesa, mas não tinha bilhetes dessa vez. Comi devagar minhas panquecas e fui para o ponto de ônibus, Júlia já estava lá como sempre, quando o ônibus chegou veio a vergonha.
- O que aconteceu menina? – O motorista perguntou se levantando de sua cadeira para me ajudar a levantar.
- Acidentes domésticos. – Disse com algumas risadas pequenas.
- Você e seus desastres. – Ele riu, já estava dentro o ônibus com Júlia do meu lado.
- Valeu Richard. – Sorri e ele também, todos comentavam de alguma forma no ônibus. Mas o que me incomodava não era falar sobre o meu pé, e sim sobre o meu corte no rosto.
- Não liga para o que eles dizem você caiu da escada por causa da um invasor, certo? – Júlia sussurrou em meu ouvido, olhei assustada pra ela, aquela poderia ser a história que eu contei.
- Sim, cai da escada. – Eu ria espontânea um pouco.
Logo chegamos à escola, esperei todos saírem para eu conseguir sair. Uns sete minutos depois todos tinha saído, então me levantei devagar e fui descendo para o grande pátio – mas não foi bom, quase todos milhões de alunos olharam para mim, ainda aqueles que não me conheciam. – segui em frente andando para dentro da escola de cabeça baixa. Júlia me puxava também de cabeça baixa, eu ri.
- Por que esta rindo? – Ela disse confusa.
- Porque você tá sentindo vergonha, normalmente você não é a cara-de-pau? – Falei rindo, logo depois levantei a cabeça, já estava em um lugar bom.
- HÁ-HÁ só você mesmo. – Eu ria enquanto ela andava me puxando para nossos armários. Nos armários, nós trocamos os livros rápido olhando com cuidado para cada um deles.
- Então, tem matemática hoje? – Júlia falou empolgada.
- Hum? – Estava distraída.
- Aula de matemática, vai ter? – Ela se empolgava cada vez mais.
- Sim, no 3º tempo. – Falei olhando meu horário que nunca decorei.
- Uiuiui, vai paquerar o assistente do professor? – Não sei se foi azar ou sorte, mas Dean passou por mim na mesma hora.
- Não! – Falei fingindo nojo.
- Por quê? – Ela falou indignada
- O que eu disse sobre “Arranjar namorado para Ana”? – Dean riu com alguém atrás de mim.
- Ta, vou deixar você encalhada então. – Ela falou com o seu tom zombeiro, saímos para nossas salas.
- Vejo você no almoço, deficiente. – Ela riu indo para sua sala, peguei seu braço.
- Agora tenho novo apelido é? – Falei fingindo estar com raiva.
- Te amo. – Ela soltou seu braço e saiu fazendo coração pra mim. Não pude deixar de rir. A aula de filosofia era sobre “Inspiração dos filosóficos”. Não estava boa, eu não estava acompanhado – meu caderno estava cheio de rabiscos e desenhos. Tinha um dom muito bom para estudos, eu podia estar a mais distraída possível, mas sempre pegava o conteúdo da aula.
“Você está bem?” Apareceu escrito em meu caderno, eu me assustei dando um pequeno pulo da cadeira, que quase me derrubou. Não tinha escrito aquilo.
- Algo errado Senhorita Brandon? – O Sr. Hanks estava olhando para mim como todos da sala, eu tive que pigarrear duas vezes pensando em uma resposta boa.
- Sim, eu só vi uma barata. – As líderes de torcida gritaram alto e subiram nas cadeira junto com a maioria das meninas.
- Mas eu já matei. – Disse com um sorriso gentil, elas se tocaram do grande mico. Dei uma risada baixa tentando não da uma grande gargalhada e voltei a posição normal.
“Não tenha medo, sou do bem. Se quiser falar comigo responda em seu caderno.” Apareceu como mágica de novo, parecia um fantasma escrevendo no caderno. Um fantasma do bem.
“Eu to apavorada.” Escrevi meio sem jeito.
“Já disse, não tenha medo. Estou aqui por causa do ocorrido com o seu pai.” Eu olhei com os olhos arregalados.
“COMO SABE?” Escrevi rápido.
“Porque...bom, como já sabe seu pai é um demônio, e como existe os demônios, também existe os anjos é eu sou um deles.” Eu comecei a tremer, apertei meus punhos para que não seja percebido.
“Como você conversa comigo?” Perguntei curiosa.
“Hoje a noite irá me conhecer”
“Como?” Escrevi ansiosa, ele não respondeu mais.


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