Lembre-se De Mim escrita por Tsuki Hikari


Capítulo 9
Seguindo sempre em frente




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Aquele dia pareceu que se passou arrastando. Nada que Dio fizesse podia diminuir sua ansiedade. Muitas vezes durante a tarde se pegava olhando pela janela, para ver se a lua já estava no céu, mas foi só depois das 19h que ela finalmente apareceu.

Ele se trancou no quarto, pegou a chave de Rey e pronunciou: “Thak mallibe ji toh yy naricku jeva ji toh yy nah”. Então, com uma agulha que ele passou a deixar em sua escrivaninha justamente para fazer o ritual, furou a ponta do dedo e uma gota de sangue escorreu e pingou na chave.

A chave esquentou, esquentou e esquentou, mas Dio já repetira o ritual tantas vezes nos últimos dois meses que nem se importava mais com isso. O que não acontecia desde a primeira vez, foi que a chave falou, com a mesma voz sussurrante e arrastada da última vez:

- Concluíste o ritual até o final, garoto de Lua Minguante. – Dio achava um tanto incômodo ser chamado de “garoto de Lua Minguante”, mas de toda maneira ele não deixava de ser – Sob esta circunstancia, hei de revelar-lhe minha mágica.

Dio esperou um segundo que pareceu durar mais do que toda sua vida havia durado até então, só para no fim a chave tornar a esfriar. E ele ficou parado, só, em meio ao seu quarto, a encarando e esperando algo que ele começava a desconfiar que jamais aconteceria.

E então aconteceu.

A chave tornou a esquentar, muito mais do que antes. Um calor que fez Dio deixar escapar um grito de dor e atirar a chave no outro canto do quarto, instintivamente. Então olhou para a sua mão, esperando ver graves queimaduras, mas encontrando-a inteira. Uma luz vermelha e sombria percorreu suas paredes, seus móveis, e o alcançou. O quarto
estava brilhando como fogo, mas não estava em chamas. Depois, a porta de seucquarto que ele podia jurar estar trancada, se abriu violentamente e bateu com força na parede do corredor. Mas olhando através dela, ele não viu o corredor habitual que ficava além de seu quarto. Ele viu um corredor escuro e aparentemente sem fim.

- Siga por ele, garoto de Lua Minguante. E não se esqueça: O corredor do destino é misterioso, escuro e muitas vezes assustador, e é seu dever iluminá-lo. Não guarde isso como uma sugestão para agora. Guarde como uma sugestão para a vida inteira. – Disse a chave, cuja voz agora não parecia mais assustadora que a de um passarinho. Sim,
continuava como antes, mas a situação já estava assustadora demais para Dio achar uma voz amedrontadora.

Ele assentiu, fitando o corredor. Respirou fundo e caminhou corajosamente em sua direção. No momento em que pisou para fora de seu quarto, a porta se fechou atrás dele, fazendo um enorme barulho, e ele gelou.

“Iluminar, iluminar, iluminar... Como eu ilumino essa droga?!” Ele pensou furiosamente, começando a andar às cegas. Sempre em frente. Ele em nenhum momento correu, mas chegou a hora que até a caminhada passou a cansar. Ele estava realmente há muito, muito tempo
andando. “Sempre em frente.”

E então, ele começou a sentir como se o corredor o estivesse fazendo de bobo e parou de andar. Não ia mais continuar andando, se recusava. Ele não ia dar mais uma passada sequer no corredor do destino. O destino ia chegar, de fato, mas ele não queria o
destino, ele queria o agora. Ele não podia esperar o destino para conseguir o que queria. O destino não podia definir seu caminho; Dio que deveria defini-lo.

- Cansei disto! Quero encontrar a minha amiga agora! Já basta dessa palhaçada! – Ele gritou para o vazio, e se surpreendeu imensamente quando uma porta de materializou à sua frente.

Dio suspirou, agradecido, e girou a maçaneta.

*********

- Erna...

- Você gosta?

Seguiu-se um instante de silêncio. Zero pensou na pergunta, mas não a respondeu. Ele não sabia se tinha gostado do novo mundo. Ele e Grandark haviam andado pouco desde que chegaram, e agora ele estava sentado à beira de um penhasco com a espada ao lado.

O penhasco era tão alto que ele sentia poder ver o país inteiro abaixo. Era claro que ele não podia vê-lo, mas a sensação de poder era inevitável.

- Esse país... É Calnat? –
Perguntou Zero depois da longa pausa.

-Estamos na montanha que divide Calnat dos outros países de Arquimídia. – Respondeu Grandark. – Evitaremos Calnat por enquanto, pois é onde Eclipse está no momento e não acho que você já esteja pronto. Seguiremos na direção sul.

Zero assentiu. Mais um ou dois minutos silenciosos se seguiram, e então uma voz chamou timidamente, detrás deles:

- Ahn... Com licença?

Ele se virou. Uma garota humana que deveria ser pouco mais nova que ele, talvez ter catorze anos, estava parada a uma distância razoável. Ela tinha cabelos louros escuros, enfeitados com uma flor branca, e olhos verdes. Ela estava tremendo, como se só chegar perto da beira a fizesse passar mal.

- Por favor, saia daí... Há algumas semanas atrás, minha irmãzinha estava brincando perto da onde você está agora e ela... – A garota não conseguiu completar a frase, mas não foi difícil para Zero adivinhar seu fim. Ele se levantou, pegou Grandark e já havia passado a garota quando ela o chamou novamente:

- Espere! - Ele parou de andar e se virou para ela. – Essa espada... Você não é humano! – Zero não disse nada – Ahn... Desculpe a indelicadeza. Qual o seu nome?   

- Zero. – Ele respondeu com a voz sombria.

- Hm... Oi. Meu nome é Tae. – Falou a garota, Tae – Você não é humano e está na fronteira de Calnat. É perigoso.

- Tomarei cuidado. – Garantiu Zero, apesar de estar indo para a direção oposta a Calnat.

- Leve isto com você – Ela lhe estendeu uma esfera achatada de metal.

- Uma bússola?

- Uma bússola mágica. Ao invés de apontar o norte, ela aponta o que quer encontrar. – Tae contou – Meu pai vende artigos como este.

- E porque está me dando? – Ele a pegou.

- Por que a vida é muito curta para se dar ao luxo de se perder. – Tae respondeu.

Zero olhou para ela, mas não respondeu novamente. Era péssimo com palavras. Então, simplesmente deu as costas e saiu.

*********

 “Dia 16, mês sete.

Hoje estou me sentindo melhor do que normalmente. Isso às vezes acontece, mas a conseqüência é que no dia seguinte fico duas vezes pior que normalmente...”.

Rey escrevia em seu diário quando ouviu o barulho da porta se abrindo. Com calma, fechou o caderno, pôs ele e a pena que usava para escrever na mesa ao lado de sua cama e então olhou na direção da porta aberta.

A primeira coisa que registrou foi que, detrás da porta, não se seguia o corredor de sua casa, e sim um corredor escuro, sombrio e aparentemente sem fim.

A segunda foi que havia um garoto absolutamente familiar, de cabelos roxos, parado na soleira.

Os olhos da menina se encheram de lágrimas.

- Dio...


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Notas finais do capítulo

To be continue... ^_^ huhu.



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