POV Nico

-Ei, sozinha aqui? – pergunto me sentando nos degraus da varanda da frente ao lado dela. A morena sorri com os cantos dos lábios.

-Vendo o por do sol. – diz ela apontando para o horizonte numa fresta entre os prédios.

Sorrio involuntariamente para ela e abraço seus ombros.

-Minha garota californiana dos filmes. – digo a fazendo rir.

-Meu nerd. – ela sorri me dá um selinho.

Ela encosta a cabeça em meu ombro e fica observando o alaranjado do céu até que ele suma, enquanto eu acaricio seu braço calmamente.

De repente ela se vira para mim com as sobrancelhas unidas.

-Nico... Por que você tá tão... Diferente?

-Diferente?

-É. Você tá lutando boxe! – ela exclama me fazendo rir.

-Eu já fazia boxe, mas dei uma parada por um ano.

-Está bebendo.

-Também bebia e dei uma parada por um ano.

-Estudando menos.

-Eu não estudava, como eu disse, há um ano eu comecei a estudar, muito, e agora estou só voltando aos velhos hábitos.

-Um ano... Então você era assim, aí do nada você virou um certinho pacifico, e agora está “voltando aos velhos hábitos”? – ela fez aspas no ar.

-É. – franzo os lábios. – Acho que é isso mesmo. – sorri.

-Por que você ficou certinho do nada? – ela soltou uma risadinha.

-Bem... – engulo em seco. Esse não exatamente o assunto que eu gostaria de falar com Megan. – Er...

-Que foi Nico? – ela me encara preocupada. Minha expressão deve estar muito ruim.

-Eu... “fiquei certinho” – fiz aspas. – Porque... Aconteceram algumas coisas. Mas... Eu não gostaria de tocar nesse assunto agora. – bato o olho no relógio tentando fugir de seus olhos caramelados. – Tá na minha hora Megan, até mais.

Dou um selinho rápido em seus lábios e saio andando a paços largos para dentro da casa. Pego minha mochila e vou para o lugar onde eu costumava pensar em paz.

POV Luke

-Surpresa! – digo sorrindo quando entro no quarto da morena.

-Oi! – ela sorri.

Thalia levanta-se da escrivaninha, me dá um selinho e volta a se sentar. Pelo jeito ela está estudando. Eu não deveria atrapalha um milagre desses.

-Estudando? – pergunto.

-Pois é. Teste amanhã. – ela faz uma careta.

-Nossa! Então, eu vou ser rápido. – sorrio com o canto dos lábios.

Ela me encara por um momento. Eu tiro a caixinha do bolso e entrego a ela.

-O que é isso? – pergunta ela.

-Um presente. – dou de ombros. – Acho que estava te devendo.

-Devendo? – ela levanta uma sobrancelha e abre a embalagem vermelha revelando uma caixinha de celular, um idêntico ao que eu acidentalmente afoguei. – Luke, não... Não precisava.

-Claro que sim, eu matei seu celular.

-Mas, não precisava pagar outro. – ela fecha a caixinha e estende para mim. Balanço negativamente com a cabeça, tiro a caixa de suas mãos e coloco sobre sua mesa de cabeceira.

-É seu. – sorrio e a abraço pela cintura beijando seus lábios.

-Estava trabalhando por causa disso? – pergunta ela.

-Talvez... – sorrio confirmando que sim.

-Bobo! – ela ri e volta a me beijar.

Domingo 15:00h

POV Luke

-Tchau... – Annabeth murmura entre os rios de lágrimas que banham seu rosto pálido.

A loira pega a mala e subiu a rampa de embarque. Thalia tinha sido forte até... Bem, até agora.

Assim que ela se vira para mim e vejo seus olhos vermelhos e bochechas borradas pela maquiagem preta, a puxo para meus braços a segurando com força. A única coisa que quero nesse momento é fazê-la para de chorar.

-Ela foi embora Luke. – balbuciou ela entre soluços. – Por puro orgulho.

Não sei o que dizer. Não há nada a se dizer. Apenas a abraço com mais força, como se nunca mais quisesse deixá-la sair, apenas a prendo junto a mim esperando que isso passe o mais rápido possível.

POV Percy

Sabe quando você tem vontade de proteger alguém? Aquela vontade de fazer com que a pessoa fique bem a qualquer custo, a qualquer circunstância? Bem, estou provando disso agora.

Não suporto vê-la assim. Não. Eu quero pega nos braços e levá-la pra casa. Puxá-la para o meu colo e acariciar seus cabelos até que ela sorria outra vez. Só não quero ver mais nenhuma lágrima naqueles olhos cinzentos.

Eu trocaria de lugar com ela, passaria a sua dor só para vê-la sorrindo. O quê? O que eu acabei de dizer? Oh pai estou enlouquecendo. Ou melhore, Annabeth está me enlouquecendo.

Mas... Se você parar para pensar, isso é o amor. Você percebe que ama uma pessoa quando sabe que seria capaz de dar a sua vida por ela sem pensar duas vezes.

E... Eu daria a minha.

-Ei, eu a amo. – digo repentinamente. – Eu... Eu a amo. – murmuro para mim mesmo. – Eu a amo! – digo sorrindo.

As duas morenas e meus amigos se viram para mim confusos. Eu estou sorrindo como um idiota, mas, foda-se.

Corro pela rampa de embarque passando pelas pessoas. Os seguranças tentam me barrar, mas passo rapidamente por eles indo na direção do avião do lado de fora.

Quando me aproximo posso ver a loira na janela.

-Como vou chegar lá?

Olho a minha volta.

-Nossa, sempre achei que isso não existia de verdade nos aeroportos. – digo vendo aqueles carrinhos com escadas.

Corro o mais rápido que posso até um deles e subo. Mexe nos controles e avanço até a janela dela.

-Não! – o avião está decolando. – Annabeth!! – grito em plenos pulmões esperando que ela ouvisse.

Talvez essa fosse mais uma cena de filmes. A moçinha está indo embora, o moçinho quer dizer que a ama, quer que ela fique. Ele corre até o avião, correndo contra o tempo e no final ele faz alguma coisa extraordinária e consegue impedir que a garota vá.

Mas isso não é um filme.

Annabeth está dentro daquele avião, que por sinal já está lá no alto dos céus.

Soco os controles da porcaria do carrinho com raiva.

-Ei você! – um segurança gritou as minhas costas. – Saia da pista ou vamos ter de prendê-lo.

Viro-me cm uma expressão gélida. O guarda dá um passo para trás por instinto, mas logo em seguida volta a sua “pose de guarda”.

-Não será necessário. – murmuro em voz baixa.

Desço os degraus do carro e caminho a passos duros até a parte de dentro do aeroporto. Os dois casais ainda estão exatamente onde estavam quando sai correndo. Passo por eles com o rosto imutável e me dirijo até meu carro.

Piso no acelerador, paro no primeiro bar que encontro, compro cinco garrafas de bebida e vou para a praia.

Bem, Annabeth voltou para Nova Iorque sem me dizer tchau, sem me deixar pedir desculpas. Ela foi porque quis, porque não quis aceitar a minha ajuda. Ela se foi por puro orgulho.

Mas foda-se tudo isso, não tem mais Annabeth, não tem mais nada. Então eu vou curtir minha vida enquanto estiver por aqui.

Viro um quarto da garrafa em um gole e sento na areia observando as ondas quebrarem ali perto.