POV Luke

As meninas acabam de lavar as coisas e foram para a sala. Nico e eu ficamos guardando as coisas, porque, sabe, somos muitos rápidos quando se trata de organização.

-Falou com a Thalia depois que você matou o celular dela? – pergunta Nico.

-Não de verdade. Só no teatro de “Está tudo feliz entre a gente” que apresentamos hoje de manhã pros nossos pais.

-Ah. – ele encara as próprias mãos por uns momentos. – Sabe, eu acho que a Thalia devia ceder um pouco. Vocês combinam, deviam ficar juntos de uma vez. – ele abre a geladeira e pega uma cerveja.

-Tá zuando que você ta bebendo isso. – rio.

-É a única coisa alcoólica que tem na geladeira! Você quer que eu produza vinho com as uvinhas da fruteira?

-Ok, passa um pouco pra cá. – ele joga uma latinha pra mim. – Serve. – virei um gole. – Então, eu não tenho nenhum rancor dela. Eu ferrei com tudo com a aposta, ela com a vingança. Acho que nós dois fizemos coisas das quais não nos orgulhamos. Acho que ainda podemos nos entender. – digo sonhador. O moreno comprime um sorriso debochado.

-Pai do céu, baixo o Luke com coração aqui.

-Ei! Eu tenho um coração, só não gosto de usar muito. – dou uma piscadela sacana e saio da sala. Ai como eu sou top, deixei ele no vácuo.

POV Annabeth

Acabo de descobrir que minha linda mamãe vai passar o final de semana aqui. Não só ela, como também todos os papais. Ou seja, sexta, sábado e domingo presa em casa com nossos pais.

Tudo bem, eu posso superar isso.

Nós acabamos de jantar. Megan e eu lavamos a louça enquanto Nico e Luke guardam as coisas. Os outros estão na sala conversando, exceto Percy que eu não vejo desde manhã quando ele ficou irritadinho. Droga, me sinto culpada por isso.

Quando acabo de lavar tudo enxugo minhas mãos e subo pro meu quarto. Para minha surpresa o moreno está ali. Entro silenciosamente. Percy nem me nota ali. Ele passa os dedos de leve pelos livros nas prateleiras. Observa alguns títulos. Até que não consigo ficar quieta e me pronuncio:

-Oi. – digo num tom baixo. Ele se vira para mim rapidamente.

-Oi. – ele murmura.

-Achei não ia querem falar comigo depois de... Você sabe. – digo sem graça.

-Hum... – ele resmunga. Abre a boca diversas vezes tentando começar a dizer alguma coisa, mas fecha logo em seguida. Parece que alguma coisa o está incomodando.

-Me desculpe pelo que aconteceu Percy. – falo de uma vez. – Eu não... Eu não nos considerava exatamente como namorado e namorada. Era mais como... – balanço a cabeça sem saber o que dizer.

-Não, não tem problema Annie. – ele suspira. –Eu tenho que te pedir desculpas.

-Pelo quê? – pergunto confusa. Mais uma vez ele fica sem fala. Abre e fecha a boca, olha em volta, coloca as mãos no bolso.

-Por...Por ter... Sido tão infantil.

-Ah... – eu não tenho tempo de completar uma frase.

-Acho que vou passar um tempo com meu pai. Tchau Annie. – ele atropela as palavras e sai quase que correndo do meu quarto.

Minha cara nesse momento é uma coisa meio que “What is that fuck???” Não entendi nada. Eu achei que ele tava puto da vida por eu ter dito que não era a namorada dele, o que eu realmente não era, e agora ele está todo relax e pede desculpas?

Isso não tá certo. Não mesmo. Aí tem coisa...

Algumas horas depois. 21:00

-Crianças! Vamos sair pra jantar, troquem de roupa! – ouvi Hermes gritando da sala de estar.

-Vamos onde? – Megan gritou lá de cima.

-Restaurante! – ele respondeu.

Nossa, sério Hermes? Vamos jantar num restaurante? Achei que íamos no posto de gasolina! Reviro os olhos e começo a procurar uma roupa legal pra usar num jantar parcialmente familiar.

Pego um vestido rosinha do armário. Ele bate um palmo acima dos joelhos e tem mangas longas. Não é o tipo de coisa que eu usaria numa sexta à noite, mas como minha mãe vai junto...

-Nem pense em vestir isso. – uma voz diz as minhas costas.

Viro-me rapidamente. Ela está parada na porta com braços cruzado sobre o peito. Já está vestida pelo que eu pude observar. Blusa preta de renda com mangas ¾, shorts militar preta de cintura alta, sapatos azuis marinhos de saltos e pulseiras finas prateadas. Seus cabelos escuros estão lisos pela chapinha e olhos muito bem marcados como se costume.

-Por que eu não usaria? – levanto uma sobrancelha.

-Porque ele te faz parecer uma vovó. – ela ri. – E se você visse como sua irmãzinha está não ia querer parecer uma vovó.

-Não quero competir com a Kate.

-Você tem que para de ser a filhinha nerd. Você sabe que não é mais assim a um bom tempo, mas quando sua mãe está perto você automaticamente assume essa posição. Você não tem que ser perfeita Annie.

-Por que está dizendo isso? Achei que não quisesse falar comigo já que “eu preferi o Percy a vocês” – fiz aspas no ar com uma cara irônica.

-Annie, você é minha irmãzinha do coração. Eu sempre vou querer te proteger, eu faço isso com as pessoas que eu amo, e sei que posso ser muito chata por causa disso. – ela sorri fracamente.

-Me desculpe. – digo.

-Não. Eu tenho que pedir desculpas. Não deveria querer mandar em você. – ela dá um sorrisinho. – E... Saiba que eu queria desesperadamente falar com você desde o primeiro minuto que eu briguei com você Annie.

-Duas. – murmuro sorrindo. Abro os braços e ela corre até mim.

Somos amigas desde pequenininhas. Não consigo pensar em um momento da minha vida que eu não esteja com essa punk idiota que eu tanto amo. Minha irmãzinha do coração.

-Aw, que lindo, fizeram as pazes!! – Megan corre e entra no abraço. Pronto, agora somos um bolinho da alegria!

Nos soltamos rindo. Megan ainda está com as roupas que usava hoje de manhã. Ela olha Thalia de cima a baixo e corre pro quarto dela.

-Tenho que ficar bonita também poxa! – grita ela já do corredor. Ouvimos sua porta bater e rimos da nossa pirralha.

-Vamos escolher uma roupa, vasa daqui. – ela se apossa do meu armário e escolhe um vestido.

Ele é um rosa um pouco puxado para o vermelho, mas nada muito berrante. Tem mangas curtas, decote quadrado e é justo ao corpo, mas não fico parecendo uma frequentadora das esquinas com ele. Meus sapatos são pretos e tem saltos altos.

Thalia insisti em passar maquiagem em mim. Ouça o meu conselho. Pela minha experiência super longa, eu aprendi que você NUNCA deve deixar a Thalia te maquiar. Ela sempre acaba fazendo um olho super, super, super preto. Mas por alguma razão dessa vez eu deixei.

Para a minha surpresa ela não me pinta de gótica. A morena faz uma maquiagem leve. Olhos num tom perolado, lápis rosinha na gota d’água, rímel transparente e gloss. Fica lindo.

-Nossa! Que evolução, não fez um olhos Black. – brinco.

-Ei, eu sou versátil, ok?!

-Claro dona Thalia. – digo brincando.

Acabamos de nos arrumar e descemos as escadas. Todos já estão se sentindo em casa e agem naturalmente. Hermes, Apolo, Hades, Poseidon e Zeus estão sentados na sala já prontos para sair.

Eu sinceramente não vejo diferença nas roupas masculinas. Calça, camisa e sapato para todos os lugares! Mulheres são injustiçadas.

Os meninos estão no hall conversando num tom baixo. O que eles estão aprontando agora? Ah, nem quero saber.

Megan e minha mãe descem as escadas. E... Uau. Essa não é a minha mãe. Minha boca de forma em um O. Ela usa um vestido cinza. Ele é marcado na cintura e cai solto até um palmo e meia acima dos joelhos. Os sapatos são de uma cor semelhante a café, maquiagem leve e cabelos soltos.

Hermes, Poseidon e Apolo, que eram solteiros, quase babam na minha mãezinha. Tesc, tesc, tesc, Tal pais, tal filhos. Balancei a cabeça negativamente rindo divertida. Mas, minha mãe está divina. É nessas horas que fico feliz por dizerem tanto que eu me pareço com ela.

Logo nós saímos e distribuímos todo o pessoal nos carros. Vamos até o restaurante e ocupamos uma mesa. Todos pedem e ficam conversando enquanto os pratos não chegam.

Nico está falando com seu pai, eles até se dão bem, legal! Apolo, Hermes e Luke estão entretidos numa conversa cheia de risos e piadinhas, bem a cara deles. Megan e eu estamos meio que a parte da mesa e ficamos apenas observando. Thalia e Percy trocam olhares significativos.

A morena olhava olha para mim e faz um sinal meio que “vai logo”. Odeio não entender a linguagem visual das pessoas. Humpf. Percy olha com uma cara meio “Não...?” Ok, não quero mais entender esses dois.

Espera. Aquilo que eu estou vendo é Poseidon dando em cima da minha mãe?!?! Oh Deuses! Por esse eu não esperava. Hahaha.

O jantar chega e começamos a comer. Do nada sinto uma pessoa chutando minha perna. Olho para a direção que o chuto veio.

-Desculpe, perna errada. – a morena dá de ombros. Em seguida chuta a perna de Percy, que está ao meu lado.

-Au. Para com isso velho.

-Não sou seu velho. – ela revira os olhos.

-Vocês precisam conversar sobre alguma coisa? Podem ir lá fora. – falo apontando para a porta.

-Precisamos? – o moreno levantou uma sobrancelha.

-Talvez. – retrucou ela.

-Acho que não. Eu já saquei a parada.

-Então não demora. – advertiu ela. Depois eles voltaram a comer silenciosamente.

Só boiei legal nesse merda? Depois eu sou a difícil de entender. Revirando os lhos mentalmente.

Depois de mais ou menos duas horas nossos pais pagam a conta e voltamos para casa. Aí veio o pequeno problema, quem dorme onde. Então que comece o quebra-cabeça.

Depois de mais uma hora conseguimos achar lugar para todo mundo. Cada quarto acomodava duas pessoas. Então, Poseidon está no quarto de Percy, Hades no de Nico, Zeus no de Thalia. Pais e filhos, coisa mais linda.

Como minha irmã e minha mãe estão aqui apenas uma ficou no meu quarto, Kate, shit. Minha mãe está no quarto da Megan. Sempre suspeitei que ela gostava mais dela do que de Thalia.

O quarto de Luke foi ocupado por Apolo e Hermes. Esses dois são tão iguais que até poderiam ser irmãos. Já que sobrou lugar pro loiro no quarto dele, ele teve que dormir no sofá da sala.

Eu arrumo a cama para nós duas e coloco meu pijama, que é praticamente uma super camiseta. Kate já trocou e escovou os dentes, agora está sentada num pufe debaixo da janela observando as luzes da cidade.

Nós trocamos algumas palavras vagas até que nos deitamos e acabamos dormindo. Eu nunca tive exatamente uma relação ótima com minha irmã, mas amanhã eu vou tentar falar mais com ela.

 POV Luke

To me sentindo tão forever alone aqui sozinho na sala. Pelo menos não vou ter que aguentar meu pai roncando. Apolo se ferro.

Afe, não consigo dormir. Faz uma hora e pouco que to aqui deitado olhando pro teto de madeira que o sono não vem. Odeio tudo isso.

Alguém está descendo as escadas. Oh, companhia!!! Me levanto do colchão e tento ver quem está chegando. A pessoa chega na sala a passos leves. Abro os braços pro caso de ele passar por mim vou poder saber onde ele está.

-Ai! – sussurra uma voz feminina. – Luke, por que bateu na minha cara com essa mãozona?

-Thalia? – sussurrei tentando encontrar ela com as mãos e passando os dedos pela sua cara.

-Ai, é. – ela ri e afasta minhas mãos. Ela larga alguma coisa em cima do colchão.

-Não consegue dormir?

-Meu pai ronca. – ela faz um muxoxo.

-Tamo junto. O meu também. – rio. Caminho até o canto da sala  acendo um pequeno abajur que ilumina parcialmente a sala. – Coberta? Veio dormir aqui?

Thalia dá um sorrisinho e dá de ombros docemente. Sorrio com o canto dos lábios. Ela se deita de um lado do colchão e estende a coberta. Eu apago a luz e me deito ao seu lado passando as mãos pela sua cintura e colocando minha cabeça na curva de seu pescoço.

-Boa noite morena. – sussurro.

-Boa noite assassino de celulares. – ela sussurra de volta e solta um risinho.