Sweet Caroline escrita por Michelli T


Capítulo 6
O que me faz sorrir




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Durante todo o dia Finn me encarou. Ele nem sequer tentava disfarçar. Eu estava sempre cercada de Kurt e Mercedes, grandes amigos. Recentemente Tina tinha se aproximado de nós, recebemos ela de braços abertos. Talvez Finn não tenha tentado falar comigo por causa da presença deles. Mas nem tudo é perfeito, tínhamos aulas separadas e então eu finalmente fiquei sozinha.

– Rachel – disse uma voz por trás de mim.

Achei que fosse Finn. Fechei meu armário com força, só pra mostrar que eu não estava de bom humor. O que era só fachada, na verdade eu estava muito feliz. Noah havia me beijado noite passada. Aquele não devia ser um motivo para ficar feliz. Amigos! Tinha de manter na minha cabeça.

– O que você quer? – perguntei friamente, sem nem ao menos virar para ele.

– Desculpe, fiz algo de errado? – ele perguntou.

Finalmente reconheci aquela voz. Tive vontade de bater com a minha cabeça no armário. Virei para ele.

– Achei que fosse outra pessoa – me expliquei.

– Tudo bem – ele lançou seu melhor sorriso – Pensou no que eu disse?

– Olha... – eu falava tentando achar as palavras certas - Minha noite passada foi um pouco... Conturbada – sorri quando lembrei do beijo de Noah – mas eu te respondo hoje de noite, eu posso te ligar.

– Não – Jesse falou sério – a gente se encontra no final da aula. Te dou uma carona até em casa. Tempo suficiente para conversarmos.

Eu ia dizer que não poderia. Pretendia ir embora com Noah e depois ensaiar a música que, inclusive, nem tínhamos cantado direito. Mas Jesse não me deixou falar, deu um beijo na minha testa e saiu.

Mal vi o tempo passar durante as aulas. No almoço estava sentada com os de sempre, pensando no que eu ia responder para Jesse. Eu aceitaria seu pedido se não fosse por Noah. Ele disse que eu estava sendo a idiota da história outra vez e eu tinha certeza que ele só queria o meu bem. De repente me senti péssima por ter descontado toda minha raiva. Era como se eu estivesse jogando todos os meus problemas para cima dele. Eu tentei acertar socos e... Era terrível. Queria pedir desculpas, mas ele ainda estava suspenso. Eu o veria no final da aula, mas ainda teria que lidar com a situação Noah/Jesse que ficaria. Talvez eles brigassem. Jesse ia levar a pior, sem dúvidas. Eu tinha provado da força de Noah noite passada e sabia que não era pouco. Acabei rindo quando me lembrei de como aconteceu. Até que era engraçado, pelo menos ele devia ter achado um pouco, eu estava descontrolada.

– Do que você ta rindo, Rachel? – perguntou Kurt.

– Desculpa, foi sem querer – respondi ainda rindo.

– Nós percebemos – disse Mercedes – a Tina estava contando como o cachorrinho dela morreu.

– Ai meu Deus! Eu sinto muito!

– Tudo bem – Tina falou sorrindo – já faz tempo.

– Tava rindo do quê? – insistiu Kurt.

– Ah, é que Noah estava lá em casa ontem de noite e nós brigamos.

– E o que tem de engraçado nisso? – perguntou Mercedes.

– Então... – comecei, mas fiquei meio sem jeito para contar – Eu tentei bater nele.

Kurt riu.

– E aí ele me segurou, caímos na cama, depois eu parei.

– Queria ter visto essa cena – riu Mercedes.

– Depois eu ia chingar ele, mas ele me beijou – falei rapidamente.

Eles ficaram boquiabertos. Kurt soltou um gritinho, e assim, as duas começaram a comemorar também.

– Depois diz que não estão apaixonados – disse Tina.

– E não estamos, ele fez aquilo só para me fazer parar.

– E funcionou, certo? – perguntou Kurt, levantando uma sobrancelha.

– Sim, funcionou! Mas é que ele me colocou contra a parede e eu estava presa...

– Nossa! Foi beijo de filme! – se animou Mercedes – A pergunta que não quer calar... Você gostou?

– Eu não, eu não... – tentei mentir, mas por fim falei – Foi de mais! No resto da noite eu só conseguia imaginar como seria se...

– Oi meninas, oi Kurt.

– Oi Finn – eles responderam em coro, menos eu.

– Posso me sentar? – ele perguntou.

– Hãn... Pode – respondeu Mercedes, meio insegura.

– Então, como vocês estão? – Finn perguntou, sorridente.

– Desculpa gente, eu perdi a fome – falei.

Levantei dali e fui embora. Pude ouvir Finn gritar pelo meu nome, mas eu continuei andando. Fui direto para o banheiro feminino, sabia que lá estaria salva, até a próxima aula. Afinal, Finn não era como Noah e não entraria lá. Resolvi mandar uma mensagem para ele, avisando para que não viesse depois da aula, assim ele não encontraria com Jesse, mas já havia uma mensagem me esperando, e era de Noah.

Puckerman: Vamos ensaiar hoje, hein. Não esquece de mim só pq não to na escola.

Droga.

Reposta: Preciso de um favor.

Puckerman: Pode falar, Princesa

Resposta: Jesse quer conversar comigo no final da aula, preciso que você chegue cedo, para que eu não encontre com ele.

Puckerman: Seu desejo é uma ordem

Era o melhor que eu podia fazer. Assim Noah chegaria antes de Jesse e nada aconteceria. O grande problema era que eu queria encontrar com Jesse, queria dizer sim. Noah era proibido, era meu amigo. Nada poderia acontecer, mas com Jesse a coisa era diferente. E não era bem um sacrifício, ele não era do tipo feio.


(Puckerman)


Comecei a me arrumar assim que recebi as mensagens de Rachel. Qual o problema com Jesse? Querendo a tirar de mim. Vesti a jaqueta.

O telefone tocou, era Finn.

– E aí? – falei assim que atendi o telefone.

Cara, você e a Rachel estão tendo alguma coisa?

– Não – respondi.

Ah, legal. Me ajudaria com ela? Soube que vocês são bem amigos agora.

– Claro, ajudo.

Legal. Então até amanhã, tchau.

– Tchau.

Desliguei. Pensei naquilo, mas não ajudaria Finn, ele tinha traído Rachel, então não a merecia. Eu a merecia, eu podia fazê-la feliz. Mas nunca passaríamos de amigos. Mesmo que durante o nosso rápido beijo, eu tivesse sentido vontade de nunca mais soltá-la.

(Rachel)


No final da aula corri para fora da escola. Avistei Noah parado do outro lado da rua, caminhei rapidamente. Ele estava lindo, só para constar. E eu estava feliz por não ter nenhum sinal do Jesse. Pelo menos não até ele surgir na minha frente. Gritei de susto, ele ficou me olhando com uma cara estranha.

– O que foi? – perguntou.

– Nada não...

– Agora, Rachel. Esse momento decide o nosso futuro, espero que tenha pensado bem. Qual a sua resposta?

– Hey, Jesse! – Noah cumprimentou ele dando um tapa em suas costas – e aí, Berry!

– Vejo que está de bom humor hoje – Jesse falou seriamente.

Engoli em seco.

– Por enquanto estou – disse Noah. Ele sorriu, mas eu sabia que tinha uma ameaça por trás daquele Por enquanto.

Ele passou o braço por trás da minha cintura me abraçando.

– Ta pronta, Princesa? – ele piscou.

Eu não sabia o que Noah estava tentando fazer. Talvez ele quisesse dizer para Jesse que nós tínhamos alguma coisa e assim ele me deixaria em paz. Mas o jeito que Noah agia fazia com que eu me sentisse muito bem. Pensava se ser a namorada dele seria daquele modo.

– Estou – respondi e dei um sorriso forçado.

– Então vamos lá – Noah disse e começou a andar, me levando junto – foi bom te ver Jesse.

Lancei um olhar de desculpas para Jesse. Ele me encarou de cara feia. Olhei para frente, precisava me desligar dele. A mão de Noah agora estava na minha cintura, mesmo que fosse só fachada, era de mais. Eu sabia que meus esforços tinham sido para nada. Eu estivera apaixonada por Noah nos últimos dias, mesmo que tentasse esconder até de mim mesma.


(Puckerman)


– Nunca vou esquecer a cara que ele fez – falei rindo. Rachel estava séria. Parecia não achar a mesma graça da situação - Por que não ta rindo comigo? – perguntei.

– Não foi tão engraçado – ela respondeu, ainda séria.

Aproveitei que estava com o braço por trás dela e a girei. Ela ficou de frente para mim. Olhei em seus olhos antes de perguntar, precisava saber a resposta exata, sem mentiras.

– Você gosta dele?

Não era como se a resposta dela fosse mudar alguma coisa. Eu estava confuso com todo aquele papo de estar apaixonado, mas me achava forte o bastante para não me entregar.

– Não. Eu acho que estou sentindo algo por outro cara – ela respondeu ainda olhando em meus olhos.

Senti um frio na barriga. Que merda era aquela? Ta legal, vamos organizar isso, pensei. Rachel gosta de um cara, esse cara não é o Jesse. Provavelmente não é Finn. Poderia ser... Eu? Ela estava tão perto de mim, eu poderia simplesmente beijá-la. Mas e se não fosse eu? O que aconteceria? Seria o fim da nossa amizade e nós nunca mais nos falaríamos?

– Posso saber quem é o sortudo? – perguntei, para ter certeza.

– Na verdade... – ela pensou um pouco - Acho que não.

– Eu conheço?

– Definitivamente conhece – falou e riu.

E aí eu perdi a linha.

– Para com esse joguinho e fala logo!

– É o Sam! – ela cuspiu as palavras.

– Ah – foi tudo o que consegui responder.

– O que foi?

– Nada, o Sam é um cara legal – respirei fundo - Vamos, ainda temos que ensaiar.

– Noah – ela me encarou - Você parece decepcionado!

Deveria ser eu.

– Para com isso. Se você gosta dele, deve ser bom para você.

– É, mas quando eu quis o Jesse você disse...

– Eu sei – gritei, quando percebi me controlei e continuei num tom normal – eu sei o que eu disse, mas era diferente. Só quero que você seja feliz.

Ela não falou nada.

– Desculpa, eu não queria ter gritado.

– Talvez seja melhor a gente ensaiar outro dia – ela baixou a cabeça.

– Não, Rachel! Temos poucos dias, se não ensaiarmos eu não vou poder cantar com você!

Silêncio outra vez.

– Rachel, você ta sendo infantil. Quer saber? Já entendi. Você quer cantar com o Sam, seu novo amorzinho.

– O quê? – ela praticamente gritou e voltou a me olhar.

– É isso mesmo. Acho que Quinn estava certa. Você ta me usando para chamar a atenção dos outros e conseguir o que quer.

Ninguém pode me julgar. Eu sabia que estava errado. Estava fazendo uma grande merda. Mas ela deveria ser minha! E estava apaixonada por outro. Eu estive pensando nela nos últimos dias. E não tinha sido pouco. Mas e ela? Aparentemente pensando em outro. Naquele momento eu era dominado por ciúmes, só queria que ela dissesse que era eu o homem que queria ao seu lado e não aquele idiota do Sam.

Ou qualquer cara.

– Não acredito no que você está me falando... Como pode acreditar em algo que a Quinn diz?

– Desde que começamos a andar juntos, o Finn voltou correndo para você, depois o Jesse. Agora você tem o Sam! Para que ia precisar de mim, não é mesmo?

Ela bufou. Estava tão brava quanto eu.

– Não é bem assim – ela começou, mas eu a interrompi.

– Eu sou um idiota. Talvez devesse cantar com o Sam mesmo. Não, cante com o Sam! Eu estou fora!

– Por que você não me escuta?

– Tem algo para falar? Mudou de idéia e vai voltar para o Jesse? Porque foi por pouco que você não saiu com ele hoje, não é mesmo?

Assim que terminei a frase, fechei os olhos e joguei a cabeça para trás. Eu era puro arrependimento. Se eu pudesse escolher um poder, eu realmente escolheria voltar no tempo. Assim eu não teria falado aquela merda. Mas também seria legal poder ler pensamentos, poderia ver o que Rachel pensa e tentar conquistá-la. Seria muito mais fácil.

– Esquece - ela disse e fez sua famosa saída dramática.

Só não corri atrás dela porque estava com o orgulho ferido. A menina que eu gostava, preferia outro.


(Rachel)


Obviamente eu não sentia nada por Sam, mas sentia coisas de mais por Noah. Só tinha dito aquilo por que ele estava me pressionando e eu não podia admitir que estava... Apaixonada. E eu realmente estava, não podia negar para mim mesma. Não era apenas o sonho, era como eu pensava nele o dia todo, como eu queria que ele estivesse comigo e principalmente como eu me sentia quando ele me tocava. Como quando me beijou, mesmo que fosse só para me fazer calar a boca. Por isso ele gritar comigo doía tanto. Só conseguia pensar no quanto seria bom se ele estivesse lá. É o Sam! Que droga foi aquela? Sentei no chão da sala.

– Você está bem? – perguntou um de meus pais, surgindo da porta da cozinha.

– Na verdade não muito - respondi. Ele franziu a testa.

– Nós íamos sair, mas acho melhor ficarmos com você, não é mesmo?

Fiquei com pena. Eu tinha problemas, mas não devia meter meus pais naquilo. Eles continuavam tão apaixonados e eu estava amarga. Devia fazer um esforço por eles. Tinha certeza que eles fariam o mesmo por mim.

– Não – eu dei o meu melhor sorriso – é coisa de adolescente, já estou melhorando.

– Mas nós andamos saindo muito, devemos passar mais tempo com você. Acho que... Estamos ficando ausentes, não estamos? – ele parecia preocupado.

– Vocês saem duas vezes por semana juntos e passam a maior parte do resto do tempo comigo, vocês são os pais mais presentes que eu conheço. Sério, deviam ir.

– É, mas temos aquela viagem no final de semana. Talvez não devêssemos ir.

– Ah – falei e levantei – nem pensa nisso! Eu paguei com o meu próprio dinheiro, era um presente de aniversário de casamento! Se vocês não forem vão partir meu coração.

– Mas...

– Não tem mas. Eu quero que vocês vão e aproveitem. Eu quero muito isso.

– Mas você vai ficar sozinha... De novo?

– Não. Eu convido o Kurt, Mercedes e talvez a Tina para virem aqui. Vai dar tudo certo, vamos fazer festa do pijama.

– Você é um amor – ele andou até mim e me deu um beijo na testa – mas e hoje? Pretende ficar sozinha? Você sabe que não gosta muito de...

– Nossa! Eu só tenho medo quando chego sozinha, já falei isso! E eu posso convidar um amigo – meus pensamentos giravam em torno de Noah.

– O da última vez?

– É... Acho que pode ser – respondi, fingindo indiferença.

– Não vá fazer nada que possa se arrepender depois – ele concluiu.

E se eu não me arrepender? Tive vontade de perguntar, mas deixei passar. Depois que meu pai voltou para a cozinha eu peguei meu celular para mandar uma mensagem para Noah.

Mensagem: Preciso de você.

Mandei antes que pudesse me arrepender. Mesmo sabendo exatamente o que tinha mandado, fiquei relendo. Será que ele ia responder? O que ele devia estar pensando? Então achei que talvez ele pudesse interpretar aquilo errado, assim mandei outra mensagem, mas dessa vez tentei ser mais clara.

Mensagem: Meus pais vão sair e eu vou ficar sozinha.

Argh. Quase joguei o telefone longe quando percebi que aquela tinha soado muito pior do que a outra. Digitei rapidamente, na esperança de que ele não tivesse lido nenhuma ainda.

Mensagem: Não é o que você está pensando!

Cinco minutos depois meu celular tocou. Eu atendi sem nem conferir quem era.

– Oi! – eu disse, não conseguia esconder minha felicidade.

Que felicidade é essa? – a voz do outro lado perguntou. Paralisei ao perceber quem era.

– Desculpe, pensei que fosse outra pessoa.

Isso anda acontecendo muito ultimamente, não é mesmo? - ele disse. Não era bem uma pergunta - A gente pode tentar de novo amanhã, se o Puckerman não aparecer.

– Jesse, eu não estava pronta para responder hoje e não vou estar amanhã. Você tem que entender que o que aconteceu com nós dois foi muito complexo...

Eu sei – ele suspirou – eu só não estou pronto para desistir. Pense no final de semana então, nos falamos na segunda.

– Ta legal – respondi.

Rachel?

– Sim?

Você e ele estão tendo alguma coisa? O que foi aquela cena? – eu sabia exatamente sobre quem ele estava falando.

– Somos apenas amigos.

Hãn, Rachel? Eu te amo.

Me joguei no sofá. Por que comigo? Quando um cara diz que nos ama, a gente não pode simplesmente ignorar. Eu não poderia fugir, teria de dar uma resposta logo. O telefone vibrou no sofá. Peguei ele desanimada, pensava que seria Jesse outra vez. Não saberia o que dizer para ele, mas meu coração pulou assim que vi que não era alguém me ligando, era uma mensagem. Uma mensagem dele.

Puckerman: Juro que não pensei em nada Princesa haha Estou indo ;)

Não pude conter um gritinho no estilo de Kurt mais cedo. Abracei uma almofada. Ele não estava bravo comigo e estava indo. Ele estava indo! Corri para cima para me arrumar. Alguém gritou lá de baixo Não vá se machucar, mas não impediu que eu subisse a escada como se minha vida dependesse daquilo. Não deu outra, tropecei no último degrau e cai de joelhos no chão. Soltei um grito, mas dessa vez era de dor.

– Está tudo bem aí?

Alguém estava preocupado.

– Estou viva.

Meus pais sabiam tudo sobre mim. Aquela resposta queria dizer que eu estava bem. Mas claro que eu não estava. Sentia muita dor no joelho. Levantei mancando e andei até o quarto. Sentei na minha cama e analisei o machucado. Foi só quando resolvi deitar que percebi o quanto eu estava cansada. Minha cama parecia tão confortável e entrava um vento tão bom da janela que estava totalmente aberta. Fechei os olhos. Tudo bem descansar um pouco, não faz mal para ninguém.

Acordei. O vidro da janela estava fechado, era noite! Percebi que estava coberta com um lençol. Fui me levantar, mas meu machucado tinha grudado no lençol então quando eu o puxei senti uma grande dor. Tudo bem, não era tão grande, mas como foi de repente eu não pude conter o grito. Alguém no canto do quarto gritou junto, eu não podia ver, pois estava escuro. Ele se assustou com o meu grito, logo parou, mas eu gritei de novo. Tinha alguém no meu quarto! Ele pulou em cima da cama e colocou a mão na minha boca.

– Rachel! Sou eu!

Demorei uns segundos para organizar meus pensamentos. Sentei na cama.

– Cadê meus pais? – perguntei assim que ele me largou.

– Já foram, mas te mandaram um beijo. Também mandaram eu cuidar de você – ele respondeu, lançou um olhar sedutor que eu conseguia ver muito bem com a luz do abajur ao lado da minha cama. Senti arrepios, mesmo sabendo que ele só estava brincando.

– Quanto tempo está aqui, Noah?

– Não muito – ele deitou ao meu lado, deitei também.

– Devia ter me acordado.

– É, eu devia – ele se virou para mim – desculpe por antes. Por ter gritado e ter agido feito um idiota.

– Não se preocupe com isso.

– Fiquei feliz por ter me mandado aquelas mensagens – ele começou a sussurrar. Parecia que não queria que ninguém ouvisse nossa conversa, mesmo que estivéssemos sozinhos em casa. Virei para ele também.

– Fiquei feliz por ter me respondido – sussurrei de volta.

– Em algum momento você realmente achou que eu não te responderia? – ele sorriu.

– O que você acha? – eu sorri também. Noah se aproximou de mim.

– Tem uma coisa que eu quero te falar – ele continuava sussurrando – eu comprei sorvete.

– Puckerman! – dei um tapa na cabeça dele, parei de sussurrar – Eu achei que ia falar algo importante.

– Sorvete é importante – ele se levantou – vai ficar aí deitada? Vou ter que te levar no colo até lá embaixo?

– Não – respondi levantando.

Olhei ele dos pés a cabeça. Estava lindo, como sempre. Se ele tivesse visto a cena de antes, tudo por que ele me respondeu, teria rido muito de mim. Então me lembrei de que eu estava horrível e de que eu me machuquei quando estava subindo para me arrumar.

– Como se machucou? – ele perguntou. Parecia ler meus pensamentos. Droga, pensa.

– Eu só caí.

– Eu sei. Seus pais me contaram que você subiu as escadas correndo e caiu, deve ter sido muito engraçado.

– Não – falei, revoltada - Machucou. Não foi engraçado.

– Eu posso cuidar dele para você - disse.

Senti meu coração pular. Sorri e fui até o banheiro do meu quarto, para me arrumar.

– Rachel! – ele foi atrás – o que vai fazer?

– Nada – falei – só quero me arrumar, eu estou... Horrível.

– Não está não.

– Claro que estou.

– Vamos ensair depois? - ele levantou uma sobrancelha - eu estou inseguro com isso.

– Eu não estou com muita vontade, Noah - respondi. Eu tinha outros planos - O que acha de começarmos a ensaiar amanhã?

– Acho que não vai dar tempo. Não vou conseguir fazer direito.

– Meus pais vão viajar final de semana, podemos aproveitar e... - pensei um pouco - Ensaiar. Acho que é tempo o bastante. Dois dias inteiros.

– Acho uma grande idéia.

Ele sorriu outra vez. Eu estava escovando meus cabelos na frente do espelho do banheiro, ele ficou parado na porta do mesmo.

– Desde quando você se importa com a aparência em casa?

– Desde que você começou a ficar muito tempo nela – eu ri, mas aquilo era a pura verdade. Ele riu também – por favor, deixa eu me arrumar sozinha. Cinco minutos e eu estou pronta.

– Ta legal. Mas se demorar um segundo a mais eu volto aqui e... Já sabe, né? – ele piscou.

Não, não sabia. Queria muito saber. Na verdade, queria que ele estivesse falando sério, mas era só mais uma brincadeirinha. Sorri para ele e fiz um sinal com a mão dizendo para que ele descesse.

– Se a gente brigar hoje, não vou deixar barato para você, então não demora – declarou e foi sair do quarto, mas parou logo depois da porta, pois eu falei uma coisa que chamou a atenção dele.

– Vai fazer o quê? Me beijar?

Ele andou até mim.

– Você é uma idiota –falou seriamente e deu um beijo na minha bochecha. Depois riu e se afastou de mim andando de costas – Já podia estar pronta, Rachel.

– Podia, mas você invadiu meu espaço pessoal – falei. Noah parou na porta do quarto de novo e ficou me olhando.

– Ah, é? – ele levantou uma sobrancelha – Não vou nem responder. Três minutos!

– Te encontro lá embaixo.

– Se demorar não vai sobrar sorvete.

Eu sorri enquanto observava ele sair. A verdade é que aquilo não era tão engraçado, mas nós ríamos mesmo assim. Sentia uma felicidade imensa quando estava com ele e, a julgar pelos seus sorrisos, ele também se divertia bastante. Mas o mais importante, e que eu não conseguia tirar da cabeça, era que não importava quanto tempo eu demorasse. Quando eu descesse, Noah estaria lá me esperando... Com aquele lindo sorriso.


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