Sweet Caroline escrita por Michelli T


Capítulo 3
Amizade




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Rachel ainda não tinha aparecido no Clube do Coral. Já fazia algo em torno de uma semana que ela e Finn tinham terminado. Era difícil entender o motivo da ausência, ela nunca faltaria assim, aquilo era muito importante para ela. De repente, vieram na minha cabeça coisas como Será que ela está bem? Bom, ela meio que precisou ser salva pelo Puckzilla algumas vezes. Principalmente aquele dia na casa velha. Mas eu não devia mais nada para ela. Bufei, estava entediado.

Sr.Schuester não parava de falar. Normalmente ele era o único professor que eu escutava, mas não naquele dia. Espreguicei-me na cadeira. Vi pelo canto do olho que Santana me encarava, olhei para ela sem saber o que tinha acontecido.

– Você furou comigo – ela sussurrou para que o Sr. Schuester não escutasse – vai explicar ou o quê?

Eu demorei um pouco para entender sobre o que Santana estava falando. Então lembrei que tínhamos marcado de ir comer no Breadstick e depois... Ir para um lugar mais reservado. Aquilo já fazia certo tempo. Foi o dia em que Rachel resolveu ir para aquela casa abandonada. Não quis dizer para Santana o real motivo de eu não ter ido, ela ia arranjar confusão para Rachel. Nem de longe eu queria aquilo.

– Minha mãe teve uns problemas e saiu, tive que cuidar da minha irmã – falei, foi o máximo que consegui inventar no momento. Santana revirou os olhos e me encarou como se aquilo fosse a maior idiotice do mundo.

– Olha aqui – falou um pouco mais alto – se você estiver furando comigo para sair com aquela anã...

– O nome dela é Rachel – falei, interrompendo Santana – e não, não foi por causa dela.

Merda. Quinn tinha escutado e virado para nós, depois olhou para frente de novo, mas eu sabia que ela estava escutando nossa conversa. Olhei para frente, Sr.Schuester escrevia no quadro enquanto falava. Parecia bem focado.

– Não foi? Por que fiquei sabendo que vocês andaram vendo filmes juntos...

– Santana – falei seriamente – ela é só minha amiga.

– Desde quando você tem só amigas? – falou colocando ênfase no amigas.

– Desde que ela se tornou uma – levantei empurrando a cadeira, que fez um barulho e chamou a atenção de todos – e já que eu pareço ser o único que se importa, vou ver ser a Berry está bem, por que caso ninguém tenha percebido, ela não está aqui.

Todos me olharam.

– Isso é egoísmo – disse Kurt – eu me importo com ela, Mercedes também! Mas não sabemos onde ela está e nem o porquê de não estar aqui.

Mercedes assentiu. Todos estavam assustados com o que eu tinha feito, menos Quinn. Ela apenas me encarava. Parecia me julgar. Eu sabia que aquilo significava problema e Finn era tão idiota que nem conseguia perceber.

– Por que isso é importante agora? – Quinn perguntou.

Droga, ela era rápida.

– É. Aqui é muito mais agradável sem ter que querer enfiar uma meia na boca de alguém – completou Santana.

– Se a gente não chegar às nacionais vamos continuar sendo os perdedores dessa escola, nenhum jogador de futebol nem nenhuma líder de torcida vai poder mudar isso. Então precisamos da Rachel – Kurt respondeu por mim.

Quando Kurt falou, todos pareceram concordar. O que era ótimo, pois eu não sabia o que responder. Quinn era esperta e linda, mas só se importava com ela mesma.

– Não podemos ganhar sem ela – conclui.

Queria que acreditassem que aquele era mesmo o motivo para ir procurar por ela. Era complicado, eu não entendia direito o porquê de estar fazendo aquilo, mas todos estavam caindo direitinho. Foi quando notei Sam me olhando. Sua expressão dizia tudo. Era como se ele dissesse “Eu sei” com os olhos. O que era realmente muito mais estranho porque nem eu sabia. Sr.Schuester assentiu, aquilo queria dizer que eu tinha permissão para ir atrás de Rachel.


(Rachel)


– Vai dar tudo certo depois, você vai ver.

Sam tinha percebido que eu não estava muito bem.

– Por que você não fala o que aconteceu? Assim eu posso tentar ajudar.

Ele falava sem parar. Sam era uma boa pessoa. Eu tinha ficado longe de Mercedes e Kurt, com quem eu costumava me abrir. Sabia que não era culpa deles, só queria não me comunicar naquele momento, mas Sam apareceu na hora certa. Acabei contando para ele. Sobre Finn e tudo o que aconteceu. Sobre como eu me sentia sobre aquilo. Sobre Noah ter me ajudado. Falei sobre minha vida. Ele escutou tudo e disse:

– Mudanças são difíceis, mas são necessárias.

Eu esperava que tivesse forças suficientes para passar mais um dia vendo o casal número um do Mckinley juntos de novo, mas quando dei por mim, já estava no banheiro chorando - enquanto devia estar no Clube do Coral - outra vez. Eu estava na última porta, tentava controlar o choro para que ninguém ouvisse e caso alguém viesse eu pudesse parar antes que me notassem. Estava pensando no que eu poderia fazer para ter Finn de volta, quando escutei uns passos entrando no banheiro.

O dono dos passos foi empurrando cada porta do banheiro, uma a uma, até chegar à minha. Encolhi minhas pernas para que ele não pudesse ver. Então ele bateu na porta, como fez nas outras, ao ver que a mesma não abriu, suspirou.

– Ta legal. Eu já fui a todos os banheiros, sei que você ta ai.

Era Noah! O que ele queria? Não respondi, esperei que ele pensasse que não era eu e fosse embora. Por mais que eu gostasse dele, não queria que me visse chorando outra vez. Não tenho paciência comigo, por que teria com você? Ele havia falado na outra vez que me viu chorar, daquela não seria diferente.

– Qual é, Berry? Vou ter que derrubar a porta? – perguntou impaciente.

Eu não duvidava nada daquilo. Ele iria abrir a porta eu querendo ou não.

– Não... – respondi, sem escolha.

Abri a porta. Ele sorriu, estava satisfeito por eu ter aberto sem luta.

– Você ta linda, não devia ficar se escondendo aqui.

– Quem quer enganar, Noah? – perguntei limpando as lágrimas dos meus olhos.

– Do que está falando?

– Por que agora se importa? Na última vez que me viu chorar, não foi nada simpático.

– Lembra do que conversamos semana passada?

Não lembrava. Tínhamos conversado muita coisa na noite do nosso último filme juntos. Havia sido perfeito.

– O que você acha de comermos pizza? – perguntou Noah naquela noite.

– Eu acho uma grande idéia, vou pedir – falei levantando, ele segurou minha mão.

– E eu acho que você vai ver como eu tenho outros dons, além de ser um gato.

Noah fez uma pizza ótima. Comemos ela e tomamos refrigerante. Ele contou piadas, histórias de sua família e coisas do tipo. Era incrível como ele estava a vontade comigo naquele momento. Eu resolvi não interromper, era tão difícil Noah se abrir, eu achei que não podia desperdiçar. Assistimos Transformers. O que era bem diferente do que eu estava acostumada, mas acabei gostando. Não sabia até que horas ele tinha ficado lá, acabei dormindo no sofá, estava exausta, tinha passado a noite anterior pensando em como seria cantar Somebody to Love com Finn novamente e não tinha dormido quase nada. Queria ter aproveitado mais aquela noite. Quando acordei, estava tudo arrumado. Bem diferente da lembrança que eu tinha, com pratos sujos e tudo mais. Havia um bilhete em cima da mesa da sala.

VOCÊ É FRACA. DORMIU CEDO. MAS TUDO BEM.
EU ARRUMEI AS COISAS PARA VOCÊ
VEJA COMO UM ÚLTIMO FAVOR POR
BOM, VOCÊ SABE, TER ME AJUDADO AQUELE DIA.
MINHA DÍVIDA ESTÁ OFICIALMENTE PAGA! (:

– Rachel! – ele chamou, me tirando das lembranças – Você não lembra?

– Lembro de muita coisa, Noah... Do que exatamente está falando?

Ele bufou.

– Tem uma hora que tem que dizer a você mesma que chega! Tem um momento, Rachel, que você tem que ser forte. Mostrar para todos que eles estavam errados. Enquanto você está aqui, Santana e Quinn estão bem felizes por pegarem suas músicas. E o seu sonho? Vai jogar tudo fora por que o Finn escolheu a loirinha de novo? Por que não sai daqui e mostra quem é Rachel Berry? Porque eu sei que você é muito mais do que uma menininha que fica chorando pelos cantos da escola.

Estava certo, tão certo. Talvez depois de uns anos eu nem me lembrasse da existência de Finn. No que eu tinha me tornado? Chorando o tempo todo... Estava sendo fraca. Mas não mais.

Funguei. Andei até a pia e lavei o rosto. Ergui a cabeça e me olhei no espelho. Meu rosto estava inchado. Fui até a porta em que eu estava e peguei minha bolsa em cima do vaso sanitário. Passei uma maquiagem para disfarçar o estrago de toda a choradeira. Me olhei no espelho de novo.Você é muito mais do que uma menininha que fica chorando pelos cantos da escola. Virei para ele. Não sabia o que dizer ou como agradecer.

– Você não me deve mais nada...

Ele sorriu.

– Eu sei.

E era tarde de mais para Noah Puckerman. Ele poderia negar, mas naquele momento eu tinha certeza. Ele era meu amigo.


(Puckerman)


Bateram palmas quando eu entrei com Rachel na sala. Menos Santana.

– Que bom que voltou para nós – disse Sr.Schuester ao nos ver entrar – agora podemos ensaiar os números para as regionais.

Eu e Rachel ficamos lá parados por uns segundos, decidindo onde íamos sentar. Meu lugar estava vago, no meio de Santana e Sam. Não era uma boa escolha. Não por Sam, apesar de ele estar agindo estranho para mim, era por Santana. Tinha outro lugar do lado de Finn, mas eu não deixaria que ela sentasse ali. Atravessei a sala e peguei outra cadeira, coloquei a mesma ao lado da cadeira vazia perto de Finn. Eu sentaria ao lado de Finn e deixaria que Rachel sentasse na outra. Uma distância segura. E Puckzilla estava bem no meio.

Peguei no pulso de Rachel e a levei até o lugar. Eu não era tão idiota de pegar em sua mão, não com Quinn e Santana cuidando cada movimento. Mas afinal, do que eu tinha medo? Se Rachel era realmente uma amiga, tudo bem, aquilo era novo para mim, mas o que havia de errado?

Depois de sentar percebi que todos na sala me encaravam curiosos. Então eu não podia pegar uma cadeira para alguém e levar esse alguém até o lugar?

– O que foi? – perguntei.

Eles continuaram me olhando.

– Tudo bem – começou Sr.Schuester, tirando a atenção deles de mim - Finn e Rachel estão prontos?

Rachel se levantou.

– Na verdade, Sr.Schuester, eu quero fazer o dueto com Noah.


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