Sweet Caroline escrita por Michelli T


Capítulo 2
Sentimentos




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– Rachel, eu passo na sua casa mais tarde – disse Jesse.

Eu simplesmente não conseguia acreditar que Puck havia o espantado. Mas ele parecia não se importar nem um pouco com aquilo. Assim que Jesse saiu, ele sorriu orgulhoso.

– Por que exatamente você está sorrindo? – gritei.

Puck passou a mão pela cabeça, pensando no que responder, mas apenas continuou sorrindo. Balancei a cabeça, demonstrando minha desaprovação com tudo aquilo. Levantei pronta para fazer minha saída dramática, mas ao chegar à porta da sala, Puck me puxou pelo braço até ele. O que foi estranho, pois eu não tinha visto que ele estava indo atrás de mim.

– Hey... – ele disse entre risos, assim que me virei para ele – Jesse é um idiota, você nem gosta dele, acho que fiz um favor.

– Não tem outro cara que queira algo comigo, Noah... Ele é a minha chance de não ficar sozinha o ano todo.

– Qual é, Berry? – ele cerrou os olhos – Você é incrível, sério.

Não pude deixar de sorrir. De certo modo eu era incrível. Cantando. Pelo menos era boa em algo. Não em algo que atraia meninos, como Quinn. Certa vez, alguém havia me falado que eu era incrível nas performances, teria sido Kurt? Não importava. Noah estava me ajudando a ver aquilo e era uma coisa inédita nele. Era como se eu tivesse um amigo, um amigo de verdade. Ele me passava certa segurança, embora só o fizesse como modo de me pagar por ajudá-lo mais cedo na diretoria.

– E o seu Jesse ficou com medo de mim e dos meus gêmeos aqui – ele disse, colocando ênfase nos gêmeos que se referia aos seus bíceps.

A gente riu, riu bastante. Nossa, como era bom rir. Naquele dia, Noah me levou até minha casa, ele não queria que Jesse me “pegasse” no caminho. E durante todo o trajeto até lá, nós rimos. Ele me fazia sorrir. Claro que em nenhum momento havia tirado Finn da cabeça, mas Noah amenizava as coisas.

– Meus pais estão viajando... Quer entrar?

Eu perguntei assim que chegamos à minha casa.

– Ah – o rosto dele se iluminou – foi por isso que falou que não queria fazer festa nenhuma!

– É – eu assenti rindo.

– Que tipo de convite é esse? – ele perguntou ficando sério.

Droga. Droga. Droga. Ele era tão lindo. Eu tinha medo do que poderia acontecer se ficasse muito tempo sozinha com ele. Na verdade, acho que ninguém resiste ao Puckerman. Mas ao olhar para minha casa, escura e solitária, senti um arrepio.

Antes, quando meus pais viajavam, Finn ficava um tempo comigo. Quando ele ia embora, eu já tinha me acostumado lá dentro de novo e não tinha mais medo. Mas a verdade é que eu odiava ter que entrar sozinha em casa, sem saber se alguém estava lá dentro me esperando para atacar.

– É um convite como amigo, topa?


(Puckerman)


– Topo.

Eu não entraria na casa de uma mulher sem ter segundas intenções com ela, muito menos se soubesse que ela também não tinha. Mas vi Rachel estremecer quando olhou sua casa que estava totalmente escura. Eu ainda devia algo para ela. Jesse ainda não tinha largado do seu pé, então... Ainda sentia uma dívida para pagar. Daquela vez eu abriria uma exceção. Aquela coisa de “se esforce no ensaio”, bem, eu não tinha nem considerado aquilo.

– Isso é chuva? – perguntou Rachel.

– Quê? – perguntei, ainda estava perdido nos meus pensamentos.

– Chuva! Está chovendo, Noah! – ela gritou enquanto pegava minha mão.

Aquele momento poderia ter sido perfeito. Quer dizer, duas pessoas correndo na chuva, então estaria frio e entrariam e...

– Eu achei que tivesse trancado a porta... Eu estou ficando louca?

Bem, sem perceber, Rachel acabou com um momento lindo na minha imaginação. Assim, tudo o que eu disse foi:

– Não.

Rachel colocou um filme para assistirmos “Grease”, mas passou o tempo todo falando de Finn e como eram lindos e perfeitos juntos, certa hora eu a interrompi e disse:

– Pena que ele deve estar com a Quinn agora.

A expressão dela mudou totalmente, eu sabia que aquela era uma ferida que Rachel jamais deixaria curar, duvidava que em algum momento ela realmente tivesse tentado esquecer Finn. De repente, a idéia surgiu. Eu ajudaria Rachel a esquecer Finn e a seguir em frente. Mas não com o Jesse.

– Foi mal...

– Não – ela balançou a cabeça – você está certo. Afinal, quem me preferiria ao invés da Quinn?

Talvez... Eu?

– Vocês são diferentes, ela não é melhor do que você.

Ela me olhou. Cara, ela estava linda. Ao me ouvir falar, sorriu. Era tão fácil agradá-la e era tão diferente. E eu estava lá com ela. E logo tudo aquilo iria acabar.

Depois que eu ajudasse Rachel em algo, não teria motivos para falar com ela e...

– Obrigado, Noah – ela me abraçou.

Estávamos sentados um em cada ponta do sofá, virados um para o outro, ignorando totalmente o filme que devia ser um dos preferidos de Rachel. Ela passou os braços por trás do meu pescoço e me puxou para perto dela. Nossos corpos se juntaram e ela deitou a cabeça no meu ombro. Ficamos assim por uns cinco segundos. Longos cinco segundos.

– Acho que – disse ela pausadamente – tem alguém na porta.


(Rachel)


Noah me disse para ficar sentada e esperar enquanto ele ia atender a porta. Eu não esperava ninguém então achei que tudo bem. Aquelas horas que eu tinha estado com Noah tinham sido ótimas. Desde o caminho até a minha casa, o filme, as conversas, o abraço... Jesse!

Corri em direção à porta, assim que virei o corredor, encontrei Noah voltando, sorridente.

– Quem era? – perguntei.

– Jesse – ele respondeu dando de ombros, como se aquilo não importasse.

Eu corri. Noah até tentou me parar, mas eu o empurrei para fora do meu caminho. Abri a porta nervosa, mas Jesse não estava mais lá. Dei uma olhada pela rua e o avistei indo embora, estava meio longe, contando o tempo que Noah voltou e eu corri, ele devia ter caminhado muito rápido.

– Jesse! – gritei da porta, ele pareceu não ouvir – Jesse! – tentei outra vez, mas ele ignorou meu chamado.

Não sabia se Jesse havia me escutado, talvez sim, mas sabia que Puckerman havia feito algo para ele, algo que o fizera ir embora. De novo. Algo que eu teria de descobrir.


(Puckerman)


Cantamos Somebody to Love para os pais na reunião da noite. Rachel estava feliz, ela cantava a música com Finn. Parecia que dois dias eram o bastante para desculpá-lo.

Pelo menos Jesse não tinha procurado ela de novo. Rachel me perguntou muitas vezes o que eu tinha falado para Jesse. Mas eu mantive meu bico calado. E era bom que Jesse fizesse o mesmo.

– Mandei ele embora – eu disse de uma forma convincente. Pela quinta vez.

Bem, ela acreditou. E de qualquer forma, não era uma mentira. Eu o mandei embora mesmo, só ocultei de Rachel a parte em que ameacei matar ele. Também não era como se eu fosse matar ele realmente, era só uma ameaça. Sem contar que não queria ir para o Reformatório. De novo.

Parecia tudo normal outra vez. Cara, eu tinha tomado quase todo o refrigerante que era para os pais, sentia que minha bexiga ia explodir. A coisa devia estar feia para que o Diretor Figgins pagasse por toda aquela bebida e aqueles salgados. Por beber tanto, logo depois que a apresentação terminou, tive que correr para o banheiro.

Me sentia mais leve após usar o banheiro. Mas aí ouvi um choro. Normalmente seria impossível ouvir qualquer coisa. Naquela noite o corredor estava tão silencioso que achei possível o dono do choro ter escutado o barulho do meu xixi.

Andei lentamente pelo corredor, tentando descobrir de onde vinha o barulho. Ultimamente eu estava tão perdido nessa de retribuir Rachel, que tinha esquecido quem eu era de verdade. Puckerman estava louco para zoar algum bebê chorão. Acabei parando na frente da sala de Espanhol do Sr. Schuester, a porta estava aberta, então simplesmente entrei. Passei os olhos vagarosamente pela sala, tentando encontrar alguém na escuridão.

– O que você quer, Noah?


(Rachel)


Ele franziu a testa enquanto olhava para o fundo da sala. Demorou um pouco para perceber que era eu que estava lá... Chorando outra vez. Mas quando o fez, caminhou em passos largos e rápidos até o fim da sala – onde eu estava sentada – e sentou na minha frente. Apesar de estar escuro, pude ver as dúvidas no olhar dele.

– Por favor, não diga que me avisou.

– Por que eu faria isso? – perguntou enquanto tirava uma lágrima da minha bochecha.

Ele estava lindo. Mesmo com as luzes apagadas, eu sabia. Tinha olhado para ele durante a apresentação e, tinha de admitir, ele era um homem lindo. E naquele momento, um homem bom. Ele segurou minha mão e sussurrou, dizendo para que eu parasse de chorar, estranhamente, aquilo me fez chorar mais ainda.

– Rach, o que aconteceu?

Me lembrei do que tinha visto. No final da apresentação, logo depois de Noah sair, Finn me olhou com um sorriso um tanto convidativo, por isso andei até ele. Não sabia o que falar, não tinha nada planejado, só ia ir lá e recuperar tudo o que tínhamos deixado para trás. Antes que eu chegasse em Finn, Quinn o puxou e o beijou, bem na minha frente. O que doeu mais foi ver que ele aceitou o beijo. Era como se eu não existisse para ele. Virei de costas para aquela cena, nenhum dos dois precisava me ver chorar. Depois saí dalí e a única sala aberta era a do Sr.Schuester, então, lá estava eu...

– Eu perdi – falei controlando o choro – ele escolheu ela...

Puck soltou minha mão e se levantou.

– E você ta chorando por isso, Berry? – perguntou mudando totalmente o tom de voz.

Apenas o encarei.

– As coisas nem sempre são como queremos, mas não é por isso que vamos sentar e chorar – ele disse.

– Mas não é justo! Eu o quero tanto e...

– E ele não te quer. Ele ta com a Quinn, ele ta feliz. Ta na hora de você ser também!

Aquilo me atingiu como uma pedra. Ele estava tão certo. Finn tinha feito a escolha dele, Quinn não iria se render e deixar ele livre para mim outra vez. Mesmo que eu soubesse que ele me amava e não ela. Mas não entendia porque Noah estava sendo tão duro comigo.

– Você podia ser um pouco mais... Calmo.

– Não tenho paciência comigo, por que teria com você?

– Não sei, Puckerman! Talvez porque eu ame ele! Eu o amo com cada parte do...

– Mas ele não te ama! Rachel! Entenda isso! – gritou.

Parei para digerir aquilo. Respirei fundo e sequei as lágrimas. Me sentia um lixo, como se Finn tivesse me usado e depois me jogado fora. Era tão humilhante, era constrangedor. Achava que dificilmente conseguiria encarar as pessoas no clube, mas sem ele, eu ficaria sem voz, sem expressão, minha vida era cantar e Finn estava acabando, de certo modo, com a minha vida. E naquele momento, Puckerman não estava ajudando em nada.

Me levantei.

– Obrigado pela ajuda – falei ironicamente, desviei dele e andei em direção da porta.

– Rachel – ele me chamou – Rachel!

Eu o ignorei.


(Puckerman)


Desculpe mundo! Não consegui sentir pena de Rachel. Como alguém podia ficar chorando e sofrendo por outra pessoa que nem se quer faria o mesmo por ela? Era inútil! E existiam coisas tão mais importantes que aquilo. Como, como paz mundial. Ou... Ou, eu não sei. Mas existiam!

Não precisei ir atrás, sabia exatamente aonde ela ia. Minha intenção não era seguir ela. Rachel tinha pegado a estranha mania de ir para um lugar em especial para chorar. Se eu não soubesse daquilo, teria ignorado e ido ao meu encontro com Santana. Mas Rachel era o tipo de menina que deixava os sentimentos mandar, mesmo sendo noite e o lugar ser abandonado, ela iria para lá sem hesitar. O que era estranho já que tinha medo da sua própria casa.

Achei melhor correr até o local. Eu tinha parado comer alguns salgados do Diretor antes de ir e ainda queria chegar antes dela entrar na casa. Até entendo os motivos. Um lugar para ficar sozinha, um lugar que só ela conhecia. Mas ela não esperava que o Puckssauro soubesse exatamente onde a encontrar. Se prepare Berry.


(Rachel)


Eu estava quebrada. Como alguém podia fazer eu me sentir assim? Além, de tudo, eu estava sozinha. Com a viajem dos meus pais, sem Finn... Eu não tinha muitos amigos... Eu sempre estive muito ocupada para conseguir fazer amizades e ninguém gostava de mim realmente. I kinda like her. Foi o que Noah disse naquele dia em que Santana me insultou. Eu estivera errada nesses últimos dias? Realmente achei que ele podia ser meu amigo. Ele estava sendo tão legal e... Prestativo. Talvez fosse pelo fato de ele estar me devendo uma, digamos assim. Mas eu duvidava um pouco daquilo.

Tinha passado o portão da velha casa quando escutei passos atrás de mim. Como era noite, coloquei a mão dentro da bolsa e agarrei o meu spray de pimenta. Quando o dono dos passos estava bem perto falou ofegante “Berry”. Eu tive uma mistura de sentimentos. Primeiro fiquei tranqüila por não ser um ladrão ou algo do tipo, depois com raiva por ele ter me seguido, depois feliz por... Bom, ele ter me seguido. Ainda assim, estava magoada. Estava machucada. Precisava ficar sozinha.

– Eu venho aqui para ficar sozinha.

– É perigoso – ele disse, ignorando o que foi quase um pedido para que fosse embora.

Eu sabia totalmente que aquele podia ser um lugar perigoso, principalmente durante a noite, mas como já tinha estado lá muitas vezes durante o dia, eu esperava que fosse tão abandonado quanto nas outras vezes. E eu tinha meu spray de pimenta.

– Sei me cuidar.

Ele riu como se aquilo fosse uma piada, deu um sorriso torto, cruzou os braços e balançou a cabeça negativamente. Parecia que ele estava dizendo não tem jeito de eu te deixar aqui sozinha.

– Que droga, Puckerman! Você não quer estar aqui então por que não me deixa sozinha?

Ele ficou sério.

– Olha só, Berry. Se eu te deixar aqui sozinha e acontecer alguma coisa, vão me culpar pelo resto da minha vida e... Cara! Qual é? Eu sei que você vem aqui pra chorar e se culpar pelos erros dos outros, no caso, o erro do Finn – ele deu ênfase no Finn – quando vai parar de se torturar tanto?

Noah Puckerman. O cara mais popular, canta e dança razoavelmente – não dança tão bem quanto Mike Chang e nem canta tão bem quanto... Ora, como eu, mas é bom – um excelente jogador de futebol americano e apesar dos problemas, conseguia ser o cara mais desejado da escola. E o que eu quero dizer com problemas, são coisas como polícia. Na verdade, acho que aquilo contribuía para sua imagem de bad boy irresistível. E o bad boy estava querendo me ajudar... Outra vez.

– Eu entendo que você ainda me deve uma, mas eu venho aqui para pensar e preciso fazer isso sozinha!

Ele pensou.

– Tudo bem. Eu aceito – ele olhou para o céu – mas eu vou te esperar aqui fora e – olhou para mim – vou te levar até em casa depois. Nem pensa em reclamar, você tem medo da sua casa, lembra? E não é nada legal uma menina sair por ai sozinha de noite, é perigoso.

– Eu nunca disse que tenho medo da minha casa...

– E eu escolho o filme dessa vez.

Ele estava falando muito. Normalmente, só falava o necessário. Estava sendo um cara tão legal, não queria perder ele, logo veria que já fez muito por mim e assim tudo aquilo iria acabar. E Noah voltaria para sua vida incrível e eu para a minha... Sozinha.


(Puckerman)


Rachel assentiu com a cabeça e entrou na velha casa. Eu fiquei lá de braços cruzados esperando que ela fosse rápida. Mas, cara, quem eu tava tentando enganar? Ela ia demorar mais de uma hora. Sentei nas escadas da varanda, de costas para casa.

O que eu tinha me tornado? Eu ainda sentia uma vontade imensa de ajudar ela, mas era como se a dívida já não existisse. Quase como se... Fossemos amigos. Rachel não me enxergava dessa forma, nunca tinha demonstrado, pelo menos. Só... Quando ela me deu aquele abraço, eu senti algo diferente. Como quando minha mãe me dava uns abraços, algo como... Sentimentos?

Sentimentos por Rachel Berry. Ela não era do tipo feia, e era judia. Isso com certeza ia deixar minha mãe orgulhosa. Mas, orgulhosa pelo o que? Por eu ter uma amiga judia? Não fazia muito sentido. O problema não era ela ter sido legal comigo, qualquer um pode fazer isso. Eu tinha sido legal com ela. Eu queria ajudar e estar perto dela.

Já tinham passado vinte minutos que Rachel tinha entrado, quando a ouvi gritar. Primeiro achei que fosse minha imaginação, mas daí ela gritou outra vez. Chamou pelo meu nome. Aquela sensação de a ouvir me chamar em um momento de desespero, era incrível. Me senti assim por dois segundos, então corri para ajudá-la.


(Rachel)


Eu tinha de colocar meus sentimentos para fora. Todos os sentimentos ruins que estavam rondando minha vida. Toda a tristeza e solidão. No meio daquilo tudo eu tinha uma luz. Uma única pessoa que podia me ajudar, também a única que parecia realmente se importar. Por que não tínhamos sido amigos desde o início? Tentei deixar todos os sentimentos que envolviam Noah, para me focar nos que estavam errados. Finn. Eu não podia chorar toda vez que visse Quinn e ele juntos. Não podia continuar sonhando que estaríamos juntos de novo, pois isso não aconteceria.

Em todos os momentos lá dentro, eu pensava um pouco em Noah. Não conseguia tirar ele da minha cabeça. Saber que ele estava lá fora me esperando não ajudava em nada. Foi aí que percebi que aquilo não adiantaria, eu não conseguia pensar direito nas coisas. Então resolvi ir embora.

Foi quando ele pulou em cima de mim, me derrubando. Um velho com cheiro de bebida. Sua aparência era horrível e eu me desesperei. Não sabia o que ele queria comigo e nem imaginava como fugir dali. Então gritei. O velho disse algo como ninguém vai te ajudar e sorriu. Seu hálito me deu náuseas e com seu sorriso pude ver seus dentes... Que deviam ser três ou quatro. Ele prendeu meus braços com suas mãos contra o chão. Aí gritei mais alto, mas dessa vez eu chamei por ele. Chamei por Noah.

Não demorou cinco segundos para que eu ouvisse um barulho estrondoso e a porta da frente estivesse no chão. O velho se surpreendeu tanto quanto eu, mas não tivemos tempo para isso. Tudo aconteceu muito rápido depois. Ele estava em cima de mim e no outro instante Noah estava em cima dele. Eu estava ofegante e assustada, me sentei no chão e olhei para aquela cena. Noah estava dando muitos socos no velho, dava para ver que estava com raiva. Achei que se deixasse, ele poderia matá-lo.

– Puckerman! Já chega – tentei, mas ele ignorou totalmente.

Levantei. Tinha de parar ele. Não importava o que aquele velho queria fazer comigo, se ele o matasse, seria assassinato e Noah estaria ferrado. Não queria perdê-lo.

– Noah – me aproximei dele – por favor, você tem que parar... Agora!

Não conseguia acreditar naquilo, ele ignorava totalmente o que eu dizia. Pensei em mil coisas para poder chamar a atenção dele, mas não tinha coragem de fazer nenhuma. Enfim, coloquei uma mão em seu braço e desci até seu pulso, com isso, ele parou de dar socos e ficou imóvel, mas ainda olhando para o velho com raiva. Senti segurança para segurar a mão dele, então o fiz. Assim, apertei a mão dele.

– Já está bom – falei calmamente.

Ele segurava o velho pela camisa – que era suja e rasgada – com a mão esquerda e eu apertava sua mão direita. Ele apertou minha mão de volta e puxou o velho um pouco para cima, usou a força do braço esquerdo para jogar o homem contra o chão. Ele gemeu de dor.

– Que isso sirva de lição – Noah disse enquanto se levantava e virava as costas para o velho.

Naquele momento eu sentia orgulho de ser amiga de Noah Puckerman. Ele colocou a mão nas minhas costas e me guiou até a saída.


(Puckerman)


Ficamos em silêncio o caminho todo. Eu não falei por não ter o que falar, mas daria qualquer coisa para saber o que Rachel estava pensando. Quando chegamos à frente da casa, ela se virou para mim, mas encarava o chão.

– Desculpa...

Fiquei confuso.

– Desculpa pelo o quê? – perguntei.

– Por ter te metido nessa... Coisa. Você, você me avisou que era perigoso, mas eu fui idiota e quis ir mesmo assim e olha no que deu! – ela falava rápido, atropelando as palavras.

– Quer dizer, eu estive a ponto de matar um mendigo e você é que pede desculpas? – eu ri.

Rachel riu também. Eu adorava quando ela estava rindo. E aí ela ficou séria.

– Acabou, não é? – perguntou, mas como não respondi, ela continuou – Eu te ajudei, você me ajudou. Agora é cada um para o seu lado...

Estava certa, mas mesmo assim parecia tão errado. Aquele era o fim da nossa breve amizade? Qual é? Amizade? O que eu tinha me tornado? Me sentia extremamente gay. Mas não conseguia responder e não queria pensar naquilo na frente de Rachel. Então eu sorri e baguncei o cabelo dela com a mão.

– Você me prometeu um filme.

– Não prometi... – disse ela pensativa.

– É, não prometeu mesmo. Mas é o nosso filme de despedida! Estamos perdendo tempo aqui fora. Eu escolho, hein! Nada de musical hoje.



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