Sweet Caroline escrita por Michelli T


Capítulo 22
Sweet Caroline




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– Homens são todos iguais, devia saber disso – Meu pai falou.

– Ei! – O outro se ofendeu.

Desde que eu tinha chegado chorando em casa, os dois ficaram tentando me ajudar a melhorar. Deixei escapar umas risadas, mas não passou disso. Eu achava ter cometido o maior erro da minha vida. Trocado Jesse pelo Puck. Quem em sã consciência pode fazer algo assim?

– Eu só preciso ficar um pouco sozinha, tudo bem? – Falei. Eles se olharam por uns instantes, mas finalmente deixaram meu quarto.

O silêncio era tudo o que eu queria. Coração partido, totalmente sozinha. Podia ser pior? Meu celular tocou e o nome de Jesse apareceu na tela. Recusei a ligação. O que eu iria dizer para ele?

Mas me arrependi daquela decisão quando, minutos depois, Jesse bateu na porta do meu quarto e a abriu antes que eu respondesse. Eu não queria falar com ele por telefone, não ia querer pessoalmente. O que meus pais tinham na cabeça para deixar ele entrar? Eu estava deitada na cama. Com o rosto inchado de tanto chorar. Cobri o rosto com a coberta.

– Oi, Rachel. – ele disse, eu nem respirei – Só por que não está me vendo, não quer dizer que não me escute.

– Sinto muito – Falei, ainda escondida.

Jesse se sentou na minha cama.

– É só o que tem para me dizer? – ele perguntou.

Sim, tive vontade de responder. Mas um simples sinto muito não era o bastante para o que eu tinha feito.

– Eu queria ter acreditado em você, ter ficado com você. Eu estava errada. – Minha voz saía num sussurro. – Ele é só um garoto.

– Você me fez de idiota duas vezes.

O que eu estava sentindo já não era o bastante?

– Sinto muito por isso também... – disse e Jesse puxou a coberta de mim.

Quando ele viu como eu estava, seu rosto tornou-se triste no mesmo instante. Ele ainda se importava.

– Não quero que sofra mais.

– E eu... – falei, as lágrimas caindo do meu rosto. – Eu também não quero mais sofrer.

– Quando a gente ama alguém de verdade – ele sussurrou -, somos capazes de perdoar qualquer coisa que a outra faça... Só para poder ter ela por perto.

Abracei Jesse com força. Se eu tivesse o escutado desde o início, tudo estaria bem. Puck não fora atrás de mim. Eu sei que falei para ele não me seguir, mas ele nem tentou ligar. Noah Puckerman não me amava, sem dúvidas, nunca me amaria. Enquanto Jesse tinha uma grande facilidade para declarar seus sentimentos.

– Acho que eu posso aprender a te amar de novo – ergui meu olhar até encontrar o de Jesse, ele me olhava atentamente.

Fiquei com medo de que ele dissesse que não era o que ele queria. Jesse sorriu e disse:

– Eu ia adorar.

Com aquelas palavras, Jesse pegou meu rosto delicadamente e me beijou. Eu gostava do fato de Jesse gostar de mim, ainda mais quando sabia que Puck não sentia o mesmo.

No outro dia, Sam e Kurt estavam totalmente horrorizados com o que tinha acontecido.

– É sério? – perguntou Sam, pela décima vez.

– Claro que é, ela não inventaria isso – disse Kurt.

Mercedes estava detonando Puck, como ele não tinha futuro e coisas do tipo. Comigo ele teria futuro, eu tinha certeza, mas de que isso importava? Avistei Puck passando longe. Todas as garotas olhavam para ele. Estava lindo. E solteiro. Jesse deu um beijo no meu rosto, me confortando. Apesar de estar sem o Puck, tinha o apoio dos meus amigos e também tinha o Jesse. As coisas iriam se acertar.

Então Tina resolveu abrir a boca.

– Desculpe Jesse, mas eu gosto muito mais do Puck.

– Tina! Você está louca? – Mercedes foi a primeira a reagir.

– Não estou, vocês estão! Uns dias atrás a gente sentava aqui e falava como o Puck era maravilhoso. Agora só por... – Ela encarou Jesse. - Eles ainda são perfeitos um para o outro. É isso. Desculpe Jesse e desculpe Rachel.

Com isso levantou-se e foi sentar com Mike. Talvez estivesse certa, mas não era hora para pensar naquilo. Pedi desculpas para Jesse, ele apenas sorriu e assentiu, como se aquilo não importasse muito.

(Puckerman)

Por que eu não respondi? – eu gritava comigo mesmo.

Como podia ter deixado a Rachel naquela situação? Eu a amava! Eu não sabia direito o que era amar, mas se já amara alguém, esse alguém era ela. Diga que eu quero o melhor para ela e... Esse melhor nunca fui eu. As palavras de Brad ecoavam na minha cabeça. Ele perdeu o amor de sua vida e eu estava prestes a perder o meu. Eu era melhor que Brad, ou deveria deixar Rachel para alguém que realmente merecesse alguém como ela?

Quando ela disse que me amava, admito que entrei em pânico. Não sabia o que fazer. Amar é algo incomum para mim. Eu posso muito bem dizer que amo qualquer garota, não faz diferença.

Rachel não é qualquer garota.

Algo como ficar junto da pessoa que se ama para sempre. Não deveria ser assim? Eu fiquei com medo, mas minutos depois já queria correr para Rachel e dizer que a amava também. Só que novamente não consegui.

Entrando na sala do coral já avisto os dois. Rachel e Jesse, um ao lado do outro. Ele olhava para ela de um jeito tão... Carinhoso! Devia ser eu! Rachel parecia mais deslocada do que nunca. Fui até o Sr. Schuester.

– Eu tenho uma música para cantar. – falei.

– Depois que eu dar uns recados você pode...

– Não, é muito importante que eu cante agora – expliquei. Sr. Schuester olhou por cima do meu ombro, provavelmente viu a mesma cena que eu. Ele assentiu e colocou a mão no meu ombro.

– Eu disse que você gostava dela. – e sorriu. – Que música vai ser?

Achei desnecessário explicar que, naquele tempo, eu ainda não gostava dela realmente. Ou talvez gostasse? Eu só tinha tentado ajudar, tirando a lista de seu armário.

– Já cantei ela uma vez.

– Não da pra ser uma nova, Puck?

– Não.

– Se é tão importante assim. – Ele falou para mim, depois se direcionou para todos, aumentando o tom de voz. – O Puck tem uma coisinha para nos mostrar.

Ele se sentou. Todos viraram para mim, o olhar de Rachel me fez estremecer.

– Algumas coisas não deviam ser esquecidas nunca. – comecei. – Essa é uma que... Na verdade, eu nunca esqueci.

Com isso, peguei o violão.

Rachel evitava me olhar, só encarava o chão. Bem diferente de quando cantei ela pela primeira vez, quando Rachel agia como se eu fosse o único naquela sala. E eu sabia que a culpa era minha. Jesse tomara meu lugar por minha culpa.

Me aproximei de Rachel e Jesse. Me inclinei em sua frente, a obrigando a me olhar.

Ela sorriu de leve quando o refrão chegou e os outros acompanharam de fundo. Jesse estava carrancudo, mas o sorriso dela já era o bastante para me fazer sorrir também. Me ajoelhei em sua frente, deixando o violão sobre a perna.

– Sweet Caroline – Rachel começou a rir. Ela tentava se controlar, mas acabava rindo outra vez. - Good times never seem so good – Me levantei e andei até Quinn, que fazia o coro, animada. - I've been inclined – ela me acompanhou. Fui até o meio da sala para finalizar e com a última frase, olhei para Rachel, que aquela altura já desistira de se esforçar para não sorrir - to believe it never would.

– Muito bom, Puck! Relembrando o seu início – Sr.Schuester parabenizou - Primeiro solo, não? Muito importante.

– Foi para uma pessoa importante também.

Rachel foi a primeira a aplaudir, seguida de todo o Clube do Coral. Mas também foi a primeira a parar, Jesse entrelaçou os seus dedos nos dela e deu um leve beijo em sua bochecha.

Senti meus ombros caírem, nada que eu fizesse teria valor.

Eu tinha perdido.

(Rachel)

– Não acredito que você preferiu o Jesse!

Finn gritava comigo no corredor.

– Ele te fez coisas muito piores do que eu fiz!

– Finn, já chega! – gritei também. - Não se trata de quem foi o maior idiota comigo.

– Eu só... Não entendo! – Finn balançou a cabeça. - Eu gosto de você de verdade, por que escolheu ele?

– A gente já viveu tudo o que podia, Finn. Depois de terminarmos tantas vezes... Já foi o suficiente. E eu tenho um grande carinho por você e se isso for tão importante para você, quanto é para mim, vai aceitar ser meu amigo. Eu não quero que suma da minha vida, mas não damos certo como casal.

O olhei, esperançosa. Vi os olhos de Finn brilharem e então ele me abraçou. Eu estava feliz por estar tudo tão bem. Teria a amizade de Finn, teria Jesse.

Quando ele terminou Sweet Caroline, minha vontade era de correr para os seus braços. Mas não o fiz. Principalmente por que Jesse segurou minha mão, me trazendo de volta para a realidade. Ele não me amava e eu não poderia trocar o certo pelo duvidoso, mesmo que meu coração pedisse por Puck. Mas como Finn parecia nunca me dizer o que eu precisava, me fez ter grandes dores de cabeça naquele dia...

– Eu prefiro o Puck - disse antes de virar as costas e sair.

(Puckerman)

Preciso dizer que a amo.

Era só o que eu conseguia pensar. O único modo de ter ela comigo. Procurei por Rachel o dia todo, tempo perdido. Quando finalmente a encontrei, estava falando com Finn. Eles se abraçaram. Eu esperei.

Esperei muito.

No final da aula eu já tinha desistido de tudo. Rachel e Jesse estavam de mãos dadas. Ela estava de costas para mim, mas Jesse claramente me via. Ele sorriu. Foi um sorriso malicioso e então, puxou Rachel e a beijou ali mesmo. Como se ele pegar na mão dela já não fosse motivo o bastante para me irritar. Quanto mais aquilo durava, mais eu me sentia um idiota. Claro que não iria assistir Jesse ou qualquer outro beijá-la. E como, obviamente, ele não a soltaria tão cedo, era meu dever afastá-lo dela.


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