Sweet Caroline escrita por Michelli T


Capítulo 21
Eu também te amo?




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Caminhava pela rua da cidade durante a noite, queria ter um lugar para ir e então chegar logo lá, mas não tinha. Estava sem rumo naquela noite. O vento estava mais frio do que o normal. Me permiti passar um tempo distraído. Quais eram as chances de algo ruim acontecer?

Avistei no fim da rua uma loja de doces que eu costumava a roubar. Achei que tudo bem ir lá e comprar algumas coisas. Ninguém ia me expulsar nem nada. Foi quando três caras pararam na minha frente. Tentei continuar andando e desviar, mas um deles me empurrou para trás. A rua estava vazia e já era tarde. Olhei para os três, pelas suas caras, não queriam fazer novos amigos.

Momentos depois eu já estava no chão, sendo chutado. Dois socos do maior deles foi o bastante para me derrubar.

– Parece que as coisas não estão tão boas agora, não é? – Uma voz conhecida perguntou.

Naquele momento eles pararam de me acertar, um segundo de alívio. Então, as dores vieram com toda a força. Gemendo no chão, não conseguia descobrir de quem era a voz. Ele se abaixou e colocou o rosto bem perto do meu. Com os olhos semi-abertos, eu vi um rosto que não me deixou nada calmo.

– Karofsky... – Foi tudo o que consegui dizer.

– O que achou dos meus amigos? – ele gargalhou.

Respirei fundo.

– Acho que você tem tanto medo de mim, que precisou pedir ajuda.

Minha voz saía baixa, mas Karofsky escutou muito bem. Em resposta, ele me pisou na barriga.

– Boa noite, Puck.

Fechei os olhos e esperei. Foi a última coisa que ouvi antes de apagar.

(Rachel)

Seguir a minha vida. Era o que eu tinha que fazer.

Noite passada, tinha percebido que eu tinha a chance de ser feliz com alguém. Eu não jogaria ela fora. Estava tudo ali, eu só tinha que agarrar. Não devia ficar remoendo dentro de mim algo que já teve seu fim. E que durou muito mais do que eu achei que duraria.

Muito mais do que todos pensaram, na verdade. Talvez Jesse estivesse certo, não era para sempre. Mas era pedir muito só mais um ano? Ou um mês? Embora já estivesse conformada com o fim de Puckleberry, não podia evitar pensar nele.

Eu estava sozinha, mas não podia chamar Jesse. Não quando Noah ainda parecia estar vivo dentro daquela casa. Qualquer coisa que fizéssemos, faria com que eu comparasse quando a fiz com Noah. E as chances de que com ele tenha sido melhor eram muito grandes para arriscar. Não queria recaídas, nem nada.

Quando meu celular tocou, animei-me para ver o que Jesse queria. Mas não era Jesse. Quando eu queria que fosse, nunca era.

(Puckerman)

Abri os olhos. Sentia dores por todo o corpo. O lugar fedia e parecia fechado. Demorei alguns segundos para descobrir que estava dentro de um lixo grande. Tentei sair, mas estava trancado. Gritei por ajuda, mas ninguém apareceu. Lembrei que estava com o celular e, com sorte, eles teriam esquecido esse detalhe. E esqueceram.

Para quem ligaria? Para quem pediria ajuda? Uma ambulância? Talvez a polícia? Não, claro que não. Eles chamariam minha mãe e eu não estava pronto para voltar para o Reformatório. Rachel. Eu gritava por dentro. Queria ligar para ela, mas como poderia? Depois de tudo, ainda pediria sua ajuda? Eu não teria coragem de falar com ela. Mandei uma mensagem.

A mensagem só dizia que eu precisava de ajuda e que estava preso dentro de um lixo. Ela não demorou a responder. Perguntou onde exatamente eu estava. Mas eu não tinha resposta para aquela pergunta. Respondi que não sabia, que Karofsky tinha me colocado lá.

Quase uma hora depois, ouvi alguém mexendo na parte de cima da lixeira. Suspirei, um pouco mais tranquilo. Quanto tempo mais eu teria aguentado ficar preso lá dentro? A tampa se abriu com um barulho estrondoso, um ar gelado e puro entrou. Uma mão se estendeu.

– Como me achou? – perguntei.

– A casa do Karofsky não é exatamente um esconderijo secreto – Rachel respondeu. – Quando disse que ia chamar a polícia se não me dissesse onde você estava, ele abriu o bico rapidinho.

– Não devia se meter com ele.

– Não fui eu que me meti com ele.

Ela riu baixinho. Peguei em sua mão.

– Você está fedendo. – ela fez cara de nojo.

Rachel vestia suas roupas normais. Saia, blusa e uma sapatilha. Mesmo assim, parecia tão linda.

– Pode me ajudar?

– Não foi o que eu acabei de fazer? – ela sorriu.

– Preciso de um pouco mais de ajuda. Se não for pedir muito. – Falei, seriamente.

Rachel continuou sorrindo e assentiu. Eu tentei não sorrir, mas foi impossível. Vê-la lá, sorrindo e pronta para me ajudar, foi reconfortante. Quando estávamos juntos, tudo parecia tão certo, por isso nos últimos dias tudo pareceu fora de lugar.

(Rachel)

– Tente não molhar todo o meu banheiro! – Gritei. Puck riu e ligou o chuveiro.

Enquanto ele estava lá dentro, eu o escutava gemer de dor. Os machucados que ele tinha pelo corpo deviam estar doendo. Fui para fora do quarto e liguei para Sam, pedindo algumas roupas. As maiores que ele tivesse. Vinte minutos mais tarde Sam chegou. Puck teve que ficar 15 minutos enrolado na toalha, dentro do banheiro. Entreguei as roupas. Puck as pegou e fechou a porta.

– Quer entrar aqui? – ele brincou.

Não respondi. Ignorei pois, talvez, minha resposta fosse sim e, talvez, Puck só estivesse brincando. E eu estava com o Jesse e tudo o mais. Só o fato de ele estar na minha casa, já fazia eu me sentir uma tremenda traidora.

– Senta na minha cama. Vou fazer curativos – disse assim que Puck saiu do banheiro – Não se mova.

Ele revirou os olhos e me seguiu enquanto eu descia as escadas, apressada. Tentei impedi-lo, dizendo que ele estava machucado e devia descansar. Puck me pegou no colo e desceu o resto das escadas comigo.

– Não sou um bebê. – Ele me colocou no chão. – E não estou tão machucado assim.

– Você pediu minha ajuda! – Fingi estar brava. – Agora tem que aceitar ela!

– Tudo bem. – disse, com um sorriso torto no rosto.

Peguei uns curativos no armário abaixo das escadas e fui até cozinha, com Puck me seguindo de perto. Ele se sentou na pia da cozinha e ficou esperando enquanto eu preparava tudo.

– Você está horrível, sabia?

– Até o meu horrível é lindo – ele brincou.

O olho esquerdo de Puck estava roxo, sua boca estava cortada. Pelo menos não sangrava mais. Ele tinha grandes machucados nos joelhos. Não sabia como ele tinha caminhado até a minha casa numa boa. Eu disse que era melhor o levar para o pronto socorro, mas ele insistiu em ir direto para lá e fazer curativos sozinho. Então eu disse que quem faria seria EU e não ele. Mesmo assim, o convenci de ir no médico no outro dia, só para ver se estava tudo bem.

– Talvez isso machuque um....

– Ai! – Ele gritou.

Parei imediatamente, assustada.

– Brincadeira. – Puck sorriu. – Só conferindo. Pode continuar.

O encarei um pouco e então, voltei a fazer os curativos.

– Vai ficar novinho em folha. – Falei, animada.

Puck parecia muito longe. Quase como se não ouvisse o que eu falava. Só ficava lá, sentado na pia me olhando. A cabeça um pouco inclinada para a direita.

– O que foi? – Perguntei.

Ele pegou na minha mão subitamente e me puxou para perto. Puck estava muito mais alto do que eu, como sempre, mas estar sentado na pia o deixava mais alto ainda. O que dificultava qualquer chance de beijo. Não que eu quisesse um beijo. Não queria. Claro que não.

– E se... E se déssemos outra chance para nós dois? – Ele perguntou, com uma sobrancelha arqueada.

Por uns segundos, esqueci de respirar. O que diria para Jesse? Não importava. Não quando Noah estava ali, querendo mais uma chance para nós.

– Seria ótimo.

(Puckerman)

Não sei se o dia estava tão lindo para os outros como estava para mim. Quando me perguntavam o que tinha acontecido, eu não hesitava em falar que tínhamos voltado. Todo mundo sabia do que eu estava falando. Nem me importava mais com Jesse, Finn ou qualquer outro. Era eu que ela queria. De novo.

– O que aconteceu para estar tão feliz? – Sam perguntou durante o jogo.

– Rachel aconteceu, Sam! Rachel! – Respondi. Ele sorriu, entendendo o que eu queria dizer.

Durante uma aula (que eu não fazia ideia de qual era) resolvi mandar um bilhete para Rachel, estava tão feliz que mal conseguia pensar. Só queria falar com ela e ver como estava, o que sentia, se nos veríamos depois da aula. Essas coisas. Depois de três tentativas frustradas pela professora, ela me colocou sentado na primeira cadeira da fila. O bilhete dizia:

Como você está?

Entreguei para um nerd que se sentava atrás de mim. Ele me olhou de cara feia. Cara de quem vai dizer Não vou participar disso.

– É para a Rachel. – Falei com uma voz dura o bastante para que ele mandasse o bilhete. Segundos depois veio a resposta.

Precisamos conversar.

A resposta me deixou preocupado, mas não o bastante para tirar o sorriso do meu rosto. Olhei para trás e Rachel sorriu para mim.

Então, no final da aula fui até o campo de futebol. Avistei Rachel em cima das arquibancadas, subi correndo até lá.

– Parece que escolheu o lugar mais longe.

– Eu gosto daqui. – Rachel olhou para o céu.

– Tenho boas lembranças. – disse, olhando para ela.

– Boas lembranças? – Ela me olhou, rindo. – Sabe o que você me disse aqui? – Fiz que não com a cabeça. – Você disse que nunca fomos amigos.

– Isso faz muito tempo. E também eu cantei uma música para você, isso não conta?

– Não. Isso nem foi aqui. – Ela sorriu de leve. – Sweet Caroline.

– Sweet Rachel. – Falei e ri mais uma vez, ela riu também. – O que queria conversar? Fale rápido. Eu estou muito tentado a te beijar agora mesmo.

Ela riu e fez sinal com a mão para que eu esperasse.

– Temos muito tempo para isso.

– Eu espero que sim.

– Para de sorrir, Puckerman. - ela mordeu o lábio e balançou a cabeça.

– O que eu quero te dizer é que... Você é muito especial. Você que é incrível, eu que devia cantar uma música linda para você. – Ela olhou para o chão, depois para mim. Respirou fundo. – E eu te amo.

(Rachel)

Esperei, mas a resposta não veio. Me olhou por uns segundos e então me abraçou.

– É? – Ele perguntou, como quem pergunta ‘tem certeza?’. – Quer dizer, isso é bom, eu acho...

– Acha? - indaguei, mas ele não me respondeu. Me soltei de seus braços e avisei – Não me siga.


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