Sweet Caroline escrita por Michelli T


Capítulo 1
Defensor de Anões




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O diretor Figgins estava bem irritado, embora tentasse não demonstrar. Puck estava na poltrona ao lado da minha, estava sério enquanto encarava o diretor.

– Rachel, o que você viu?

Eu ainda não tinha decidido o que tinha visto. O certo era contar que vi Noah Puckerman pinchando na parede “Karofsky é gay”. Mas se fizesse isso, o diretor já havia falado, Noah ia ser suspenso. A suspensão para ele, antigamente não significaria nada para mim, mas naquele momento, significava que teríamos um a menos no Clube do Coral, e se quiséssemos ganhar as Regionais, precisávamos de todas as vozes e tempo suficiente para aprender as danças. Eu não estava disposta a perder de novo, não queria terminar a minha vida escolar sem nada para mostrar.

Muita gente acharia que eu estava no lugar errado na hora errada. Lá estava eu, na frente da escola - sentada encostada em uma árvore, enquanto devia estar na aula de matemática - ensaiando uma música que poderia ser meu mais novo solo para o Novas Direções, quando vi Noah pinchando a parede. Fechei meu livro de anotações e andei até ele. Puck ficou olhando sua arte na parede, ignorando minha presença, até que eu o chamei. Ele só disse num tom despreocupado, enquanto se virava para mim:

– O que quer, Berry?

Eu ia dizer que a orientação sexual de alguém não era motivo para piadas, como ele devia saber, eu tenho dois pais gays e aquilo era totalmente humilhante para Karofsky que nem sequer era gay. Mas o diretor gritou “PUCKERMAN NA MINHA SALA”, dizer que aquilo nos surpreendeu era pouco. Nenhum de nós havia notado a presença do diretor e nem sabíamos o que ele tinha visto. Então ele completou “RACHEL, VOCÊ TAMBÉM, AGORA”. Na hora eu não tinha entendido o porquê daquilo.

O diretor Figgins não tinha visto nada. Apenas Noah e eu parados na frente da pichação, e Noah com o spray na mão. Aquilo seria o bastante para incriminar qualquer um, menos Puckerman. Ele usou o “não tem provas”. Estava esclarecido o porquê da minha presença na sala. Pelo jeito, ele já havia usado aquilo algumas vezes como forma de escapar das punições.

Então, eu estava no lugar certo, na hora certa. A decisão era minha.


(Puckerman)


– Karofsky escreveu aquilo para incriminar Noah – começou Rachel – depois de discutirem, Noah tirou o spray dele e então ele saiu. Na hora não fez sentido, mas agora sei que ele deve ter te visto e correu. Como o grande covarde que é.

– Mas Karofsky estava mal e foi para casa depois do almoço! – denunciou o diretor Figgins e bateu o punho fechado na mesa.

– Não tem provas – falei calmamente.

Figgins bufou.

– É verdade. Talvez isso tenha sido só um álibi, para que ele pudesse fazer isso e colocar a culpa em Noah, sem sofrer nada, nem nenhuma suspeita. – concluiu Rachel.

Olhei com admiração para ela. Cara, ela estava sendo genial. Apesar de eu não conseguir achar um bom motivo para ela me ajudar. Figgins não tinha escolha, teve de nos liberar e eu tive uma imensa vontade de abraçar Rachel. Nojento.

Nem o diretor, nem Rachel, sabiam. Eu estava quase voltando para o Reformatório. Eu teria de fugir, claro. Aquele era um lugar onde eu não voltaria nunca. Mas saber que Rachel me ajudou, adiando esse dia, me fazia sentir em dívida com ela.

– Rachel! – gritei enquanto corria atrás dela – Berry!

O diretor liberou Rachel antes, de modo que tive de procurar por ela no corredor cheio. Todos por quem eu passava me olhavam com uma interrogação na cara, pelo jeito, correr gritando “Rachel” não combinava muito comigo.

Ao me ouvir gritar, Berry parou e virou para mim. Ela tinha a mesma interrogação que o resto da escola. Respirei fundo.

– Obrigado.

Todos que passavam por nós, davam uma olhada, tentando entender. Rachel parecia confusa, não estava entendendo nada também. Ficamos uns segundos nos olhando, até que Santana deu um jeito de passar e esbarrar em Rachel. Deu para ver o quanto aquilo a deixou desconfortável. E como tinha prometido para mim mesmo que ia fazer algo por ela, as palavras simplesmente pularam para fora da minha boca.

– Porque não olha por onde anda, Santana?

A reação de todos a nossa volta foi de surpresa e logo as pessoas começaram a se juntar e a chegar mais perto. O que elas pensavam? Que eu ia brigar com Santana? Idiotas. Ao me ouvir, Santana parou e virou para nós.

– Ah, agora virou o defensor dos anões? – perguntou alto o bastante para que todos pudessem ouvir.

Rachel estava com medo, aquilo era claro. Como seu novo defensor, peguei a mão dela e a puxei para fora dali. Eu não queria estragar meu lance com a Santana, ainda pretendia “sair” com ela mais tarde, mas eu devia muito a Rachel. Aquilo pareceu o certo a fazer.


(Rachel)


Puck me levou até o banheiro feminino. Eu não acreditava na humilhação que havia passado. Assim que vi que estávamos sozinhos, resolvi perguntar.

– Por que fez isso?

Ele fez uma cara como se a resposta fosse óbvia.

– Para te ajudar, Berry. – respondeu.

Me ajudar. Ok, aquilo era relativo. Eu tinha sim, muitos problemas. Mas duvidava que ele pudesse me ajudar. Quer dizer, ele não podia me ajudar com meus solos, ele não era tão bom assim. Ele não podia me achar um trabalho na Broadway, ou algo do tipo. No que ele podia me ajudar?

– Ah, é? – eu ri – Pois eu estava muito bem antes de você chegar!

– Tá. Eu vou resolver – disse ele despreocupado.

– Você não precisa resolver nada!

– Mas preciso te agradecer!

Senti vontade de socar ele. Mas me segurei. Não sabia do que ele era capaz e tinha deixado meu spray de pimenta no armário. Então, apenas olhei para ele, esperando que prosseguisse.

– Por ter me ajudado mais cedo? – ele falou sugestivamente.

Eu dei uma leve risada e balancei a cabeça.

– Eu fiz aquilo pelo grupo, não por você. Não me deve nada.

Puck pareceu pensar um pouco sobre o assunto.

– Você não tem noção da fria que me tirou, eu te devo uma.

– Se é assim. Se esforce nos ensaios e sua dívida está paga.

Ele pensou um pouco. Fez uma cara estranha, como se quisesse convencer a si mesmo de algo. Enfim, levantou uma sobrancelha e deu de ombros.

– Ta legal.


(Puckerman)


Durante o ensaio, percebi que estavam todos muito calados. Sr. Schuester anunciou um programa de reciclagem, se tratava de pegar uma música que já cantamos e queremos cantar de novo. A ganhadora seria cantada nas Regionais. Ele nos fez votar e a escolhida foi Pretending, o número que Finn e Rachel haviam estragado. Hey!

Até aquele momento não havia percebido que Rachel e Finn estavam sentados longe um do outro. Mesmo após a decisão da música, Rachel não se levantou para dizer que a música seria dela, nem mesmo Mercedes ou Kurt. Ninguém falou. Estranho. Sr. Schuester começou a falar algo sobre a música, então virei e vi Sam sentado ao meu lado.

– Cara? – sussurrei – o que ta acontecendo?

Ele se aproximou e sussurrou de volta.

– Você não soube? – como eu não respondi, ele prosseguiu. – Finn traiu Rachel com a Quinn, e ela viu!


(Rachel)

Esperei que todos saíssem da sala. Queria ensaiar Pretending sozinha, pois não queria fazê-lo com Finn. Não naquele momento. Mas também não seria ele que tiraria de mim, a minha chance de brilhar. Sentei ao piano e comecei a tocar a música.

– Face to face and heart to heart – comecei, mas meus olhos encheram de lágrimas, o que me fez parar.

Eu tinha de ser forte, não podia sair chorando por ai. Smile, though your heart is aching. Tirei as lágrimas que escorriam pelas bochechas. Smile, even though it's breaking. Aquela não era primeira vez que eu chorava por Finn. Eu duvidava, mas esperava que fosse a última. Sabia que se Finn me quisesse de volta, eu voltaria correndo para ele. Droga. Por que tinha de ser tão apaixonada por ele?

– Hey, minha linda princesa judia – disse Noah enquanto se sentava ao meu lado.

– Eu não vou fazer outra festa, Puckerman. Lembra das conseqüências? Não quero ninguém vomitando em mim de novo.

– Aquilo foi culpa sua. Mas só vim saber como você está.

Aquela não era a primeira vez que Puck me perguntava como eu estava. E estou falando de muito antes de eu salvar ele.

– Vou ficar bem – suspirei.

E eu ficaria? Não tinha certeza, mas não queria conversar sobre aquilo, queria ficar sozinha.

– Noah, eu agradeço sua preocupação, mas agora eu realmente prefiro ficar sozinha.


(Puckerman)


“Prefiro ficar sozinha”. Foi tudo o que ela disse. Aquele momento estava sendo difícil para Rachel e eu não tinha certeza se ela merecia passar por aquilo.

Quando estava saindo da sala, Jesse passou por mim.

Cara, o Jesse?

Era óbvio que ele iria tentar pegar Rachel para si, já que Finn estava fora do jogo. Parei no corredor da escola, a alguns metros da porta. Eu tinha uma imensa vontade de ir até lá e quebrar a cara do Jesse. Ele estava se aproveitando do momento de fragilidade de Rachel, era errado! Eu ainda devia uma para ela e, como seu defensor, não podia ficar parado enquanto ele se aproveitava dela. Se Rachel quisesse Jesse, tudo bem, desde que ela o fizesse por gostar dele e não para fazer ciúmes para Finn ou provar algo. Foi por isso que voltei lá.


(Rachel)


– Pense, Rachel – Jesse segurou minha mão – nós merecemos uma segunda chance, não?

– Uma segunda? – riu Noah – Você quis dizer uma terceira ou quarta, não é?

Me assustei ao ver Noah do outro lado do piano, não tinha o visto entrar. Sua posição era rígida e ele encarava Jesse.

– Noah, o que está fazendo aqui? – perguntei.

– É, Puckerman. Temos muito que resolver.

– Ah, claro. Quantos ovos vai jogar nela dessa vez? – perguntou Noah.

Más lembranças. Jesse respirou um pouco.

– Faz o que quer fazer e depois vai embora – disse Jesse.

– E se eu quiser quebrar a sua cara?

O que ele estava fazendo? Eu precisava do Jesse para mostrar ao Finn que podia ser feliz sem ele! No entanto, Noah parecia disposto a impedir. Eu não podia falar meus planos para ele na frente de Jesse, assim ele nunca iria me aceitar. Droga, Noah!


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