Sweet Caroline escrita por Michelli T


Capítulo 19
Quem eu sou




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Boatos de que Noah estava brigando por aí logo surgiram outra vez. Tentei acreditar que eram exagero, quer dizer, ele tinha acabado de sair do reformatório e nada impediria sua mãe de mandá-lo para lá de novo. O grande problema foi que passei o resto da semana pensando nele. E no final de semana desfrutei da minha solidão.

Era segunda-feira quando, chegando na escola, vi Noah e Karofsky brigando. Muita gente olhava de longe, mas ninguém separava ou tentava ajudar qualquer um dos lados. Eu não consegui olhar aquilo por muito tempo, então desviei o olhar e esperei que acabasse. Puck levantou vitorioso e Karofsky ficou caído no chão. Alguns aplausos fizeram com que ele sorrisse e fizesse uma reverência. Puck passou pelas portas da escola sem nem notar minha presença.

Puck. Mais uma vez ele era o Puck, e não o meu Noah.

O que aconteceria nos próximos dias? Ele voltaria a ser o que era? Teria de me cuidar para não levar raspadinha durante os intervalos. A verdade era essa! Ele não gostava de mim. Rachel Berry não significava nada na vida de Noah Puckerman. E por eu ser eu, nada me impediria de ser o próximo alvo.

– Oi – cumprimentou Sam.

– Sam... Oi – respondi.

– Você está bem? – Ele perguntou. Eu assenti. – Mesmo depois dessa?

– Claro que sim. – Comecei a caminhar ao lado de Sam. – Só me sinto... Um pouco... Vadia.

Sam bufou.

– Eu não acho isso.

Andamos em silêncio até a porta da escola. Sam abriu e me deixou passar primeiro.

– Você devia falar com ele.

– O quê? Nem pensar.

– Se tem alguém que pode mudar o Puck, esse alguém é você.

Avistei Puck conversando com Santana em frente ao seu armário. Ela deveria estar muito feliz já que estava certa. Com as palavras encorajadoras de Sam, andei decidida até os dois. Puck foi o primeiro a notar minha aproximação, me olhou e depois para Santana de novo, mas aí deixou ela falando qualquer coisa e ficou olhando para mim, até que Santana também percebeu.

– Você só pode ter algum problema, Puck – falei.

Ele sorriu.

– Muitos, na verdade.

– Se você ficar arranjando confusão assim, sabe o que pode acontecer!

– Não me importo.

Sentindo minhas barreiras fraquejarem, decidi sair dali. Não ia ter uma recaída na frente de Santana. Puck não foi atrás de mim como costumava fazer. Eu já devia saber.

Quando estava indo para a próxima aula, Finn me chamou. Ele e Jesse queriam conversar comigo no vestiário mais tarde. Eu disse que iria, mas não considerei realmente... Até que vi Puck abraçado com uma loira. Não sei se foi por ciúme, não sei se era vingança, mas de repente eu queria ir. Passei por Puck de cabeça erguida. Segui diretamente para o vestiário. Afinal, quais eram as chances de ele me seguir?

– Ele não gosta mais de você. – declarou Finn. – E ele não é uma boa pessoa... Para você.

O vestiário estava vazio. Os dois estavam em pé na minha frente.

– Meu amor, - começou Jesse – você merece alguém melhor. Alguém como um de nós. Que te ame de verdade.

– É. Não alguém como ele.

– Exatamente como vocês fizeram? – Perguntei.

Não tinha nenhuma bondade ou vontade de me ajudar. Parecia que eles queriam vencer. Vencer o Puck. Se tratava de Rachel Berry e Noah Puckerman não ficarem juntos. Se um deles gostasse de mim realmente, não iria abrir mão para outro, desde que o outro não fosse Puck.

Eu tinha mudado. Tinha conhecido alguém que se importava e, ao invés de mantê-lo do meu lado, eu o afastara.

– Jesse, as chances de nós ficarmos juntos estão abaixo de zero. – Falei com uma voz dura. Finn sorriu de leve. – E, Finn. As chances de eu perdoar a sua traição são igualmente nulas.

Os dois se olharam por uns instantes. Acho que foi quando perceberam que tinha acabado.

– Não consigo pensar em ninguém melhor que o Noah. – Suspirei. – Vocês me deixaram, me traíram, me humilharam... Ele significa muito. E se não é bom para mim, é para quem?

– Talvez Sant...

– Santana? Ou Quinn? Ou qualquer outra dessa escola? – Aumentei o tom de voz. – E por que não eu? Por que não pode ser eu?

– É o Puck! – Finn se alterou. – Você sabe tão bem quanto eu que ele não tem conserto!

– Ele me chamava de... – Sem querer, me perdi nas memórias.

– Isso é estupidez, Rachel!

– Por que não podemos dar certo?

– É – Puck apareceu por trás de nós. – Por que não podemos dar certo?

Nós três nos assustamos. Pensei em responder, mas Puck se alinhou ao meu lado e ficou de frente para Jesse e Finn, mostrando que a pergunta não era para mim.

– Acho melhor vocês saírem daqui – declarou Puck.

Os dois encararam Puck. Pareciam bem confiantes com a situação “Finn e Jesse VS Puck”.

– Você está em desvantagem – Jesse falou.

– Ninguém precisa se machucar. – Completou Finn.

Puck soltou uma risada abafada e olhou para o lado, como quem não quer nada. Eu sabia que aquilo podia ser qualquer coisa, menos nada. Puck mostrou o braço direito, que até então estava escondido atrás de seu corpo. Ele tinha um bastão de baseball. Puck desviou de mim e avançou na direção dos dois.

(Puckerman)

“Noah”

Rachel chamou. A voz dela ecoou na minha cabeça.

No momento, eu não conseguia ver o que estava fazendo de errado. Por isso, hesitei por dois segundos. Estava preparado para acertar a cabeça de Jesse com o bastão, mas então mirei nos capacetes que estavam em cima do banco de metal.

(Rachel)

Não me entendam mal, eu sei que os dois mereciam uma surra, mas... O que Puck ia fazer com eles, podia ser sério. Tudo o que eu não queria, era Puck no reformatório outra vez.

Os capacetes voaram em direção aos armários vermelhos, fazendo um barulho muito alto quando se chocaram. Isso fez com que Jesse e Finn dessem uns passos para trás, mas não o suficiente para que Puck parasse. Ele avançou mais uma pouco e chutou o banco, que tombou.

– Por que agora não falam? – Puck acertou os armários com força, fazendo um barulho ainda maior que os capacetes, e fazendo com que e Jesse e Finn finalmente saíssem dali.

Por uns segundos achei que ele iria atrás dos dois, mas Puck ficou parado. Encarando a porta por onde os dois haviam saído. O banco de metal estava no chão, os armários onde Puck acertou com o bastão estavam amassados e os capacetes do time, jogados no chão.

(Puckerman)

Vi a porta se fechar. Tudo o que eu queria era ir atrás deles e ver os dois sangrarem. Fiquei com um pouco de receio na hora de olhar Rachel, afinal... Ambos já foram os amores de sua vida.

Senti a mão de Rachel sobre meu braço direito e estremeci. Ela abriu minha mão, fazendo o bastão cair. Rachel entrelaçou nossos dedos e apertou.

Ela não disse nada. Só manteve sua mão na minha.


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