Sweet Caroline escrita por Michelli T


Capítulo 17
Dando uma chance




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         Para minha surpresa, sonhei com Quinn. O que foi muito bom, considerando a situação em que estava. Os meus amigos acabaram dormindo na minha casa, então pela manhã foi uma correria. Tínhamos aula e todos tinham que passar em suas casas para se arrumar. E até essa parte aquele era um dia normal para mim, mas eu não fazia ideia do que estava acontecendo a quilômetros de distância dali.

(Puckerman)

- Ta vendo isso, Brad? É um pedaço do vidro do banheiro. Sabe o que significa?

- Não, cara! Por favor, não me mata! – choramingou Brad.

         Bufei. A situação estava toda sobre meu controle. Tony e Jeff – que eram meus colegas de quarto – resolveram me ajudar assim que viram o que fiz com o melhor amigo de Brad. Claro que ele tinha muitos amigos lá dentro, mas não era minha intenção pegar todos eles. Brad era o bastante. Acidentalmente joguei uma pedra no espelho e ele se quebrou. Nós três fomos até o quarto de Brad e, para nossa surpresa, lá estava o magrelo também. Foi aquela coisa de matar dois coelhos. Fui para cima de Brad, acertei ele até que não conseguisse mais reagir. Tony e Jeff cuidaram do magrelo e também vigiaram a porta. Quer dizer, eu podia fazer o que quisesse para me vingar, mas apesar de ser vingativo e estar com muita raiva, eu não era nenhum tipo de assassino.

         Mas não avisei Brad. Deixei que ele sentisse um pouco de medo.

- Antes quero que sofra – falei sorrindo.

         Brad foi gritar e eu dei um soco no estômago dele, que o fez parar. Ele estava caído no chão e eu estava ao seu lado, de joelhos.

- Não acredito que vai me matar por causa de um cabelo – ele disse. Depois continuou mais para si mesmo – Espero que todo mundo ache que teve um motivo maior.

- Que merda vocês têm na cabeça? Não é só por causa do cabelo, por que todo mundo acha isso? – me irritei.

         Admito que era um pouco por causa do cabelo.

- E eu já sei o que fazer para me vingar. – informei. Brad arregalou os olhos.

         Deixei um pouco Brad de lado e fui até o magrelo. Pedi para ele que me desse a máquina de cortar cabelo. Ele nem protestou. Sorri ao ver que ele me entregou exatamente a que eles usaram contra mim. Voltei para o Brad e ele parecia mais assustado do que nunca.

- Esse é o meu fim? – ele disse, deixando umas lágrimas escaparem.

- É, é o seu fim, cara. – brinquei, mas ele levou a sério.

- Puckerman... Seu nome é Puckerman, certo?

- De que importa agora?

- Eu não fui um cara legal com você e... Não entenda errado, não estou pedindo que volte atrás, eu só... – ele respirou fundo – Eu tinha uma garota. Ela... Ela aceitou continuar comigo a distância quando vim para cá. Mas... Quando eu saí, ela tinha outro. Eu sei que foi idiotice da minha parte...

- Da pra encurtar?

- Eu comecei a descontar nos outros, tá legal? Eu terminei com ela e enquanto ela chorava, eu ria. Como eu pude rir?

- Não sei onde você quer chegar.

- Ela disse que não podia viver sem mim e eu disse que tudo bem... Que ela morresse então. – as lágrimas varriam um pouco do sangue do rosto de Brad, o que apesar de ser nojento, era um pouco triste.

- Legal, você errou com ela. Quer que eu mande um recado ou o quê?

         Ele sorriu, tristemente.

- Naquela noite foi a primeira vez que ela tentou se matar. Depois de mais cinco tentativas, mandaram ela para um hospital psiquiátrico e eu me senti culpado. Resolvi dedicar minha vida a ela, para fazê-la feliz. – ele mordeu os lábios – Mas a família dela me proibiu de vê-la. Depois que ela saiu, foram mais duas tentativas. Eu sonhava com ela todas as noites e a queria por perto. Eu a amava.

         Nunca fui do tipo coração mole, mas aquilo me fez sentir muito mal. Brad estava ridículo. Caído no chão, retorcido e todo sujo de sangue. Como se não fosse humilhante o bastante, ainda estava chorando. Comecei a enxergar aquela como a minha história, quer dizer, era possível que Rachel tivesse outro e eu reagisse da mesma forma que Brad. Com um pouco de pena, o arrastei até a parede do quarto, onde o coloquei sentado e encostado nela. Ele sorriu agradecido e eu esperei para ouvir o final da sua história.

- Quando voltou para a escola, ela estava radiante. Eu vi a menina que eu amava e tudo que eu queria era estar perto dela. Mas... Quando tentei, ela me recusou. E recusou de novo, de novo e de novo. Eu não podia viver sem ela, era a garota da minha vida, minha alma gêmea. Então eu disse isso para ela.

         Nessa hora as lágrimas aumentaram e eu percebi que era o momento de mais angústia de Brad. Jeff e Tony ouviam atentamente a história e eu, sentado de frente para o Brad, o encarava.

- Ela disse que eu podia morrer e que ela não ia se importar. Sorriu e foi embora como se eu não fosse nada. Não demorou para que ela arranjasse um namorado e desfilasse com ele por ai. Meu mundo caiu. – ele suspirou – Foi quando tudo piorou. Eu comecei a sentir raiva das pessoas, mas agora eu me pergunto: de que adiantou tudo aquilo? Minha vida vai acabar e... Eu sinto remorso até minha alma.

- Por que está me contando isso?

- Eu me arrependo de tudo. Talvez, seja uma lição de vida para você, mas quero um favor. Procure por ela e diga que eu sinto muito, mas eu entendo o que ela fez e o porquê de fazer. Diga que eu quero o melhor para ela e... Esse melhor nunca fui eu. – ele disse, como se cada palavra fosse uma facada em seu coração.

         Legal, a história de Brad era dramática, mas o que eu podia fazer? Ele fez ela sofrer e teve o troco. Ele me fez sofrer e agora eu tinha de dar o troco. Não vou mentir e dizer que eu não hesitei naquele momento. Pensei em ir embora e deixar tudo para lá. Talvez realmente não tivesse feito nada, mas então Jeff e Tony saíram correndo pelo corredor e eu percebi que o magrelo tinha fugido. Entendo a reação dele, ele pensava que eu ia matar seu melhor amigo. Aquilo me fez voltar para o jogo.

Liguei a máquina.

- Não esquece – ele falou entre lágrimas - tá legal?

         O ignorei. Logo ele saberia que não ia morrer. Raspei o cabelo dele e aproveitei cada segundo daquilo, mas eu não podia parar por ali. Brad estava tão machucado que nem reagia, então passei para suas sobrancelhas. Quando terminei as duas, ouvi a porta se abrir atrás de mim. Brad manteve os olhos fechados, mas quando ouviu o barulho, os abriu.

- Por que você mesmo não fala para ela? – perguntei.

Tive que rir um pouco da aparência de Brad enquanto o monitor segurava meus braços. Ele olhou assustado para mim, mas então deu um leve sorriso. Acho que só estava agradecido por estar vivo.

(Rachel)

         Num encontro com Jesse. O quanto aquilo poderia fazer eu me sentir culpada? Muito.

         Depois do restaurante, Jesse queria me levar para um lugar especial. Fomos para onde nos conhecemos e cantamos a primeira música juntos. Meu coração bateu mais rápido quando entramos lá. Ele pareceu perceber meu nervosismo. O lugar estava vazio, mas Jesse tinha a chave.

         Ele sentou ao piano e fez sinal para que eu sentasse do lado dele.

- Foi aqui que tudo começou – ele cochichou. – Seria legal começar aqui de novo.

         Não respondi. Jesse pegou na minha mão e se virou para mim.

- Olha, eu sei que errei muitas vezes. – Ele aproximou o rosto do meu e falou pausadamente – Mas aqui estou eu. De novo. Só para você.

         Aquilo era desconfortável para mim. Na minha cabeça só tinham coisas como O que o Noah faria se visse isso? Jesse deslizou a mão levemente pelo meu rosto, o que me fez sentir arrepios. Ele sorriu e afagou meu queixo com delicadeza.

- Eu te amo – disse e então se aproximou mais, quando nossos lábios estavam quase se tocando, ele disse num sussurro – avise se quiser que eu pare.

         E então a boca de Jesse já estava na minha. Não tive tempo de pensar ou de sentir qualquer coisa pelas suas palavras, pois meu celular tocou. Eu afastei ele de mim e vi uma chamada de Kurt. Agradeci mentalmente por aquilo.

- Oi, Kurt. – eu disse ao telefone.

- Preciso de ajuda, urgente. Pode vir aqui?

- Hãn... Claro, quando? – Jesse me fuzilou com o olhar.

- Agora, Rachel!

- Estou indo. – Falei e desliguei o telefone.

         Jesse me olhava carrancudo.

- Tenho que ir até a casa do Kurt. – Informei.

- Vamos ser sinceros, é por causa do Puck, não é?

         Jesse era um cara lindo e sabia fazer meu coração bater mais rápido. Eu sabia que se Kurt não tivesse ligado, naquele momento estaríamos nos beijando apaixonadamente. Mesmo que fosse difícil imaginar um beijo apaixonado com outro cara que não fosse o Noah.

- Ele está... Viajando.

- Eu sei que ele está em um reformatório. – Jesse revirou os olhos. - O que quero dizer é que, se não fosse por ele, você teria ignorado essa ligação, não teria?

- Claro que não. – respondi imediatamente.

- A Rachel que eu conheço ia preferir um romance ao invés de ir ajudar um amigo.

         Tenho que dizer que aquilo me magoou profundamente. Balancei a cabeça antes de falar:

- Você definitivamente não me conhece mais.

(Puckerman)

         Tive que fazer um esforço para convencer de que em nenhum momento tinha pensado em matar Brad. Mas consegui, e os monitores me mandaram para o quarto. Também não era como se nunca acontecesse brigas lá dentro. Chegando lá, Jeff e Tony me receberam com um grande sorriso e me deram os parabéns. Cinco minutos de glória e eu fui chamado até a direção do lugar. Caminhei o mais rápido que pude e chegando lá, abri a porta com força, a fazendo bater. O Sr. Collins se assustou.

- O que é isso? – ele perguntou, se levantando.

- Eu não ia matar o Brad! E mesmo que fosse, você não tem como provar!

- Do que você...

- Ele pode me bater, mas eu não posso dar o troco? Isso é ridículo!

- Puckerman, fique quieto! – Ele aumentou o tom de voz - Por que você acha que são notícias ruins?

- Sei lá – dei de ombros - nunca foram boas.

- Se senta – ele disse e apontou para uma cadeira velha. - Dessa vez vai ser diferente.

(Rachel)

         Para ser sincera, a emergência de Kurt era uma coisa... Não tão urgente. Ele achava que Blaine estava o traindo, então eu e Mercedes tivemos que ir investigar. É, durante a noite. Quando vimos Blaine conversando animadamente com um cara na frente de sua casa, pareceu normal. Quando eles se abraçaram de um modo que pareceu bem íntimo, nós duas perdemos a cabeça. Como ele podia fazer aquilo com Kurt?

         Eu sei que tirar conclusões precipitadas era muito arriscado, mas claro que eu e Mercedes não pensamos no momento. Fomos tomadas pela... Pode se chamar de raiva. Saímos do arbusto em que estávamos escondidas e atravessamos a rua. Quando Blaine nos viu, abanou sorrindo. Aquele devia ter sido o sinal, afinal, ele não tentou esconder o outro cara.

         Depois de xingarmos Blaine e o cara, descobrimos que não passava de um primo. O que pareceu muito óbvio, contando o quanto Blaine gostava de Kurt. Avisamos o que Kurt pensava e Blaine foi ligar para ele. Seu primo foi embora, mas com a promessa de que voltaria no outro dia. Nos sentimos ridículas, mas no outro dia já ríamos de tudo aquilo.

- Desculpe ter metido vocês nessa. – Kurt riu.

- Tudo por você – Mercedes brincou.

- É, tudo. Até pagar mico – eu ri.

- E Jesse? – perguntou Mercedes.

- Vou ter que escolher o que quero logo... – falei com uma súbita tristeza, pois ainda não tinha certeza.

- Mas você tem tempo ainda – Kurt colocou a mão no meu ombro, em apoio.

- Eu gosto de Puckleberry – Tina começou – Vocês se tornaram pessoas... Pessoas melhores juntos. Você era uma chata, Rachel.

         Nós rimos da sinceridade de Tina, mas aquele momento feliz durou pouco. Sam entrou no refeitório correndo e chamou pelo meu nome. Quando chegou até mim, parou para recuperar o fôlego e então, finalmente disse:

- Você precisa vir comigo.


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