Sweet Caroline escrita por Michelli T


Capítulo 12
Dancing with Myself




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On the floor of Tokyo, or down in London town to go. With the record selection, with the mirror reflection I'm dancing with myself.

         Despertei com um barulho estranho, o qual eu não consegui decifrar. Respirei fundo, mantendo os olhos fechados. Depois de organizar minha mente – com o tempo e lugar onde estava – abri os olhos. Assim que o fiz, não pude conter um grito de pavor. Meus pais estavam com os rostos colados no meu e ambos com um sorriso grande no rosto. Eles não demoraram a me abraçar e falar coisas como: sentimos sua falta! Eu os abracei, sentia saudades dos dois, do carinho que me davam.

         Depois que os abraços acabaram, veio a pergunta.

- Não tem nada para nos contar?

         Pensei um pouco antes de responder. Dei uma rápida olhada para o lado e vi que o colchão de Noah continuava ali, porém nem sinal dele. Voltei a olhar para os meus pais. Contar? Eu tinha coisas para perguntar!

- Um amigo dormiu aqui ontem – falei e esperei pela reação deles.

- Nós sabemos. Quando chegamos vocês estavam de mãos dadas – ele deu de ombros – Você tem certeza que são só amigos, não é?

- Na verdade, não. Eu acho que somos muito mais do que isso – baixei a cabeça, com vergonha – Eu sinto muito não ter contado antes, mas eu não tinha certeza. Nesse final de semana, as coisas se ajeitaram. Sabe?

         Eles entreolharam-se e sorriram.

- Você sempre está apaixonada, querida. Sabemos disso. O que quero saber é se... O fato dele ter dormido aqui pode ter mudado alguma coisa. Me entende?

- Ah, sim! – falei, jogando os cabelos para trás – Mudou muita coisa.

- Mudou? O que mudou? – ele pareceu assustado.

- Eu gosto mais dele... O que pensou? Ah! Meu Deus! Não! – levantei, eles se levantaram junto – Eu não fiz sexo ou... Ou amor com o Puckerman!

         Nesse momento Noah pigarreou no topo das escadas. Eu fechei os olhos, sentia vontade de nunca ter falado aquilo. Parecia vergonhoso o fato dele ter escutado. Mas a sensação ruim passou assim que, o olhando melhor, vi que Noah tinha um sorriso sincero para mim.

         Um minuto de silêncio se seguiu. Meus pais me olharam, esperando uma reação. Não demorou até que Noah, mantendo aquele lindo sorriso, fosse até mim. Me virei na direção dele.

- Bom dia – ele disse e beijou minha testa.

- Quanto tempo ia me deixar dormir? – perguntei, levantando uma sobrancelha. Esperava que ele lembrasse que fora exatamente aquilo que ele tinha me perguntado no outro dia. Ele riu, mostrando que lembrava.

- Nem mais um minuto, minha linda – foi minha vez de rir - Você tem que se arrumar e tomar café, se não vai se atrasar.

- Eu não estou com fome.

- É – ele se aproximou como se fosse contar um segredo – eu também não, mas seus pais me obrigaram – falou como se eles não pudessem ouvir. Eles riram.

         Depois de vestida, desci para tomar café. A mesa estava farta, como sempre. Noah nos acompanhou, ficando na mesa, porém não comia. Quando levantou para ir até o banheiro, meus pais me olharam e sorriram animados. Eu sabia o que aquilo queria dizer. Noah tinha sido aceito. Não sei se aceitariam o Puck que todos conheciam, o Puck de dias atrás. Mas certamente o Noah – meu Noah – era o bastante para os dois.

E era o bastante para mim.

(Puckerman)

         Não conseguia deduzir o que estava fazendo, mas de repente, agradar a família de Rachel era importante para mim. Fazer a Rachel feliz, parecia uma missão de vida naquela manhã. Não tinha sido nenhum esforço. Tratar ela daquele modo me deixava feliz. Vê-la sorrindo cada vez que eu a chamava de linda, era algo inexplicável.

         Não me importei em caminhar da casa de Rachel até a escola. Estava até empolgado para aquilo. De modo que, assim que abrimos a porta e o carro de Sam estava parado lá fora, eu senti uma certa decepção. Piorou quando vi que Tina, Mercedes e Kurt estavam lá dentro também. Eles abanaram para Rachel quando a viram. Eles faziam bem para ela, eu podia gostar deles. O que me fazia perder um pouco a vontade de socializar, era saber que assim que entrássemos no carro viriam perguntas sobre nós dois. Perguntas que eu não queria responder.

- Seja legal – Rachel sussurrou quando percebeu minha expressão.

- Casal lindo! – gritou Kurt abrindo a porta de trás do carro.

         Tina estava sentada na frente com o Sam. Pensei que ele não queria que Kurt estivesse na frente, poderiam achar coisas sobre a sexualidade de Sam. Mas aquilo logo pareceu idiotice. Sam era uma boa pessoa e nunca faria aquilo. Achei que eu faria. Dei de ombros.

- Rachel, vai ter que sentar no colo do Puck – Mercedes falou alto o bastante para escutarmos fora do carro. Ela sentava na outra janela e Kurt se encontrava no meio.

         Comecei a ver vantagens em ir de carro com eles.

- O quê? Nem pensar – Rachel falou.

- Se não, não vai caber os dois, amiga – Kurt explicou. Sempre que alguém fala amiga daquele jeito, eu acho falso. Quando Kurt disse, pareceu muito natural.

- Então, acho que devemos ir caminhando mesmo – Rachel disse e fechou a porta do carro – nos vemos na escola.

- Rachel! – Sam finalmente se meteu – você não vai fazer isso, né? Eu vim te buscar. E o Puck tem treino, ele não pode se cansar.

- Tenho certeza que ele agüenta – Rachel cerrou os olhos.

- Ajuda, Puckerman! – Tina esbravejou.

- Na verdade, eu concordo com a Rachel. Melhor irmos caminhando.

         Eu sabia que o melhor era concordar logo com ela. No final, faria o que ela queria de qualquer jeito. O caminho para a escola foi agradável, o sol estava brilhando forte naquela manhã, mas o vento não deixava o calor tomar conta. Rachel usava um pequeno casaco cinza e parecia não sentir frio, nem calor.

         Andamos abraçados boa parte do caminho, mas quando avistamos a escola, ela me soltou.

- Desculpe – Rachel pediu.

- Isso dói, mas é o certo a fazer – parei de andar e dei um beijo na boca dela.

         Olhei para os dois lados - para garantir que ninguém tinha visto – era claro que Rachel queria manter nossa relação em segredo por enquanto. Eu não me importava nenhum pouco com aquilo. Ela era minha e, assim que eu voltasse do Reformatório, todos saberiam daquilo.

         Chegando na escola, os olhos tristes de Rachel me fitavam. Teríamos de nos separar. Cada um seguir seu caminho. Não era como se não fossemos conversar na escola, mas tínhamos aulas separadas. Ela sorriu, mas seu sorriso também me pareceu triste.

- Te vejo no Clube do Coral? – perguntei.

- Sem duvida alguma!

When there's no-one else in sight, in the crowded lonely night, well I waited so long for my love vibration… And I'm dancing with myself

         Durante o treino, minha cabeça estava em outro lugar. Esse lugar era a casa de Rachel. Ela tinha dormido muito rápido noite passada, um sono pesado. O que me fez aproveitar uns minutos olhando-a. Ela era linda. Era incrível. Eu podia fazer qualquer coisa por ela. Acho que foi naquele momento que decidi que seria melhor, que faria o possível para ficarmos juntos.

- Puckerman! – gritou a treinadora Beiste.

- O quê? – perguntei num tom de voz muito suave, até apaixonado. E isso fez os outros caras rirem um pouco.

         Beiste achou que eu estava tirando com a cara dela. Me pegou pela camisa do time e me arrastou até um local mais afastado. Depois, continuou gritando. Os caras do time se juntaram e ficaram me olhando. Alguns começaram a fazer gracinhas atrás de Beiste – mesmo a distância. Eu ignorei.

- Qual o problema? Está tentando estragar o time? – ela gritava – Quer dar o seu lugar para outra pessoa?

- Não... Não! – respondi, finalmente reagindo para aquela situação.

- Então o que você tem? Está com a cabeça nas nuvens, garoto!

- Beiste... Não é nada – tentei.

- Fala ou vai para o chuveiro, Puckerman! – ela gritou mais alto que antes. Os caras atrás já estavam rindo. Era incrível como podiam ser infantis.

- Eu... Eu estou apaixonado, é isso. Só isso – confessei. Ela fez cara de quem não acreditava e cruzou os braços.

- Quer que eu acredite nisso?

- Conhece a Rachel? – ela assentiu – Passamos o final de semana juntos. Eu estava pensando nela. Não sei porque estou te falando isso, Treinadora. Vou prestar mais atenção no treino!

         Quando falei aquilo, o rosto de Beiste pareceu se iluminar e eu soube que ela acreditava em mim. Então fui voltar para o treino, mas quando passei por Beiste, ela colocou uma mão no meu ombro, me parando. Então disse:

- Ela é uma boa garota, Puckerman.

- Eu sei disso – falei, orgulhoso.

         O resto do time estava decepcionado. Com certeza queriam ver uma briga entre mim e Beiste. Era difícil acreditar que eu fazia parte daquele bando de manés.

         No fim do treino, enquanto eu ia tomar o meu banho, Finn me chamou.

- Puck! Puck! – ele gritava desesperado – Espera.

- O que foi? – perguntei.

         Eu abri a porta do meu armário no vestiário. Finn fez o mesmo, já que seu armário era ao lado do meu.

- Eu vi que você... Você não prestou muita atenção durante o treino.

- É, cara? – perguntei ironicamente – Notou isso mesmo?

- O pessoal disse que você devia estar bêbado ainda, já que é segunda-feira! Mas eu tenho uma dúvida – ele disse e fechou o armário.

- Pode perguntar, Finn.

         Eu continuava guardando as minhas coisas, distraído, quando ele soltou a bomba.

- Está rolando um boato de que você e Rachel estão juntos. Não é isso, é? – ele se virou para mim, franzindo a testa.

         Pensei seriamente no que responder. Não podia dizer que sim, pois Rachel não queria. Não podia dizer que não, pois eu não queria. Só reparei que eu estava totalmente parado – até mesmo minha respiração – quando Finn continuou.

- Você não faria isso comigo, né cara? – ele balançou a cabeça – Não de novo. Não é?

- Não, eu não estou com a Rachel – finalmente falei.

- Ah, que bom então! Quer dizer que...

         Fechei o armário com força, o interrompendo. Me virei para ele.

- Mas se eu gostar dela e ela gostar de mim, ninguém tem nada com isso – falei seriamente e saí dali.

(Rachel)

Well there's nothing to lose, and there's nothing to prove. And I'll be dancing with myself

         Na hora do almoço eu não consegui encontrar ninguém. Eles não estavam lá onde sempre nos encontrávamos. Achei estranho, mas resolvi sentar na mesma mesa, mesmo sozinha. Uma olhada rápida pelo refeitório e pude ver Noah com outros garotos. Ele sorriu ao ver que eu o olhava, mas eu sabia que não podíamos sentar juntos sem levantar suspeitas. De repente, ele pegou o celular e começou a mexer. Meu celular vibrou em seguida.

Puckerman: Eu queria estar do seu lado agora.

Resposta: E eu queria que você estivesse do meu lado agora.

Puckerman: Se quiser eu vou!

Resposta: Não, Noah L

Puckerman: Cadê os seus amigos?

Resposta: Sumiram, estou sozinha.

Puckerman: Vou dar um jeito nisso.

         Não respondi, olhei para ver o que pretendia fazer. Ele chamou o Sam e falou algumas coisas. Quando percebi, Sam já estava vindo na minha direção com uma bola de basquete nas mãos.

         Mil coisas se passaram pela minha cabeça, quer dizer, o que ele planejava? Foi uma surpresa ver que Sam apenas se sentou ao meu lado e sorriu.

- Puck pediu para que eu não te deixasse sozinha – ele olhou para minha comida – Rachel, acho que você é a única pessoa aqui não terminou ou que está terminando de almoçar.

- Você podia ter vindo antes – falei, um pouco braba.

- Achei que você ia querer sentar com o Puck. Que papo é esse de que é segredo? – ele me olhou, franzindo o cenho.

- Longa história... Mas estou começando a achar isso uma tremenda idiotice.

         Depois de contar para o Sam como tinham sido minhas últimas vinte e quatro horas, o sinal já estava quase tocando para irmos à próxima aula.

- Ele vai embora e você resolveu ficar longe? Não me parece muito bom, Rachel.

         E naquele momento, também não parecia para mim.

- E como está o coraçãozinho para a separação? – Sam perguntou. Empurrei-o.

- Está ótimo! Adorando a sensação! – falei e ele me empurrou de volta.

         Depois seguimos para a aula. Eu esperava ansiosa para ir até o Clube do Coral e cantar com Noah. E quando o momento finalmente chegou, meu coração parecia querer sair pela boca. Era uma coisa que eu não sentia há muito tempo.

- Tenho certeza que eles vão adorar – Noah me falou.

         Nós dois estávamos em cima do palco, esperando até que o Sr. Schuester desse o sinal.

- Prontos? – a voz do Sr. Schuester veio lá de baixo – Vamos ver se ficou bom como você prometeu, Rachel.

- Ficou ótimo, pode ter certeza – Noah garantiu.

         Eu estava nervosa. Eles não gostarem significava que eu teria de cantar com o Finn. Noah estava sendo confiante. Confiando em si mesmo. Uma coisa que ele sempre fez muito bem. Pelo menos na frente dos outros.

         Quando terminados, boa parte aplaudiu de pé. Uns gritaram – eu tenho quase certeza que foram Kurt e Mercedes - dizendo que era certo que ganharíamos. Outros não reagiram tão bem quanto o esperado. Finn ficou sentado olhando de cara feia. Mas o mais importante foi que o Sr. Schuester sorriu e aplaudiu enquanto falou uma palavra que soava como música nos meus ouvidos: incrível. Foi tudo o que ele disse.

         Mais tarde, naquele mesmo dia, eu já estava cansada de ficar longe do cara que eu gostava. Na hora de ir embora, eu esperei por ele. Tinha um banco onde eu podia ver a entrada da escola, então me sentei lá e esperei. Logo Finn saiu pelas grandes portas e veio até mim. Eu tive vontade de fugir, mas achei que seria ridículo.

- Rachel – ele falou, sem poder esconder a animação.

- Oi – falei secamente.

- Você não pode me desculpar? – ele baixou a cabeça. Revirei os olhos com aquela apelação.

- Já te desculpei.

- Então – ele me olhou animado outra vez e se sentou ao meu lado – podemos ficar juntos de novo?

- Não! Eu te desculpei, mas não quer dizer que vamos voltar. Nós nunca vamos voltar.

- Você já fez isso comigo! Por que não pode me perdoar e esquecer?

- Então é disso que se trata para você? Vingança?

- Claro que não! Eu só... Só não entendo o porquê de não me desculpar.

 - Não se trata de desculpar, Finn! Eu já desculpei! Mas eu te amava e você partiu meu coração – suspirei quando as lembranças começaram a voltar - Como pôde fazer isso?

- Eu estava perdido... Não sabia o que sentia, mas agora eu sei! Eu quero você!

- É, mas é tarde de mais. Eu tenho outra pessoa.

- O Puck?

- Não – respondi imediatamente.

- Então não gosta do Puck? – ele me encarou.

- Não – senti meu coração apertado.

- Mas não foi isso que pareceu quando conversei com o Puck, ele...

- O que é isso? – Jesse perguntou.

         Ele estava parado na frente do banco onde estávamos sentados. Cruzou os braços, impaciente. 

- O quê? – Finn perguntou, confuso. Jesse ignorou e olhou diretamente para mim.

- Você me enrolou. Ficou me devendo uma resposta e agora está aqui com o Finn novamente! Não acredito que está fazendo isso!

- Eu não estou com o Finn – expliquei.

- Então por que estão aqui conversando? – Jesse pareceu bravo.

- Não podemos conversar? – Finn rebateu, mas Jesse o ignorou de novo.

- Qual a resposta, Rachel?

         Jesse estava lindo naquele dia. Tanto quanto nos outros. Eu não podia negar que ele era um dos mais lindos daquele lugar, Finn não ficava para trás também. O problema é que eu não sentia nada pelos dois, nem mesmo uma faísca.

         Mas senti meu coração pular de alegria assim que Noah finalmente passou pelas portas. Ele olhou diretamente para nós, como se soubesse onde nos encontrar. Ao invés de ficar irritado com a situação, ele riu um pouco. Não demorou a chegar até nós.

- Vamos, Rachel? – Noah perguntou. Ele pegou na minha mão e me levantou.

- E vocês ainda me dizem que não estão juntos? – Finn levantou gritando.

- Cara – Noah falou num tom debochado – nós temos que ensaiar, sabe?

         Eu segurei na mão dele e não me importei com o que os outros iam pensar. Finn e Jesse ficaram de cara feia para nós e eu sabia que, se não fosse o Noah, eles partiriam para cima. Antes de irmos embora eu virei para trás rapidamente e informei:

- A resposta é não, Jesse.

         Noah riu e passou o braço pelo meu ombro.

If I looked all over the world, and there's every type of girl, but your empty eyes seem to pass me by leaving me dancing with myself.


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Notas finais do capítulo

A música Dancing with Myself cantada pelo Artie na série, me passa uma tranquilidade, felicidade... Me parece que tudo vai ficar bem. Nesse capítulo é o que eles acreditam.