Sweet Caroline escrita por Michelli T


Capítulo 11
Um cara quase perfeito


Notas iniciais do capítulo

Sou muito idiota. Excluí o último cap por um erro de formatação, mas não me liguei que os comentários seriam apagados também :c Desculpe, eu não queria apagar o comentário de nenhuma de vcs! ):



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Abri os olhos. Eu encarava um teto desconhecido. Me senti perdido por uns instantes, então lembrei de tudo o que tinha acontecido. Lembrei de Rachel e minha mãe, do beijo e de termos visto um filme. Olhei para o lado, mas Rachel não estava mais deitada ali. Num pulo, me sentei. Quanto tempo eu estive dormindo? Forcei minha cabeça a funcionar. Era domingo quando tinha deitado lá. Seria possível ter dormido até o outro dia? No caso, teria perdido um dia de aula. Aquilo não me importava muito.

Olhei para a janela. Uma luz fraca entrava, iluminando a sala. De repente, ouvi um barulho vindo da cozinha. Algo como um raspar de talheres em um prato. Andei sorrateiramente até lá. Dei uma espiada antes de realmente entrar na cozinha. Vi Rachel sentada na mesa, de frente para a entrada, comendo pizza.

– Quanto tempo você ia me deixar dormir? – eu entrei na cozinha falando, ela se assustou – Hein, linda?

– Quanto fosse necessário... Lindo – ela brincou.

– Vai rindo – dei a volta na mesa. Parei atrás da cadeira onde Rachel se sentava – você está linda mesmo – me abaixei e dei um beijo em seu pescoço.

Suspirei. Ainda estava cansado, já que recém tinha acordado. Passei os braços ao redor do corpo de Rachel e apertei. O abraço teve a cadeira no meio, mas mesmo assim, foi aconchegante.

– Que horas são? – perguntei, ainda a abraçando.

– Algo em torno de seis horas – ela respondeu.

– De domingo?

– Sim, domingo – ela riu – Está com fome? Tem um pedaço de pizza te esperando no microondas.

– Hum... Ela deixou uma pizza para mim – a enchi de beijos no pescoço antes de ir buscar o prato que estava dentro do microondas.

Me sentei do outro lado da mesa, de frente para ela.

– Ainda temos que ensaiar – Rachel declarou enquanto levantava, ela foi até a bancada e a abriu, pegando um garfo e uma faca.

– Eu não preciso de... –largou os talheres na minha frente antes que eu terminasse de falar. Ela se sentou no seu lugar outra vez.

Rachel vestia uma saia rosa pregueada e uma blusa branca com um laço rosa bem no meio. Me lembrava a roupa que ela usou uma vez quando, muito tempo atrás, ficamos juntos. Ela fez uma careta ao ver que eu ignorei os talheres e peguei a pizza com a mão, para depois a enfiar dentro da boca.

– O que foi? – perguntei de boca cheia.

– Esse é o meu príncipe encantado.

Eu ri e deixei cair um pouco de comida da boca. A cara de nojo que ela ficou, fez com que eu risse mais ainda. Não era tão engraçado, nunca era. Não fazia meu tipo ficar rindo por qualquer coisa, mas quando estava com Rachel as coisas tendiam a parecer muito mais engraçadas e divertidas do que realmente eram. O sorriso que apareceu no rosto dela e que, em seguida, se transformou num riso abafado, me fez pensar, que talvez, ela achasse o mesmo.

– Pretending é uma música muito boa – ela disse cautelosamente – sobre esse amor que as pessoas são obrigadas a esconder... Eu não sei, mas acho interessante como o destino nos fez cantar juntos.

Apenas a encarei.

– Qual o problema? – ela perguntou confusa.

– Nenhum problema – dei de ombros. Foi a vez de ela me encarar.

– Noah... – falou com um pouco de autoridade. Senti a cobrança na voz dela.

– Caso você não se lembre, foi o Finn que escreveu essa música. E por acaso, escreveu para você.

– E o que tem isso?

– O que tem isso? – revirei os olhos – Quando estiver cantando, vai pensar nele.

– Vou cantar com você, vou pensar em você – ela garantiu.

– Quer dizer que se cantasse com o Finn, pensaria nele?

– Não! Eu pensaria em você! – ela fez uma pausa – Porque eu estou apaixonada por você.

Ficamos nos olhando um pouco. Estávamos ambos apaixonados, ninguém podia dizer o contrário. Eu ia dizer o mesmo, quando ela disse:

– Tem uma coisa me incomodando – ela falou. Nem esperou eu perguntar para explicar – Eu já recebi duas mensagens de alguém se passando por você.

Pensei um pouco.

– Fácil. Ligamos e vemos quem é.

– Sério? – ela perguntou com sarcasmo – O número é privado!

– Então... O que diziam as mensagens?

– Uma me dizia para te encontrar no estacionamento, mas eu te encontrei dentro da escola e você me parou, no dia da cadeira de rodas...

– Quando você disse que gostava de mim – um sorriso se formou no meu rosto – lembro bem.

– Cala a boca – ela disse, e prosseguiu – a mensagem de ontem, dizia para te encontrar na sua casa.

– É, mas... Por que achava que era eu? A pessoa dizia: Oi, é o Puck, me encontre sei lá onde?

– Não – ela me olhou como se eu fosse um idiota – a pessoa me chamava de Berry, eu realmente achei que era você.

– Você caiu duas vezes nessa? – perguntei, tentando não rir. Ela ignorou.

– Na última eu te encontrei com Santana... O que me esperava no estacionamento? – Rachel franziu a testa.

– Eu não estava lá! – falei rapidamente, para me defender.

– Eu sei – ela cerrou os olhos – Qual o seu problema hoje?

– Nenhum – falei assim que vi a idiotice de minhas palavras – Tem alguma ideia de quem faria isso?

– Claro que tenho! Santana é a primeira da lista! Seguida por Jesse, Quinn...

– Finn?

– Não, Finn não.

– Por quê?

– Não sei. Só acho que ele não faria isso.

– Ainda assim, são muitas suspeitas.

– Eu sinto como se o mundo estivesse contra nós – ela baixou a cabeça, deixou escapar um suspiro.

– O mundo, Rach? Seus amigos são os únicos que sabem do nosso namoro, eles ficaram bem felizes! Minha mãe é idiota, não foi culpa sua. Seus pais vão aceitar, acho que eles sempre te apóiam. Na escola eu não sei como vai ser, se alguém vai se importar ou não. Na outra vez foi calmo, então... Não vejo motivos para nos preocuparmos.

– Eu entendo a Santana não gostar... Mas se os outros ficarem contra... As mensagens... Eu não consigo achar um motivo!

– Finn não fez aquilo por mal – falei me referindo ao beijo dos dois no corredor - e ele não sabe de nós dois ainda. Ele gosta de você, mas sabe como ele é fraco...

– E Quinn se aproveitou disso – ela completou.

– Mas ele viu o erro e claro que a Quinn não aceitou. Ela me tentou também, mas não deu certo. Esse é o motivo de Quinn. Eu tenho certeza que Jesse só estava esperando a chance para te roubar do Finn, quando ela apareceu, eu estava lá. Acho que ele não desistiu de verdade, só está dando um tempo.

– Já é mais um contra nós...

– Não faz diferença, desde que eu esteja com você.

Rachel fez um biquinho. Logo se levantou da cadeira e foi até mim, se sentando no meu colo.

– Vou sentir sua falta – confessou.

Só ficamos ali nos olhando um pouco. Aproveitando a companhia um do outro.

– Por que sua mãe não podia gostar de mim? – ela choramingou.

– Mas, como vocês começaram a discutir?

– Ela disse que o Reformatório ia ser bom para você, porque tinha se tornado um... – ela hesitou, eu assenti, para que continuasse – um vagabundo e um inútil.

Rachel esperou minha reação, mas arregalou os olhos ao ver a normalidade que eu encarei a ofensa. Eu já tinha escutado coisas muito piores, ainda mais de minha mãe.

– E o que você disse? – perguntei.

– Eu disse que... Se você era um inútil, o que eu discordava, era porque ela tinha sido uma inútil como mãe.

– Rachel! – falei e ri. Era tudo o que podia dizer. Aquela menina, sentada no meu colo tinha me defendido de minha própria mãe. Ela fez o que Santana nunca teve coragem de fazer. Era difícil ver Rachel agir daquele jeito. Imaginar que ela o fez por mim, me fazia sentir mais admiração por ela.

– É, eu sei! – ela se escondeu, deitando no meu peito. Abracei-a.

– Foi muito legal da sua parte.

– Foi? – ela levantou a cabeça. Eu continuei a abraçando.

– Sim, minha linda. Me faz gostar mais ainda de você.

Rachel me olhou. Não sei se era a luz, mas vi seus olhos brilharem. Ela me olhava como se estivesse hipnotizada. Eu a olhava, igualmente hipnotizado e encantado com a beleza dela que era tão óbvia para mim naquele momento. Queria ter reparado antes, queria ter ficado com ela muito tempo atrás. Era diferente, era a garota para mim. Sentia como se ela me completasse de uma maneira que nenhuma outra conseguia. Eu já tinha tido todo tipo de garota e nunca me sentido daquele jeito.

Subitamente ela se levantou.

– Um problema... Ainda tem um problema, Noah.

Talvez tenha sido o fato de Rachel declarar que tinha um problema, ou talvez, o tom de voz preocupado que ela usou. Mas alguma coisa me alertou que o que estava por vir não era bom. Não um problema, como ela disse. Algo realmente ruim.

– Que problema? – perguntei.

– É sobre nós dois...

Tranquei a respiração. Seria possível que Rachel fosse me dar o fora ali? Bem quando eu tinha certeza de que era ela a mulher da minha vida?

– A gente está namorando desde ontem, mas... Será que é a coisa certa?

– Tenho certeza que é – eu respondi. Me sentia na defensiva.

– Noah, daqui três dias você não estará mais aqui... E a gente não sabe quanto tempo você vai ficar lá, pode ser uma semana, um mês, um ano ou sei lá quanto tempo.

– E daí? Você quer ser livre para ficar com outro enquanto eu não estiver?

– Você está bem grandinho para saber que namoros à distância não funcionam.

– Se a gente quiser, vai funcionar. Eu não acredito que está terminando comigo!

– Longe disso, Noah. Eu pensei em algo como... Trancar. Não sei. Paralisar? Só até que você volte.

– Você quer dar um tempo?

– É, acho que é isso!

– Mas por quê?

– Olhe para você, consegue tirar esse Reformatório de letra, mas eu não. Eu tenho medo. Não acho uma coisa boa namorarmos enquanto estiver lá, não quero que se sinta preso e que volte querendo terminar comigo. Você entende? – uma pausa. Eu não respondi – Se você pensar em mim lá, se sentir minha falta e me quiser quando voltar, será a prova de que realmente devemos ficar juntos. Diz que entende, por favor!

– Não, Rachel! Eu não entendo!

– Eu não vou ter outro cara enquanto você não estiver aqui! Eu juro!

– Que merda. Não vem com esse papo de que se eu voltar e tal! Eu pedi para namorar com você! É óbvio que eu gosto! – eu gritava.

– Eu só não quero mais sofrer! Isso já é difícil, facilita as coisas! Por favor.

– Facilitar? Legal, então! Rachel, eu não quero mais namorar com você!

Que conversa era aquela? Estava tudo indo tão bem. De repente, Rachel não me queria mais. Ela não queria sofrer, mas no que não estarmos namorando a faria não sofrer? Tudo bem, namoro a distância podia não dar certo na maioria das vezes, mas podia ser a prova de amor perfeita para nós dois. Nada do que Rachel falasse ia conter minha raiva, nenhum motivo que ela desse me convenceria de que ela estava certa. E aí uma lágrima escapou de seus olhos. Ela foi rápida o bastante para não a deixar escorrer pelo rosto, mas não o bastante para esconder de mim.

– Rachel – levantei, mas me contive antes de chegar muito perto.

– Lembra quando o Jesse foi viajar com os amigos? – eu assenti – Quando ele voltou... Não só terminou comigo, ele... Jogaram ovos em mim, ele e todos os amigos do Vocal Adrenaline.

– Nem me lembra. Ainda sinto vontade de socar a cara dele.

– É, mas... Eu não quero que se repita, ainda mais com você. Noah, você é tão importante na minha vida agora, eu não quero te perder... Você devia aproveitar esses dias e pensar se é isso que realmente quer.

Toda a incerteza e a raiva tinham sumido. Uma lágrima de Rachel, e eu me sentia o pior cara do mundo. De modo que, tudo o que pude fazer, foi abraçá-la.

– Eu não tocaria ovos em você. Seria mais criativo – brinquei – E você não vai me perder, não se depender de mim.

– Quem diria, não é? Você é esse tipo de cara.

– Que tipo de cara? – indaguei.

– De coração mole.

– Ah... É? – a apertei, no que as pessoas chamam de abraço de urso.

– Não, não é! Me solte! – ela suplicou.

– Como se diz?

– Por favor?

– Boa tentativa, mas acho que pode fazer melhor do que isso. O que acha de mim?

– Nesse momento, um tremendo babaca! – apertei mais e ela logo se corrigiu – O cara mais lindo desse mundo, o mais legal! Ah, não sei!

– Só isso que tem a me dizer? – perguntei calmamente.

– Não! – a voz dela saía esganiçada – Vou dizer mais se me soltar.

Fiquei com pena dela, mesmo que eu não estivesse apertando tanto a ponto de machucá-la de verdade. Parecia que, afinal, eu tinha o coração mole. Soltei-a.

– Obrigado – ela falou de forma áspera.

– Hey! Você ia me dizer alguma coisa – a cobrei.

– É, ia – ela pensou um pouco. Pegou um garfo em cima da mesa e jogou na minha direção – babaca!

O garfo bateu nas minhas calças e caiu no chão. Abri os braços.

– Vem aqui!

Rachel saiu em disparada e eu fui atrás dela, porem não corri como ela.

– Você não pode correr, mas pode se esconder.

– O certo é: você pode correr, mas não pode se esconder – ela corrigiu, rindo – Idiota!

Ela se sentou no sofá. Fez uma carinha para que eu ficasse com pena. Funcionou.

– E agora? – perguntei, me sentando do lado dela.

– Eu acho que podíamos ensaiar! – ela sorriu.

– E como será a nossa segunda-feira?

– Se a gente conseguir deixar tudo pronto hoje, amanhã poderemos descansar...

– Eu não quero terminar com você, Rach. Falei aquilo de raiva... Vamos ficar paralisados, como você diz. Quando eu voltar, a gente vê no que isso vai dar.

(Rachel)

Já tinha escurecido há muito tempo quando paramos de ensaiar. Eu estava exausta, Noah parecia cansado também. Eu não tinha nada para reclamar, a música ficara perfeita. No dia seguinte ensaiaríamos todos juntos e eles veriam como tinha ficado. Eu sabia que não haveria nenhuma reclamação.

Nós achamos que seria bom fazer um macarrão. Foi divertido cozinhar com ele. Jogamos conversa fora, coisas idiotas mesmo. Quando nós dois já estávamos com sono, estendemos os lençóis nos colchões da sala. Subimos para escovar os dentes e nos preparar para dormir, quando escutei meu celular tocar. Peguei-o de cima da minha cama e havia uma mensagem de número desconhecido. Fui até o banheiro, ao encontro de Noah, antes de ler. Ao ver minha cara – que devia ser bem ruim – Noah cuspiu a água que tinha na boca.

– O quê? – perguntou.

Abri a mensagem e li em voz alta.

MensagemOi, minha Berry. Encontre-me na praça da rua principal em 10 minutos.

– Vamos lá! – ele falou com atitude e me puxou pela mão em direção da porta do quarto, eu travei os pés no chão – O que foi?

– Eu não sei... A gente não sabe quem vai encontrar lá!

– Vamos encontrar quem estaria no estacionamento! E quem tentou nos separar ontem! – ele puxou, mas eu continuava parada.

– Pode ser perigoso.

– Prometo cuidar de você – ele deu um leve selinho em mim e então me pegou no colo – Vamos lá!

Ele me levou até a porta de casa no colo, onde me soltou por causa de meus protestos. Eu tranquei a porta e ele guardou a chave no bolso da calça.

– Tem certeza disso? Já é tarde, podemos deixar para a próxima vez...

– Princesa – ele afagou meu queixo com a mão – se quiser pode ficar.

Pensei seriamente naquilo. Esperar por ele no conforto e segurança da minha casa.

– E deixar toda a diversão para você? – fingi estar animada – Nunca!

Ele sorriu e estendeu o braço, entregando sua jaqueta de couro para mim. Eu a vesti. Em mim o comprimento ficou muito abaixo da cintura, mas eu não me importei, já que ela era muito quente e o cheiro de Noah parecia vir de todos os cantos.

Enquanto andávamos, ele pegou na minha mão. Eu fiquei na dúvida se íamos mesmo andar de mãos dadas como namorados. Tecnicamente só seríamos namorados quando ele voltasse, mas ali, na prática, a coisa era bem diferente. Por mais que não estivéssemos namorando oficialmente, eu sentia como se eu pertencesse a ele. E talvez aquilo realmente fosse verdade.

Eu não fiz nenhum esforço para que ele me soltasse, nem sequer dei um aviso, para que ele visse que eu não queria aquilo. Porque eu queria. A história de terminar até que ele voltasse, agora me parecia mera formalidade.

– Chegamos – Noah falou, quando finalmente já avistávamos a praça.

A praça estava vazia, se não contar com uns dois mendigos que dormiam em bancos paralelos. Ela era bem escura e, apesar de muitas árvores, era aberta o bastante para que conseguíssemos ver de longe que, quem queria me encontrar, não estava lá.

– Não tem ninguém lá! – declarei, parando de caminhar. Ele também parou.

– Claro que tem! Deve estar escondido.

Não consegui conter uma careta de medo.

– Quer esperar aqui? – ele perguntou.

– Não. Eu quero ir para casa e quero que vá comigo.

– Olha, se você quer ir, eu não me importo. Te encontro depois que eu descobrir quem está fazendo isso.

Soltei a mão dele. Ele ia mesmo me deixar ir para casa sozinha tarde da noite? Claro que eu tinha medo, mesmo que já tivesse feito aquelas loucuras algumas vezes. Como ele parecia decidido, não falei nada, simplesmente saí dali. Senti o medo tentando tomar conta a cada passo que eu dava. As sombras no chão começavam a parecer assustadoras para mim. Eu sabia que era só minha imaginação, mas mesmo assim fiquei alerta para qualquer coisa que se mexesse. Estava quase deixando aquilo de lado, quando uma sombra de um corpo se projetou no chão, e estava se aproximando. Meu coração pulou, mas não durou muito, pois logo Noah estava caminhando do meu lado.

– Mudou de ideia? – ergui a cabeça para olhá-lo.

– Esqueci minha jaqueta – ele disse e sorriu – e como pretendia entrar em casa? – Noah tirou do bolso a chave de casa.

Assim que chegamos, eu subi para colocar o pijama. Estava cansada, sentia minhas pernas cederem um pouco com o peso do meu corpo. Quando desci, Noah estava deitado no colchão e coberto com um lençol. A luz já estava apagada, tudo pronto para nós dois dormir. Apenas a televisão continuava ligada, iluminando um pouco a sala. Larguei a jaqueta de couro no sofá e me deitei no colchão do lado. Ele fez uma careta.

– Não vai dormir comigo? –perguntou.

– Nem pensar! Meus pais chegam amanhã cedo – parei para bocejar – você não está dormindo só de cueca, está?

– Não sei, quer ver? – ele brincou.

– Quero.

Não faço a menor ideia do porquê de eu ter dito aquilo. Ele levantou o lençol. Apesar de estar sem camisa, vestia uma calça de moletom. Ele sorriu. Eu só conseguia pensar nos músculos de Noah e como eram convidativos.

A verdade é que no Noah tudo é convidativo! O sorriso, o olhar, os músculos, a personalidade. Quer dizer, qual era o defeito dele? Que tipo de homem não tem defeito? Deitei a cabeça no travesseiro. Nossos colchões estavam colados, mas mesmo assim eu lamentava não poder estar no mesmo que ele.

– Boa noite, Princesa – ele sibilou.

– Boa noite, Noah.

Fechei os olhos e agradeci em seguida por aquilo. Estava tão cansada! Senti a mão de Noah pegar na minha. Me perguntei se ele ainda estava em seu colchão, ou tinha invadido o meu. Mas estava com tanta vontade de dormir que nem abri os olhos, nem protestei. Antes de apagar e me entregar para o mundo dos sonhos, um último pensamento surgiu.

Ele era o cara para mim. Eu precisava dele. Definitivamente ele seria perfeito... Se não fosse embora em três dias.


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