Sweet Caroline escrita por Michelli T


Capítulo 10
O amor está chegando




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/189660/chapter/10

Eu o desculpei muito fácil. Noah só precisou me olhar para que eu soubesse que era o cara que eu queria, e que valia mais do que qualquer tipo de ciúmes. Mas, mesmo que não tivéssemos nada ainda, ele não podia beijar outras garotas daquele jeito. E eu achava que não era bem verdade o que eu tinha visto. Duvidava da integridade de Santana, mas meu coração mole dispensava qualquer suspeita sobre Noah. Sua inocência era óbvia para mim. Se não, por que ele estaria lá? Por que atrás de mim ao invés de Quinn e Santana?

E ele me pediu em namoro.

Eu queria dizer sim, então eu disse. Recebi um abraço apertado, ele pareceu tranquilo. A reação dos meus amigos fez com que ele risse bastante. Até mesmo Sam, que devia ser o mais contido, pulou e riu enquanto batia nas mãos dos outros. Pelo menos não gritou como Kurt e Mercedes. Depois, Noah achou que seria melhor me deixar com meus amigos e ir para casa. Eu não queria que ele fosse embora, mas tinha muito que conversar com os quatro. Principalmente sobre como tinham sido os últimos dias, desde a direção, quando ajudei Noah.

Noah disse que voltaria para me buscar no outro dia, me deu um selinho e foi embora pelo mesmo caminho por onde entrou.

Contei para eles cada segundo desde que tínhamos ficado mais próximos. Sam acabou dormindo às três da manhã, seguido por Tina, que adormeceu meia hora depois. Mercedes e Kurt ouviram tudo. Depois me contaram sobre seus relacionamentos. Kurt e Blaine, Mercedes e um cara novo do time de futebol. Tina tinha Mike, mas Sam... Estava sozinho. Eu queria conversar com os dois sobre aquilo, sobre Quinn e tudo o mais. Tentar achar uma solução. Mas vi que seria melhor que ele contasse. Eu não tinha o direito de contar seus segredos para os outros.

Estávamos deitados em colchões no chão. Kurt e eu repartindo um e Mercedes sozinha no dela. Tina e Sam deitados na cama de casal de Mercedes. Quando paramos de conversar, só por um segundo, foi o bastante para que pegássemos no sono.

(Puckerman)

Busquei Rachel durante a tarde. Eu imaginei que dormiriam tarde e precisariam descansar. Afinal, tinham muito para conversar. Puckzilla estava namorando. Eu pertencia a uma única garota.

No começo, foi estranho pensar que eu tinha uma namorada e que seria fiel com ela. Pensar que eu não pretendia terminar tão cedo. Minha mãe disse que era amor, e não uma simples e passageira paixão, como eu disse. Ela estava convencida daquilo, ainda mais quando, após buscar Rachel, a levei até minha casa. Minha mãe abriu a porta e deu um belo sorriso ao ver Rachel do meu lado, depois me olhou como se estivesse dizendo “Eu disse”. Eu não costumava apresentar namoradas ou coisas desse tipo para minha mãe. Só quando eu não tinha escolha, mas a decisão de apresentar Rachel foi repentina.

– Minha mãe está dizendo que eu te amo – falei em tom de piada.

– Ela parece ser legal – Rachel deu de ombros.

– Gostaria de conhecê-la?

Rachel sorriu e eu soube que a resposta era sim. Embora estivéssemos aproveitando o nosso primeiro dia de namoro, mal tivemos tempo para conversar. Eu queria esclarecer o episódio Santana, deixar ela sem dúvidas de mim. Também queria passar um tempo sozinho com ela. Precisávamos dos nossos primeiros beijos, primeiros momentos juntos. Precisávamos de intimidade.

Não o tipo de intimidade que eu conseguia facilmente com outras garotas. Eu queria confiança e alguém para contar. Eu sabia que conseguiria com Rachel.

– Mãe, essa é Rachel. Minha – a vi abrir um sorriso maior ainda – minha namorada.

– Prazer – ela apertou a mão de Rachel.

– O prazer é todo meu – Rachel respondeu.

– Por que não se senta, querida? – Ela perguntou e eu conduzi Rachel até o sofá, onde nos sentamos.

Elas pareciam se dar bem. Minha mãe mostrava interesse nas coisas que Rachel contava. Algumas vezes ela procurava minha confirmação e mesmo que eu não estivesse ouvindo, eu assentia. Logo voltavam para suas histórias e planos para o futuro.

– Mamãe! – minha irmã gritou do quarto.

Ela ia se levantar, para atender o chamado, mas eu levantei primeiro.

– Deixa comigo. Continuem conversando.

Rachel ficou surpresa. Percebi que minha mãe olhava agradecida. Que foi bem diferente do olhar desanimado que recebi de minha irmã assim que entrei em seu quarto.

Ela estava deitada de bruços. Muitas bonecas espalhadas por todos os lados e algumas roupas para elas.

– Não foi você que eu chamei.

– Mamãe está ocupada – me sentei ao lado dela.

– Conversando com a sua nova namorada? – ela tirou a atenção da boneca e me olhou – Rachel?

– Anda escutando as conversas dos outros de novo?

– Mamãe gosta mais dela do que de mim? – perguntou e, rapidamente, voltou a mexer na boneca.

– Você está louca, pequena? – eu a encarava, mas ela continua olhando sua boneca.

– Você prefere ela?

– Não. Mil vezes não! – ergui os braços, fazendo uma encenação - Você é a mulher da minha vida.

– Não foi o que Santana me disse.

– Tem visto Santana?

– É, ela passou aqui, mas você não estava. Ela brincou um pouco comigo.

– O que ela te disse?

– Que a Rachel era má e que ia te levar embora. Eu disse que não era verdade, mas ela me perguntou quando tempo você tem passado aqui e eu...

Mesmo que fosse idiotice, eu via uma tristeza na minha irmã. Ela ainda era uma criança, brincava de boneca... Como Santana poderia falar esse tipo de coisa para ela? Mesmo sendo homem, senti uma vontade imensa de dar um soco em Santana. Imaginei como seria e senti certa satisfação.

– Garotinha, isso é bobagem.

Tentei tranquilizar ela. Não era o melhor momento para dizer que: se alguém ia nos separar, esse alguém era nossa própria mãe.

– Sempre vou voltar. Mas, me diga, o que queria?

– Trança.

– Trança? – cerrei os olhos.

– É, queria que a mamãe fizesse uma trança – ela jogou o cabelo para o lado.

– Eu sei fazer trança – falei sugestivamente.

– Com certeza sabe, Noah.

– Duvidando? Vem aqui!

Depois que terminei, ia voltar para a sala e dar o resto de atenção para Rachel e minha mãe. Logo eu ia sugerir que era à hora de ir embora. Chegando ao corredor, as vozes delas soavam bem mais altas do que quando eu saí. Parecia uma conversa hostil.

– Você não o conhece – disse minha mãe.

– Acho que é você que não o conhece!

– Se ele precisar ficar lá a vida inteira para melhorar, que seja!

– Ele já melhorou, é difícil ver? E ele não vai poder ficar lá a vida inteira, quando for maior de idade, ele vai poder sair. E se tiver bom comportamento e fizer trabalho comunitário, o pessoal autoriza a saída mais cedo ainda, só precisa de um responsável. Você não vê que ele é...

– Um delinqüente? Quando vezes você acha que eu tive de buscá-lo na delegacia?

– Esse tempo já passou!

– Não, Rachel. Ele vai ficar quanto tempo eu achar necessário. Se ele fugir, não terá onde morar.

– Nesse caso, ele poderá ficar na minha casa. Eu e meus pais daremos o apoio que você não está dando!

– Nesse caso, eu não apoio o namoro de vocês!

– Eu não preciso do seu apoio. Eu gosto dele e ele de mim, é o bastante.

– Saia da minha casa! Agora!

– Com todo o prazer!

Foi então que eu entrei no fogo cruzado. Eu amava minha mãe, apesar de tudo o que estava fazendo. Aquela história de Reformatório era um grande erro. Desde que Rachel apareceu, eu parei de aprontar. Mas minha mãe insistia naquela ideia. E eu sabia que aquilo não era realmente por mim.

Minha mãe tinha um novo namorado, eu não gostava dele. Não era como se eu não fosse gostar de qualquer cara que chegasse perto dela, só não me agradava o jeito ele tentava nos comprar com presentes. O cara morria de medo de mim. Uma vez ele dormiu na nossa casa e quando se levantou, eu estava sentado na mesa de cara fechada. Ele voltou para o quarto e só voltou com a minha mãe. Com o passar do tempo, as visitas ficaram menos freqüentes. Durante uma briga, ela também falou que o seu relacionamento não ia para frente e que, a culpa era minha.

– Quem você pensa que é para falar assim com ela? – eu perguntei da maneira menos agressiva que pude.

– Noah, eu... – Rachel foi se explicar.

– Não você, ela – eu apontei para minha mãe. Aquilo surpreendeu Rachel, mas minha mãe não – Não tem vergonha de trocar seu filho por um namorado?

O rosto dela ficou vermelho, mas não de vergonha.

– Vocês dois saiam da minha casa, agora! – Ela explodiu.

Rachel deu um pulo ao a ouvir gritar, eu apenas bufei. Já estava acostumado.

– Vá para casa, Princesa. Te encontro em alguns minutos.

– O-o que vai fazer? – Rachel perguntou baixinho.

– Arrumar as malas, essa não é minha casa faz muito tempo.

(Rachel)

Depois de ficar sozinha, você começa a valorizar qualquer um que queria estar ao seu lado. Quando encontra alguém que gosta de você e que está disposta a te ajudar, é ótimo, mas é o dobro se for recíproco. E era o meu caso.

Eu queria que quando eu conhecesse a mãe de Noah fosse perfeito. Obviamente as coisas fugiram do meu controle. Não sei em que momento aconteceu, mas ela começou a insultar ele e aquilo me deixou extremamente irritada. Quer dizer, como criticar alguém que está tentando melhorar?

Chegando em casa, vi que a fechadura tinha sido consertada. Peguei a chave e entrei. Tudo estava exatamente como eu tinha deixado. Larguei as coisas no meu quarto e deitei em um dos colchões. Liguei a televisão. A Disney reprisava mais um episódio de Hannah Montana. Acabei dormindo ali mesmo. Ainda estava cansada.

Acordei com um barulho na porta. Alguém batia. Andei até lá meio sonolenta.

– Quem é? – perguntei.

– Seu namorado.

Abri a porta. Paralisei ao vê-lo parado do outro lado. Aquele era o meuhomem.

– Entra.

Ele se inclinou na minha direção e deu um selinho antes de entrar. Senti minhas pernas amolecerem. Noah se jogou no sofá e tirou a mochila, que estava quase vazia, das costas.

– Achei que teria mais coisas na sua mochila – fechei a porta e me deitei no colchão, que ficava em frente ao sofá.

– Depois que você saiu, minha irmã apareceu e fez uma cena. Então eu disse que só ia passar a noite a fora. Trouxe uma camisa... – ele resolveu encurtar - Eu trouxe o necessário.

– Não queria ter sido daquele jeito, eu só... Não sei – me sentei no colchão e fiquei de frente para ele.

– Não importa. Minha mãe foi uma – ele pareceu pensar – Idiota. Mas espero que tudo bem para você...

Fiz que sim com a cabeça e me deitei outra vez.

– Adolepeixes, Princesa?- ele perguntou segurando o riso.

– Na verdade, eu estava vendo Hannah Montana. Não! Olha: eu não estava assistindo, só deixei nesse canal – ele riu me vendo tentar explicar.

Noah saiu do sofá e deitou no colchão ao lado.

– Adolepeixes está ótimo para mim – ele pegou na minha mão e olhou para a televisão.

Joguei longe uma bolacha que estava entre nós. Como ele já sabia que eu gostava dele e estávamos namorando, achei aquela distância desnecessária. Pulei para o colchão dele, pelo canto do olho o vi sorrir. Deitei em seu ombro. Ele me abraçou. Estava me sentindo confortável de mais ali.

– Sabe que ainda precisamos ensaiar?

– Você só pensa em trabalho?

– Não é traba...

– Eu sei, eu sei. Só quero ficar um pouco aqui com a minha garota.

– Sua garota?

– Minha.

Por mais que aquilo estivesse perfeito, tinha algo que ainda me incomodava.

– Quero que me conte o que foi aquilo. Por que estava beijando Santana? – balancei a cabeça para afastar a imagem do outro dia.

– Quando eu cheguei, ela estava lá dentro, então eu...

– Como assim? Achei que sua casa estivesse vazia! Como ela entrou?

Silêncio.

– Como ela entrou? – perguntei um pouco mais alto.

– Minha mãe deu uma cópia da chave – ele falou, inseguro – ela gosta de Santana. Mas nós nunca namoramos sério.

– Perfeito – levantei – Sua mãe ama a Santana e me odeia!

– Se você não se acalmar, não vou contar.

– Já estou calma.

– Então deita aqui – ele abriu os braços.

– Não.

– Rachel...

–  – me deitei em seus braços. Não foi um sacrifício como pareceu ser. Ele riu um pouco antes de continuar.

– Ela estava lá dentro...

– Quando acabou tudo entre vocês? – o interrompi – Quer dizer, acabou não é?

– Sim, acabou – ele tratou de esclarecer rapidamente. Então continuou – Eu não sei quando, mas foi quando comecei a me envolver com você.

– Está dizendo que faz uns três dias que não estão mais juntos? – me exaltei.

– Não, Rachel! Lembra de quando Finn beijou a Quinn na sua frente? – eu assenti – Então, foi lá que eu dei o primeiro bolo em Santana. Para ir atrás de você.

Segurei um suspiro.

– Isso faz bastante tempo – eu disse, refletindo – Melhor continuar.

– Ela estava lá dentro e veio com o papo de que nós tínhamos que ficar juntos. Era o destino. Eu disse que ela era louca e subi arrumar minhas coisas para vir aqui. Ela me incomodou o tempo todo. Eu saí, tranquei a porta. Santana me disse que nós dois nunca ficaríamos juntos, quer dizer, você e eu. Não se dependesse dela, mas eu disse que não dependia. Sabe o que ela disse? É o que você pensa. E foi de um modo ameaçador – ele parou para respirar.

– Aquela vadia – falei sem querer. Noah achou graça.

– Então ela me beijou. Eu tentei não machucá-la e me controlar. Queria tirar ela de mim sem hematomas. Mas ela é forte. Então eu mordi a língua dela, que não parava de tentar entrar na minha boca. Ela me xingou bastante. Eu tentei tirar a chave dela. Ela nunca deveria ter ganhado aquela chave, pra começar. Ela achou que eu a daria para você e não quis entregar. Nós discutimos e então você ligou.

– Só isso? – perguntei.

– Quer mais detalhes?

– Na verdade... Não quero.

– Eu imaginei – ele me abraçou com força.

– Sua mãe me odeia... Como podemos dar certo?

– Achei que não precisava do apoio dela.

– A opinião das mães é sempre importante. Querendo ou não...

– Você não tem mãe – Noah levantou uma sobrancelha.

– Mas eu sei que é importante.

Ele franziu o cenho. Ficamos ali nos olhando por uns instantes. Eu deitada em seu peito.

– Eu gosto de você – beijou minha testa. Depois continuou sussurrando – Só de você.

– Eu tive um sonho legal – resolvi encerrar aquela conversa.

– Como foi?

– Foi com você.

– Me conte então.

– Contar? – aproximei meu rosto do dele.

– Se quiser, pode mostrar – ele sorriu animado – eu não me importo, Princesa.

(Puckerman)

A próxima coisa que percebi foi que Rachel me beijava. Era um beijo de verdade, não como os outros. Seu corpo estava debruçado sobre o meu. Logo ela desistiu de manter uma distância e se deitou em cima de mim. O beijo era quente, eu queria que aquilo não acabasse. A girei e coloquei-a embaixo de mim. Minhas mãos começaram a deslizar pelas laterais de seu corpo. Eu tentava me controlar, mas era difícil pensar quando Rachel me beijava daquele jeito. Eu sabia que era só questão de tempo até que minha mão estivesse embaixo de sua blusa.

Eu tinha certeza que gostava de Rachel, estar ali com ela e saber que ela queria aquilo tanto quanto eu, deixava a situação ainda mais excitante.

Estava fazendo um péssimo trabalho em me controlar, quando um pensamento estranho invadiu minha cabeça. Se eu fizesse alguma coisa, poderia estragar tudo o que tínhamos. A julgar pelo modo como ela ficou ofendida quando olhei seus seios, tentar tocá-los não podia ser uma boa coisa. Não tão cedo.

Mesmo sabendo que se Santana estivesse no lugar dela, já estaríamos muito mais longe, eu não me importei. Aquilo era o bastante para mim.

Aproveitei cada segundo daquele beijo. Quando ele acabou, eu já queria outro. Rachel me olhou, eu continuava em cima dela, mas não largava meu peso, não queria machucá-la.

– Foi mais ou menos assim – ela disse e respirou fundo, para depois rir. Eu acabei rindo também.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sweet Caroline" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.