“Então, eu, enciumado e ao mesmo tempo seduzido pela rosada, fiz a primeira e a melhor coisa que me veio em mente.”

POV 3° Pessoa:

Sakura nunca imaginaria que tal brincadeirinha infantil e sapeca, acarretaria aquela situação tão... Constrangedora. Seus olhos esverdeados estavam arregalados de surpresa, e seus lábios, estavam escancarados sem soltar nenhum ruído, emudecidos. O único som daquele quarto vinha do telefone que ainda estava nas mãos da rosada e que vinha da voz do sonolento Kobayashi que repetia um monótono “ Alô?” e sem ter nenhuma resposta, o rapaz murmurou algo mal-educado e desligou.

A Haruno nem se importou, na verdade ela estava ocupada demais com Sasuke que estava praticamente deitado em cima dela, segurando seus pulsos, impedindo-a de atender o telefone, mesmo que quisesse, o que realmente não era o caso. O moreno não estava tão chocado quando a garota, na verdade, o Uchiha parecia estar relaxando, como se agarrar garotas contra a sua cama fosse algo completamente normal e rotineiro.

Mas apesar da situação estranha em que estavam, o rapaz se divertia as custas da perplexidade e inocência da ninja. Curiosamente, ele se sentia poderoso, dominando a situação, como sempre gostara de fazer, e ter ela ali, tão linda, irresistivelmente feminina e frágil, fez com que um frenesi delicioso percorresse seu corpo.

Seus olhos ainda estavam tomados pelo ciúme, mas um sorriso em uma mistura de simpatia e malícia surgiu em seus lábios, que proferiram as seguintes palavras, de modo lento e rouco, como um predador que falava com sua presa:

—Quer saber Sakura, eu odeio o Kobayashi, e sabe por que? Por que ele fica com aquela mania ridícula de achar que pode mexer no que é meu...— Ele aproximou seu rosto devagar, como se não quisesse assustar a médica, que já não estava mais assustada ou surpresa, e sim encantada, sem nem sequer em pensar em afastar Sasuke de si.

—O que é seu para despertar tanta raiva ao ser cobiçado por Kobayashi?—Perguntou a rosada, sua voz falhava enquanto falava, como se tivesse que se esforçar para pensar com clareza.

O moreno soltou uma risada baixa e rouca, que fez com que a Haruno segurasse um suspiro desejoso, mas que não conseguiu impedir que seu corpo se derretesse aos encantos do Uchiha.

—Você á tão ingênua, minha Sakura...—Sussurrou o rapaz, passando a mão pelo rosto da garota, fazendo-lhe caricias irresistíveis.—O que Kobayashi deseja com o mesmo ardor que eu desejo, é você, minha adorável noiva.—Ao ouvir aquilo, a ninja sentiu um frio percorrer seu estomago assim como a quentura que fez seu rosto ficar vermelho como um pimentão, fazendo com que ele soltasse um sorrisinho de lado, mas não um sorrisinho comum, e sim um daqueles sorrisinhos canalhas que desarmaria qualquer mulher, o que não foi diferente com a médica.—E felizmente ou infelizmente, minha Sakura, todo Uchiha é mesmo ciumento e eu sendo assim, eu não vou deixar que você saia de perto de mim assim tão fácil...

Após dizer isso, ele juntou seus lábios com os dela, tragando assim, toda, ou que ainda havia restado da sanidade de Sakura. O beijo foi lento, daqueles dignos de serem filmados, com direito a câmera lenta e pézinho levantado, como se o tempo tivesse parado para os dois.

Lentamente, os dois se separaram, e ao contrário da rosada, Sasuke pareceu perceber o que estava prestes a fazer, e mesmo desejando aquilo com todas as suas forças, não deixava de se sentir como uma espécie de canalha, já que a rosada nem dera sinal de que tinha os mesmos desejos que ele.

—Desculpe...— Sussurrou Sasuke, mas em sua voz, não havia nenhum sinal de qualquer arrependimento.

E então, foi a vez de Sakura de surpreendê-lo, a rosada passou o braço ao redor do pescoço do moreno, o trazendo de volta para seus lábios, dando-lhe ali, a confirmação de suas vontades. Dessa vez, o beijo foi mais feroz, mais impulsivo e explosivo, com urgência, como se ambos não se vissem há anos e que precisassem da presença um do outro da forma mais carnal possível.

Quando vejo seu sorriso

Lágrimas correm pelo meu rosto e não posso fazê-las voltar

Não havia motivo para que a rosada não se entregasse a ele, afinal, a Haruno o amava e sentia do fundo de seu coração de que era correspondida, e no final de tudo, o casamento dos dois seria apenas a confirmação formal de duas almas que já se pertenciam, de todas as formas possíveis.

E agora que eu sou mais forte descobri

Como esse mundo se torna frio e penetra em minha alma

E sei que acharei no meu íntimo que posso ser a pessoa

—Shoujiki ni aishimasu...—Sussurrou a garota, tentando reunir fôlego, depois do outro beijo, e aquela foi a última coisa plausível que ela falou dali em diante.

A luz da Lua, que entrava timidamente pela varanda do quarto, era a única e silenciosa testemunha daquele ato de amor consumado e dentre tantos casais que a mesma já havia visto se enamorarem, aquele foi um dos poucos que realmente ficariam em sua milenar e secreta memória.

Nunca deixarei você cair

Eu enfrentarei tudo com você pra sempre

Eu estarei ao seu lado apesar de tudo isso

Mesmo que salvar você me mande pro céu

A manhã veio lentamente, como se a noite relutasse em dar seu espaço ao dia, mas acabou por ceder, deixando com que Konoha amanhecesse com um arzinho frio, e nuvens cinzentas, naqueles típicos dias nublados em que tudo o que as pessoas queriam era ficar em suas camas.

As estações estão mudando

As ondas se quebrando

Todas as estrelas caem por nós

Os dias aumentam e as noites diminuem

Eu eu posso te mostrar que serei o primeiro

Uma leve, porém gélida brisa entrava pela varanda, brincando com as cortinas para enfim, soprarem contra as costas desnudas da ninja, que estremecendo pela terceira vez, acabou por despertar por completo. Ao abrir os olhos, a médica se surpreendeu por estar deitada sobre o peito nu do Uchiha e enquanto corava violentamente de vergonha, as lembranças da noite passada invadiram sua mente, assim como o vento invadia o cômodo.

Nunca deixarei você cair

Eu enfrentarei tudo com você pra sempre

Eu estarei ao seu lado apesar de tudo isso

Mesmo que salvar você me mande pro céu

Como se alguém a observasse, ela pegou parte do cobertor e se cobriu da melhor forma possível, sem saber onde enfiar a cara. Enquanto isso, o moreno dormia solenemente, seu peito subia e descia tranqüilamente, soltando um ronco leve e rouco, nada de irritante. Mesmo que estivesse envergonhada com o que fizera na noite passada, Sakura não sentia remorso e muito menos vontade de voltar no tempo, a não ser para aproveitar ainda mais daquele momento mágico que tivera com o ninja.

Por que você é, é, meu verdadeiro amor, de todo coração

Por favor, não o jogue fora

Por que eu estou aqui por você

Por favor não se vá

Por favor diga que você vai ficar, ficar

Com um sorriso bobo nos lábios, a rosada se apoiou em seu cotovelo e com a outra mão, brincou com os fios de cabelo negros do garoto, que estava desgrenhados no travesseiro, se divertindo com aquela ação tão infantil e sem objetivo. De repente, Sasuke respirou profundamente e murmurou algo como o nome da Haruno e se virou para o outro lado, se virando de costas para a garota, que havia levado o maior susto, pensando que o moreno iria acordar.

Me use como você quiser

Me persua sutilmente só por emoção

E eu sei que ficarei bem

Embora meus céus se tornem cinza

Já sem sono, a ninja olhou o relógio, e viu que já eram quase nove horas, com sorte, conseguiria fazer um café da manhã a tempo, além de organizar seus pensamentos apaixonados. Seus pés quentes, em contato com o chão frio a fez estremecer, mas a médica logo se acostumou.

Ao ver as roupas jogadas no chão, seu rosto voltou a corar, e como estava com pressa e com vergonha demais para procurar suas próprias vestes, acabou por vestir a típica blusa azul de seu noivo, com o símbolo dos Uchihas atrás, e então, seguiu para a cozinha. Enquanto cantarolava, Sakura foi preparando um café da manhã digno de um rei, e como toda mulher, enquanto a rosada fazia uma coisa, seu pensamento estava reservado para outras coisas.

E o assunto, digno de boa parte dos pensamentos da Haruno foi como reagiria quando visse o garoto pela primeira vez. Será que deveria sorrir e agir casualmente, como se nada tivesse acontecido? Ou recepcioná-lo com beijos e carícias, mostrando o quão satisfeita estava com a noite anterior?...

Enquanto a garota pensava em um script em sua mente, com milhares de possibilidades e resposta, o ninja ainda estava acordando, preguiçosamente. E mesmo ainda estando de olhos fechados, as lembranças da noite passadas pareciam se repetir interminavelmente em sua mente, como um filme favorito, onde cada detalhe era lembrado com ternura.

Ele respirou profundamente absorvendo cada vez mais o cheiro doce de cereja que agora se impregnara em sua cama. Com um sorriso nos lábios, Sasuke se virou para o lado da cama em que sua noiva deveria estar, pronta para vê-la dormindo, como um anjo, um anjo tentador e gloriosamente nua...

Mas quando abriu suas orbes negras, tudo o que o moreno encarou foi um travesseiro amassado e a colcha da cama desarrumada. Seu sorriso murchou na hora dando lugar a uma pontada de medo de ter feito algo de errado, ou pior, tê-la machucado... Com um frio na barriga irracional, o Uchiha se levantou em um pulo e vestiu suas calças em uma velocidade impressionante.

O garoto teria vestido a blusa, se ele a achasse, e como não achou, deixou para lá, mas foi então que sentiu o cheiro de café, ao sair do quarto. Seu estômago roncou, o guiando para a cozinha, onde ele teve a visão deslumbrante de seu anjo descabelado, e alivio invadiu o seu coração.

O ninja se manteve encostado no batente da porta, a observando, como se qualquer movimento dela, por mais casual que fosse, ainda era imperdível. A médica estava de costas para ele, concentrada em fazer o café da manhã, mas não deixando de cantarolar, como sempre.

Seu cabelo rosa estava desgrenhado, selvagem e armado, mas estava lindo, emoldurando o delicado rosto de Sakura de um jeito extremamente sexy. O olhar examinador de Sasuke olhou as pernas curvilíneas da rosada, se lembrando de como eram macias e firmes durante a noite passada.

Com um esforço severo, e com muito auto-controle, o moreno conseguiu desviar o olhar das coxas alvas da Haruno e foi então que percebeu que a garota usava sua blusa como uma espécie de vestido. E encarou o símbolo do seu clã durante alguns instantes, como se agora, vestido por sua noiva, ele ganhasse um novo significado oculto que apenas ele entenderia.

Talvez... Não, Com certeza, aquilo significa algo a mais, significava a ressurreição do clã Uchiha, e mais, significava que aquela, era sim, a mulher de sua vida. De repente a Sakura se virou, com uma mediana xícara em mãos, fumegante com o café recém pronto. Como ela estava concentrada em assoprar a bebida, acabou nem percebendo que Sasuke estava ali, silencioso.

Se aproveitando da situação a sua maneira, o moreno sorriu e disse:

—Bom dia Sakura.

O susto foi imediato, a rosada levantou a cabeça e ao ver o Uchiha ali, arregalou os olhos de surpresa e acabou por soltar a alva xícara de suas mãos.

Foi café para todo lado, assim como pedaços de porcelana que se espalharam pelo piso com um barulho extremamente agudo. Envergonhada, a Haruno se ajoelhou para pegar os pedaços do chão. E o garoto, com medo de que a garota acabasse por se cortar com os cacos, também foi ajudar.

—Deixa que eu limpo, ok?— Sugeriu o ninja, sorrindo.

Tudo o que a ninja conseguiu fazer foi corar mais ainda e dar um sorrisinho tímido, como se sua língua estivesse cimentada contra o céu da boca.

A médica se levantou, e foi pegar algum pano de chão para que seu noivo limpasse o chão, mentalmente se amaldiçoando por não conseguir nem dizer bom dia para ele... Mas tudo era culpa daquele sorriso lindo e puro que Sasuke havia dado especialmente, como se sua presença por si só já não fosse desconcertante.

Quando entregou o pano para Sasuke, o mesmo segurou a mão dela, fazendo com que uma sensação boa percorresse o corpo de ambos. Desse vez, o moreno estava sério, sem sorrisos sedutores ou maliciosos, era como se tivesse algo importante para falar, e mesmo sem dizer nada, Sakura esperou pacientemente até que o Uchiha estivesse pronto para falar o que queria.

Nunca deixarei você cair

Eu enfrentarei tudo com você pra sempre

Eu estarei ao seu lado apesar de tudo isso

Mesmo que salvar você me mande pro céu

—Sabe Sakura, eu queria te perguntar uma coisa na qual eu fiquei curioso...— Começou, ainda um pouco hesitante, mas seus olhos se mostravam firmes, determinado a continuar a falar custe o que custar.—Ontem, você disse que me amava.—Ao ouvir aquilo, a rosada se lembrou de sua simples e sussurrada declaração de amor e voltou a corar.—E eu gostaria de saber se aquilo era realmente verdade ou se foi só no calor do momento, por quê...—Neste momento crucial, o garoto gaguejou, era como se toda a sua fala sucumbisse diante do que falaria, o frustrando.

O ninja fechou os olhos e se mordeu a língua com força, esperando que assim, ela parasse de parecer tão pesada ao falar, e então decidiu reformular a sua fala:

—O que eu quero saber é que, se não existisse Tsunade, Itachi, ou a obrigação o clã Uchiha, se não existisse nenhum casamento arranjado... Você ainda se casaria comigo?—As pernas da Haruno bambearam ao ouvir aquilo, e a ninja realmente chegou a pensar que das duas uma, ou ela desmaiaria ou teria um ataque do coração e cairia dura ali mesmo, mas felizmente, nenhuma das duas trágicas situações aconteceu, e seu noivo pode continuar a falar, mesmo que com certa dificuldade em e expressar:

—Por que eu sinto que mesmo que não tivesse casamento arranjado, eu sei que eu me apaixonaria por você, Sakura, poderia não ser da mesma maneira, mas certamente com a mesma intensidade. Sempre fui egoísta e quero que você seja minha para sempre, sempre e sempre, sei que é pedir demais, mas sei que se não for com você, não será com mais nenhuma. Me sinto estúpido, mas se você pedisse, eu seria capaz de abandonar qualquer coisa ou fazer qualquer coisa... Você se tornou o meu tesouro mais precioso e eu sei de tudo isso por que eu te amo, e agora só entre mim e você... Sem mais nenhuma cobrança ou opinião alheia. Você aceita se casar comigo Sakura?

Logo que ele havia acabado de dizer aquilo, Sakura desabou, tanto suas pernas como em lágrimas, chegando a assustar Sasuke um pouco. Mas antes que o moreno pudesse continuar a falar, seus lábios receberam um beijo apaixonado da rosada e foi então, em meio ao café derramado, pedaços de porcelana e com um pano de chão em mãos, que o noivado finalmente começou...