Meu Bê escrita por ARTEMIZ


Capítulo 5
Quanto mais esforço, melhor a recompensa.


Notas iniciais do capítulo

Eu não ia postar a história até que eu terminasse de escrever ela, mas não resisti. Vou postar! Espero que gostem. E que leiam kkkk. Beijos!



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Eu acordei cedo demais numa quarta-feira. Mamãe ainda não tinha acordado então fui assistir desenho na TV. Estava passando papa-léguas e nem me concentrei muito no que estava acontecendo no desenho. Deitei no braço do sofá e fiquei observando a TV.

- Filha, acorda e vá tomar banho, já, já você tem aula. – minha mãe disse.

Levantei rápido e fui ver que horas eram. QUE SUSTO! Como pude dormir tanto assim? Corri para o banheiro e tomei banho. Depois fui para meu quarto e eu mesma escolhi minha roupa para ir pra aula. Peguei um vestido vermelho, a fita vermelha e coloquei meus sapatinhos pretos. Quando cheguei com a fita na mão para mamãe ajeitar no meu cabelo ela me olhou e ergueu sua sobrancelha direita.

- Você está querendo impressionar alguém? – ela perguntou sabendo da resposta.

Sim, eu estava. Bernardo estava estranho comigo há uns 2 dias, e eu tentei falar com ele, mas sempre alguém interrompia. Mas hoje decidi que nada ia me impedir de falar com ele e perguntar o porquê dele estar estranho. Eu mal podia esperar por esse momento.

- Vamos filha, vou te deixar no colégio mais cedo hoje, tenho que chegar ao trabalho mais cedo também. – mamãe disse e eu saí disparada para o carro.

Ontem no ensaio Bê faltou e eu fiquei preocupada, mas ninguém me disse o porquê e nem ele mesmo veio falar comigo. Aquilo estava me deixando aflita e eu tinha que resolver isso! Parecia que quanto mais eu queria que chegasse a hora, mais demorava. Cheguei na escola uns 10 minutos depois de sair de casa e não havia quase ninguém lá. Tinha Amanda, um menino que usava óculos e era do meu tamanho, menor que os outros meninos da sala, outra menina que riscava o quadro com giz rosa, e Bê sentado num canto sozinho.

- Mari! – Amanda exclamou quando me viu.

Não prestei muita atenção nela e me foquei no que devia fazer: ir falar com o Bê. Andei até ele e quando cheguei perto ele me olhou e se ajeitou na cadeira. Me senti um pouco incomodada.

- Oi. – eu disse sem jeito.

- Oi Mari. – ele disse com a voz fraca.

Nós dois ficamos em silêncio nos olhando por um tempo.

- Tenho que te falar uma coisa. – eu e ele dissemos ao mesmo tempo, me surpreendendo.

Ele me olhou surpreso também.

- Primeiro você. – ele disse.

Suspirei e sentei na carteira na frente dele.

- Você tá brabo comigo? – perguntei.

Ele fez uma careta confusa.

- Não! Por que estaria? – ele perguntou.

- Não sei... Você tá estranho comigo. – eu disse.

Ele abaixou a cabeça e imediatamente eu soube que alguma coisa aconteceu. Ele fitava as mãos e não parava de mexê-las, então coloquei a cadeira mais perto dele e fiquei o observando. Ele me olhava de canto e parecia não saber o que dizer.

- Olha... – disse ele finalmente. – Eu tenho uma coisa pra te dizer. – ele fez uma pausa grande e suspirou. – Eu...

Meu coração pulou de susto quando Susana puxou Bê e deu um abraço nele, e depois me olhou com maldade. Eu odiava ela! Acho que era planejado ela chegar exatamente quando o Bê tem algo importante para me falar.

- OI BÊ! – disse ela o apertando forte demais.

Meu coração também apertou forte demais de ciúme.

- Oi. – ele disse. E parecia desanimado.

Sorri de canto com a cara que a Susana fez quando viu que ele não se alegrou de ter ganhado um abraço dela.

- Mari, vem cá. – chamou Amanda.

Resolvi ir, Susana não ia mais soltar o Bê e eu não ia conseguir ficar vendo aquilo.

- Oi Mandy. – eu disse.

Ela sorriu para mim e me abraçou. Depois me puxou pela mão para fora da sala e me guiou até os banquinhos perto do parque da escola. Então ela sentou e pediu para eu sentar também. Os olhos dela brilhavam no sol, e o vento deixava seus cabelos bagunçados. Ela era linda!

- Falou com o Bê? – ela perguntou.

- Falei. – eu disse.

- E o que ele falou?

- Ele falou que não está brabo.

- Ah, que bom. – ela sorriu. – Tenho uma coisa pra te contar. Ontem meu pai e minha mãe estavam no quarto falando alguma coisa baixinho, então eu me escondi atrás da porta pra ouvir, e ouvi que eles querem ter um bebê. Fiquei tão feliz! Eu sempre quis um irmãozinho.

- Sério? – senti um pouco da felicidade dela. – Que fofo! E qual vai ser o nome dele?

- Não sei ainda, eles não falaram. Mas eu queria que fosse Matheus. Gosto desse nome.

- Ou Felipe. Felipe também é bonito. – eu disse e ela concordou com a cabeça, sorrindo feliz.

O sinal tocou e voltamos para sala. Olhei para onde Bê sentava e vi que Susana ainda não tinha desgrudado dele. AAAAAAAAI, QUE RAIVA! Meu sangue esquentava de tanta raiva que eu tinha daquela menina. Mas ele não parecia muito feliz com ela no pé dele. Ele estava quieto, e isso me incomodava, como sempre. Ele sempre foi alegre e sorridente, por que estava assim agora? Uma onda de preocupação me invadiu e resolvi mais tarde perguntar de novo o que tinha acontecido.

- Como estão indo os ensaios do teatro, crianças? – perguntou a professora. – Estão se esforçando? É bom que se esforcem, porque quanto mais se esforçarem para fazer algo, melhor será a recompensa. – ela disse e olhou para mim, e logo depois piscou.

Sorri para ela, mesmo sem entender o sentido daquilo.

A professora distribuiu o dever de matemática para nós e Amanda fez uma careta. Ela odiava matemática mais do que tudo. Até mais que jiló talvez. Eu ri dela e ela mostrou a língua pra mim.

- Eu te ajudo. – eu disse.

- Tá. Mas pode ajudar?

- Pode sim. – eu disse puxando a carteira dela mais pra perto.

Eu tentava explicar como fazia a tarefa para Amanda e ela sempre questionava, eu não sabia mesmo ensinar. Sempre tentei ajudar Amanda e acabei piorando. Ela falava sem parar sobre números e contas.

- Mandy, olha, é só você cruzar aqui, e somar, entendeu? – eu disse riscando o caderno dela para ilustrar.

Ela não respondeu, ficou completamente em silencio olhando para algo na sua frente.

- Mandy? – olhei para ela, e depois para o que ela estava olhando.

- Eu vou pedir ajuda para o Lucas. – ela disse e saiu.

Bê me olhava sério e sentou na cadeira onde estava Amanda. Fiquei tão sem reação que a única coisa que eu fazia era ficar ali paralisada olhando para ele.

- Gostei da sua roupa. E da sua fita. É sua mãe que coloca? – ele perguntou.

Acho que fiquei corada, mas continuei sem reação. Minha respiração estava apurada. Por que ele despertava isso em mim? Eu não gostava disso...

- Mari?

- Ah! Gostou? É, minha mãe que arruma meu cabelo. – eu disse finalmente.

Ele sorriu. Fazia algum tempo que eu não via ele sorrir.

- Você fica bonita assim. Eu gosto de vermelho. – ele disse.

Eu lembro quando ele me disse que gostava de vermelho, a cor preferida dele. Foi quando eu fiquei com mais vergonha dele na vida! Lembro de ele colocar a fita azul no meu cabelo. Tão fofo!

- Obrigado. – eu sorri.

Ficamos em silêncio. Eu rabiscava meu caderno e ele balançava os pés.

- Então... Eu não estou brabo com você. – ele disse. – Eu só me senti um pouco mal pelo que a Susana fez. Eu pensei que você ia brigar comigo.

Eu ri, simplesmente ri. Sem motivo, mas eu ri. E ele riu também. E nos olhamos sorrindo... Eu nunca vou esquecer isso também. Mais uma cena pra minha caixinha especial de memórias do Bê.

Era lindo ver quem a gente gosta sorrir.


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