Sejamos Realistas! escrita por Alice Moor Schiller


Capítulo 5
Dizer ou Calar?


Notas iniciais do capítulo

Clichê e obvio. Mas espero que gostem. As partes em negrito são trechos da música Sand in Your Shoes, do This Providence. Que tal ouvir enquanto ler?



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Já longe do Café onde outrora encontrara o ex-namorado, Jenny deixou o corpo cair sobre o banco de pedra de uma calçada em frente ao mar. O local estava mal ilumidado, mas o médico podia ter certeza de que a luz fraca da lua crescente iluminava lágrimas sútis na face da amiga. Sentou-se ao lado dela no banco, tocando-a no rosto para enxugar as lágrimas.

"Eu não poderia suportar estar naquele lugar"

Ela levantou de súbito, batendo o pé no chão de tal jeito que seus cachos vermelho-alaranjados balançavam.

- Eu estou bem! - E terminou de enxugar as próprias lágrimas. - É só que... - Sentou-se novamente no banco, de forma calma - Ele podia ter me contado a verdade, sabe. Eu queria entender porque ele fez isso... Quer dizer, sinto que ou ele estava me usando para parecer hétero, ou eu sou tão ruim que fiz o cara virar gay!

 "Eu já estava para sair, quando vi seu rosto"

- É complicado tentar saber os moivos dele assim, por dedução. Pode ser que ele gostasse de você, então tenha mesmo tentado. Talvez ele só tivesse tendo dificuldades em se aceitar... E talvez não seja nada disso. Entende? E, no final, não importa. Sabe, foi uma história que não deu certo. E você precisa deixar isso para trás. Mesmo que nunca vá entender muito bem. 

- Confessa, vai! Você já fez curso de psicologia, não é possível! - Ela deu um tapinha de leve no braço não muito malhado dele. Matheus sorriu daquele jeito dele, fazendo furinhos nas bochechas. - Você sempre diz exatamente o que preciso ouvir...

"Você estava rindo para mim com sua boca linda"


O garoto de cabelos negros pensava que haviam palavras que ele gostaria de dizer, mas que não estava certo de que ele gostaria de ouvir. Se ela quisesse pronunciar tais palavras, com toda a impulsividade que guarda em seus olhos verdes, já teria dito. Então ele sabia que não seria correspondido. Fosse talvez até levado na brincadeira. Talvez não fosse um bom momento para isso. Talvez fosse o momento ideal. Ele que gosta sempre das certezas. Pondera tanto antes de agir. Eu quase poderia defini-lo como calculista - mas frio jamais. Logo ele se via naquela situação tão incerta. Quase disse as palavras que há tempos estavam na ponta de sua língua, chegando a mover de leve o lábios. E então desistiu no meio do caminho. 

- Hey, o que é? O que você quer dizer? - Ela perguntou, um tanto curiosa.

- Não é nada. - O sorriso dele era agora sem graça, enquando encarava as pedrinhas da calçada.  

- Diz! - Ela insistia. 

- Está tarde, não é muito seguro ficar sentado aqui de noite...

- Tudo bem. - Ela disse, pondo-se de pé. - Mas não era isso que você ia dizer. - Resmungou.

- Deixa para lá. - Ele disse, levantando também. Os dois começarm a andar, no entanto não tinham rumo algum. - Que tal um crepe? Aquele que você gosta, de queijo com mel. - Ele propôs. 

"Você disse, 'Você está deprimente, você quer sair?"

- Pode ser. - Ela deu de ombros. 

Enquanto caminhavam, ele pensava que aquele era o momento dela de recomeçar, então talvez não fosse de todo um momento ruim... Por outro lado, no entanto, ela talvez precisasse retomar o fôlego antes de tentar algo novo. Talve ele devesse esperar um pouco mais. Um pouco mais não podia ser tanto para quem já tinha esperado anos... 

- Recomeçar... - Ele pensou alto, sem querer. As vezes lhe acontecia isso.

"Você disse, e eu concordei"

- Recomeçar. É exatamente o que preciso fazer. - Ela não perguntou o contexto daquela palavra solta. Já estava habituada aos pensar altos de Matheus. 

Aquelas palavras pareceram despertar uma coragem em Matheus. Ele pode sentir um pouco dos impulsos do instinto. Aquela coisa extremamente racional que tinha nele ficou um pouco de lado. Ela tinha esse poder, de deixá-lo mais solto, mais instintivo... Mais humano até. E era por isso, era exatamente por isso que ele... 

"E você não tem nada a perder"

- Eu te amo. - Ele deixou escapar, quase como se só pensasse alto. 

- Você o quê?! - Os olhos dela pareciam mais verdes e umas dez vezes maiores, quando ela parou bem na frente dele, espantada. Ela deve ter falado tão alto que podiam ter pessoas olhando a cena pela janela dos apartamentos dos pequenos prédios em frente ao mar. 

- Eu te amo. - Ele sussurrou, sem conseguir olhar nos olhos da garota, envergonhado, quase arrependido por ter dito. Tremia, mais pelo medo da reação da garota do que pelo vento frio de perto do mar. 

"E você está vivendo um sonho"

- Sabe do que eu gosto mais do que crepe de queijo com mel? - Ela sorria, radiante, e, no entanto, indecifrável. As vezes era imprevísivel! 

- O quê? - Ele sussurrou, quase gaguejando. 

- Da areia! Lembra daquela vez que você ficou cheio de areia nos sapatos? - Ela tirou a rasteirinha que usava. - Vem. - O puxou pela mão, descendo a escada de acesso à praia - Mas eu ainda vou querer o crepe!

"Com a areia em seus sapatos"


Ele a conhecia o bastante para saber que quando ela não dava uma resposta, queria dizer que precisava de um tempo para pensar. Mas aquele sorriso dela... Ela parecia ter gostado da ideia de ser amada pelo melhor amigo. Aquela ideia tão absolutamente clichê.

"Apaixonar-se é fácil"


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Notas finais do capítulo

Mande seu review, pliss =3



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