Talking To The Moon escrita por Pincharm


Capítulo 19
Capítulo dezoito


Notas iniciais do capítulo

"...Vou secar qualquer lágrima
Que ousar cair
Vou desviar todo mal do seu pensamento
Vou estar contigo a todo momento
Sem que você me veja
Vou fazer tudo que você deseja.
Mas, de repente você me beija
O coração dispara
E a consciência sente dor
E eu descubro que além de anjo
Eu posso ser seu amor..."
Saulo Fernandes, Banda Eva



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Acordo com uma luz forte em meus olhos. Tomo um susto e tento me levantar, mas uma mão enorme não me deixa nem sequer me movimentar.
– Pai? – Pergunto e ele respira aliviado.
– Ele está consciente. – Ele avisa a todo mundo.
Mas que tanta gente era aquela? O que eu estava fazendo numa maca, no chão de uma estrada? Sinto a dor na cabeça voltar e fecho os olhos.
– Meu filho, o que aconteceu? – Meu pai pergunta enquanto ouve meu coração.
– Estou com muita dor de cabeça.
– O carro quebrou? Houve algum acidente?
– Não. Por favor, faz essa porra parar de doer! – Grito e ele toca em minha cabeça.
– Estamos te levando para o hospital e iremos fazer exames, ok? Tente ficar calmo.
Na ambulância as enfermeiras dizem que estou com febre, pressão baixa e enxaqueca nível três. Eu nem sabia que existiam níveis de enxaqueca, mas eu diria que elas estão erradas e que a minha enxaqueca é nível dez.
Ouço meu pai no celular com a minha mãe, e ele tenta acalmá-la. Coitada de minha mãe, deve estar realmente desesperada. Ele avisa para onde esta me levando e a manda ir para lá com meus irmãos. Será que irei morrer?
De repente sinto uma vontade enorme de vomitar e me viro para o lado. As enfermeiras me seguram e colocam uma espécie de bacia perto do meu rosto. Vomito tudo o que posso e sinto minha garganta arder. Meu pai assiste a tudo, com o rosto preocupado. Eu me pergunto como ele chegou até ali. Quem será que ligou justamente para meu pai? Ele não estava de plantão, era coincidência demais ser ele a me socorrer. Quem será que me encontrou?
Chego no hospital e sou levado de maca até uma sala de exames. Meu pai está comigo em todos os momentos, e ele faz questão de ele mesmo fazer todos os exames. Depois sou levado até um quarto e injetam algo em minha veia.
Minha mãe entra no quarto com Jasper, enquanto chora e sorri ao mesmo tempo.
– O que você aprontou filho?
– Eu não sofri um acidente mãe. Eu só dormi, eu acho.
– Você foi encontrado desmaiado, meu amor.
– Eu estou com muita dor de cabeça...
– Já vai passar. E essa febre idiota também. – Jasper fala.
– Quem me encontrou?
Percebo que ela pensa um pouco antes de me responder.
– Isso não importa agora. Você ficar bem é tudo o que interessa aqui.
Eu ia insistir, mas eu estava com sono. Talvez tenha sido aquilo que enfiaram em minha veia.
– Acho que vou dormir. – Eu digo e minha mãe acaricia minha cabeça.
– Tenha bons sonhos querido.
A última coisa que sinto é ela beijando minha testa, e então tudo desaparece novamente.


(Bella’s POV)


Esperei por Edward por duas horas, e ainda bem que Tommy aceitou ir comigo e esperar por ele também. Ele me disse que só foi porque “queria ver o gostosão ao vivo”, mas eu sei que ele não me deixaria nessa sozinha. Ele é um bom amigo. Bom o suficiente para me emprestar seu ombro para que as minhas lágrimas escorressem quando percebi que Edward não iria aparecer.
Chorei por horas a fio, sentada no mesmo jardim onde marquei de encontra-lo, na esperança de ele chegar atrasado, ou que o carro dele tenha quebrado... Esperei até mesmo uma ligação, o que não foi combinado. Mas nada. Nenhum sinal de vida.
Thomas queria passar em frente à casa dos pais dele, só para dar uma olhadinha. E foi isso o que fizemos. Fomos caminhando, devagar, e quando passei pela casa meu coração se acelerou de um jeito... Mas eu não chamei por ninguém, e nem sequer parei. Apenas passei, como quem não quer nada, e fui em direção ao carro de Jamie, que ela me emprestou para o plano. Eu queria que ela tivesse ido conosco, mas ela precisou viajar para visitar os pais, em Los Angeles. Voltaria em duas semanas.
Thomas foi quem dirigiu, pois eu não tinha condições de pegar num volante. Começamos a nossa pequena viagem comigo calada, chorando, e com a cabeça virada para a janela. A temperatura abaixou ainda mais, mas eu não me importei. Abri o vidro do carro para sentir o vento frio em meus cabelos.
– Isabella, fecha isso, pelo amor de Deus.
– Eu preciso do vento.
– E eu preciso me aquecer... Não quero uma pneumonia, vamos, fecha!
– Não se preocupe, se alguém ficar doente aqui, esse alguém será eu.
– Que horror Isabella, fecha logo essa merda. Não é porque o senhor gostosão não veio te encontrar que a sua vida tem que acabar.
– Ele não me ama mais, Thomas. Você consegue entender isso?
– Me desculpe florzinha, mas você vai precisar ser forte. Ficar assim não vai ajudar em nada.
Eu estava pronta para gritar com ele novamente, manda-lo calar a boca, quando vi o carro de Edward parado na estrada.
– Edward?
– Oi? Não meu bem, Tommy, o sexy.
– Não. Esse é o carro de Edward. Para o carro, Thomas.
– Tem certeza?
– Para o carro! – Gritei e ele encostou e parou imediatamente.
Saí do veículo correndo, meu coração acelerado, um medo enorme de algo ter acontecido com ele... Encostei a cabeça na janela e o vi, deitado no banco. Me senti como nunca mais havia me sentido antes. Ele estava ali, na minha frente. Quanto tempo... Quanta saudade! Ele continuava lindo, mas estava mais magro. O som de seu carro estava bastante alto e eu me preocupei. Ele não podia estar dormindo com o som naquela altura.
– Edward! – Gritei e bati no vidro, mas ele nem sequer se mexeu.
– Edward, por favor. Edward!
Entrei em desespero e chamei Thomas.
– Meu Deus, ele parece estar desmaiado. Deve ter sido um acidente. – Ele me diz e fico ainda mais desesperada.
– Eu preciso abrir essa porta!
Procurei por uma pedra ou um pau que servisse, enquanto Thomas olhava ao redor do carro, a procura de algum amassado ou arranhão.
– Bella, isso está muito estranho. O carro está intacto.
– Ele deve ter passado mal.
Achei uma pedra grande o suficiente para quebrar um vidro. Sem pensar duas vezes bati com ela na janela do passageiro, para evitar que os pedaços de vidro caíssem sobre o corpo de Edward. Ela se rachou rapidamente, e em uma segunda batida ela quebrou por inteiro. Abri a porta rapidamente e depois abri a porta do motorista. Quando finalmente encostei no corpo de Edward, o abracei bem apertado, e comecei a chorar quando percebi que ele não reagia.
– Vamos amor, acorda, por favor.
– Bella, não é melhor tirar ele daí? – Thomas perguntou, e por um momento cogitei essa hipótese. Mas todo mundo sabe que não se deve mexer muito numa pessoa desmaiada, quanto mais naquelas circunstâncias em que eu não fazia ideia do que havia acontecido.
– É melhor não. Liga para o hospital, por favor Tommy.
– Ok.
Coloquei o ouvido no seu coração, e fiquei um pouco mais aliviada quando o ouvi bater. Confesso que o cheiro de sua roupa me passou uma energia... algo tão bom... que eu não resisti e o abracei novamente, só para ter certeza que ele estava ali, comigo. E então me lembrei de Carlisle. Ao invés de Thomas ligar para a emergência, preferi chamar logo o seu pai, assim eu tinha certeza que Edward teria o melhor atendimento do mundo.
Quando Carlisle chegou onde estávamos, já estava acompanhado de uma ambulância e toda uma equipe médica. Eu sabia que ele não me decepcionaria.
Tiraram Edward do carro e o colocaram numa maca no chão. Carlisle escutou seus batimentos cardíacos e sua respiração. De acordo com ele, estava normal, mas a sua pressão estava muito baixa e ele estava com uma febre altíssima. Foi então que ele colocou uma luz em seus olhos e ele se levantou rapidamente, assustado.
Nem sei descrever ao certo o que eu senti ao ouvir a sua voz novamente. Eu estava bem atrás de Carlisle, e por um momento pensei que ele me veria, mas não viu. Ele deitou novamente e fechou os olhos e reclamou de muita dor de cabeça. E então levaram ele de mim.
Tentei ir com ele na ambulância, mas Carlisle não permitiu.
– Por favor, Carlisle – eu implorei -, preciso saber como ele vai ficar.
– Obrigada por sua atenção, Isabella, mas você pode ir para a sua casa agora.
– Não faça isso, por favor. Sei que deve estar com raiva de mim, todo mundo está! Mas ele veio para Forks para me ver, eu sei disso.
– Não, ele não veio te ver. Ele viajou com Emmet para ficar em nossa casa, e em nenhum momento nos contou sobre te encontrar.
– Carlisle... Por favor.
– Por favor digo eu, Isabella. Sinto muito, mas não insista mais nisso, ok? Se ele está assim, é por sua causa. Por favor, vá para casa, e deixe Edward viver a vida dele.
Aquilo me doeu demais. Ele entrou na ambulância e levou meu noivo com ele. Comecei a chorar e Thomas me abraçou.
– Bell...
– Ele veio me encontrar Thomas. E passou mal no caminho, por isso não chegou a tempo.
– Bella, desculpa estragar a sua momentânea felicidade, mas ele estava no caminho de volta para Seattle. Se ele esteve em Forks, ele não foi te encontrar. Não culpe esse “acidente” aqui por isso.
Aquilo me fez chorar ainda mais. Ele tinha razão: Edward estava indo em direção à Seattle.
– Vamos ao hospital. – Eu disse e Thomas me olhou incrédulo.
– O doutor gostosão disse pra você ficar longe do filho dele...
– Não interessa. Eu preciso saber se ele vai ficar bem. Preciso vê-lo. Preciso falar com ele.

Foi assim que aconteceu. E agora estou aqui, na sala de espera, ansiosa por notícias sobre o homem que amo. Tudo esta muito calmo, e ainda não vi ninguém de sua família pelos corredores, nem mesmo Carlisle. A única informação que consegui foi que Edward estava passando por exames.
Estou sentada, em silêncio, nervosa, quando percebo alguém gritando em minha direção.
– O que você está fazendo aqui?
É Emmet, o irmão mais velho e irritado de Edward. Na verdade, ele não vai muito com a minha cara desde que eu fui morar com o irmão dele. Me acusa de ter roubado a sua vida.
– Eu vim ver Edward. – Respondo educadamente, e ele avança em minha direção.
– Você é uma vagabunda sem vergonha na cara. Vá embora!
Tento ficar calma, mas acabo explodindo.
– Não me confunda com uma das vadias que você costuma transar, mesmo tendo namorada, idiota.
Ele explode em raiva, e seu rosto está bastante vermelho. Ele se aproxima mais de mim e sua mãe aparece, junto com seu irmão legal, Jasper.
– Emmet, se controle. – Pede Esme e ele grita mais uma vez.
– Essa vagabunda teve a cara de pau de vim aqui atrás de Edward. Se ele passou mal foi porque viu você e seu novo namoradinho juntos.
– O que? – Perguntamos eu e Thomas de uma só vez.
– Não se faça de desentendida, vadia.
– Emmet, já chega. – Grita Jasper e o puxa pelo braço para longe de mim.
– Me desculpe Esme, eu não queria causar nenhum transtorno.
– Escute Isabella. Infelizmente você não é bem vinda aqui. Edward esteve passando por um momento bastante triste, desde a sua partida. Você o deixou sozinho, e ele esperou por você todo esse tempo, mas você nunca voltou, nunca sequer deu sinal de vida. Ele deixou de viver, se tornou uma pessoa triste, fria, e amarga por sua causa. E então, quando ele finalmente se recupera, pelo menos um pouco, do dano causado por você, eis que você aparece novamente, comprometida com um novo alguém e acaba com todo o progresso feito por ele.
– Eu não tenho outro...
– Deixe-me concluir, menina. Ele saiu de minha casa transtornado com o que viu, e se ele já não se sentia bem antes - pois estava resfriado, coisa que você saberia se ainda se preocupasse de verdade com ele – você piorou toda a situação. Então eu acho que já chega de estragos, não acha? Chega de desilusões, de iludir meu filho com esse falso amor que você diz sentir. Chega!
– Esme, você está enganada.
– Não quero ser injusta, então eu te agradeço, de coração, por ter avisado a Carlisle sobre o estado de Edward. Você fez o certo, pelo menos dessa vez. Mas agora, já está na hora de você voltar seja lá pra onde você esteja morando agora.
As lágrimas escorrem pelo meu rosto. Me sinto fraca, como se Esme tivesse tirado de mim todas as minhas forças, com aquelas palavras amargas e violentas. Quero lhe explicar o que aconteceu, mas ela não me dá nenhuma oportunidade. Penso em enfrenta-la mesmo assim, mas então Carlisle aparece e corro em sua direção, sem me importar com o que iriam falar.
– Como ele está?
Carlisle olha para mim e Esme, um pouco confuso.
– Ele vai ficar bem. Não corre nenhum risco. Os exames todos estão com resultados normais, mas iremos repetir o de sangue após ele acordar.
– Mas porque ele passou mal, Carlisle? – Esme pergunta olhando em minha direção. O que ela queria? Que ele dissesse que ele pegou uma doença chamada Isabella Swan?
– Creio que ele não anda se alimentando muito bem, e seu corpo esta quase sem anticorpos. Ele esta com um leve resfriado, seu corpo já estava bastante fraco antes do que aconteceu. As questões emocionais pelas quais ele vem passando ultimamente podem ter influenciado também. Mas o importante é que ele vai ficar bem.
Respiro aliviada, enquanto Esme e Carlisle me olham irritados.
– Eu sinto pelo que aconteceu. – Eu lhes digo e eles se aproximam de mim.
– Você deve estar se sentindo culpada, e eu estando na sua pele também estaria. Mas por favor, Isabella, vá embora. – Esme diz.
– Edward não quer ver você. – Carlisle diz, acabando comigo de uma vez.
De todas as palavras proferidas por Esme e Emmet, aquela pequena frase foi a única que me entristeceu de verdade. Não consegui conter minhas lágrimas e caminhei até a porta do hospital sem lhes dizer mais nada. Thomas me abraçou e se assustou quando eu parei repentinamente.
– O que foi? – Ele perguntou e eu sorri, mesmo ainda chorando.
– Ele não quer me ver, mas eu quero vê-lo. Preciso vê-lo.
– Bella...
– Eu vou tentar entrar no quanto em que ele está.
– Isabella, adivinha? Vamos, eu sei que você é uma mulher inteligente. Eles. Não. Vão. Te. Deixar. Entrar.
– Eu não preciso da permissão deles, Tommy. Tem que haver um jeito... Eu vou entrar, e eles nem sequer vão sonhar com isso. E você vai me ajudar!


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Notas finais do capítulo

Hello girls!
Um capitulo que me emocionou muito ao ser escrito, eu fiquei, de verdade, com lágrimas nos olhos enquanto o digitava.
Espero que emocione vocês também.
O trecho que coloquei lá em cima é da música Anjo, da Banda Eva (hello, eu sou baiana! hehe). Ela não tem nada a ver com o capítulo, mas ele me levou a pensar em anjos.
Beijos para vocês!