Shadows's Jewel escrita por Alexiel Suhn


Capítulo 9
Capítulo IX - Solidão


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, falei que estava de volta, não? Trouxe mais um capítulo fresquinho a todos! Espero que aproveitem! Boa leitura.



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Capítulo IX

 

 

O sentimento de profundo vazio. Solidão. A única sensação pior de estar sozinho é sentir-se sozinho. Na imersão de um poço obscuro e sem fim. Encoberto por uma manta de esquecimento, onde a luz não seja capaz de se aproximar. Então se ramifica ao desespero, afogando o que resta da esperança. Logo, a dor não se limita ao físico, atingindo o mais sensível do indivíduo… seu espírito.

— Maldição! - Laxus xingou, usando o máximo do que sobrou de sua força para quebrar o galho e cair, avistando seu sangue debulhar-se sobre aquela terra — Sobreviva! - foi o que disse antes de se levantar e, entre um esgueirar e outro nas árvores, começar a caminhar para achá-la.

Respirar, em cada passada, era de extrema dificuldade. A visão embaçada, por perder sangue, o fazia cambalear em um momento ou outro, porém, ele estava determinado em encontrar Eliza. Não importava, a ele, o quanto demorasse. E demorou.

Levou algumas boas horas para atravessar boa parte da floresta, seguindo o rastro de destruição deixado pelo corpo lançado da maga da Fairy Tail. Árvores arrancadas, troncos pela metade, galhos e folhas espalhados pela trilha eram a prova de que a mulher passou por ali, ainda que não de uma melhor forma.

Ele já estava ofegante quando a viu. Desacordada. E apesar da própria exaustão, o loiro foi até Eliza esperando que, de alguma forma, fosse capaz de salvá-la.

 

— - -

 

Antes, tudo estava em plena escuridão, sem qualquer linha de pensamento. Então, as coisas começaram a se tornar um vislumbre de lucidez que a fez, aos poucos, tentar fugir daquele lugar vazio. A solidão lhe era desesperadora.

E naquele desespero inconsciente, a imagem de Laxus surgiu em sua mente, seguidamente de um Acnologia em fúria. Não foi atoa que seus orbes violetas abriram-se de súbito. O impulso de se sentar tornou-se mais rápido que sua racionalidade sobre a dor, a qual poderia sentir; e que veio no momento de se posicionar. Tudo doía. Sentiu ter sido atropelada e o foi… por um dragão.

Sua mente buscou retomar o controle do caos de seus pensamentos voltados apenas a dor; queria organizá-los com os fatos ocorridos. Apesar de tudo latejar, corroer e queimar, pois acreditou veemente estar com febre; respirou fundo. Os olhos mais uma vez se abriram e, desta vez mais calma, começou a observar.

A primeira coisa que notou foi suas feridas enfaixadas, a verdade era que elas quase cobriram seu corpo por inteiro. Seus olhos arregalaram-se ao notar estar sem a armadura. Logo, um estalo em sua mente a fez entreabrir os lábios, a manta que cobriu seu corpo escorregara pelo busto parando, apenas, ao cair sobre seu ventre. Estava apenas de peças íntimas.

A próxima centelha súbita que teve, remeteu-a direto a seu parceiro. Rapidamente olhou em volta, analisando que a caverna, onde estavam, serviu-lhes de abrigo e, recostado sobre a parede de pedra fria, Laxus permaneceu, mesmo diante o chamado de Eliza.

De olhos fechados, a expressão dele se contorceu em dor. Com muito esforço, ela ergueu-se e se apressou até o mago, esquecendo-se de qualquer pudor com relação ao seu corpo, sem armadura. Gentilmente, ela retirou a mão dele sobre o abdômen, como se estivesse protegendo o local, avistando um grande hematoma que tomou boa parte de seu tronco. Não bastando, ainda encarou o enorme rombo que havia no ombro esquerdo, masculino, ferimento causado pela perfuração do galho.

— Laxus? - questionou, preocupada com o estado do homem. O manto já não mais a cobria e a própria dor ficou em segundo plano.

Ela tocou-lhe o rosto, sentindo-o arder em febre. Sem perder mais tempo, a mesma manta em que ela estava deitada, foi posicionada próxima ao mago, onde a mulher apenas o segurou pelos ombros, deitando-o. Avistou o rosto dele se franzir com o movimento, contudo, ainda assim, ele continuara desacordado.

— Droga. - ela resmungou, colocando os braços dele ao lado do corpo.

Em seu antigo clã, as mulheres eram ensinadas a praticar magia de cura. Admitiu a si mesma que nunca foi a primeira da classe, todavia, algumas coisas ainda se recordava. Logo, tocou a região das costelas do homem, concluindo a lesão completa de três fraturas. A situação daquele cenário desastroso poderia, certamente, piorar caso o sangue coagulado da região fosse para algum órgão.

Olhou ao redor, pensando no que poderia fazer. Não era perto de ser boa em magia de cura, sua habilidade restringia-se em desfazer ou anular magia e destruir coisas, apesar disso ao menos era capaz de reconhecer plantas medicinais úteis.

A caverna era escura, pelo jeito Laxus adentrou o máximo que poderia no local para mantê-los seguros. A fogueira armada ficou em suas últimas labaredas, quando ela alimentara o fraco fogo com alguns gravetos até tornar-se mais forte e queimar lascas de madeira maiores.

Com chamas um pouco maiores foi capaz de encontrar a armadura em um canto qualquer do local. Ela quase engatinhou ao seu objeto de determinação, tocando-o no momento em que se aproximou. Deixou-a a posto, frente a si, esperando que se incorpora-se como o sempre fez e, ainda assim, nada aconteceu.

— Estás preocupada comigo? - ela questionou a armadura, como se fosse algo vivo. Nenhuma resposta — Sabes que tenho magia armazenada, então… - resmungou algo ininteligível ao notar que não adiantaria e, sem hesitar, pegou o tão conhecido casaco de Laxus, vestindo-o — Aguente firme Laxus. - a mulher deu uma última espiadela no parceiro antes de sair de seu esconderijo.

 

— - -

 

O loiro sentiu o fio da consciência começar a se delinear em sua mente, afinal, pelo que notara, algo úmido foi colocado sobre sua testa. Claro, o suor e o quentume eram suficientes para tomar conhecimento de sua febre. Tentou erguer o braço para tocar o incômodo em seu ombro, porém, foi parado por alguém que segurou seu pulso.

— Não se mexa. - ele escutou, mais uma vez, aquela voz que um dia não acreditara ser capaz de tanta feminilidade. Pareceu-lhe distante, contudo, estava ali, próxima.

Os olhos abriram-se, vendo apenas um borrão acima de si. Forçou sua vista, com o estreitar de seus olhos, buscando focar a imagem da mulher. Aos poucos, a imagem feminina se definiu em sua total beleza.

— O que aconteceu? - ele questionou, forçando a memória para se lembrar.

— A última coisa da qual me recordo é da cauda de Acnologia. - ela respondeu, expressando dor ao rememorar-se daquele momento.

— O que foi aquela loucura de luz? - foi a primeira memória que retornou.

— Meu clã é muito antigo, magias milenares são passadas de geração a geração. - respondeu, pensativa, não poderia adentrar muito no assunto, no entanto se sentiu obrigada a respondê-lo — Há um princípio vital de que, mesmo uma pedra, é dotada de energia. - analisou a expressão de desentendimento dele — Naquele momento eu não possuía magia ou energia o suficiente para anular o ataque de Acnologia completamente. - fitou-o — Então peguei “emprestada” a magia do que existia a nossa volta. - suspirou pesadamente, a dor era contínua.

— Mas a força física… - Laxus iniciou.

— Não fui capaz de reprimi-la. - ela completou referente à força de Acnologia.

Ele, então, silenciou-se. Jamais imaginou existir aquele tipo de magia. Na realidade, a habilidade da maga era estranha.

— Se não foi capaz de derrotar Acnologia, por que ele sumiu? - o loiro sussurrou entre um gemido de dor e outro.

Ela bufou, irresignada.

— Ele apenas deve ter presumido que estávamos mortos. - o silêncio prevaleceu depois de sua resposta.

O vento, lá fora, adentrava na caverna como uma suave brisa assobiante. Os dois estavam consumidos. Cobertos de feridas, febre e corpo latejante. Impossível frear o pensamento de que aquela missão realmente era suicida.

— Obrigado. - ela o encarou, franzindo a região entre os olhos quando o ouviu agradecer — Você me salvou. - aquele realmente não lhe pareceu ser o mesmo Laxus que quase a abandonou pela desconfiança, a voz masculina estava tão pacífica e segura.

— Oh! - os lábios dela se entreabriram, surpresa com o que foi dito — Bem. Estamos quites. - apontou para as ataduras do próprio corpo.

— Isso… - naquele momento que foi capaz de observar algo totalmente fora do contexto, então teve a necessidade de apontar para o que a morena havia vestido —… é meu casaco? - completou, por fim.

Pela primeira vez ele notou uma expressão embaraçada da mulher. Eliza apenas suspirou em cansaço, não soube se a face queimara em vergonha ou febre. Buscou um pouco de água no cantil, bebericando aos poucos. Ao finalizar ofereceu ao mago que apenas recusou, aguardando uma resposta. Por mais que tudo doesse e estivesse ao ponto de delirar pela alta temperatura, era engraçado deixá-la acanhada.

— Eu tive de sair para pegar plantas medicinais. - respondeu sucintamente depois de tentar cruzar os braços, embora a ação tenha lhe resultado em uma sequência de fisgadas no ombro.

Ao ver a expressão irrequieta de Laxus, ela notou que aquela resposta não era o suficiente para satisfazer a necessidade dele em se divertir com as suas explicações.

— Está se divertindo? - questionou ironicamente.

— Não tenho muitos passatempos, como pode ver. - entrou no jogo da ironia.

— Seu casaco foi a primeira vestimenta que surgiu na minha frente. - resmungou, quase rosnando ao vislumbrar uma risada sofrida.

E mais uma vez se silenciaram, absortos na própria dor. Mal conseguiam se mover, por isso permaneceram na mesma posição. Laxus deitado sobre uma das mantas e Eliza sentada no chão seco com as costas apoiadas na parede de pedra fria.

— Seu ombro está sangrando. - a voz de Laxus a alertou, fazendo-a se inclinar para impedi-lo de se mover.

— Não te mexas! - ela impôs ao homem.

— Você também precisa descansar. - argumentou. O tom de voz voltando ao rotineiro.

— Eu não…

Surpreendeu-se quando Laxus colocou a mão na nuca dela e a puxou para deitar ao seu lado, no espaço vazio da manta. Como ela estava sentada ao lado dele, não foi difícil para o homem concretizar o gesto. E mesmo quando Eliza buscou resistir, o loiro apenas afagou o topo da cabeça dela.

— Apenas… - ele deu uma leve pausa naquele tom suave e macio que usava — … descanse um pouco, está bem?

Ela se viu em uma daquelas situações inimagináveis. Enrolada no casaco dele e deitada ao seu lado. Tramou deixá-lo adormecer e, logo depois, ela poder voltar a sua posição inicial. No entanto, depois de alguns minutos encarando o teto rochoso da caverna, notou o quão exausta estava. Em algum momento, suas pálpebras começaram a pesar e depois de anos, ela mergulhou em um sono profundo.

 

Continua….


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Notas finais do capítulo

O que acharam do momento "fofo estranho" deles? Será que rola um romance extra oficial? ahahahahahahaha
Não deixe de comentar sobre o que está achando da fic! Ficarei extremamente feliz em respondê-los!

Até a próxima!



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