Por Que Estou Sonhando? escrita por Allan Douglas


Capítulo 24
24 - Minha historia.




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Ao olhar aquele rosto com a cicatriz na bochecha e ele dizer seu nome “Martine Marie” Mariko quase não acreditou, ele deveria estar morto, deveria estar no rio em cinzas, mas não, estava na sua frente olhando para ela. E todas as suas suspeitas estavam certas, ele era o homem dos sonhos, o ex-namorado de Ally era quem estava fazendo tudo aquilo, tudo estava relacionado, a morte de Ally, a festa, Martine, tudo, tudo fazia sentido ali.

- Surpresa ao me ver Mariko? – disse ele com um sorriso maníaco no rosto.

- Você deveria estar morto – disse ela questionando e ainda não acreditando muito naquilo.

- Mas não estou – disse ele respondendo tirando o sorriso do rosto.

- Como você pode estar vivo se a mulher do manicômio disse que você havia sido queimado no incêndio no seu quarto – disse Mariko.

- Essa é uma historia um pouco longa, mas não acho que você queira ouvir, ou talvez queira – disse com o sorriso voltando ao rosto.

- Quero saber por que você está fazendo isso tudo comigo? – perguntou Mariko.

- Meio obvio não? Você assassinou Allysa naquele dia e saiu impune, estou apenas fazendo o que a justiça não fez – disse ele retirando novamente o sorriso do rosto.

- Aquilo foi um acidente, não era minha intenção, ela me atacou eu apenas me defendi – disse Mariko quase em desespero.

- Não adianta mais mentir minha querida Mariko, eu sei tudo, sempre soube, eu vi quando você a empurrou para a sacada e ao vê-la se segurando não fez nada para ajudá-la, apenas a olhou e a deixou cair, eu vi tudo, tudo – disse ele com um pequeno sorriso no rosto.

Mariko colocou as mãos sobre o rosto e se ajoelhou, levantou o olhar para Martine mais uma vez e disse quase em choro:

- Eu não sei o que passou na minha cabeça naquele momento, eu apenas não consegui fazer nada, eu só pude olhar para ela e vê-la cair, eu me arrependo desse dia amargamente – disse Mariko já chorando.

- Como eu já disse, não adianta mais mentir, eu sei tudo, você não se arrepende amargamente, você até fingia que nada daquilo havia acontecido você tentou esquecer, você achou que se nunca mais tocasse no assunto ele se tornaria apenas uma vaga lembrança triste e estava conseguindo, mas eu estava aqui para que isso não acontecesse, eu lembrei você, eu fiz você se lembrar – disse ele com os olhos arregalados com um sorriso muito grande no rosto.

Mariko olhou para ele espantada em como ele disse aquilo e como o que ele havia dito era real “Mas eu me arrependo de verdade, nunca quis que aquilo acontecesse, não foi minha intenção, mas porque ele não acredita? Porque nem eu acredito nessas minhas palavras, eu no fundo sempre quis que ela morresse e parece que foi muito melhor sendo pelas minhas mãos... O que eu estou dizendo? Eu sou uma assassina, sempre soube disso, mas nunca acreditei, não! Não sou! Eu não a matei, foi um acidente, então porque eu acreditei nas palavras que ele disse? Ele está certo? Não sei” Ela então se recompôs, levantou e perguntou:

- Se você é o responsável pelos meus sonhos, como você faz isso? – perguntou ela com um tom firme na voz.

- Bom vou ter que contar aquela historia cumprida novamente... – disse ele abaixando a cabeça e deixando Mariko curiosa sobre o porquê do ‘de novo’.

- Bom tudo começou naquela quinta-feira em que Ally me ligou dizendo que precisava conversar comigo – começou ele se referindo a quinta-feira anterior a festa – eu não estava na cidade só chegaria no dia da festa, eu não fazia idéia do que fosse, mas só iria saber no dia seguinte. Eu estava viajando a trabalho, tinha saído já fazia quase duas semanas, meu pai pediu ajuda para fazer as entregas, então na sexta quando cheguei era 7 horas da noite fui descansar um pouco quando Ally me ligou ‘Onde você ta?’ perguntou e eu disse que tinha acabado de chegar que só iria até a casa dela quando estivesse disposto, então ela me disse que era urgente, precisava realmente conversar comigo.  Logo então me apresei para ir até a casa dela, quando cheguei já era quase 10 horas e ela disse para irmos para outro lugar e aquilo começou a me preocupar, fomos até uma lanchonete que era até um pouco longe e ela foi direto ao assunto e me dizendo o que estava acontecendo, eu não acreditei quando ela disse ‘Martine, eu sei que isso não vai te agradar e também não me agradou, mas aconteceu e vamos ter que lidar com isso, eu estou grávida’ – quando Martine disse aquilo, Mariko se assustou e arregalou os olhos “Grávida? Ela estava grávida? Não pode ser” pensou Mariko enquanto colocava as mãos sobre o rosto.

- Surpresa Mariko? Esse foi um dos grandes motivos para eu estar fazendo isso tudo com você – disse ele sorrindo.

- Mas se ela estava grávida por que foi até a festa bebeu e usou drogas até dizer chega? – perguntou Mariko.

- Isso é algo que eu me arrependo. Quando ela disse que estava grávida eu não quis acreditar disse que não ia assumir o filho, que não era meu, coisas do tipo, então discutimos e ela disse que ia para festa beber e usar todo tipo de droga para perder o bebe e nunca mais queria ver minha cara e saiu. Eu fui para minha casa e fiquei pensando no que tinha dito para ela tinha sido tudo no calor do momento eu, então decidi ir atrás dela e pedir desculpas, mas ela já estava na festa, fui para lá e quando cheguei percebi o que estava acontecendo, os garotos com as armas me mandaram ir para o quanto e me abaixar, quando cheguei já tinha dois ou três mortos,  eu então me abaixei atrás de um sofá velho junto de outra garota e perguntei se ela tinha visto a Ally e me disse que tinha visto ela subir para o terraço, eu então esperei uma brecha dos garotos para correr atrás dela, já que eu estava perto da escada,  e sai correndo máximo que podia acho que quando perceberam que eu corri eu já estava no segundo andar, eu então comecei a procurar por ela, cheguei ao terceiro andar onde vocês estavam, mas eu estava tão desesperado que fui direto para o terraço por conta da garota ter dito que viu a Ally subir para lá, quando cheguei percebi que não tinha ninguém, foi então que ouvi um grito vindo de baixo e olhei por um buraco que tinha no chão e vi toda a sacada abaixo, foi quando você empurrou e ela foi para atrás, eu fiquei olhando meio que paralisado e vi o seu rosto, de relance, mas foi o bastante para nunca esquecê-lo, então me levantei e corri até a borda e vi Ally pendurada por apenas uma mão e você olhando para ela, você poderia a ter salvo, você poderia ter salvado meu filho, mas não você apenas olhou até ela não conseguir mais se segurar e cair, eu então gritei de desespero, me levantei e corri para ver se poderia ainda salvar ela...

- Então foi você que gritou... – disse Mariko se lembrando do grito que tinha ouvido naquele momento, ela nem imaginava que aquele grito seria do ex-namorado da Ally e seria pai se Mariko tivesse salvado ela.

- Sim, eu corri até chegar a escada mais ao som de alguns tiros eu cai pela escada e desmaiei, quando acordei alguns policiais estavam ao meu lado e eu já não estava mais no prédio, estava na rua deitado sob um pano na calçada, olhei em volta vi vários sacos pretos e muitas pessoas chorando e ligando para familiares ao tentar me levantar um dos médicos me disse ‘ Fique deitado você bateu a cabeça, não faça esforço’ então eu retruquei dizendo ‘ Calado, já estou bem’ e me levantei, procurei por você, mas não encontrei então pensei em dizer tudo para o delegado que estava na minha frente, então  fui até ele ‘Delegado, eu sei que o senhor está agora muito nervoso com isso tudo, mas preciso dizer uma coisa’, ele me olhou com um olhar bravo e perguntou ‘O que foi?!’ eu olhei para o prédio e disse ‘Todas essas pessoas morreram por conta do grupo que organizou tudo isso, mas houve uma morte que eles não foram culpados, minha namorada foi empurrada do 3° andar pela Mariko’ eu disse em tom muito forte e ele me olhou com remorso e disse ‘Garoto, você não devia estar falando essas coisas, conheço Mariko desde que ela era pequena e sei que nunca faria isso e também a sua situação não é muito boa, você é o único maior encontrado nessa maldita festa onde temos 20 adolescentes mortos e muita bebida e drogas, então é melhor você calar a sua boca e ficar quieto aí até irmos para delegacia e termos uma longa conversa’ eu tentei dizer que tudo era verdade, mas ele não deu ouvidos, ele devia ter dado bola eu era uma testemunha e vitima também, mas por ser amiguinho do seu pai fez uma certa vista grossa – terminou ele mais irritado.

Mariko estava cada vez mais espantada com tudo o que ele dizia, ela sentia que era culpada por tudo aquilo e eu não a culpo.

- Como você foi parar naquele hospital? - perguntou ela desolada com tudo o que já tinha descoberto. Ele então abiu um leve sorriso e respondeu.

- Após eu chegar à delegacia, cheguei como responsável pela festa e fui jogado numa sala de interrogatório e começaram me perguntar várias coisas, eu não sabia por que daquilo já que não tinha feito nada, eu então fui apenas respondendo até um ponto que não agüentei e gritei ‘Porque não acreditam em mim, Mariko matou a Ally por que agem como se eu estivesse mentindo?!’ enquanto ia para cima do policial que estava na minha frente. Eu continuei dizendo isso enquanto estava numa cela gelada e escura, e quando percebi estava sendo diagnosticado como impróprio para viver em sociedade e precisava de tratamento psiquiátrico e fui para naquele maldito lugar – disse ele enquanto caminhava de um lado para o outro revezando entre olhar para Mariko e para o chão – mas pensado bem isso não pode ser considerado ruim ou algo assim, porque se não fosse por tudo isso eu não estaria agora olhando para você – terminou ele parando novamente de frente para ela enquanto Mariko se surpreendia com o que foi dito.

- Como... Assim? – perguntou ela gaguejando e imaginando o porquê de ter dito aquilo.

- Bom quando me internaram logo na segunda semana começaram a me dar um comprimido diferente dos outros, e todos os dias eu o bebia e não via ninguém mais tomá-lo, até que um dia houve um tumulto, um dos pacientes se recusou a tomar um remédio e tentou fugir, então me aproximei e percebi o comprimido que ele bebia, era o mesmo que o meu. Assim eu comecei a me aproximar dele durante o tempo que agente ficava fora dos quartos, o quarto dele era ao lado do meu, depois de alguns meses conversando eu já sabia a historia dele, ele havia matado a família toda, cozinhou os corpos e depois comeu. Sim meio louco mesmo ele merecia estar lá, eu como ele contei o que tinha acontecido comigo e perguntei se ele sabia que remédio era aquele que tomávamos e ele me disse ‘Eles estão fazendo teste conosco, esse remédio que só nós dois tomamos vai ou está afetando a nossa cabeça, ele vai fazer alguma coisa com nós, eu não sei o que mais eu ouvi dois médicos conversando algo sobre controlar sonhos alguma coisa assim’ eu fiquei espantado e ao mesmo tempo irritado com aquilo. Meses se passaram até que completou um ano que eu estava lá e os médicos começaram a fazer testes comigo, me colocando em frente a pessoas dormindo, em coma até que eu percebi do que seria capaz de fazer, mexer na mente da pessoa enquanto ela esta vulnerável e foi nisso que comecei a trabalhar, mas o numero 28 que tomava o mesmo remédio que eu não conseguia fazer o mesmo, até hoje não sei por que – terminou ele enquanto Mariko tentava acreditar em tudo aquilo e antes mesmo dela tentar dizer algo ele já foi completando.

- Você deve estar se perguntando como escapei de lá, bom não foi uma tarefa fácil tive que pedir ajuda para o numero 28, nós analisamos a troca de guardas, ela tinha um intervalo de 10 minutos entre um e outro apenas na sexta feira, e também tivemos que analisar o movimento do pessoal do pátio e eles só saiam de seus postos quando algo acontecia de diferente, então decidimos que a melhor maneira de fazer um tumulto era um incêndio na troca dos guardas na sexta-feira, mas antes precisamos roubar a chave de um dos guardas que trancava os nossos quartos, era incrível e forma que o 28 conseguia distrair um guarda a ponto de eu conseguir roubar a chave, eu a consegui na quinta a noite e depois foi fácil sair do meu quarto e ir até o dele, mas eu naquele momento percebi que estaria ajudando um criminoso como aquele fugir a alem do mais eu não queria ninguém atrás de mim então o desmaiei com um pancada e o levei para o meu quarto, enquanto um dos guardas tirava um cochilo, era 2 da manha ninguém iria ver, então fiquei no quarto até perceber que estava dando o horário da troca, então comecei o incêndio com um fósforo que tinha conseguido, o meu quarto tinha colchões então foi fácil, sai do quarto e voltei para o quarto do 28 e esperei o outro guarda chegar e contei com a sorte ele abriu o portão e percebeu o fogo então correu e deixou a grade aberta eu corri e me escondi em baixo da mesa e esperei todo aquele pessoal ir até lá, e corri, não tinha mais ninguém no pátio e chegar a recepção foi até que muito simples, eles não conseguiram conter o fogo e o quarto todo foi queimado, decretaram a minha morte e que o 28 tinha fugido, ouvi isso num bar de estrada enquanto voltava para cá, depois encontrar você e me esconder aqui foi a parte fácil – terminou ele muito feliz, com um sorriso perturbador no rosto,  Mariko espantada com aquilo perguntou.

- Você fez tudo isso por mim?

- Não, fiz isso pela Ally e o meu filho.


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