Por Que Estou Sonhando? escrita por Allan Douglas


Capítulo 21
21 - Os Condenados




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Era quinta-feira de manhã quando abri meus olhos, 06h00min horas da manha, na época eu ainda tinha que acordar muito mais cedo por conta do meu cabelo, era trabalhoso arrumá-lo para que ficasse razoável. Logo me esforcei para me levantar, mas só consegui ficar sentada de frente para a parede com alguns desenhos que tinha pedido para meu pai fazer enquanto pintava o quarto. Então fiz mais um pouco de força e consegui sair da cama e fui direto para o banheiro, ao chegar percebi que estava ocupado bati três vezes na porta e ouvi a resposta irada de meu pai:

- Já vou sair, espere cheguei primeiro! – disse ele irritado por algum motivo que não fosse aquele, talvez o trabalho, então me virei e fui até meu quarto de volta, alguns passos e lá estava eu olhando para o quarto todo rosa que pedi para pintarem quando tinha os meus 12 anos, não era um problema, mas às vezes se olhasse por muito tempo para um ponto fixo da parede os olhos começavam a arder. Eu comecei a arrumar a minha bolsa quando ouvi a porta do banheiro se abrir então fui logo para lá, ao chegar meu pai me olhou com um olhar muito irritado e disse:

- Todo seu – em tão de ironia é claro, estava nervoso com alguma coisa, era melhor nem perguntar, então entrei e olhei para aquele banheiro azul, minha mãe tinha gastado tanto naquele banheiro desnecessariamente, era meio nojento às vezes como naquele momento, mas eu não tinha escolha, fiz tudo o que eu tinha que fazer e me voltei para descer a escada, era um problema descer, o sono era grande a preguiça também, por mais que a lavada de rosto que eu havia dado no banheiro deveria ter tirado boa parte do meu sono, mas não. Enquanto descia eu percebia todos os quadros que tinham na parede, alguns eram de momentos realmente felizes outros apenas desnecessários e constrangedores. Quando cheguei à cozinha estavam todos, meu pai sentado com o jornal, meu irmão comendo o cereal que ele comia a quatro anos seguidos e minha mãe enfrente o fogão, me sentei e comecei a comer o pão que minha mãe já havia deixado pronto mesmo antes de eu acordar, comi e bebi todo o leite, me levantei e voltei para o quarto e terminei de arrumar minha bolsa e comecei a me trocar, depois ainda viria o grande problema, arrumar meu cabelo.

Quando consegui terminar tudo já era quase 06h50min, iria me atrasar e minha mãe tinha me alertado disso quando comecei a arrumar o cabelo, mas eu não ligava por já ter passado de ano, então sai de casa e comecei a ir em direção a escola. O Caminho era meio longo e tive que ir sozinha, pois Joe já tinha passado e como não tinha celular apenas foi embora sem saber onde eu estava. Durante o caminho percebi alguns alunos voltando com o mesmo uniforme que o meu, eram da minha escola, não perguntei nada, pois já imaginava o motivo, ou iriam encanar aula ou não tinha muita gente na escola por conta da festa. Não era necessário as faltas por causa da festa, mas muitos diziam que tinham que se preparar por ser a festa do ano, Não os culpo, nem absolvo.

Ao chegar à escola percebi que já não se tinham muitas pessoas, na verdade os 3º anos que faltaram em peso, os 2º e 1º estavam em grande numero, então avistei Joe e acenei com a mão enquanto dizia:

- Me atrasei? – em tão de ironia.

- Há nem um pouco isso é normal – disse Joe rindo. Após isso nós dirigimos para a nossa sala e no caminho percebemos que havia se formado uma roda no corredor das nossas salas, era uma cena comum, o grupo mais forte e maior coloca o em menor numero e mais fraco na roda e agridem verbalmente e fisicamente, aquilo se entendia desde a 5° serie, a escola tentava fazer alguma coisa, mas sempre fora inútil, pois não era só na escola e também fora dela, não sei como eles agüentavam ir até lá e conseguirem as melhores notas...

Ao entramos na sala, já estavam quase todos sentados e junto Ally, a garota que fez a minha vida na escola difícil desde o dia em que entrei no meio de Junho na 5° serie. Naquele ano tínhamos brigado apenas uma vez, no começo do ano, na frente da escola, formaram uma roda, dizem que eu venci, mas não sei ao certo até hoje. Na verdade essa não foi tão ruim quanto à do ano anterior onde eu beijei o namorado dela e saímos no tapa. Ela me olhou nos olhos enquanto eu sentava, mas logo abaixou a cabeça na mesa, ela parecia triste e desesperada naquela semana, o olhar dela dizia isso. Eu não tinha pena alguma por ela, seja lá qual fosse o problema.

Aquele foi um dia normal, por mais que o assunto fosse à festa no dia seguinte, todos queriam ir e a maioria ia menos Joe que tinha um casamento para ir em  outra cidade, mas mesmo que não tivesse compromisso não iria, ele não gostava desse tipo de coisa era mais caseiro. Ele não queria que eu fosse para festa por ela estar sendo organizada por maiores, era preocupação de mais e eu tinha medo dessa festa ser interrompida pela policia, menores bebendo, usando drogas e sexo em uma festa com maiores no comando e em um prédio abandonado, mas mesmo que a policia chegasse lá quem iria se ferrar era os donos da festa. Estava sendo feita em comemoração ao pessoal que ia se formar naquele ano, pois não haveria festa de formatura, a diretora tinha proibido por baderna das salas.

Ao acabar a aula eu estava arrumando minha bolsa para ir embora e ouvi de relance uma conversa de Ally com suas amigas...

- Você não vai à festa amanha mesmo? – perguntou Vanessa a ruiva da sala, eu me espantei, pois era difícil não ver Ally em uma festa ou algo do tipo, ainda mais quando eu iria.

- Provavelmente não, eu e meu namorado vamos conversa amanha, e acho que vamos ficar em casa mesmo – disse ela com um pequeno sorriso forçado, era visível a tristeza dela naquela semana, eu não sabia por que e as que se diziam suas amigas nem perceberam, eu não deveria perceber também, mas como eu a odiava e analisava todos os dias acabei percebendo essa mudança, nunca soube qual era o motivo.

Antes de sair da escola passei no banheiro e vi uma das garotas do grupo alvo da escola sendo debochada por três patricinhas da sala C, eu apenas olhei, pois não podia fazer nada.

- Você não vai à festa amanha? – disse uma delas.

- Não, não vou – disse a garota cabisbaixa.

- Ainda bem, pois essa sua feiúra iria estragar a festa do ano – disse outra que eu tinha trocado palavras na fila da cantina.

- Hahaha... Ah oi Mariko – disse ela enquanto saia do banheiro, eu apenas balancei a cabeça positivamente enquanto a garota zoada lavava o rosto na pia. Eu olhei para ela, mas não tinha o que dizer, ela então saiu sem nem olhar para mim, estava triste, quem não estaria? Sofrer aquilo desde a 5º serie, ela e seus amigos.

Eu encontrei Joe no pátio e saímos e no portão vimos um garoto do 3° ano que jogava futebol pelo time da escola desde a 7° serie e tinha ganhado dois campeonatos para a escola cutucando e batendo na cabeça do Jimmy, um garoto do 1° ano que diziam ser um gênio, ele também estava no tal grupo alvo da escola, eu mais uma vez olhei e continuei conversando com Joe.  Eu então disse a Joe o que tinha ouvido da Ally.

- Ela disse que não vai à festa amanha porque ela e o namorado vão conversar sobre alguma coisa, você sabe de alguma coisa? – perguntei.

- Por que saberia? Minha amizade com ela já se foi há muito tempo, mas também agora fiquei curioso para saber o que seria tão importante para fazer à grande Allysa Mirrele falta de uma festa dessas? – questionou Joe, com um sorrisinho no rosto.

E continuamos voltando para casa conversando sobre coisas bobas, até onde tínhamos que nos separar. E eu continuei sozinha até em casa, não encontrei ninguém que conhecia, foi solitário, mas minhas musicas me ajudaram a chegar em casa sem me irritar. Quando cheguei estava apenas minha mãe com o almoço pronto, ela disse para eu me sentar á mesa e comer, eu não queria, meu objetivo era ir ver TV, mas ela pediu com uma carinha triste que acabei me rendendo aquilo. Ela sentou comigo e disse:

- Faz um bom tempo que não conversamos a ultima vez que ficamos assim para conversamos foi quando você brigou a Allysa – eu olhei para ela com um olhar de irritada e disse:

- Não toque nesse assunto mãe, e sobre conversar, iríamos conversar sobre o que? – perguntei.

- A não sei, sobre algum namorado seu, o Joe, por exemplo, vocês deixaram de serem amigos? – perguntou ela muito entusiasmada.

- Não mãe, eu não tenho nenhum namorado e o Joe como eu já disse, é apenas meu melhor amigo, nunca teremos nada – apesar de eu achar que ele sempre quis alguma coisa comigo.

Ela deu um sorriso e se levantou e voltou para ao fogão e eu terminei minha comida e fui para o quarto. Chegando liguei o computador e joguei minhas coisas na cama e me sentei em frente ao computador, comecei a mexer nas coisas que sempre mexia, e fiquei lá pela tarde toda, foi um dia muito que comum. Mais a noite era umas 10 horas a Julia veio falar comigo no MSN.

- Não vai à escola amanha não é?

- Por que não iria?

- Motivos óbvios? A festa do ano e você vai à escola?

- Não faz sentido isso, mas ninguém vai?

- Não, é o combinado todos vão se preparar e dormir bem para a festa

- Isso é desculpa para se faltar – digitei entendendo a historia.

- Hahaha – digitou Julia.

Depois disso conversamos sobre como seria a festa e Julia disse do garoto mais velho para quem ela pretendia dar na festa e também perguntou se eu tinha algum pretendente e se não tivesse ele teria um amigo, eu não estava a fim de abrir as pernas naquela festa, mas não achei má idéia e disse para levar o amigo dele.

Já era quase 3 horas da manha e minha mãe já havia me mandado ir dormir umas quatro vezes, mas estava sem sono, até aquele momento. Quando decidi ir dormir percebi que meu celular havia sumido, não lembrava nem a ultima vez que tinha visto ele, procurei na mesa do computador, no guarda roupas e então olhei debaixo da cama, foi que o encontrei e percebi que estava no vibra, e vi que tinha cinco mensagens do celular da mãe de Joe. Ele sempre usava o da mãe.

‘Já estou saindo, até segunda feira’

 ‘Achei que você ia me ligar’

‘E não me ligou... kkkk’ ‘Boa festa’

‘Não beba muito hein... kkk’

‘Um gato morto’

Mensagens sem sentidos as que Joe havia me mandado naquele dia, principalmente a do gato e até pensei em ligar, mas estava com muito sono e achei melhor ligar pela manha quando fosse mais fácil para nos dois. E então me deitei e esperava acordar só no dia seguinte.  E consegui, acordei já era quase 2 horas da tarde, era estranho acordar tão tarde, devia ser o sono acumulado naquela semana que me fez acordar tão tarde. Eu não tinha tanto tempo mais assim para a festa, já que o combinado era 22 horas no prédio abandonado da Rua Vargas, e a propaganda para a festa ‘ Vai marcar sua vida’, mas na época não sabiam que iria marcar tanto nossas vidas e não só as dos convidados e também de toda cidade para sempre.   


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