Mariko ficou paralisada ao ver que estava de frente ao prédio onde tudo aquilo tinha acontecido, a festa, as mortes, o trauma, tudo. Ela nem percebeu que o homem que estava perseguindo entrou no local, nem parecia que eles tinham andado tanto, chegaram tão rápido que parecia que Mariko tinha andado até a esquina de casa, não fazia muito sentido, mas ela logo se recompôs e percebeu que se entrasse no lugar sozinha poderia ser perigoso então mais uma vez tentou ligar para Joe, mas o celular continuava desligado foi quando percebeu o erro que fez quando apagou o numero da casa de Joe da lista do seu celular depois que ele comprou um. “Vamos Mariko você consegue lembrar, 52... Ah! Não consigo, não vou lembrar o que eu faço?” suspirou e disse bem baixo para ela mesma – vou ter que enfrentar isso sozinha – logo após dizer isso como por um milagre o seu celular tocou e era o Joe:

- Joe! Preciso que você venha até a Rua Vargas – disse Mariko ao atender o celular.

- Há essa hora? E o que você está fazendo ai?  - perguntou Joe não entendo nada.

- Eu tive outro pesadelo essa noite e quando acordei eu vi um homem no jardim e o achei familiar então sai de dentro de casa e acabei perseguindo ele até aqui.

- Nossa Mariko quanta coisa para um só dia, mas não faça nada até eu chegar ai – disse Joe ainda com voz de sono, mas firme.

Mariko confirmou, e se sentou do outro lado da rua e ficou lembrando-se daquela noite sangrenta, ela estava escutando até mesmo os gritos e tiros que ouviu naquele dia, as sirenes das viaturas e ambulâncias, os choros, podia ver também os corpos sendo carregados, o sangue o desespero que aquele lugar se tornou, as vidas de todos que estavam ali e sobreviveram como ela nunca mais foram as mesmas. Sempre com a sombra dos amigos que morreram naquele dia em seus corações e pensamentos.

Mariko imaginava quem poderia ter o levado até ali e por que motivo. Ela estava com esperanças de que fosse o culpado pelos pesadelos, e logo se lembrou do pesadelo que tivera mais cedo. Tudo tinha acontecido tão rápido que não teve tempo de analisar o sonho, todas aquelas pessoas dizendo tudo o que sentiam para ela e todo o ódio que sentiam por ela, depois o espancamento e morte, não sabia como de novo a pessoa fez um sonho com lembranças tão intimas dela. Para saber de tanto teria que ser uma pessoa muito próxima a ela, isso fez voltar a pensar que seria Joe, mas se fosse ele teria mais de uma pessoa envolvida para ter a levada até ali isso se quem a levou ali tem alguma coisa haver com tudo o que tinha acontecido. “Não, não é o Joe, tenho certeza ele nunca faria isso comigo...”

Logo Mariko ouviu o som de um carro virando a rua e era Joe, ela se levantou e esperou que ele chegasse até onde ela estava. Ao chegar desceu do carro e veio logo perguntando.

- O que aconteceu? Não entendi direito por telefone – disse ele.

 - Bom depois que você me deixou em casa, eu fui tomar um banho e comer logo depois fui dormir e como era de se esperar eu tive outro pesadelo, mas esse foi um pouco diferente era como se todas as pessoas que eu magoei no tempo da escola estavam dizendo tudo o que sentiam para mim, até você estava no meio e depois eu fui para uma forca e morri, mas antes fui espancada por todos. E então quando acordei percebi que meus braços estavam todos machucados, então fui fazer alguns curativos quando percebi que tinha alguém no jardim então quando sai ele começou a correr e eu por achar-lo familiar fui atrás e acabei vindo parar aqui sem nem ao menos perceber – explicou Mariko com um pouco de pressa.

- Entendo... – disse Joe pensativo e Mariko sem deixá-lo terminar disse.

- Vamos entrar logo, preciso ver quem é e ver por que estava no meu jardim e se tem alguma coisa haver com todos esses meus pesadelos.

- Mariko me desculpe, mas antes que agente entre eu preciso saber, pois ainda tenho duvidas das coisas que você me diz. O que realmente aconteceu há dois anos? – perguntou Joe muito serio enquanto olhava para o olhar assustado de Mariko.