A Filha De Dionísio escrita por GarotasDivinas


Capítulo 6
A Morte Não Me Aguarda - Parte Dois


Notas iniciais do capítulo

Oláás, aqui estamos nós de novo. Bem no finalzinho da quarta-feira, mas ainda quarta : D nos vemos láá no final.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/188780/chapter/6

De repente eu estava dentro de um... Sei lá, barquinho. Caronte havia trocado de roupa e usava agora um tipo de capa com capuz. Parecia a chapeuzinho-vermelho, só que ele era um homem grande e seu capuz era roxo. Ele remava de uma extremidade e eu estava sentada em outra, o estranho é que não me lembro de ter me sentado.

– Então... Que lugar sinistramente roxo é esse?

– Estamos passando pelo rio Estije é aqui que você abandona suas lembranças, sonhos blá, blá, blá...

– Então é só isso?

– Como assim "só isso"? - Ele me encarou.

– Já fui em brinquedos de terror mais bem bolados.

O cara apenas bufou e continuou a remar, parecia que já estava cansado de fazer aquilo. Então, eu me ofereci:

– Posso remar um pouco?

Ele me olhou abismado, começou a rir e não me respondeu.

Um silêncio desconfortável percorreu o lugar. Olhando bem para margem do rio, que estava um pouco distante, eu podia notar filas tentando entrar para algum lugar. Como se aquele fosse o cenário para o show mais... Deprimente do mundo. E olhando para aquele rio roxo que eu passava... Pensei em coisas felizes, tristes, amigos, Mike, Pólux, o acampamento, dinossauros, as maças que ainda devia entregar e experimentei a triste sensação de estar... perdendo minhas lembranças, minha identidade. Automaticamente lancei meu anel, que ganhei quando fiz quinze anos, na água. Era o único objeto que eu tinha, com ênfase no TINHA.

Chegamos do outro lado. Eu desci do barco, Já acabou? Pensei. Caronte sumiu entre as águas roxas e eu levei um susto quando vi, ninguém mais e ninguém menos que... Elvis Presley. Mas ao lado dele uma outra garota me chamou mais atenção. Nunca iria me esquecer daqueles olhos vermelhos-sangue e o escorrido cabelo negro. Louise, uma... Colega de infância. À muitos anos, eu fui na casa dela fazer um trabalho e ela tinha um peixinho. Enquanto Louise foi ao banheiro eu tirei Beth (o peixinho) do aquário, para que ela pudesse respirar.

Resultado: Beth morreu e dois meses depois a caminho de uma loja de peixes para comprar outro peixe, Louise morreu atropelada e nunca soube que eu havia matado seu peixinho. Bem... Acho que eu devo ir lá me desculpar com ela.

No caminho, comecei a reparar bem e... As pessoas pareciam fantasmas. Pausa para aplausos, é... Aquele brinquedo não era tão mal feito assim. Caminhei até a fila de Morte Rápida. Aquele lugar parecia muito triste. Não era de se estranhar que as pessoas estavam de cara feia. Resolvi então dar uma animadinha no astral e comecei a cantar bem alto What The Hell.

Foi a fila mais sem-graça que já enfrentei. Eu cantava, pulava, dançava, sorria, contava piadas e era sempre totalmente ignorada por todos. Quando a minha hora de sair da fila já estava chegando eu gritei bem alto:

– AI GENTE! FESTA HOJE ÀS OITO! TÁ TODO MUNDO CONVIDADO!

Ninguém se manifestou. Eu já disse o quanto ser ignorado é ruim? Pois é, é ruim.

A medida que me aproximava do fim da fila pude ver Louise se espantando quando me localizou. Sua forma brilhou, com maldade, como se ela desejasse me ver desde muitos anos. De repente eu vi um cachorro gigante e me apavorei. Sai empurrando tudo e todos, corri, corri, corri, corri, corri, corri como nunca em toda minha vida. Corri tanto que quando parei cai no chão ofegante.

Quando me levantei vi que estava em um lugar imenso, deprimente e cheio de outros fantasmas. Conversei com alguns, ofereci chiclete, ensinei músicas famosas, a dar estrela, abri um “salão de beleza” para as fantasmas se cuidarem e até dei o número do meu telefone para um fantasma gatinho. No final acho que tinha convidado todo o parque sinistro para minha festa no acampamento meio sangue.

Do nada cheguei em um castelo roxo breguíssimo. Tudo roxo. Só roxo. No jardim havia uma bela mulher conversando com a mais bela flor.

– Ahn, com licença. Sabe me dizer onde estou? – Perguntei.

– É cada um que me aparece. – A mulher murmurou. – Por que você não é transparente? – Ela se espantou quando me viu.

– Dãã. – Tentei não parecer confusa. – Porque... Não ué.

– Mas você está mor... – Ela se irritou quando viu que eu já ia pisar em uma de suas flores. - Pare! Não toque nisso!

– É só uma flor. – Disse em tom óbvio. – Olha quantas outras você tem! – E então, pisei em cima dela.

– Argh! – A mulher grunhiu. – Você... VOCÊ...

– Você pisou na minha flor roxa que é igual a todas as outras. – Completei. – Espera. Você é Perséfone! – Ela não me pareceu nenhum pouco mais feliz com o comentário. – Você é uma pessoa Zero criativa. Tudo roxo. Fala sério.

A rainha do mundo inferior saiu me arrastando para dentro do castelo, reclamando em grego. Pude entender ela dizer, antes de tudo voltar a suas cores normais novamente: Qual é o problema de ter um jardim de flores roxas?!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A grande pergunta é: Pq Cibelly não ficou transparente? Vc vai descobrir em A Morte Não Me Aguarda - Parte Final. Terça que vem.
Reviews?? Bjooos